AS FINANÇAS PÚBLICAS AO SERVIÇO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO DA GUINÉ-BISSAU

AS FINANÇAS PÚBLICAS AO SERVIÇO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO DA GUINÉ-BISSAU

  • O rigor e a eficiência na gestão do dinheiro público, como forma de garantir a sustentabilidade económica e financiar o desenvolvimento.

Pretende-se com este artigo dar a conhecer a importância de uma gestão rigorosa e eficiente das finanças do Estado como forma de garantir a sustentabilidade económica e o desenvolvimento, assim como indagar os impactos das principais reformas financeiras.

Do ponto de vista económico, as finanças públicas é o sector vocacionado na captação e gestão de recursos financeiros com vista a facilitar o funcionamento das instituições do Estado e dinamizar os diversos sectores da actividade macroeconómica, tendo o bem-estar coletivo, como objetivo sagrado.

A Gestão das finanças públicas e a sua importância.

De uma forma bastante objectiva, pode dizer-se que Finanças é um ramo da ciência económica que tem como objecto de estudo o “dinheiro” e a sua circulação, ou seja, a sua origem e, consequentemente, a sua afectação. O termo público diz respeito ao que é comum a toda a sociedade ou Estado. Assim, “Finanças Públicas” trata de toda a circulação e gestão do capital público, desde a sua arrecadação, passando pelo planeamento e execução, até o controlo e fiscalização.

Num momento em que a economia mundial caracteriza-se sobretudo pela incerteza, onde as principais potências internacionais têm apresentado sucessivas quedas no crescimento económico, influenciando de uma forma directa a dinâmica económica a nível global, o rigor e a eficiência na gestão das finanças públicas, ganham cada vez mais importância para a sustentabilidade económico-financeira de qualquer país, tanto que, actualmente, se assumem como as únicas formas de estimular o crescimento e o desenvolvimento de um Estado, independentemente do nível de desenvolvimento deste.

Esta ideia ganha ainda mais força quando se trata de uma pequena nação, como a nossa, sem grandes capacidades financeiras, a iniciar a maratona do desenvolvimento, como é o caso de Guiné-Bissau, que se caracteriza notadamente pela sua vulnerabilidade económica e pelo constante défice financeiro. Hoje, podemos ver um pouco por todo o mundo, no seio dos países ditos desenvolvidos, a atenção que é dada à Gestão Financeira Pública, tanto pelas políticas financeiras que são adoptadas, como pelas medidas materializadas, sempre com o intuito de impulsionar a economia e banir ou minimizar o défice financeiro, tudo isso, em prol da sustentabilidade económica.

As consequências de uma má gestão do dinheiro público, como algumas práticas recentes demonstram, podem ser catastróficas, tanto do ponto de vista económico, como social, para qualquer país, independentemente do seu poderio económico. Podemos tomar como exemplo o caso da Grécia, que dispensa quaisquer comentários. Isso só para demonstrar a relevância de uma gestão financeira eficiente, sustentável e responsável, não só para o progresso de um Estado, mas também para a consistência económica mundial, visto que com a globalização e a internacionalização económica, as crises financeiras podem ser contagiantes. Neste sentido, a economia internacional pode ser vista como um grande sistema, composto pela economia de cada país, continente ou organização internacional, onde os erros de uns abalam o bom funcionamento de todo o sistema e afetam todos.

A gestão das Finanças públicas na Guiné-Bissau.

Como país jovem que é, a Guiné-Bissau vem ao longo do tempo tentando aprofundar as suas raízes nos terrenos da democracia e da boa governação, que são e têm sido a sua marca e cartão-de-visita no mundo. Independentemente das suas divergências, os sucessivos governos e forças políticas que vêm dirigindo o país até à data, não conseguiram construir um Estado transparente, justo e de oportunidades. Não obstante, os tempos, os intérpretes, as condições e as dificuldades são diferentes, o que faz com que os resultados sejam diferentes. Graças ao trabalho de todos, são visíveis os primeiros sinais de um país em plena evolução, apesar de tantos obstáculos na transparência, com oportunidades e com uma economia que apresenta muitas perspetivas, falta muito para fazer neste sentido.

Tem-se recorrido a empréstimos e contração de créditos, embora segundo os responsáveis, com um nível de juro baixo e a longo prazo, como forma de obter o meio de financiamento para os investimentos públicos necessários para a dinamização da economia, o que justifica a dívida pública da Guiné-Bissau, superior à nossa força produtiva. Esse facto torna imperativo que sejamos rigorosos e eficientes na forma como gerimos os nossos recursos, por dois motivos:

  1. Primeiro, porque com o elevado nível de endividamento já não temos muita margem para contrair mais créditos para possíveis necessidades, visto que existem imprevistos e situações de calamidade;
  2. Segundo, porque precisamos de meios para cumprir não só com os compromissos junto dos credores, mas também os compromissos internos, relativos ao funcionamento do estado e as necessidades do coletivo.

A melhor forma de garantir a sustentabilidade económica na Guiné-Bissau, isto é, ter capacidade financeira para fazer face aos compromissos e proporcionar o normal funcionamento do Estado, passa por ter como princípios fundamentais o rigor e a eficiência, quando se fala em gestão dos escassos recursos que temos. Nessa óptica, o governo tem entre vários desafios, dois principais, a saber:

  1. Garantir a melhor afectação possível dos recursos – de acordo com as necessidades, isto é, ter claro as prioridades relativamente aos investimentos públicos, levando em conta a relação entre o custo e a utilidade social, como forma de minimizar os desperdícios e investimentos não reprodutivos;
  2. Combater a corrupção e o esbanjamento de capital que é feito na função pública.

Na Guiné-Bissau, nos últimos tempos, tem sido bastante problemática a questão orçamental, que constitui um dos factores na origem das fragilidades institucionais do país, as políticas públicas inadequadas em diversos sectores da actividade do Estado e que conduziram a uma desestruturação do próprio Estado.

Sobretudo, num momento em que, com a adesão do país à UEMOA, se abdicou de alguns instrumentos da política económica, nomeadamente, as políticas monetária e cambial, restando-lhe tão-só a política fiscal, que tem sido o calcanhar de Aquiles de sucessivos Governos, cuja ausência de vontade política de se proceder a uma reforma fiscal profunda que permita arrecadar mais receitas para fazer face às suas despesas correntes ficou bastante patente. Eis as causas de um dos males actuais das nossas finanças públicas, que podem ser eliminadas com a promoção de reformas fiscais consistentes e coerentes. Fundamentalmente, executando políticas e práticas corretivas na nossa administração fiscal.

A Guiné-Bissau é o país membro da UEMOA, com menor execução fiscal (8,76%) em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), estimado em pouco mais de 500 mil milhões de FCFA.

O quadro das nossas finanças públicas é, deveras sombrio: as nossas receitas arrecadadas são insuficientes para cobrir as despesas correntes do Estado, nomeadamente, para pagamento de salários dos seus funcionários e servidores e, muito menos ainda, para o funcionamento mínimo do aparelho do Estado.

A captação de recursos pelas finanças públicas comporta duas vertentes:

  1. Arrecadação de receitas provenientes de taxas sobre bens e serviços e/ou imposto sobre rendimentos dos agentes económicos (salarios e/ou lucros de empresas);
  2. A dívida doméstica e a dívida externa, quer dizer, junto dos organismos de cooperação bilaterais e de instituições financeiras supra nacionais, como por exemplo, os parceiros da Bretton Woods.

A primeira vertente da arrecadação de recursos difere da segunda vertente, por ser a alavanca endógena do crescimento económico, sustentável, na medida em que ela é a resultante da dinâmica de produção interna – efeito indirecto positivo do mercado de trabalho.

O recurso à segunda vertente, da captação de recursos pode ser analisado em dois prismas, sendo o primeiro de dimensão complementar e, o segundo, de dimensão antagónica à primeira vertente da arrecadação de recursos.

Quando for necessário acelerar o crescimento económico porque a redução do gap (diferencial) entre o nível real do PIB e o nível potencial do mesmo for significativo, então, as duas vertentes de arrecadação e captação de recursos agem de forma complementar. Todavia, recorrer à segunda vertente de captação de recursos quando a primeira se revelar eficaz é como administrar antibiótico a um organismo humano livre de doenças, ou, proceder a transfusão sanguínea ao corpo humano que não padece de doença nenhuma, tão pouco de anemia.

No contexto da Guiné-Bissau, considerando o frágil dinamismo da actividade económica assim como o nível marginal dos principais indicadores macroeconómicos (emprego, inflação, consumo, investimento, balança comercial, etc.), consta não haver contradições, evidentes, quanto às duas vertentes (arrecadação e captação) de recursos financeiros, para alavancar a actividade económica com vista à melhoria do bem-estar colectivo.

Não obstante, sublinhamos a nossa preocupação quanto à gestão da dívida externa porque, só dela podemos falar, visto não existirem dados sobre a dívida interna. Numa economia de rigor e de comprometimento civico, a dívida, seja ela interna ou externa, orçamenta-se ao serviço do crescimento económico e do bem-estar do cidadão. Não adianta comprometer os desígnios da Pátria com a espiral da dívida externa improdutiva que compromete o futuro das gerações vindouras. Endividamento é sempre útil quando a sua gestão se revela eficiente e portadora de resultados tangíveis de crescimento económico e de melhoria do bem-estar do guineense.

Ainda estamos a tempo para que a dívida guineense seja o motor do crescimento económico e do bem-estar dos guineenses.

Sancum Camará Phd

 

Nha terra

Os guineenses têm que começar apostar em análises inteligentes, fazendo críticas construtivas, traçando caminhos de solidariedade e progresso.
A minha maior preocupação hoje em dia está relacionada com seguintes sectores:
1) A Justiça – desde a independência esse sector continua a estar fraco e frágil;
2) A Saúde – é péssima, até entristece comentar o estado dos nossos cuidados de saúde e hospitais que, praticamente, não existem. Isso é triste e lamentável num estado independente e soberano;
3) A Educação – com greves constantes, o nosso Sistema de ensino tem se fragilizado por completo;
4) A Agricultura – pelo menos tem uma perna para dar uns passos – embora coxos – devido aos muitos constrangimentos neste sector vital da nossa Economia;
5) A Energia – continua a ser uma dor da cabeça endémica no país, em pleno sec. XXI e num estado soberano;
6) As Infra-estruturas, praticamente não existem… portanto não vou falar nada, não há muito mais para dizer sobre isso…;
Perante o quadro sombrio acima descrito, gostaria de lançar no ar seguintes questões, para reflexão:
1. Temos ou não governantes e para que servem?
2. Há ou não técnicos e quadros superiores e para que servem?
3. Há ou não vergonha na cara dos nossos governantes e políticos?
4. Porque existem tantos partidos políticos, se eles não servem para nada ao povo, nem cumprem a sua missão?
5. Porque os líderes políticos guineenses são autênticas meretrizes, mudando de partidos como se estivessem a trocar de roupas?
Apelo a uma comunicação verdadeira entre governantes e líderes políticos.
Chamo atenção especial para o sector da JUSTIÇA, sendo a boa administração da Justiça a única forma de combater a impunidade e desencorajar a corrupção, porque se a justiça funciona em pleno, a maioria dos nossos governantes ou políticos não pode se candidatar ou exercer as funções no aparelho de estado (tendo contas por prestar à Justiça), dai a inexistência da moral, a que os nossos políticos e governantes se referem invariavelmente.
Sabemos que, quando a impunidade reina num país, não se pode esperar a estabilidade sócio-política e, consequentemente o desenvolvimento sustentável e prospero do País.
O sucesso da edificação de qualquer projecto-nação depende da capacidade que os líderes têm em reagir de uma forma assertiva perante convulsões, instabilidade e problemas sociais, fazendo funcionar a JUSTIÇA, eficazmente e com maior celeridade.
Posto tudo isso, deve-se fomentar e produzir consensos, o que não é fácil, pois dá muito trabalho, mas é o caminho necessário.
Fundamentalmente, os líderes têm que ter a capacidade para transformar e eliminar os obstáculos, abrindo vias para progresso.
Este povo tem grandes e legitimas expectativas nos seus governantes e líderes partidários, isso deve merecer respeito de todos e de cada um de governantes.
“Sinceramente é povo ca mereci és tipos de maltrato (este povo não merece este tipo de maltrato), é povo cansa dja (o povo está cansado), basta sabi boca (basta de conversas bonitas), basta mon cumprido (basta roubos abusivos no aparelho de estado), basta ladrões sem vergonha na cara, basta mentirosos, que passam o tempo só a enganar inocentes, etc., etc.
Quando um líder não consegue produzir consenso, deve analisar a sua estratégia de comunicação com o grupo que o rodeia, também os que rodeiam, devem aceitar o que vem a ser a decisão, para o bem do povo, da justiça e do desenvolvimento.
Um dos grandes problemas da Guine é a fragilidade e debilidade da oposição política que, praticamente, não existe.
Aponto esta questão, porque a fragilidade da oposição é o um dos maiores problemas do nosso povo que, apesar de tantos partidos políticos, mesmo assim continua a ser frágil.
Sinceramente na Guine, não há partidos políticos sérios e capazes, lamento muito a falta de coerência por parte dos nossos líderes e políticos, muitos lutam mais pelos seus interesses pessoais, ou até interesse do partido, do que interesse da nação ou do povo.
A oposição sempre está com as mãos debaixo da mesa a pedir esmolas ou pedir posições ou pastas no governo…
Considero que, enquanto estes governantes de “mãos cumpridas” se mantiverem ou estiverem no poder, ou na oposição, com estas atitudes, a Guine, não poderá ter perspectivas boas, para o futuro, infelizmente.
Gostaria de pedir ao povo guineenses que confie mais em si próprio, em vez de estar a gastar energias e perder tempo atrás dos políticos e governantes incapazes.
Considero que as eleições (e a governação) nunca poderão resultar numa alternância de poder, porque os dirigentes políticos e governantes são como “marido e esposa”,
A Comissão Nacional de Eleições e tribunais são deles.
Entramos nas incertezas políticas e não há sinais que apontem para a resolução desse impasse que afastou o país do seu rumo.
A corrupção é generalizada, principalmente entre os agentes do sistema judicial. A impunidade é cada vez maior. A instabilidade política é elevadíssima e os crimes do passado ainda estão por julgar.
Considero que, apesar das revelações assustadoras, o sistema de justiça tem tido dificuldades em obter a atenção das autoridades, com vista às reformas necessárias.
Entretanto o país é deixado à margem da luta contra o crime organizado e transnacional. A justiça guineense é cada vez mais distante do povo., a quem deve servir, além de ser um dos pilares fundamentais do Estado Independente e Soberano.

Bem-haja!
SANCUM CAMARA, Ph.D