“A Guiné-Bissau, pela acção do Presidente, resvala por um trilho perigoso”

Entrevista

“A Guiné-Bissau, pela acção do Presidente, resvala por um trilho perigoso”

Ex-representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, responsabiliza o Presidente da República pela crise política e defende o primeiro-ministro demitido.

José Ramos-Horta foi o representante do UNIOGBIS, escritório integrado das Nações Unidas para a consolidação da paz na Guiné-Bissau entre início de 2013 e meados de 2014. Numa entrevista ao PÚBLICO por email, o Nobel da Paz e ex-presidente de Timor-Leste responsabiliza o Presidente da República da Guiné-Bissau José Mário Vaz pela crise. Defende o primeiro-ministro demitido Domingos Simões Pereira como tendo sido a escolha acertada das eleições de 2014. E alerta: “A comunidade internacional não pode encarar esta situação de ânimo leve e dar seu aval, isto é, reconhecimento de facto, a um Governo saído de uma arbitrariedade do Presidente da República”. Teme ainda uma escalada do conflito e apela aos militares para que se mantenham calmos.

A que se deve a actual crise política na Guiné-Bissau ?
A crise resulta de uma Constituição que foi cozinhada em Portugal, sem qualquer consideração à realidade social da Guiné-Bissau, mas encomendada e absorvida na Guiné-Bissau, logo a seguir ao derrube do Presidente Luis Cabral. A partir desse primeiro golpe nunca mais conheceu paz. Mas esse modelo Constitucional não desculpa tudo. A crise tem a sua gênese no Palácio Presidencial, num Presidente que, mau grado as prerrogativas ou limitações de seus poderes, devia acima de tudo ser o mediador, homem de diálogo, fazedor de consensos. Foi o que aconselhei o Sr. Presidente José Mario Vaz a ser: o homem do diálogo, o apaziguador. Obviamente ele não ouviu. Ou ouviu mas sucumbiu a tentação e resvalou pelo mesmo trilho muito perigoso por onde passou outros Presidentes de triste memória.

O que pensa que se pode fazer para resolver a situação?
Tem que haver preços a serem pagos: a comunidade internacional não pode encarar esta situação de ânimo leve e dar seu aval, isto é, reconhecimento de facto, a um Governo saído de uma arbitrariedade do Presidente da República. Entre Novembro de 2013 e este ano, Timor-Leste investiu no processo eleitoral e estabilização da Guiné-Bissau cerca de 20 milhões de dólares: 8 milhões foram para o processo eleitoral entre Novembro de 2013 a Maio de 2014; 10 milhões foram concedidos directamente ao Governo logo a seguir à tomada de posse do novo Governo para ajudar este no pagamento de dois meses de salários de funcionários do Estado; 2 milhões para ajudas as comunidades rurais pobres. Timor-Leste, que tem que apertar o cinto com a queda brusca do preço dos hidrocarbonetos, deve rapidamente repensar o seu papel na Guiné-Bissau. E não vejo como a União Europeia, União Africana, Banco Africano de Desenvolvimento, Banco Mundial, etc possam desembolsar e implementar os programas em curso ou prometidos. Creio que vão congelar o que já estava no “pipipeline” de ajudas, isto é, vão congelar tudo até que se ache um desfecho legal, legítimo, pacifico.

Os militares têm-se mantido neutros, há risco de isso se alterar?
Há, sim, esse risco mas espero bem e faço apelo aos militares para que se mantenham na caserna, não se deixem influenciar e manipular pelas elites políticas como aconteceu no passado. Os militares foram sempre enxovalhados e vistos como os causadores de todos os males da Guiné-Bissau. Mas logo no primeiro mês da minha estada na Guiné-Bissau em Fevereiro de 2013, eu disse aos presidentes da Nigéria, Senegal Costa do Marfim com os quais mantive excelentes relações: o maior problema na Guiné-Bissau não são os militares, são os políticos. E todos eles concordaram. E mantenho esta convicção.

Corre-se o risco de uma escalada de conflito?
Há certamente este risco. Mas o povo daquele país é muito pacifico e raramente se envolve em violência fratricida. A escalada de conflito pode ser evitada desde que quem tenha influência sobre a chefia militar continue a apelar para que ela se mantenha neutra. Mensagens bem claras devem ser transmitidas aos líderes políticos avisando-os de sanções individualizadas contra todo e qualquer político envolvido em actos inconstitucionais e instigação à violência. Deve ser congelada toda a cooperação com as autoridades; toda a ajuda deve ser canalizada através das agências da ONU como a UNICEF, PAM, OMS, etc e ONG’s internacionais e nacionais para que não haja agravamento da situação social. O povo, um povo muito bom, sofrido, traído tantas vezes, não deve ser penalizado.

Ainda acredita que a Guiné-Bissau é um país viável?
O Eng. Domingos Simões Pereira foi a escolha acertada do PAIGC e do eleitorado nas eleições livres de 2014. Com ele a Guiné-Bissau entrou no bom caminho e começou um período de melhorias visíveis e sentidas por todos. Em pouco tempo! O ambiente era mesmo de optimismo. O Sr. Presidente José Mario Vaz quis e deseja ter outro protagonismo que não é o de um Chefe de Estado apaziguador, homem de diálogo e consensos. A Guiné-Bissau, pela acção do Presidente José Mario Vaz, resvala agora por um trilho muito incerto, perigoso.

Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia/a-guinebissau-pela-accao-do-presidente-resvala-por-um-trilho-perigoso-1705584

Há males que vêm para o bem?

HÁ MALES QUE VÊM PARA O BEM?

As ideias não se comem nem enchem os bolsos, é verdade, mas elas podem abrir caminho para encontrar coisas que se comem ou que enchem mesmo os bolsos, por isso quem as tiver deve pô-las em cima da mesa e devem ser valorizadas.

A solução dos problemas da Guiné-Bissau deve ser encontrada na sociedade em geral e não apenas no seio da classe política ou castrense, até porque tanto uma como outra classe têm sido também parte dos problemas em diferentes momentos.

É preciso que as nossas preocupações sejam dirigidas à busca de soluções globais e não apenas soluções pontuais ou circunstanciais, para evitar que depois de cada nova crise se tirem conclusões diferentes. Ora vejamos, as causas ou causadores das nossas crises já passaram por ser atribuídas à Nino Vieira e PAIGC, depois à Koumba Ialá e PRS, posteriormente aos militares. Agora a tendência é culpar a Constituição e relações interpessoais, que podem ter algumas responsabilidades na crise actual, mas de certeza não toda.

Podemos reparar que mudam-se as causas e causadores mas os problemas lá continuam entre nós e dentro de nós, as crises não nos largam e surgem sempre quando menos se espera. Esperamos que nunca venham a ser responsabilizadas pelas nossas crises a composição e diversidade étnica ou religiosa do nosso país porque essa bota ninguém vai poder descalçá-la.

As causas reais das crises continuam lá encobertas por mais voltas de circunstâncias que dermos. O que é preciso é pararmos para pensar todos, identificá-las e resolvê-las, e não será necessário parar o país. Só tem que haver mais respeito pelas ideias e evitarmos adormecer em períodos de acalmia. Já temos chamado a atenção algumas vezes e vamos continuar a fazê-lo até que um dia nos convençamos disso ainda que seja pela força de reincidências.

Agora é prioritário e urgente desbloquear a situação de crise entre a presidência e o executivo por via de mediação eficaz no terreno, evitando acelerações pelos caminhos divergentes e descartando a via de força, de humilhação, de afronta ou confronto de poderes. Melhor que intransigências são as palavras chaves nestas circunstâncias: paciência, negociação, tolerância e perdão, reconhecimentos e cedências.

Um provérbio que pode ser útil nestes momentos, “enquanto a cabeça estiver em cima do pescoço, o pescoço não pode levar chapéu”.

Obrigado e boa sorte a todos,

Deus é Grande!

Carlos A. Gomes

carlosagomes@iol.pt

20.08.2015

Nossas sementes…

No chão fértil da Guiné-Bissau foram plantadas/cultivadas várias sementes desde 1974 aos dias de hoje. Algumas deram boas colheitas, outras más colheitas e, outras ainda, foram do tipo enxertias, entre boas e más colheitas… Obviamente que os actuais campos de cultivo serão decisivos, em função do tipo de sementes que, doravante quisermos plantar/semear, para que, daqui a uma dúzia de anos, no mínimo, possamos começar a colher mais das boas colheitas, menos das más colheitas e que as experiências de enxertias passem a ser apenas objectos de estudo de um processo de aprendizagem da nossa arte de cultivar… Didinho 08.08.2015

Didinho
Didinho

A lógica política para uma coabitação desejável

Quando a Guiné-Bissau perde (e há muito que está a perder) perdem todos os guineenses! Didinho

A crise política que se vive na Guiné-Bissau, entre os órgãos de soberania, deve ser ponderada por todos os guineenses, como algo capaz de prejudicar a Unidade e o Interesse, Nacionais, o que é desaconselhável e reprovável, sobretudo, face aos argumentos em presença.

Sem necessidade de tomar partido por qualquer dos órgãos de soberania, ou de julgar este ou aquele, em função de gostos ou conveniências, importa ao povo guineense fazer entender aos seus representantes no dirigismo do Estado, a necessidade de se entenderem, dialogando construtivamente, e trabalhando juntos, em prol do bem-estar comum, da promoção e sustentação da Democracia e de um Estado de Direito na Guiné-Bissau.

Temos uma Constituição da República que todos concluíram necessitar de revisão profunda, sendo que, já foi criada uma comissão parlamentar para isso, o que é positivo.

Enquanto não tivermos essa revisão constitucional, somos obrigados a trabalhar com a Constituição que temos, que consagra, define e regula os princípios essenciais e a organização do poder político do nosso Estado.

Não é meu propósito, neste texto, analisar as competências constitucionais dos quatro órgãos de soberania da Guiné-Bissau, mas cada leitor pode ler a Constituição da República e fazer o seu exercício analítico e interpretativo.

A minha abordagem de hoje é um exercício de análise política, em forma de aconselhamento, do que chamo de lógica política para uma coabitação desejável entre os órgãos de soberania da Guiné-Bissau, perante uma crise política desnecessária, que pode vir a ter consequências e repercussões indesejáveis e prejudiciais para a Guiné-Bissau e para os guineenses.

Considerando o essencial da actual crise (dificuldade de coabitação entre o Presidente da República e o Chefe do Governo) e tomando em consideração as funções, os poderes e as competências constitucionais do Presidente da República, diria que, ainda que nos termos do nº 2 do artigo 104° da Constituição (O Presidente da República pode demitir o Governo em caso de grave crise política que ponha em causa o normal funcionamento das instituições da República, ouvidos o Conselho de Estado e os partidos políticos com assento parlamentar) presentemente não estão reunidas, a meu ver, justificativos de observância legal e efectiva de uma grave crise política, antes pelo contrário.

Julgo que o nº 2 do artigo 104º deve ser um dos pontos merecedores de discussão e reapreciação nos trabalhos da revisão constitucional que se pretende, com uma sustentação explícita, a exemplo do que acontece com a Constituição portuguesa, sobre o mesmo assunto.

Ou seja, o Presidente da República, só poderia demitir o Governo, em caso de grave crise política que ponha em causa o normal funcionamento das instituições da República, ouvidos o Conselho de Estado e os partidos políticos com assento parlamentar… quando tal se torne necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas (o que significa que não o pode fazer simplesmente por falta de confiança política).

No actual contexto, não há uma explicitação ou implicitação sobre o facto da demissão do Governo, por decisão do Presidente da República, se limitar ou não a uma alegada falta de confiança política do Presidente para com o Chefe do Governo.

A minha lógica política para uma coabitação desejável considera fundamental uma acção de um digno Estadista por parte do Presidente da República, ao abrigo dos seus poderes, funções e competências constitucionais, assumidos em juramento na sua tomada de posse: “Juro por minha honra defender a Constituição e as leis, a independência e a unidade nacionais, dedicar a minha inteligência e as minhas energias ao serviço do povo da Guiné-Bissau, cumprindo com total fidelidade os deveres da alta função para que fui eleito”.

O Presidente da República é, nos termos do nº 1 do artigo 62º da Constituição da República, o Chefe do Estado, símbolo da unidade, garante da independência nacional e da Constituição e Comandante Supremo das Forças Armadas.

E no nº 2 do mesmo artigo 62º, o Presidente da República representa a República da Guiné-Bissau.

Ora bem, a meu ver, o Presidente da República deve agir sempre, tendo em conta o seu juramento no acto de investidura e no estrito exercício dos seus poderes, funções e competências constitucionais.

E até que ponto a desconsideração da lógica política para uma coabitação desejável, pode constituir um contra-senso perante uma hipotética decisão do Presidente da República de demitir o Governo?

Vejamos o seguinte:

a) O actual Governo da Guiné-Bissau tem total apoio e confiança da Assembleia Nacional Popular (Parlamento) que no espaço de 1 mês, votou duas moções de confiança ao Governo, perante a “necessidade” de dar sinais claros ao Presidente da República, de que confia no Governo e não quer a sua demissão.

Se considerarmos o figurino da Assembleia Nacional Popular no qual o PAIGC partido presidido pelo actual Primeiro-ministro  tem 57 deputados; o PRS 41 deputados; o PCD 2 deputados, a UM e o PND 1 deputado cada, e perante uma conjugação de interesses, de um consenso político-partidário pós-eleitoral, que vigora até aqui, “saudavelmente” numa perspectiva de estabilidade política e governativa, não poderemos deixar de questionar, numa lógica política, que outro governo poderia ser constituído na Guiné-Bissau, nesta altura, atendendo que, há um partido maioritário, o PAIGC que teria sempre, que indicar, ao Presidente da República, o nome do Chefe do Governo, perante um derrube do actual Governo e a constituição de um novo Governo?

Qual seria a posição do Parlamento numa votação para aprovação do programa desse governo ou do seu Orçamento de Estado, quando uma moção de censura desse Parlamento seria o suficiente para o derrube desse governo?!

Quantos governos iria o Presidente da República constituir por sua iniciativa, sem dissolver a Assembleia Nacional Popular (Parlamento) sabendo-se que a acontecer a dissolução do Parlamento, devem ser convocadas eleições legislativas com o anúncio prévio de noventa dias e, os mesmos partidos podem manter os seus candidatos para essas eleições, incluindo o facto de o PAIGC manter o nome do seu Presidente para um eventual cargo a Primeiro-ministro, caso volte a ganhar as eleições…?!

Afinal, devemos ou não questionar a lógica política, para percebermos a actual crise guineense e as suas prováveis consequências?

E se o PAIGC tem no seu Presidente, o actual Chefe do Governo, o seu eterno candidato a Primeiro-ministro, a quem o seu Bureau Político apoia sem reservas, como pode o Presidente da República inviabilizar uma decisão do PAIGC se este partido se mantiver intransigente numa hipotética queda do Governo e na substituição do seu líder na chefia do Governo, sendo que, os demais partidos políticos com assento parlamentar, também manifestaram apoio ao actual Governo?

b) Que Governo seria legitimado nos termos da Constituição, se o Presidente da República, por um lado, para nomear o Chefe do Governo:

Tem que ouvir os partidos políticos com assento parlamentar, isto porque, no caso de o partido mais votado não ter maioria parlamentar (que não é o caso) e se inversamente os partidos políticos menos votados juntarem os seus votos e assumirem perante o Presidente da República que têm uma maioria (que não é o caso) estão decididos a assumir a governação juntos, pelo facto de a soma dos seus mandatos serem superiores aos mandatos do partido mais votado;

E, por outro, se for no caso de demissão do Governo, para além de ouvir os partidos políticos com assento parlamentar, ter que reunir o Conselho de Estado, seu organismo de consulta, que tem como membros, o Presidente da Assembleia Nacional Popular, o Primeiro-ministro, um representante de cada um dos partidos políticos com assento parlamentar e cinco figuras escolhidas por ele, Presidente da República, para uma auscultação consultiva e não decisória em primeira instância e numa perspectiva pessoal, que não tenha em conta o Interesse Nacional, ao abrigo da legitimidade constitucional?

Perante as manifestações inequívocas no seio da Assembleia Nacional Popular, de todos os Partidos políticos com assento parlamentar, de apoio ao actual Governo, como seria legitimado um Governo de iniciativa presidencial, que não está contemplado na Constituição da República e que não tem apoio da Assembleia Nacional Popular (Parlamento)?

c) Numa lógica política, o Presidente da República não tem argumentos nem apoios para derrubar o Governo, porque a estrutura parlamentar no actual contexto e nos termos em que funciona na Guiné-Bissau, não permite essa autoridade ao Presidente da República, sob pena de a Guiné-Bissau entrar numa instabilidade política e institucional, permanentes, não só entre o Presidente da República e o Primeiro-ministro, mas entre o Presidente da República e o Governo, apoiado pela Assembleia Nacional Popular (Parlamento).

O Presidente da República deve ter em conta a lógica política, para, ao abrigo das suas competências constitucionais, continuar a ser o garante da estabilidade política e da Unidade Nacional.

Nenhum outro Governo poderá ser considerado Constitucional, derrubando-se o actual, sem levar em conta os Partidos políticos com assento parlamentar.

A auscultação presidencial para situações desta natureza é uma premissa constitucional, que deve ser considerada na proporcionalidade de uma lógica política e jurídica da sua necessidade e obrigação.

O Presidente da República não tem, actualmente, nenhuma maioria posicional, favorável ao seu alegado intento de demitir o Governo e os números, quer da Assembleia Nacional Popular, quer da composição dos membros do Conselho de Estado, constituem uma lógica política que não deve ser desconsiderado!

Para lá destas três alíneas apresentadas, e por razões que têm a ver única e exclusivamente com o garante da Unidade Nacional, bem assim, com a promoção e sustentação da defesa do Interesse Nacional, torna-se recomendável esta abordagem, em forma de aconselhamento ao Presidente da República, porquanto, ainda não ter decretado nenhuma decisão, duma hipotética queda do actual Governo.

Como disse hoje e muito bem o jovem guineense Gaio Martins Batista Gomes

O mesmo povo que não quer a queda do governo é o mesmo que não quer a queda do presidente da Republica.”

O povo guineense não deve tomar partido por este ou aquele; a consciência cidadã nacional, entre a democracia e o Estado de Direito deve pautar-se pela moderação, ponderação e conciliação dos órgãos representativos desavindos, para que, todos eles tenham presente que os seus poderes são de representação e não de donos do poder.

A Constituição da República deve ser interpretada numa lógica política capaz de promover uma coabitação desejável e sustentável entre os órgãos de soberania. Não estaria aqui a enumerar funções, poderes e competências do Presidente da República, caso não reconhecesse um conjunto de ferramentas ao seu dispor, que no entanto, são dependentes de uma lógica política consultiva.

O Presidente da República deve, para lá de todo o realismo organizacional e político do Estado e que está contemplado na Constituição da República, salvaguardar a afirmação da Guiné-Bissau no concerto das Nações.

Os actores políticos e da governação da Guiné-Bissau devem ter presente, numa lógica política promotora de uma coabitação desejável, os seus compromissos de juramento no acto da tomada de posse que os legitimou como autoridades do país!

Devem ter presente a vontade expressa nas urnas pelo povo guineense eleitor!

Devem ter presente o respeito pela Constituição da República, quiçá, considerar e reconsiderar as vezes que forem necessárias, a sua leitura e interpretação, antes de qualquer acção inconstitucional e irresponsável, capaz de pôr em causa o Interesse Nacional!

Devem ter presente o enorme esforço ao longo de tantos anos por parte da Comunidade Internacional no sentido de tudo fazer para que a Guiné-Bissau continue a ter lugar no Concerto das Nações!

As autoridades legítimas da Guiné-Bissau devem ser capazes de, numa lógica política e de coabitação desejável, ter humildade e maturidade suficientes, para dialogar e discutir as suas diferenças de pontos de vista relativamente ao país, afim de chegarem a consensos que permitam trilhar o percurso de mudança rumo a uma Guiné-Bissau Positiva!

É natural que se continue a cometer erros e que não seja possível mudar em apenas 1 ano, tudo o que não se conseguiu mudar ao longo de 42 anos de independência, por isso, sejamos razoáveis, compreensivos, tolerantes e realistas!

A quem serve uma alteração constitucional na Guiné-Bissau nesta fase delicada que o país atravessa, da qual, a estabilidade política é o GARANTE da Confiança para com a Comunidade Internacional e os nossos Parceiros de Desenvolvimento?

Alguém de bom senso é capaz de medir as consequências que uma alteração constitucional causaria à Guiné-Bissau e aos guineenses?

O que é que nos divide tanto, ao ponto de não sermos capazes, enquanto irmãos, de nos olharmos olhos nos olhos, com humildade; de expormos as nossas divergências/diferenças, com maturidade, visando consensos, para continuarmos todos unidos e fortes tendo em conta as adversidades estruturais da Guiné-Bissau, que sozinhos jamais conseguiremos resolver…?!

Lanço um apelo a Sua Exa. o Sr. Presidente da República da Guiné-Bissau, Dr. José Mário Vaz e a Sua Exa. o Sr. Primeiro-Ministro da República da Guiné-Bissau, Engº. Domingos Simões Pereira, no sentido de se entenderem, a bem da Guiné-Bissau e dos Guineenses, pois são ambos representantes de um poder que pertence, na verdade, ao Povo Guineense!

Com tanta esperança e expectativa, de todos, relativamente a um novo rumo para a Guiné-Bissau, tendo em conta tantas oportunidades que se abriram com a reposição da normalidade constitucional/eleições presidenciais e legislativas de 2014 o que é que justifica uma pretensa instabilidade, capaz de deitar a perder tudo quanto se conseguiu neste primeiro ano pós-reposição constitucional?

O que é que queremos para o nosso país e para o nosso povo?!

Queremos que outros países e seus povos continuem a investir na Estabilidade e no Desenvolvimento da Guiné-Bissau, ou, simplesmente, na instabilidade e num retrocesso incontrolado para a Guiné-Bissau?!

Já chega, meus irmãos!

Já chega de sermos nós os principais destruidores do nosso país e do sonho de uma Guiné-Bissau Positiva!

Já é hora de pararmos de “matar” os sonhos das nossas crianças e dos nossos jovens…!

Suas Excelências, por favor, em nome da Guiné-Bissau e de todos os Guineenses, entendam-se, a bem do País e do nosso Povo!

Meus irmãos e minhas irmãs guineenses, a bem da Unidade e do Interesse, Nacionais, tomemos partido do nosso Grande Partido, a Guiné-Bissau!

Obrigado.

Didinho 08.08.2015

Não aceitemos mais, enquanto guineenses, que uns e outros, a bem dos seus interesses, nos dividam, enfraquecendo-nos; nos intriguem virando-nos uns contra os outros, quando o que está em causa é o interesse nacional, quiçá, a soma dos interesses de todos os guineenses e não apenas, de um grupo ou grupos de guineenses! A Guiné apenas precisa do compromisso dos seus filhos para que tudo o “resto” seja uma realidade! Didinho 10.04.2014

 

 

O meu Partido é a Guiné-Bissau!

A questão não se prende com o facto de se estar a favor deste e contra aquele. A questão assenta acima de tudo na necessidade de estarmos todos a favor da Guiné-Bissau, independentemente das nossas diferenças de pensamento!

Devemos todos, enquanto guineenses, ajudar a melhorar a relação entre os órgãos de soberania; ajudar a melhorar a postura dos nossos políticos e governantes, ou seja, sermos parte da solução e não do problema.

Devemos, enquanto cidadãos responsáveis, propor sempre iniciativas promotoras de soluções pacíficas e conciliadoras, a bem do país e do nosso povo. Didinho 06.08.2015

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Não aceitemos mais, enquanto guineenses, que uns e outros, a bem dos seus interesses, nos dividam, enfraquecendo-nos; nos intriguem virando-nos uns contra os outros, quando o que está em causa é o interesse nacional, quiçá, a soma dos interesses de todos os guineenses e não apenas, de um grupo ou grupos de guineenses! A Guiné apenas precisa do compromisso dos seus filhos para que tudo o “resto” seja uma realidade! Didinho 10.04.2014

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Quando a Guiné-Bissau perde (e há muito que está a perder), perdem todos os guineenses! Didinho

Para que um Povo entenda…

Para que um Povo entenda muita coisa, sobretudo os seus direitos e deveres, esse Povo precisa de ser Educado, Informado e Sensibilizado, permanentemente, numa perspectiva de Cidadania, para que (capacitado por essas valências) seja capaz de pensar/reflectir, analisar, interpretar, criticar, elogiar, reivindicar/exigir, em consciência e liberdade.

Sem essas valências, a manipulação de consciências estará sempre presente e constituirá o obstáculo primeiro na afirmação, dignificação e evolução das sociedades. Didinho 04.08.2015

ObamaPovo

Lições de vida e Liderança em Sociedade

As fotos que hoje captei, são para mim autênticas lições de vida em sociedade e de liderança. Repare-se na primeira foto, onde a coesão da Comunidade é demonstrativa da Excelente Organização da Comunidade.

Percebe-se que algo estava a ser transmitido/partilhado à comunidade; nas fotos seguintes, vemos e percebemos a disciplina da comunidade perante o respeito pela sua liderança… E somos nós, humanos, os únicos seres vivos racionais…

Convido-vos a visitarem a minha página fotográfica através do seguinte link:

Fotografias de Fernando Casimiro (Didinho)

Didinho 25.07.2015

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Positivismo

É deveras Positivo, a meu ver, quando o Presidente da República da Guiné-Bissau afirma, de forma convicta, que “criticar não é só um direito, mas também, um dever dos cidadãos…” Na verdade, ainda que haja espaço para múltiplas interpretações, em função do actual contexto político da Guiné-Bissau, importa considerarmos a vertente Positiva da afirmação do primeiro magistrado da Nação.

Preocupado estaria se, ao invés deste posicionamento de Sua Exa. o Sr. Presidente da República em defesa dos Direitos Fundamentais do Cidadão, houvesse, da sua parte, uma negação explícita ou implícita, dos Direitos e dos Deveres dos Cidadãos!

Estamos num Processo, por isso, sujeitos a erros, a disputas, a vaidades, mas comprometidos com a causa nacional, com o interesse nacional, o que me faz acreditar, como disse uma vez, que aqueles que divergem, também são os que estão mais próximos das melhores soluções perante a necessidade de transformar a divergência em consenso… neste caso, a bem do nosso país e do nosso povo!

Vamos ajudar os nossos políticos e governantes!

Temos que ajudá-los para que sirvam de facto os anseios e as necessidades do povo, através do dirigismo nacional que lhes está entregue. É nessa perspectiva que vejo positivismo no posicionamento humilde e sincero do Sr. Presidente da República, para a necessidade dos cidadãos “terem coragem de dizer a verdade”, quando apela aos anciãos guineenses, numa extensão a todo o povo guineense, para o exercício dos seus Direitos Fundamentais.

Claro está que todas as demais interpretações divergentes da minha também devem ser respeitadas e consideradas em igualdade de circunstância, como promotoras do tal exercício dos Direitos Fundamentais!

Positiva e construtivamente.

Didinho 24.07.2015
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Mário Vaz diz que criticar é um direito e também um dever

José Mário Vaz, o Presidente guineense que, ao contrário de Angola, foi nominalmente eleito, insurgiu-se contra o que diz ser “passividade” dos anciãos perante “o mau rumo das coisas” no país, com o qual afirma não pactuar.
“Não contem comigo para isso, não fui eleito para isso. Vim aqui para ajudar a mudar o país, não para ficar calado”, observou José Mário Vaz ao dirigir-se aos anciãos, régulos e chefes religiosos numa reunião realizada na quarta-feira no palácio presidencial.
Nos últimos tempos, várias vozes têm-se insurgido contra os desentendimentos entre o Presidente, o primeiro-ministro e o presidente do Parlamento, sendo que os próprios não negam a existência de crispações.
Falando em crioulo, José Mário Vaz pediu aos anciãos que tenham a coragem de “falar verdade” perante as situações que têm ocorrido no país, para que possam ser corrigidas.
O chefe de Estado afirmou que as palavras dos anciãos “são enganadoras” quando aplaudem o trabalho realizado pelo Presidente da República, pedindo que sejam críticos também em relação a ele próprio.
“Vejo que não são capazes de pôr o dedo na ferida. Chegam aqui com conversa do tipo: o Presidente é que tem razão”, observou José Mário Vaz.
“Não estou nada contente com o meu trabalho como Presidente. Estou aqui há um ano, mas penso que podia ter feito mais”, acrescentou, apontando o dedo acusador aos anciãos que, diz, pretendem “perpetuar a canseira” no país com a sua atitude.
“Vocês os anciãos deste país querem deixar esta terra na canseira em que se encontra para que esta situação seja herdada pelos vossos filhos e netos”, referiu.
Negado Fernando, Juiz do Povo (uma espécie de juiz popular) reconheceu que o “país não anda bem”, mas também acha que é por esse motivo que José Mário Vaz não tem tido tempo para realizar visitas ao interior.
“Desde que elegemos o Presidente, não o vimos nas regiões, porque não tem tido tempo com problemas da governação. Sabemos que o Presidente não tem tempo”, notou Negado Fernando.
José Mário Vaz prometeu realizar ainda no decurso deste ano duas visitas às regiões.
As relações entre o chefe de Estado e o líder do Governo estão longe de ser as melhores.
A 3 de Julho, José Mário Vaz teve que fazer um discurso à nação na Assembleia Nacional Popular (ANP) para afastar os rumores de que estaria a planear demitir o Executivo liderado por Domingos Simões Pereira.
No entanto, no mesmo discurso, disse que não abdica do papel de árbitro e fez alusão a uma proposta de remodelação governamental que já terá sido tema de conversa com o primeiro-ministro.
Já antes, num encontro com veteranos do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), partido que suporta o Governo e elegeu Vaz, o chefe de Estado disse “estar na posse de dossiês que põem em causa a autoridade moral de alguns membros do Governo”, sendo esse “o principal motivo de dificuldades”.
Domingos Simões Pereira ainda não se pronunciou sobre uma eventual remodelação governamental.
Os desentendimentos estão a deixar inquietos os diplomatas em Bissau e a generalidade da comunidade internacional que voltou a financiar o país depois do regresso à norma constitucional após as eleições de 2014.
A 25 de Março, as novas autoridades realizaram um encontro de doadores em Bruxelas que permitiu mobilizar mais de mil milhões de euros de intenções de apoio internacional.
Fonte: http://jornalf8.net/2015/criticar-e-um-direito-e-um-dever/

Pensar pelas próprias cabeças

Enquanto os guineenses não forem capazes de “pensar pelas próprias cabeças”, como sugeria Amilcar Cabral, a manipulação de consciência e a dinâmica demagógica, dos poderes do Poder, influenciarão negativamente a dinâmica social da nossa Sociedade, através de obstáculos em forma de ferramentas estrategicamente projectadas, concebidas e produzidas no intuito de se continuar a dividir o nosso povo e, consequentemente, contribuir para a estagnação ou o retrocesso do nosso país.

Creio que é chegado o momento de questionarmos, que Modelo de Educação precisamos de projectar, trabalhar/desenvolver e implementar no nosso país, em função da nossa realidade concreta.

Continuo a dizer que precisamos de privilegiar a Educação para a Cidadania se, de facto, queremos (ou quisermos) ajudar a mudar positivamente a forma de pensar e de agir dos nossos concidadãos, sem demagogia, sem manipulação, mas criando condições nos múltiplos formatos pedagógicos, de sensibilização, interacção e participação cidadã, capazes de formar e informar o Cidadão, recurso primeiro para a projecção de todo e qualquer programa de desenvolvimento.

A FORMAÇÃO CÍVICA promove a Educação para a Cidadania, que, por sua vez, capacita cidadãos para os seus Direitos e Deveres, com base num COMPROMISSO para com o País!

Felizmente, temos muitos quadros com formação Superior em diversas áreas, mas infelizmente, são poucos os cidadãos que têm, de facto, FORMAÇÃO CÍVICA!
Didinho 22.07.2015