Eng.º Augusto Ulique

NÃO AO RACISMO E À SEGREGAÇÃO PELA COR DA PELE, NA GUINÉ-BISSAU!

NÃO AO RACISMO E À SEGREGAÇÃO PELA COR DA PELE, NA GUINÉ-BISSAU!

Que vergonha! O PAIGC ou melhor, alguns dos seus militantes, devem estar desnorteados ao ponto de baterem no fundo, com atitudes desprezíveis, entre retóricas e incompetências que, por exemplo, levaram-nos ao primeiro golpe de estado na Guiné-Bissau, a 14 de Novembro de 1980, quando Nino Vieira, por não estar devidamente preparado e ao nível dos seus Camaradas com melhores preparações, preferiu dar-lhes o golpe para semear o caos e a impunidade que até hoje estamos a viver na sociedade guineense!

Cada vez que há conflitos ou crises no seio dos militantes do PAIGC, é a Guiné-Bissau e o seu povo quem paga o preço mais elevado com prejuízos incalculáveis. Já alguém colocou a questão de quantos prejuízos o nosso país sofreu com o conflito militar de 7 de Junho de 1998?

Se quiserem fazer um reajustamento no PAIGC que o façam mas com todos! Sem observância discriminatória à cor de pele, religião, ou estatuto social que cada militante do vosso partido tem ou ocupa na nossa sociedade.

Vocês que agora querem preconizar um Reajustamento no PAIGC, é bom saberem que há uma Constituição da República da Guiné-Bissau que não permite qualquer discriminação seja ela de quem for e de onde vier. Se se fala do racismo, essa vossa intenção de querer reajustar o vosso PAIGC desta forma é mais que racismo. É uma vergonha nacional!

Que Deus abençoe a Guiné-Bissau com todos os seus filhos sem qualquer discriminação.

Engº. Augusto Ulique

Flensburg /Alemanha 10.04.2020

PAIGC À MERCÊ DOS MESTIÇOS

Eng.º Augusto Ulique

PAREM DE ATORMENTAR O POVO DA GUINÉ-BISSAU!

PAREM DE ATORMENTAR O POVO DA GUINÉ-BISSAU!

Caros compatriotas e distintos “políticos” bissau-guineenses, quero vos pedir por amor de Deus, que parem de atormentar o nosso povo.

Não terão nenhum proveito, estando todos os dias, horas e horas, desperdiçando o vosso tempo a instrumentalizar a nossa sociedade contra certas figuras públicas, com insultos e intrigas acreditando desta maneira fazer valer a vossa popularidade. Desta forma?

Certeza absoluta que não!

Parem e pensem no que estão a fazer e em nome do quê; ao serviço de quem; e com que objectivo…

Na Guiné-Bissau, todos têm lugar para viver e conviver com os outros e se alguém for capaz de pôr a sua capacidade e inteligência ao serviço da sociedade guineense, em complemento de um valor jamais visto na África, que é a unidade nacional, entre as várias etnias na Guiné-Bissau, seríamos o povo mais feliz e realizado, do mundo.

Aos protagonistas “políticos” com agendas pessoais, peço-vos por favor parem e pensem profundamente sobre o estado do país e o seu povo. Como cidadão guineense ainda acredito nos filhos desta terra amada com bom senso e espírito nacionalista, capazes de entender o que se trata e por que é valioso contribuirmos em prol da sociedade.

Aos que ainda estão com a raiva e armados até aos dentes e unhas contra a pátria que nos viu nascer, não acreditem em nada que vos possa alienar, acreditando que existem nações perfeitas, com justiça a funcionar perfeitamente e cidadãos exemplares sem crimes. Essas nações ou países, não existem. Pelo menos nesta nossa planeta Terra, não conheço nenhum estado SANTO com perfeita democracia!

O que há sim, são estados e países compostos por cidadãos com espírito nacionalista e sentido progressista, imbuídos de uma ética e moral assentes na solidariedade colectiva. O espírito social, é sim um dos valores que devemos promover na sociedade moderna guineense pondo de parte o egoísmo, o individualismo, a inveja e o ódio.

Nas sociedades modernas, e melhor estruturadas do que a nossa, chegou-se à conclusão que o ensino individual e trabalho solitário (individualismo) é menos produtivo do que o colectivismo.

Por isso promove-se nestas sociedades mais actividades colectivas, focadas em grupos de trabalho visando o ensino colectivo para a resolução de certas questões que têm a ver com projectos abrangentes de diferentes áreas.

“Políticos” bissau-guineenses parem de atormentar o povo da Guiné-Bissau, usando discursos e retóricas divisionistas na sociedade guineense. Agora querem aproveitar o flagelo do CORONAVÍRUS para atormentarem de novo os corações e a tranquilidade do povo para obterem proveito político.

Caros concidadãos, denegrir a imagem da Guiné-Bissau, por mais motivos ou razões que possam existir, não passa de uma traição à pátria. Por vezes é bom aceitarmos a realidade do momento, mesmo que as decisões tomadas forem contrárias à nossa vontade e expectativas, do que estarmos a proferir reacções que, um dia, a nossa história sentenciará!

Há alguns “políticos” e cidadãos da nossa terra que hoje se julgam estar melhor preparados para conduzir o destino do nosso país mas, no entanto, estão a comprometer as suas oportunidades futuras por não aceitarem conformar com a decisão da maioria, preferindo promover campanhas contra o nosso país, dando entrevistas e lançando mensagens difamatórias nas medias sociais.

O nosso país foi durante algum tempo, um exemplo de positivismo, e consequentemente, uma referência na costa ocidental de África. Um país sem igual, que enfrentou um passado cruel imposto por uma potência estrangeira que nada de bom deixou como herança.

Há um provérbio em krioulo que cito:

“Si bu obi mininus na moransa na guerria, i purki fomi ku ten na ki moransa.”

Este provérbio tem algo de verdade no caso de Guiné-Bissau.

Por não herdarmos nada como substância que nos permite gerar bens, e também, por não existirem famílias com grandes fortunas, mas sim, camadas sociais com posição histórica que dominam a sociedade guineense; a inexistência de infraestruturas; de centros de produção e desenvolvimento industrial, para assentarmos o desenvolvimento, alguns “políticos” sentem-se “legitimados” a desenfrear lutas intestinas para se apoderarem do vazio do Poder Real, para satisfação dos seus interesses.

Para tal estão sempre prontos para assinar acordos ocultos com monopólios de organizações internacionais e transnacionais, em prejuízo do interesse colectivo e da sociedade Bissau-guineense.

O nosso povo deve ficar atento e não deixar ser enganado ou atormentado!

Os melhores filhos já foram, e outros melhores filhos da Guiné-Bissau virão!

Força Guiné-Bissau e que Deus abençoe o seu povo!

Augusto Ulique

Eng. /Geólogo

Alemanha /Flensburg, 25.03.2020

Eng.º Augusto Ulique

SOLIDARIEDADE PARA COM FERNANDO CASIMIRO – DIDINHO

Boa noite meu caro mano Didinho!

Acabo de ouvir o áudio do sr. Victor Abilio Fonseca Nhaga endereçado à tua pessoa. Só tenho de manifestar-te  a minha solidariedade no combate que há anos estás a enfrentar para o bem e a liberdade total da nossa querida pátria, Guiné-Bissau.

Não leves em consideração a má educação deste senhor que nem quero estar a repetir o seu nome.

O PAIGC e o grupo de alguns dos seus militantes estão nesta altura completamente desnorteados.

O que lhes resta é a baixeza e a má educação.

Didinho, tu fazes parte dos nossos melhores e mais antigos combatentes na idade moderna para libertação da Guiné da tirania de um sistema retrógrado que só serve para pessoas preguiçosas e de mente atrasada.

Por isso, meu mano, não sintas ameaçado por ninguém nem com insultos iguais aos do sr. Victor que nada tem para oferecer a Guiné-Bissau!

Mano, o teu contributo por via de valiosas opiniões assim como informações esclarecedoras, estão a surtir efeito nos guineenses atentos, que almejam a mudança e desenvolvimento na nossa pátria amada.

Vamos dar o último golpe aos preguiçosos mentais que nada querem da nossa querida Guiné-Bissau a não ser intrigas, ameaças e violência contra os progressistas e nacionalistas como tu Didinho, grande patriota, exemplar de todos os tempos!

Agora a minha chamada de atenção ao sr. Victor Abilio Fonseca Nhaga.

As suas ameaças de morte ao cidadão Fernando Casimiro vulgo Didinho, estão bem registadas por nós, amigos e colegas do Didinho.

Se algo acontecer em direcção de tudo que o sr. acaba de recomendar no seu áudio, o sr. Victor será responsabilizado pelos seus actos.

Também lhe faço saber que para além do Didinho ter uma família capaz de levá-lo à justiça, garanto-lhe que o seu áudio será entregue à Polícia Judiciária portuguesa para eventuais investigações.

Garanto-lhe ainda que, mesmo na Guiné-Bissau, onde o senhor se sente mais “dono” ou melhor mais guineense do que os outros, tenho a certeza absoluta de que o vosso regime de impunidade já tem os dias contados.

Para terminar gostaria de alertar aos amigos do sr. Victor Nhaga no Facebook, dotados de uma boa educação de abastecerem-se deste senhor que em nosso bom kriol denominamos de MALTOMADO!

Porque nunca na nossa educação de outrora se permitiu insultos a pais de de uma pessoa a quem não conhecemos.

Evitemos os insultos só porque a opinião contrária não nos favorece. Quem fala da cor de pele é uma pessoa cheia de complexos! A Guiné-Bissau não tem cor de pele, nem grupo étnico.

Força Guiné-Bissau e que Deus abençoe o seu povo!

Eng.º Augusto Ulique

Flensburg/Alemanha –  15.03.2020

Eng.º Augusto Ulique

As estórias do Sr. Domingos Simões Pereira…

Alguém prestou atenção; ouviu atentamente as declarações feitas pelo sr. Domingos Simões Pereira na sua “última” (porque várias ainda virão) conferência de imprensa no dia 6 de Fevereiro de 2020?

Onde fez a ilustração de que quando era pequeno e sempre depois de um jogo de futebol com os amigos e ao dar conta que tinha perdido a chave de casa, pedia aos amigos para lhe ajudarem a procurar a chave mas, deixavam sempre o sítio provável onde tinha caído a chave, devido à escuridão, indo procurar a mesma chave num outro lugar, distante, onde havia luz e clareira,  até que um dia, um senhor de idade lhes perguntou o que estavam a procurar.

Responderam que tinham perdido uma chave, que estavam a procurar. O senhor, entretanto, retorquiu: mas estavam a jogar ali ao fundo no campo de futebol onde não há a luz e vêm procurar a chave aqui só porque há a clareira e a luz?

DSP depois de dar este exemplo pós-se a rir…

Depois de ouvir atentamente esta ilustração que o sr. DSP quer comparar com os resultados eleitorais de que está a contestar, só me restam duas análises a fazer sobre a personalidade deste senhor:

1. Este sr. deve carecer de uma inteligência capaz de o fazer ver de que aquilo que se acha ser nunca o foi. E que finge fazer brilhar o ouro inexistente!

2. Com o exemplo dado, DSP reconheceu, de novo, a sua derrota nas presidenciais perante os militantes do PAIGC sem que os mesmos dessem conta do conteúdo dessa conferência de imprensa.

Admitamos que a segunda intenção seja aquilo que DSP quis transmitir. Então, para mim, fica a conclusão de que o sr. Domingos Simões Pereira está a ser vítima da pressão do PAIGC que não lhe permite aceitar os resultados eleitorais de 29 de Dezembro de 2019.

Seria bom que os especialistas nas análises da linguagem corporal e imagens, estudassem minuciosamente os comportamentos de Domingos Simões Pereira durante esta “crise “, para chegarmos a uma conclusão sobre os diversos estágios comportamentais entre a normalidade/naturalidade, e seus antónimos, na pessoa de Domingos Simões Pereira ( tendo em conta, sobretudo, as inverdades que derivam da sua pessoa).

A confirmar-se o segundo ponto da análise, então o Povo Guineense está de parabéns por ter feito uma escolha acertada até aqui!

Que Deus abençoe a Guiné-Bissau e o seu Povo!

Augusto Ulique – 09.02.2020 – Flensburg, Alemanha

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∗ Eng.º Augusto Ulique, guineense, casado e pai de 5 filhos

Formação e carreira:

1986 -1991:

Estudos de Geologia e Minas com título de Engenheiro Geólogo com pós-graduação desde 1991 na Universidade Técnica e Academia de Minas em Freiberg/Saxónia na então Alemanha Democrática.

1992 – 1995:

Assistente na Faculdade de mineralogia da Universidade Técnica de Freiberg/Saxónia no Estado Federal Sachsen.

2000 – 2014:

Docente na Escola Superior de Bernburg no Estado Federal de Sachsen-Anhalt, com a cadeira docente de Ecotrofologia.

2013 – 2015:

Diretor de projeto de investimento na área de agricultura na Guiné-Bissau.

Desde 2015 após o regresso da Guiné-Bissau, até à presente data, é funcionário do Estado Federal de Schleswig-Holstein.

Eng.º Augusto Ulique

A esperteza de Lebre do Baciro Djá

A esperteza de Lebre do Baciro Djá

Augusto Ulique

Muitos falam das incongruências do Baciro Djá, eu diria a esperteza de Lebre do Baciro Djá.

O DSP ao aceitar o apoio de Djá, abriu-lhe a porta de regresso à família do PAIGC. Consciente ou não, permitindo ou não, o Baciro mais uma vez confirmou a esperteza da Lebre que sempre usou na senda política para chegar onde se encontra hoje na sociedade guineense.

Quem soube analisar atentamente os vídeos dos comícios durante a 1ª. volta das presidenciais na Guiné-Bissau poderá reparar um fenómeno que decorreu durante esta campanha. Dos 12 candidatos à presidência, 3 entre eles (Domingos Simões Pereira, José Mário Vaz e Carlos Gomes Júnior) são todos militantes ativos do PAIGC. Outros 2 (Baciro Djá e Umaro Sissoco Embaló) são os ditos “ex-militantes” dos libertadores. Portanto aqui houve, a meu ver duas campanhas simultâneas.

Uma campanha, que era para as presidenciais, e outra, da luta para a liderança do PAIGC, que aqui fica demonstrado naquilo que eu considero de esperteza de Lebre do Baciro Djá!

O senhor Baciro Djá atacou, e com acusações graves, na 1ª. volta das presidenciais quer o DSP, quer o JOMAV, com simples, mas claras e objetivas intenções. Se conseguir regressar à família do PAIGC fazer lembrar aos militantes o que havia denunciado durante a campanha para as presidenciais, para lhe legitimar a candidatar-se à liderança dos libertadores.

Ao CADOGO Júnior, Djá só fez lembrar a este que já é tempo de se ocupar dos netos e deixar a política ativa. Para Baciro Djá, o Umaro Sissoco não constituirá nenhum perigo uma vez que este se encontra na estrutura de liderança de um movimento (MADEM-G15) que hoje lidera a oposição, constituindo-se atualmente como o segundo maior partido na Guiné-Bissau. Portanto está fora de questão que o Sissoco tenha intenções de regressar ao PAIGC.

Com este cenário o grande perdedor na luta política no seio dos libertadores será o DSP. Se o Domingos Simões Pereira ganhar as presidenciais, será obrigado a deixar a liderança do partido. Para este fim haverá candidatos à liderança do partido e um deles poderá ser o Baciro Djá que depois da segunda volta das presidenciais abandonaria a FREPASNA para regressar à família dos libertadores.

Uma vez que Djá decidiu apoiar o DSP, ganhou a estima e a legitimidade dos militantes do PAIGC neste momento decisivo entre quem será o próximo Presidente da República entre Simões Pereira e Sissoco Embaló.

Se o DSP perder as eleições presidenciais, será o fim da sua liderança no partido. Porque os críticos e os opositores da sua liderança vão reclamar a sua incapacidade em ganhar eleições. As suas estratégias de liderança fizeram com que o PAIGC perdesse a maioria absoluta conquistada nas eleições legislativas de 2014, e consequentemente, não tenha conseguido vencer as legislativas de março deste ano com uma maioria que lhe permitisse governar sozinho. É a partir daqui que afirmo que o grande perdedor na política guineense nesta altura é o DSP que não soube tomar decisões certas, realistas, coerentes, nos momentos oportunos.

Houve alturas em que o DSP poderia aproveitar para unir a família do PAIGC ao invés de manter os princípios, as promessas e alianças que depois não soube ou não pôde honrar.

Se alguém se lembrar num dos comícios do JOMAV em Buba sul da Guiné se não me engano, disse em kriol, cito: “I na pirdi es eleiçon i dipus nô na robal partido”. Para mim tornou-se claro que a eleição presidencial não é só uma mera eleição para a presidência da República, sendo igualmente uma oportunidade de disputa para a liderança do PAIGC.

Por isso, chamo a atenção aos compatriotas que veem o Domingos Simões Pereira como solução para a Guiné-Bissau.

Sem uma renovação e reformulação radical do PAIGC (que até aos nossos dias ainda se considera partido-Estado), nada mudará na Guiné-Bissau, sobretudo, enquanto este partido continuar a ser o detentor dos símbolos da nação e com slogans da última campanha para as legislativas, cito: “É terra ten si dunu”. E cada vez que existir conflitos no seio dos libertadores, que sempre reclamam serem donos da Guiné-Bissau, o país continuará na habitual instabilidade política.

Suponhamos que assim fosse, que o PAIGC sozinho é que libertou a Guiné do jugo colonial português, o que não é o caso. Isto não lhe dá a legitimidade de manter uma nação refém durante décadas. Reclamando o direito de ser o único que libertou o país por isso, ser o dono da nação guineense.

Disse e repito que o PAIGC, nos tempos idos não foi a única força que libertou a Guiné-Bissau. Porque o próprio Amilcar Lopes Cabral que muitos denominam de pai da nação, dizia: “(…) O PAIGC é um movimento que congrega forças e ideologias de interesses diferentes unidos para um objetivo único/comum, o de expulsar o colonialismo português do nosso território. E que depois da independência os camaradas que continuassem a apoiar e a seguir os ideais do partido, teriam que se inscrever para a militância no partido. A partir daí os dossiês de cada camarada seriam estudados pela direção superior do partido remetendo-os para aprovação. A quem não conseguisse reunir as condições para ser admitido como militante no partido, seria atribuído o estatuto de Combatente da Liberdade da Pátria.”

Por isso convido-vos a ler a obra de Cabral quando dizia que nem toda gente é do partido. Hoje há pessoas que reclamam o estatuto de serem militantes só por pegarem em armas e lutarem ao lado do partido contra o colonialismo e nenhuma vez preencheram a ficha de inscrição como militantes do PAIGC. Assim como também há pessoas, que só por militarem no PAIGC depois da independência, por convicções ideológicas, chegam a reclamar o estatuto de Combatente da Liberdade da Pátria; ou que julgam que, por um familiar ter lutado pela independência nacional, esse facto dá-lhes, igualmente, por via “sucessória” de familiaridade/parentesco, o direito de herdar o estatuto de Combatente da Liberdade da Pátria.

Aconselho o PAIGC que conheço desde a infância (mas ao qual nunca aderi), nas matas de Gã-Pará, Gã-Gurgol e Ponta-Nobo, na região hoje chamada Quinara, de seguir os ideais de Amilcar Lopes Cabral, e de se libertar das garras de oportunistas e pessoas que aderiram à luta de libertação para se salvar dos crimes cometidos nas zonas então ocupadas pelo colonialismo português, ou os que pensaram tomar depois o partido para usarem para os seus interesses pessoais (Muitos ainda se lembram da música do grupo musical Super Mama Djombo nos anos 70: Tugas n´barka ê bai, tugas di terra fika, ê na soronda, imperialismo na regua..!). Porque estes de facto estão ainda dentro do PAIGC até aos dias de hoje. O próprio Amilcar Cabral havia dito que depois da independência todos eles iriam ser apresentados à justiça para responderem pelos atos que os obrigou a abandonar a então zona ocupada pelo inimigo.

Na sua obra, Cabral mencionou alguns nomes a título de exemplo para ilustrar que nenhum dirigente ou militante do partido deve sentir-se confortado com aquilo que conseguiu fazer para chegar hoje lá onde está e ocupar o lugar que ocupa esquecendo do passado. Ele foi ainda mais longe, dizendo que: “vamos considerar os registos criminais que a administração colonial vai deixar na nossa terra”.

Se, na verdade, o PAIGC hoje pensar seguir os ideais de Amilcar Cabral, que ponha ao público as obras dele para serem estudadas, analisadas na sociedade guineense. Porque este partido é detentor de segredos de uma nação por construir. Perguntem ao povo da dita “antiga-zona libertada” o que lhes foi prometido durante a luta de libertação.

Qual foi o papel que desempenharam durante a luta de libertação. Alguém sabe dizer como é que os guerrilheiros eram abastecidos com géneros alimentícios?

Como funcionava a logística para abastecimento dos guerrilheiros com materiais bélicos?

Para os que não sabem, já existia de facto um aparelho administrativo na então “zona libertada”, ou seja, os lugares ocupados pelos guerrilheiros. É aqui que nasce o dilema do PAIGC querer reclamar um passado que pertence a quase ⅔ dos guineenses que durante a luta de libertação fazia o grosso da “antiga-zona libertada.”

Por questões de estratégia política a nível internacional, Cabral foi obrigado a criar um aparelho de estado rudimentar para convencer a opinião internacional, o que conseguiu de facto.

O paradoxal em tudo isso é que depois da morte de Amilcar Cabral ninguém foi capaz de fazer as correções ou a reestruturação de uma ideia ou estratégia que foi criada de forma provisória para alcançar uma etapa da vitória numa guerra de libertação contra um país (Portugal fascista) fraco em termos da existência de uma burguesia influente a nível mundial.

Portugal desprezou a Guiné tanto tempo, que nem sequer se apercebeu que a inteligência de Amilcar Cabral implantada numa colónia que os tugas sempre consideravam de só mais um pedaço de território no continente africano, poderia afetar o bolo gordo como Angola e Moçambique, onde o imperialismo havia sido instalado com colossais lucros que tiravam para a metrópole e a Europa capitalista.

É bom que os guineenses comecem a pensar num Estado e numa Nação por construir e porem de lado os partidos políticos. A luta de libertação demonstrou aquilo que Cabral de facto percebeu e chamou de unidade, luta e progresso. Unimo-nos e lutamos contra um mal que afetava a sociedade guineense: o colonialismo, e vencemos, tornando-nos independentes sem questionarmos a etnia, raça, religião ou cor da pele. Agora o que nos falta é ter o mesmo espírito, desta vez o patriotismo e o nacionalismo para podermos erguer uma nação progressista que orgulhe a todos os Bissau-Guineenses, e não a um partido!

A Guiné-Bissau e os interesses dos guineenses estão acima de TUDO e de TODOS!

Deus abençoe os GUINEENSES!

Augusto Ulique/ 15 d. Dez. 2019/Flensburg, Alemanha

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Eng.º Augusto Ulique, guineense, casado e pai de 5 filhos

Formação e carreira:

1986 -1991:

Estudos de Geologia e Minas com título de Engenheiro Geólogo com pós-graduação desde 1991 na Universidade Técnica e Academia de Minas em Freiberg/Saxónia na então Alemanha Democrática.

1992 – 1995:

Assistente na Faculdade de mineralogia da Universidade Técnica de Freiberg/Saxónia no Estado Federal Sachsen.

2000 – 2014:

Docente na Escola Superior de Bernburg no Estado Federal de Sachsen-Anhalt, com a cadeira docente de Ecotrofologia.

2013 – 2015:

Diretor de projeto de investimento na área de agricultura na Guiné-Bissau.

Desde 2015 após o regresso da Guiné-Bissau, até à presente data, é funcionário do Estado Federal de Schleswig-Holstein.