Mercado de Trabalho e Desemprego: situação dos nossos jovens

 

Mercado de Trabalho e Desemprego: situação dos nossos jovens

 

O ano 2022 pode ser da renovação de esperança, sobretudo para os jovens guineenses que desejam efetivamente o emprego e mais oportunidades para enfrentarem os crónicos desafios sociais (casa própria, família constituída, qualidade de vida, educação, saúde, etc.). Uma pessoa (jovem) desempregada tem menor poder de compra, menor amor próprio, e, tende, em geral, a perder qualificações. Estes efeitos são particularmente acentuados no caso do desemprego de longa duração, ao qual está frequentemente associado um grande sofrimento, da pessoa desempregada e da sua família. A existência de desemprego significa que os recursos produtivos da economia não são plenamente aproveitados. Produzem-se menos bens e serviços do que aqueles que seria possível produzir, dados os recursos e a tecnologia existentes. Isto reflete-se no bem-estar das gerações presentes e futuras. Há, entretanto, países em que as pessoas empregadas suportam os custos do desemprego, direta e indiretamente. Os sistemas de segurança social transferem recursos para as pessoas desempregadas (subsídio de desemprego). Além disso, uma maior taxa de desemprego implica uma maior taxa de criminalidade e um maior nível de tensão social.

 

  1. Oferta de Trabalho

Uma pessoa diz-se desempregada se, num período de referência, verificar simultaneamente as seguintes condições: i) não possuir emprego; ii) procurar ativamente emprego; iii) estiver apta/disponível para trabalhar imediatamente. A população ativa (N S) é o conjunto das pessoas que manifestam disponibilidade para trabalhar, podendo estar empregados ou desempregados. A população inativa (Pop-NS) é o conjunto das pessoas que, num período de referência, não estão empregadas nem desempregadas. Inclui crianças, estudantes, reformados, e todos aqueles que não procuram emprego ou não estão aptos para trabalhar. A taxa de atividade (N S /Pop) é o rácio entre a população ativa e a população total.

Em 1962, Arthur Okun observou que o desemprego tem flutuações cíclicas, inversamente relacionadas com as flutuações cíclicas do produto. Este facto estilizado ficou conhecido como a Lei de Okun. Basicamente, essa Lei fundamenta-se no efeito impactante do desemprego na formação do PIB de um determinado país, e a Guiné-Bissau é um caso evidente desse exemplo.

Para adquirir e consumir os bens necessários à vida e ao conforto, as pessoas precisam de ter rendimentos. A maior parte das pessoas obtém rendimento através da oferta de trabalho a empresas em troca de um salário. Por outro lado, as pessoas valorizam também o seu tempo livre. Como o tempo não estica, cada hora adicional de trabalho implica que a pessoa tenha menos uma hora disponível para o lazer. Para explicar o comportamento da oferta agregada de trabalho da economia, N S, vamos começar por explicar a oferta individual de trabalho, recorrendo a um modelo microeconómico simples no qual o chamado agente representativo – uma espécie de agente médio da economia que assume implicitamente a semelhança entre o comportamento da economia cujos agentes têm características diversas, e uma economia hipotética na qual todos os agentes são réplicas deste agente.

 

  1. Procura de Emprego

Para desenvolverem a sua atividade produtiva, as empresas (i.e., MTN, ORANGE) procuram contratar trabalhadores, que lhes oferecem trabalho, em troca de um salário. Contratar mais um trabalhador permite aumentar o volume de produção, mas, por outro lado, implica um custo adicional. Para cada nível salarial, uma empresa escolhe a quantidade de trabalho que maximiza o seu lucro. A relação entre o nível salarial vigente no mercado e a quantidade de trabalho que as empresas procuram designa-se por função procura de trabalho. A relação entre os fatores de produção utilizados e o volume de produção designa-se por função de produção.

Dado que a curva da procura de trabalho coincide com a curva da produtividade marginal do trabalho, os fatores determinantes da produtividade do trabalho são também determinantes da procura de trabalho. Dois determinantes fundamentais são o progresso técnico (aumento da produtividade dos fatores de produção) e a utilização dos outros fatores (essencialmente, de capital). Quanto maior for o nível tecnológico da economia, e quanto maior for o stock de capital existente, maior é a produtividade do trabalho, e, portanto, maior é a procura de trabalho.

Um exemplo fragrante e mais recente do papel do nível tecnológico da economia, essa semana inaugurou-se em Dakar, o primeiro metropolitano que vai transportar diariamente cerca de 50 mil pessoas e que mobilizou mais de 20 empresas para a materialização desse projeto estruturante à economia local, como reflexos na redução da taxa de desemprego, mobilidade urbana, comércio, turismo, serviços, etc.

 

  1. Conclusão

E, portanto, creio que uma das formas eficazes de reduzirmos as altas taxas desemprego, principalmente no seio da camada mais jovem da nossa população (constitui mais de 60% da população) é apostar seriamente na infraestruturação e formação do capital no país, e o exemplo do país vizinho – Senegal – não podia ser mais evidente e interessante.

Por conseguinte, penso que havemos de chegar ao dia, havemos de ter um líder guineense que tenha um propósito, uma estratégia, um projeto, uma agenda, em prol dos nossos jovens, em especial, e da população guineense, em geral.

Líder capaz de criar sinergias que possam ajudar a diminuir a partidarização do aparelho de Estado, como fuga para o emprego dos “filhos” do partido.

Líder capaz de ajudar o governo para atrair investimento direto estrangeiro (IDE) para reduzir a dependência do emprego público que absorve cerca de 36 mil funcionários.

 

Apenas uma opinião!

Boas Festas! Feliz Ano 2022.

Santos Fernandes

 

PERSPECTIVAS DE 2021 FACE À GUINÉ-BISSAU?

Perspectivas de 2021 face à Guiné-Bissau?

A pandemia que assolou o nosso planeta terra, em 2020, provou a nossa fragilidade humana, tendo em conta que experimentamos os efeitos maléficos do vírus e vivemos às incertezas do futuro, mas aguardando a eficácia das vacinas.

No entanto, além do aspecto (sanitário) decorrente da pandemia, há-que ter em consideração os aspectos (económico e social) produzidos pela pandemia covid-19.

Segundo o grupo bancário privado J. MORGAN, há cinco questões-chave que podem marcar o ano 2021:

1 – Vírus

2 – Diplomacia Internacional

3 – Inflação

4 – Ações

5 – Dólar

Primeira questão:

Os efeitos do vírus serão incontornáveis e provavelmente farão parte ativa dos cálculos estatísticos mundiais nas próximas décadas, num universo de mais 7 mil milhões de pessoas, com implicações nas dinâmicas económico-comerciais a nível global.

A vacina, ou melhor, as vacinas anunciadas, recentemente, reavivaram os teatros da “guerra fria”, entre os aliados e os socialistas do período pós-segunda guerra de (1939-1945) aos finais dos anos (80), desta feita, sobre quem recai o ônus da eficácia das vacinas, o tempo dirá…

Segunda questão:

No que toca à diplomacia internacional, esta questão é deveras importante para países como nosso – Guiné-Bissau – na medida em que terão que fazer “das tripas o coração”, ou seja, devemos “lavar” nossa imagem “negativa” de instabilidade crónica; do narcoestado; da corrupção; de conflitos institucionais; e devemos apostar numa diplomacia económica e “agressiva”, como disse e bem a nossa chefe da diplomacia, Dra. Suzi Barbosa. Uma diplomacia voltada às questões económicas, (i.e promoção do Investimento Direto Estrangeiro; Promoção das Potencialidades Turísticas e da nossa Biodiversidade). Ora, inspirados na nossa localização geográfica privilegiada, tanto no quadro da CEDEAO, quanto na UEMOA, fazer dessas valências a causa estratégica da diplomacia comercial.

Terceira questão:

É verdade que, após a nossa adesão à UEMOA, a 2 Maio de 1997, conhecemos uma estabilização da IPC – inflação ao preço do consumidor, em grande parte, por causa da política de convergência cuja média anual não pode ultrapassar 3%. Por isso, não apresentamos uma “inflação galopante” devido aos efeitos da UEMOA e a estabilidade monetária do Franco da Comunidade Financeira Africana. Não obstante, sermos o país “menos produtivo” do espaço comunitário de origem francesa.

Quarta questão:

As ações das empresas nacionais, isto é, as ações das empresas que operam no território da Guiné-Bissau podiam ser “publicitadas” na Bolsa de Valores da UEMOA, com sede em Abidjan, tornando-as mais competitivas e atraentes a nível regional e internacional. Para que isso ocorresse, o governo, através do ministério das Finanças e da Economia, devia e podia promover o tecido do empresariado nacional voltado às exportações e à diversificação económica, sobretudo a hipotética exploração dos minérios (i.e petróleo, área pesada, bauxite e fosfato) o que poderia valorizar as ações (direitos e obrigações) das nossas empresas face ao comércio internacional e diminuir as assimetrias regionais e, quiçá, o défice crônico da nossa balança comercial.

Quinta questão:

A moeda internacional dólar poderá conhecer “ameaças” da pujança económica chinesa, se tomarmos em conta o dinamismo das suas empresas reveladas pela pandemia; a nova onda de 5G que não depende mais das empresas norte-americanas; a re-industrialização da Europa e propagada diversificação económica dos países emergentes, em África, colocarão em cheque a moeda norte-americana, no que tange à taxa de câmbio (regulador do comércio internacional); fala-se da moeda eletrónica; da ECO, etc.

Face à todas as expectativas ao ano 2021, vale reafirmar, por conseguinte, que “não há Estados pequenos”, por isso torna-se necessário traduzir de discurso à prática, e em algo concreto em prol da nossa Guiné-Bissau no concerto das nações.

Apenas uma opinião!

Santos Fernandes Lisboa, 30 de Dezembro de 2021.