Mas quem disse que a Justiça estÁ de boa saúde na Guiné-BISSAU?

 

 

Por: Edson Incopté *

 

21.02.2008

 

 Venho aqui confessar que, depois de ter lido o MEMORANDUM DO NÚCLEO DA CANDIDATURA DO PROFESSOR DOUTOR KAFFT KOSTA A PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA GUINÉ-BISSAU não tive outra reacção que não de indiferença. Não por ser insensível aos problemas aí apresentados mas, por saber que se trata apenas de uma confirmação do que toda a gente já sabia. Não é novidade para ninguém que a justiça na Guiné anda pior de que quase todos os outros sectores. Antes de mais, todos sabemos que é na justiça que está a raiz daquele que é talvez o nosso maior problema: a corrupção. Em todos os sectores do Estado da nossa Guiné, existem corruptos, mas o que torna ainda esse facto mais horrível é, sem dúvida, o facto daqueles que têm o dever de lutar contra isso serem tão ou mais corruptos que os outros.

 

Como podemos falar na justiça quanto temos olhos para ver e cabeça para pensar que o mesmo não funciona. Basta-nos perceber que o maior problema da Guiné, neste momento, é a droga que por lá circula, mais do que a água (pelo menos os interessados não andam quilómetros à procura dela como o povo anda atrás da água), mas como estava dizendo, basta ver por onde entra a maior parte dessa droga... Todos sabemos! Por via marítima sim! E só assim se pode compreender que o Chefe do Estado-Maior da Armada, o Senhor José Américo Bubu Na Tchuto, é hoje um dos homens mais ricos do país. Senhor esse, que durante uma reportagem feita na altura da Guerra civil de 1998 revelou não ter sequer uma TV em casa e, que agora, manda construir uma casa cuja fundação tem cerca de 2 metros de profundidade, isso sem falar no facto do seu "braço direito" ter sido detido com uma quantidade recorde de droga, sendo que, uma semana depois, estava solto e a andar nas ruas de Bissau.

 

Para além disso, ainda disse que não sabia onde iria arranjar dinheiro mas que iria reconstruir a Marinha. Bem… são coisas que por mais que uma pessoa tenta encaixar não cabem na cabeça.

 

O Senhor Tagme Na Waie, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, esse, não sei onde deixou ficar tanta sabedoria que aparentava ter, talvez com tanto dinheiro que deve ter recebido do Nino Vieira, deixou a sabedoria ir com o ódio que sentia pelo mesmo. Pois tudo passa debaixo dele mas tal como todos os outros, nunca sabe de nada ou diz não saber.

 

Falei nestes dois senhores mas podia ter optado por falar em vários nomes da nossa praça que estão na mesma situação, entre eles, o senhor Baciro Dabó, que deve ser o mais descarado de todos, pois esbanja dinheiro cuja proveniência só ele deve saber. Porque quem oferece 1 milhão de Francos CFA a uma equipa de futebol amador que está a competir num campeonato de defeso e que aquando da actuação da Vivian N´dour, no Lenox, mandou entrar todos os que estavam à porta, dizendo que ele mesmo pagava, um homem desses deve ter fábrica de dinheiro em casa. Não acham?

 

Se formos a ver bem as coisas acabamos por achar que contrariamente ao que diz um filme brasileiro, Deus é mesmo Guineense porque é na Guiné que acontecem os maiores milagres, por exemplo: enriquecer de um dia para o outro sem a mínima justificação. É por lá que a serpente engole o dinheiro e fica tudo por isso mesmo, é por lá que um homem castrado mostra ao mundo toda a sua bondade ao fazer as pazes com o sujeito responsável por tal acto, etc.  Não concordam que tenho razões para pensar que Deus é Guineense?

 

Se bem que, pelo que já passamos, não temos razões para acreditar nisso, porém. às vezes dá que pensar!

 

Quanto às eleições, também não é novidade para ninguém as alterações de leis em cima da hora para benefícios de alguém ou até mesmo, as leis serem ignoradas. Num país onde até os mortos votam, o que há de mais caso não se cumpram as leis para se beneficiar alguém? (Isso até é o mínimo!)

 

Mais uma vez reforço o apelo aos meus irmãos para vermos as coisas como realmente são e deixemo-nos da política do deixa passar. Como diz Ryhmman “se pensarmos assim, os nossos filhos nada vão ter.” Esse tipo de pensamento não nos vai levar a lado nenhum. É precisos falar das coisas para que elas se possam resolver de uma vez por todas. Pessoalmente já estou um bocado farto dessa política adoptada pelo povo Guineense e até mesmo pelo Presidente da República, política essa de “tudo sei mas nada sei.” Chega disso vamos mudar a maneira de ver as coisas ou melhor, de falar delas.  

 

* 20 anos de idade, estudante do Curso Profissional de Informática de Gestão


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