Marcelino Sambé, uma estrela promissora

 

Marcelino Sambé - Foto de Marcos Santos, em http://www.revistadadanca.com/

 

Filomena Embaló

fembalo@gmail.com

15.08.2009

 Filomena EmbalóAo longo dos quase 2 anos de existência deste nosso Espaço Cultural, temos vindo a promover artistas nacionais de diferentes domínios: canção, pintura, teatro e literatura.

Hoje apresentamos um jovem talento que escolheu a dança como arte e provavelmente como rumo da sua futura carreira profissional.

Marcelino Sambé é um jovenzito de 15 anos, nascido em 1994 em Portugal, de pai guineense e mãe portuguesa. Quis o acaso que nascesse num 29 de abril, Dia Mundial da Dança! Premonição?

Desde cedo Marcelino interessou-se pela dança. Começou a dançar com 4 anos, em Paço de Arcos. Dançava em festas e no Centro Comunitário do seu bairro onde fazia dança africana. Como companheiro tinha Telmo Moreira, também amante da dança como ele, filho de pais angolanos e com quem diz ter aprendido muito até os seus caminhos se separarem, quando Telmo foi estudar dança na Academia Vaganova na Rússia.

Com dez anos o pequeno Marcelino entrou para a Escola de Dança do Conservatório Nacional português, graças a uma bolsa especial de que pôde beneficiar. Foi uma assistente social que, apercebendo-se do seu talento, o encaminhou para esse estabelecimento. onde, num sistema integrado, prossegue os seus estudos não só de dança mas também académicos.

 

Marcelino Sambé - Fotos de Marcos Santos, em http://www.revistadadanca.com/

Quando numa entrevista concedida à "Revista da Dança" lhe perguntaram o que gostaria de fazer mais tarde e se tinha a intenção de se formar numa outra área como uma eventual alternativa à carreira de bailarino, Marcelino afirmou que gostaria de estudar História e especializar-se em História da Dança, podendo vir a ser também professor. Mas o que ele realmente gostaria de ser é coreógrafo e trabalhar numa companhia como o American Ballet Theatre de Nova Iorque.

Em cinco anos Marcelino conseguiu impor-se com um talento promissor, quer em Portugal, quer a nível internacional, participando e ganhando em diversos concursos..

Em 2005 concorreu pela primeira vez no concurso Dançarte, organizado em Faro, no Algarve, tendo ganho o primeiro prémio na categoria júnior. Desde então, tem sido ele sistematicamente o vencedor anual desse certame nessa mesma categoria.. Este ano, para além desse título, recebeu também o prémio do melhor solista do concurso.

Participou em 2007 na peça de dança contemporânea E dançavam para sempre, de Clara Andermatt, produzida no Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa.

Foi em Pequim que, em 2008, participou pela primeira vez num evento no estrangeiro, concorrendo e ganhando o primeiro prémio de interpretação da segunda edição do Beijing International Ballet Invitational for Dance Schools, que decorreu de 25 de outubro a 1 de novembro.
 

Em 2009, Marcelino impôs-se por 3 vezes como vencedor de prestigiados concursos internacionais de dança.

Ganhou o Gran Prix de Berlin em fevereiro e em abril obteve a medalha de ouro da categoria júnior na décima edição do Youth American Grand Prix Competition, organizada em Nova Iorque. Para além deste prémio, Marcelino foi convidado a dançar na gala de encerramento desse concurso e recebeu também uma bolsa de estudos para frequentar um curso de verão em 2009 na prestigiosa escola do American Ballet Theatre.

O Concurso Internacional de Ballet de Moscovo, organizado no teatro Bolshoi, acolheu-o no passado mês de junho, tendo sido o primeiro classificado da categoria júnior desse certame, com uma medalha de prata, uma vez que a medalha de ouro não foi atribuída.

Porém, Marcelino permanece modesto perante todos estes prémios. Para ele o que conta nestes concursos, muito mais do que os prémios recebidos, é a "experiência de palco" que esses eventos proporcionam.

Marcelino Sambé leva a sério a sua jovem carreira. A sua vida quotidiana obedece a uma disciplina rigorosa, quer em termos de trabalho, alimentação ou horários. Permanece na escola das 8h até cerca das 18h30 - 19h. Mas nem por isso deixa de fazer o que gosta. Aproveita os fins de semana para se ocupar com "outras coisas", mas em períodos de concursos trabalha 12 horas por dia com muito pouco tempo de descanso. Como ele próprio diz, um bom bailarino faz-se com humildade e muito, muito trabalho!.

É isso mesmo, Marcelino! Continua pois estás na direção certa! Os nossos votos de maiores sucessos na tua promissora carreira!

 

Marcelino Sambé - Fotos de Marcos Santos, em http://www.revistadadanca.com/

 


 


A MESTIÇAGEM, UMA REALIDADE CADA VEZ MAIS ACENTUADA NA IDENTIDADE GUINEENSE!

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

16.08.2009

Fernando Casimiro (Didinho)Marcelino Sambé não foi o primeiro, nem será o último rebento fruto do relacionamento entre povos distintos, quer geograficamente, quer do ponto de vista dos traços genéticos.

Na Guiné-Bissau de hoje, país de origem do pai de Marcelino Sambé, ainda há quem se considere puro guineense e, com isso, tenta reivindicar direitos como pretenso dono da terra, ao mesmo tempo que reduz à insignificância, traduzida na condição de minorias étnicas, todo aquele que, principalmente, difere da sua cor da pele.

Os "burmedjus", que em determinada altura eram vistos como descendentes de cabo-verdianos, afinal, também podem ser fruto de variadíssimas relações entre homens e mulheres da Guiné-Bissau, com mulheres e homens de vários pontos do mundo.

Não será necessário forçar a aceitação de uma realidade cada vez mais acentuada, pois, principalmente ao longo dos 36 anos de independência do país, milhares de guineenses que viajaram para o exterior, para prosseguirem os seus estudos e outros para trabalhar, optaram, naturalmente, pela globalização na sua vertente humana, misturando as suas raízes com as de outros povos, por este mundo fora.

Será que se pode negar a realidade factual da mestiçagem e o direito do rebento dessa união a ter a cidadania de uma e de outra parte dos seus pais?

Estou convicto de que, quando houver paz e estabilidade na Guiné-Bissau, possibilitando o regresso de todos quantos queiram contribuir para o desenvolvimento do país, haverá milhares de mestiços que regressarão com os seus pais guineenses e de outras proveniências.

As famílias tradicionais, face à nova realidade identitária, estou convicto que aceitarão sem reservas, as suas noras, os seus genros, os seus netos e assim sucessivamente, independentemente das suas proveniências e dos seus traços, tais como a cor da pele, os olhos etc.

Será nessa altura que se começará a ver a Guiné-Bissau, de facto, como um país multiétnico e multicultural.

Será nessa altura que começaremos a reconhecer e a valorizar todas as raízes da grande árvore genealógica que é a Guiné-Bissau, num Mundo Globalizado!

Tal como Marcelino Sambé, nascido em Portugal, filho de pai guineense e mãe portuguesa, há milhares de outros rebentos com raízes guineenses de um lado e de outras proveniências de outro. Marcelino Sambé é um orgulho para Portugal, mas, deve ser, igualmente, um orgulho para a Guiné-Bissau!

Vamos continuar a trabalhar!

DA NACIONALIDADE GUINEENSE ORIGINÁRIA E DA CIDADANIA DISCRIMINATÓRIA - PARECER JURÍDICO DA DRA. ANTONIETA ROSA GOMES 28.05.2009

TOMANDO COMO REFERÊNCIA A LEI DA NACIONALIDADE PORTUGUESA E ALGUNS ARTIGOS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA 07.05.2009

CONTRA O ARTIGO 63 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA E, TAMBÉM, CONTRA A LEI DA CIDADANIA! 28.04.2009

PETIÇÃO CONTRA A LEI DA CIDADANIA DA GUINÉ-BISSAU 23.04.2009

A LEI DA CIDADANIA: DISCUTIDA, APROVADA E PROMULGADA POR QUEM?! 23.04.2009

A MESTIÇAGEM, OU O VERDADEIRO CONCEITO DO QUE VENHO DEFININDO COMO A GLOBALIZAÇÃO NA VERTENTE HUMANA 31.01.2009

 


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A TER SEMPRE EM CONTA: Objectivos do Milénio

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

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