A GUINÉ-BISSAU DE HOJE É, TAMBÉM, FRUTO DA GANÂNCIA DO PAIGC DE NINO VIEIRA E DE CADOGO JR.!

 

 

A minha falecida mãe, Ema Gomes da Fonseca, também foi militante do PAIGC, mas ao abrigo da Lei da cidadania, aprovada pelos deputados do próprio PAIGC, era inelegível para uma candidatura à Presidência da República, se assim o entendesse, porque, apesar de ter nascido em Pitche, Guiné-Bissau; apesar de a sua mãe ter nascido em Encheia, Guiné-Bissau, tinha um contra: o pai dela tinha nascido em Santo Antão, Cabo Verde! Ou seja, a minha mãe era, mas não era cidadã guineense, porque uma Lei aprovada pelo partido do qual era militante, ainda hoje, assim diferencia os guineenses!

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

26.04.2009

Fernando Casimiro (Didinho)A Guiné-Bissau que hoje temos, é a Guiné-Bissau que o PAIGC proporcionou em todos os momentos, incluindo os períodos em que não esteve representado na Presidência da República e no Governo!

A Constituição da República foi elaborada, aprovada e promulgada pelo PAIGC!

As principais Leis da República foram elaboradas, aprovadas, promulgadas ou não, mas tomadas ilegalmente como válidas pelo PAIGC e tidas até hoje como actuais!

A pressão da Comunidade Internacional possibilitou a revisão Constitucional promovida pelo PAIGC, partido no poder, para a abertura ao Multipartidarismo em 1991.

Dos partidos criados, a maioria tinha afinidades com o PAIGC, sendo que alguns dos militantes e dirigentes desses partidos, tinham sido militantes ou dirigentes do PAIGC!

Das várias crises que o país conheceu, a maioria foi provocada pelo PAIGC, partido libertador, cujos ideais foram sendo traídos desde o período da luta de libertação nacional, com o assassinato do seu líder Amilcar Cabral a 20 de Janeiro de 1973, por militantes do próprio PAIGC em conluio com a PIDE e o general António de Spínola, sem esquecer o golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980 e todas as matanças desde a entrada do PAIGC em Bissau, quando assumiu a administração do Estado!

O PAIGC deu-nos a independência, fruto do sacrifício de homens e mulheres da Guiné-Bissau e de Cabo Verde que lutaram para que se concretizasse esse sonho, no intuito de se proporcionar a liberdade e o bem-estar dos povos da Guiné e de Cabo Verde, assim como o desenvolvimento de ambos os países.

Mas foi no seio do PAIGC que se planearam sempre, inclusive nos dias de hoje, as maiores traições contra o povo da Guiné-Bissau, particularmente, tendo em conta os 36 anos de independência que redundam num país visto por muitos como um "Estado falhado".

O PAIGC deu a independência à Guiné-Bissau e a Cabo Verde, mas, é bom reconhecê-lo, fomentou a ditadura, criou crises de instabilidade, fomentou a divisão dos guineenses, fomentou a má governação, bloqueando o desenvolvimento do país!

Hoje quando se reivindica com orgulho, a militância partidária no PAIGC, recorre-se ao Partido de Amilcar Cabral, ao Partido libertador, que, em boa verdade, há muito deixou de existir!

O PAIGC de hoje, tem um líder que por não perceber nada de política é instrumentalizado pelos seus principais assessores, que por conhecerem o PAIGC melhor do que ele, se tornaram, nos dias de hoje, verdadeiros donos do partido!

Hoje fala-se de uma suposta Boa Governação do PAIGC, referenciando o período de 2004 a 2005, em que Carlos Gomes Jr. esteve como Primeiro-ministro de um governo de maioria parlamentar e estando a Guiné-Bissau a ser presidida interinamente, por um Presidente apartidário e que para além de garantir a separação de poderes dos órgãos de soberania, aspecto de importância fundamental para a estabilidade institucional, conseguiu limpar a imagem negativa de vários anos de dirigismo, com responsabilização maior atribuída ao PAIGC.

Mas se hoje se vangloria dessa governação de 2004 a 2005, convém recordar que a mesma foi interrompida pela intervenção, uma vez mais, de um membro do PAIGC, ou tão somente, da sua figura principal, desde o golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980, João Bernardo Vieira, que ao assumir a Presidência da República, fez de imediato questão de, 28 dias depois, demitir o governo do PAIGC chefiado por Carlos Gomes Jr..

Era a guerra entre 2 homens, amigos íntimos no passado, sendo que Carlos Gomes Jr. fora sempre visto como "testa de ferro" de Nino Vieira, durante os anos de ditadura e do mau dirigismo deste.

Era igualmente uma guerra no próprio PAIGC que, uma vez mais, estava a prejudicar o povo guineense e a Guiné-Bissau!

Foi o PAIGC de Nino Vieira e tem sido o PAIGC de Carlos Gomes Jr. o mesmo PAIGC fomentador e promotor de intrigas e divisões no seio dos guineenses.

É este PAIGC que funciona como uma empresa que luta para garantir lucros aos seus principais dirigentes e se esquece do povo e do país, mas que fala em nome do povo e do país, com base na demagogia do seu líder, instrumentalizado por assessores que sempre comeram do prato dos senhores do poder na Guiné-Bissau ao longo dos anos!

Respeito os partidos políticos, respeito a militância partidária, mas como digo sempre, sou um cidadão político e não um político cidadão.

O meu Partido é a Guiné-Bissau, que não me torna cego, surdo, mudo (peço desculpa aos deficientes portadores destas deficiências), ou indiferente!

A Guiné-Bissau, enquanto meu Partido, permite-me sentir o país, permite-me ver o que está bem e o que está mal e falar dessas constatações, para que se continue a avançar pelos bons caminhos e para que se mude de direcção quando se está a trilhar por maus caminhos!

A militância partidária, dos políticos cidadãos, aqueles para quem em primeiro lugar estão os interesses dos seus partidos políticos, impõe parcialidade, impõe cegueira, surdez, lei da rolha, ou campanhas de propaganda de um realismo irrealista, tudo, com o fim de salvaguardar os interesses político-partidários, mesmo que as acções dos seus partidos sejam contrárias e prejudiciais aos interesses do país e do povo!

Que eu saiba, pagar salários aos funcionários públicos é uma obrigação de qualquer governo!

Que eu saiba, Carlos Gomes Jr. conseguiu pagar salários em atraso recorrendo à valiosa ajuda de um grande patriota, o  saudoso Dr. Aguinaldo  Embaló, que foi, até ao seu falecimento, Director do BCEAO na Guiné-Bissau... É mentira, Sr. Carlos Gomes Jr.?

O PAIGC de hoje, continua a ser o PAIGC herdado de Nino Vieira, ou não fosse Carlos Gomes Jr. o "testa de ferro" de João Bernardo Vieira ao longo de muitos anos, estatuto que lhe permitiu inclusive chegar à liderança do PAIGC e tornar-se no homem mais rico da Guiné-Bissau!

No PAIGC tenta-se calar a voz das minorias, faz-se tudo para se calar a voz das minorias, pelos vistos, porque para o PAIGC, as minorias simbolizam o oposto; o oposto da mentira e da propaganda político-partidária!

A Guiné-Bissau que hoje temos, é fruto da ganância do PAIGC de Nino Vieira e de Cadogo Jr.

Um cidadão político consegue ver mais além do que qualquer político cidadão!

Vamos continuar a trabalhar!

Bom Dia Guiné - 1987/Fernando Carvalho

 

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