TCHANDO

 

 

Tchando

 

Filomena Embaló

fembalo@gmail.com

16.02.2010

 Filomena EmbalóDas terras frias da Dinamarca chegam-nos as melodias de Tchando. São ritmos que guardam a frescura e a pureza da autenticidade das suas raízes numa preocupação permanente do artista de “melhor conhecer e de dar a conhecer ao mundo” as culturas do seu país.

 

Tchando, de seu nome de registo Salvador Embaló, nasceu em 1957 em Bafatá, na Guiné-Bissau, cidade onde viveu até aos oito anos. De origem fula e tendo convivido com comunidades mandingas e beafadas, traduz nas suas músicas muito das culturas e tradições destes povos do mosaico étnico bissau-guineense.

 

Artista multifacetado, Tchando é compositor, cantor, arranjador e guitarrista. Muito cedo aprendeu a tocar guitarras fulas, o molo de duas cordas e o hoddo de três cordas. Quando em 1965, deixou a sua cidade natal e foi com a família viver para Bissau no bairro de Gã-Beafada, Tchando iniciou a sua aprendizagem em instrumentos de percussão mandingas, aprendendo a tocar o cutil n’dium e o cutil Ba, utilizados nas cerimónias tradicionais. Mas foi a guitarra de “seis cordas” que veio a ser o seu instrumento predileto.

 

Em 1981, Tchando dá os seus primeiros passos profissionais com o grupo N’Kassa Cobra. Porém a sua carreira profissional só se veio afirmar quando em 1982 emigrou para Portugal, onde, juntamente com Guto Pires, fundou o grupo Issabary e desenvolveu uma intensa atividade artística ao lado de nomes já conceituados do meio musical, de que se destaca Fernando Carvalho, também cantor guineense.

 

Em 1985, os seus horizontes alargaram-se uma vez mais, com a sua instalação em Paris, durante 3 anos. Com o músico guineense Kaba Mané fez várias digressões pela Europa, antes de decidir estabelecer-se na Dinamarca, em 1988.

 

Uma nova etapa da sua carreira se iniciava, participando em diversos projetos como co-arranjador e corista (como foi o caso da canção Light in your heart da autoria de Bernie Taupin e Martin Page e interpretada pela cantora pop-rock dinamarquesa Hanne Boel) e como compositor musical para uma instituição teatral dinamarquesa de 1992 a 1995.

 

 

Paralelamente começou a trabalhar no seu primeiro álbum a solo, Naton (Hóspede), editado em 1992, e que o propulsou para a cena europeia. Graças a ele, Tchando ingressou no World Music Charts e, pouco depois, duas das canções deste disco (Kambés e Ussak N’dja) foram selecionadas para figurarem em compilações afrolatinas, a Afrolusamerica (da Tropical Music da Alemanha) e a Big Noise (da editora estadunidense Rykodisc).

 

As canções de Tchando revelam o engajamento do artista não só com as raízes da terra-mãe, como já foi referido, mas também a preocupação de através das suas letras contribuir para a sensibilização para os grandes valores que defende: a unidade dos africanos, a educação como a melhor arma contra a miséria, o papel da juventude no futuro do continente africano e a justiça. Não foi por acaso que entre 1977 e 1979, acusado por traição à Pátria, esteve preso por se ter na altura insurgido contra violações dos direitos humanos na Guiné-Bissau. Julgado em Tribunal Militar 20 meses após a sua detenção, graças à intervenção da Amnistia Internacional que instara as autoridades guineenses a procederem ao seu julgamento, foi condenado a 4 anos de prisão, tendo no entanto sido libertado de imediato por ter purgado na altura a metade da pena e ter tido um bom comportamento durante o tempo de prisão.

 

Com a preocupação de melhor explorar a música tradicional guineense nas suas composições, Tchando voltou à Guiné-Bissau em 1994, para durante seis meses efetuar uma profunda pesquisa musical, sobretudo no aspeto tradicional. Nas suas músicas casam-se sonoridades de instrumentos modernos com as de instrumentos tradicionais, num estilo muito próprio.

 

Foi assim que em 1996, ao lado de grandes nomes da música africana, como Manu Dibangu e Hugh Mazekela, foi um dos convidados especiais do festival Imagens de África, da Dinamarca, considerado o maior festival africano mundial.

 

Em 2000 K.G. Rush fez um remix de três canções de Tchando, entre as quais MansaYa que foi escolhida como 'Powerplay of the Week' na maior estação de rádio dinamarquesa.

 

 

 

Ao longo destes últimos anos tem multiplicado as suas prestações. Integrando o grupo Bliss, com o qual gravou dois álbuns, After life (2001) e Quiet letters (2005), abriram-se-lhe as portas da televisão dinamarquesa e dos Estados Unidos com a utilização de canções deste grupo, nomeadamente do tema Quiet letters escrito por Tchando, para a realização de um documentário sobre importantes personagens políticas, bem como de outros títulos usados nas séries televisivas CSI e Black Donnelys (2005) e no filme Sex and the City (2008).

 

Em breve, lançamento de um novo álbum

 

Aridjanna - Tchando

 

 

 

 

Na primavera deste ano será lançado o seu novo álbum intitulado Ba (o Mar, na língua mandinga), que, no dizer do artista, pretende ser uma “verdadeira redescoberta da cultura afro-mandinga e fula”.

 

Ba - Tchando

 

Com o lançamento previsto a nível mundial e numa primeira fase na Guiné-Bissau, Portugal, França, Reino Unido, Estados Unidos e Japão, esta obra conta com 13 títulos interpretados em mandinga com a excepção do tema Soweto, cantado em inglês, crioulo e suahili. Dois dos títulos são duetos: Soweto, com a cantora afro-americana Deborah Herbert e a canção Issê Tudjê, com a cantora sueca Alexander Hamnede, com quem tem vindo a realizar vários projetos musicais. Em www.myspace.com/tchando podem ser vistos vários vídeos sobre a preparação do álbum e escutados alguns dos títulos do mesmo.

 

Demba - Tchando

 

O tema da música que deu o nome ao CD, Ba, apela às forças naturais para que “purifiquem o mundo que está contaminado”. A mensagem global do álbum pode ser resumida numa só palavra: “recordar”. Recordar das crianças, dos heróis, dos amigos e familiares ausentes, da vida própria e do planeta. Recordar de tudo isso para que se possa pensar em como melhorar a vida e o crescimento do nosso planeta.

 

Com uma touche ecológica, Ba marca a contemporaneidade do autor e o seu engajamento na luta pelo progresso da humanidade.

 

Tili Kuto - Tchando

 

 

 www.youtube.com/Tchando1

 

http://www.tchando.com

 

www.myspace.com/tchando

 

 


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