RESPONSABILIDADE E RESPONSABILIZAÇÃO
   
   
   
  
  Dizer 
  que o FMI deu nota positiva ao Governa redunda numa falsa e cínica 
  interpretação do "aide-memoire" ou em desonestidade intelectual
  
   
   
Óscar Barbosa (Cancan)*

   
  
  29.10.2006
   
  
  Chamou-me a atenção o título em grandes 
  parangonas da “nota positiva” dada pela última Missão do Fundo Monetário 
  Internacional à Guiné-Bissau, com o objectivo de avaliar o cumprimento do que 
  foi acordado cumprir pelo Governo guineense.
  
   
  
  Depois de ler atenta e objectivamente o
  MEMORANDO SOBRE POLÍTICAS ECONÓMICAS E 
  FINANCEIRAS PARA O RESTANTE DE 
  2006 não posso deixar de discordar com os títulos em primeira página 
  utilizados por alguns jornais nacionais e neste particular, o Gazeta de 
  Notícias que até aqui vinha sendo um jornal com opinião, esclarecido e 
  independente. Estou em crer, que as informações de que dispunha à data ou 
  horas da saída do semanário em questão conduziram em erro a sua redacção.
  
  
   
  
  
  Decidi escrever 
  algumas linhas, numa tentativa de defender um posicionamento que, enquanto 
  jornalista, devo manter: verdade e objectividade. 
  
  
   
  
  Vamos aos factos que 
  importam, numa tentativa de dar aos guineenses a informação que não lhes foi 
  correcta nem claramente transmitida.
  
   
  
  O panorama sobre a situação económica do país 
  que acaba de ser feito pelas instituições de Bretton Woods é desassossegador e 
  vem confirmar os receios de alguns analistas económicos. Os sinais eram de si 
  evidentes, descontrolo ao nível das despesas públicas e toda uma bateria de 
  medidas de índole administrativa e fiscal que acabariam por se tornar 
  infrutíferas e nocivas à economia.
  
   
  
  Segundo os dados extraídos do "aide-memoire" 
  do FMI estima-se que a taxa de crescimento se situe em 1,8% contra os 4% 
  inicialmente projectados. Na base desta má performance (de Janeiro a Outubro 
  2006) está a deterioração das finanças públicas resultante por um lado da 
  queda das receitas e da fraca execução das despesas de investimento.
  
   
  
  O insucesso da campanha de cajú foi sem 
  margem para dúvidas um dos factores determinantes para a baixa das receitas e 
  do consequente mau desempenho económico. Sendo o cajú o principal produto de 
  exportação do país, as exportações ficaram muito aquém dos níveis projectados. 
  Se em Outubro de 2005, já se tinham exportado 116 000 mil toneladas, este ano 
  na mesma data as exportações realizadas atingem apenas 62 000 toneladas.
  
  Convém notar que estes resultados negativos 
  derivam não tanto da oscilação dos preços no mercado internacional (baixa do 
  preço da castanha), como se quer fazer supor, mas sim das medidas de índole 
  político-administrativa e vejamos como: foi lançado com pompa e circunstância, 
  um preço indicativo para a compra da castanha de cajú e não se teve em conta 
  os mecanismos do mercado, (houve um político que até lançou uma proposta para 
  a compra do produto ao produtor na base de 500 FCFA/Quilo). 
  
   
  
  Outro grave erro foi o agravamento da base de 
  taxação das exportações, passando o FOB de USD 650 para USD 750. E como um mal 
  nunca vem só, surgiu a brilhante ideia de criação de uma sociedade de objecto 
  ambíguo para intervir no mercado, referimo-nos ao “Guiné-Bissau: Marketing e 
  Gestão S.A.” que tinha como sócios a Primatura representada pelo próprio 
  Primeiro-Ministro que detinha salvo erro ou omissão 40% do capital, e os 
  Ministérios da Economia, Finanças, Turismo e Ordenamento do Território e do 
  Comércio, etc... todas estas medidas do governo acabariam por inibir a 
  confiança dos investidores e exportadores afectando o curso da campanha.
  
   
  
  Agora vejamos em pormenor como o actual 
  Governo se comportou e as razões do seu falhanço na presente campanha de 
  comercialização da castanha de cajú.
  
   
  
  A produção da castanha de cajú era estimada 
  em 2004 em cerca de 97.900 toneladas, tendo sido exportada nesse ano cerca de 
  93.200 toneladas, comprada ao produtor na base do preço mínimo de 250 FCFA ao 
  quilo, o que fez entrar nos cofres do tesouro público guineense cerca de XOF 
  41.700.000.000 (quarenta e um bilhões e setecentos milhões de francos CFA). 
  Neste ano o valor FOB da castanha de cajú exportada fixada nos USD 650 por 
  tonelada.
  
   
  
  No ano de 2005, a produção nacional estimada 
  situava-se nas 100.000 (cem mil toneladas), sendo então exportada 106.200 
  toneladas (cem mil e 200 toneladas) que fizeram entrar nos cofres do Estado 
  cerca de XOF 43.200.000.000 (quarenta e três bilhões e duzentos milhões de 
  francos CFA), tendo a castanha sido comprada ao produtor na base do preço 
  mínimo de 250 FCFA o quilo. O valor FOB manteve-se inalterado em relação ao 
  praticado no ano de 2004, ou seja USD 650 por tonelada.
  
   
  
  Na presente campanha de comercialização da 
  castanha de cajú, as estimativas de produção nacional situavam-se em cerca de 
  120.000 toneladas (cento e vinte mil toneladas). Contudo, pelas razões por 
  todos conhecidos até ao presente momento o país só conseguiu exportar cerca de 
  62.000 toneladas (sessenta e duas mil toneladas) que fizeram entrar nos cofres 
  do tesouro público XOF 19.100.000.000 (dezanove bilhões e cem milhões de 
  francos CFA). O que comparadas as anteriores campanhas, se pode considerar que 
  a deste ano foi um grande fracasso.
  
   
  
  Quais as razões deste 
  fracasso?
  
   
  
  Medidas administrativas tomadas pelo Governo 
  e que contribuíram para afectar a campanha de comercialização da castanha de 
  caju em 2006:
  
   
  
    - 
    aumento do preço de compra ao produtor, 
    tendo o preço sido fixado a 350 FCFA/KG, quando no mercado internacional se 
    verifica uma baixa de preços; Aparentemente a fixação do preço deveu-se a 
    critérios essencialmente políticos (promessas eleitoralistas) sem se atender 
    a critérios económicos (comportamento dos preços no mercado internacional, 
    praticas anteriores) 
   
  
    - 
    obrigatoriedade para o exportador de dispor 
    de uma autorização a conceder pelo MC contra o pagamento de 500 000 FCFA; 
    Esta medida que aparentemente visa trazer mais ingressos para o tesouro 
    publico pode ter efeito contrário e ser um factor inibidor (+ burocracia, + 
    luvas) 
   
  
    - 
    fixação do valor FOB a 750 USD por 
    tonelada. Valor de referencia que serve de base às taxas a aplicar aos 
    exportadores 
   
  
  Estas duas últimas medidas administrativas 
  agravaram os custos de exportação reduzindo a margem financeira dos 
  exportadores , porquanto o exportador além de ter que obter uma autorização, 
  as taxas de incidência fiscal (9,6%) recaem sobre o valor FOB de 750 USD 
  contra 650 USD dos anos precedentes. .
  
  
   
  
  Que consequências 
  nefastas  esta situação trouxe para o país?:
  
   
  
  ·      
  baixa do volume de exportações 
  e consequentemente das receitas de exportação
  
   
  
  ·      
  aumento da pobreza da camada 
  social (mais produtiva) os camponeses. A venda da castanha a um preço muito 
  inferior ao praticado nos últimos anos (250 FCFA) implicou uma quebra no 
  rendimento do camponês de mais de 60%
  
   
  
  ·      
  deterioração do saldo da 
  balança de pagamentos devido à redução da receita de exportação e aumento das 
  importações agravado pela redução das receitas aduaneiras.
  
   
  
  Há ainda outros erros a 
  apontar e que também ajudaram no descalabro:
  
   
  
    - 
    a destituição do Presidente da Comissão 
    Nacional do Cajú, em vésperas do início da campanha e a sua substituição por 
    um outro, que não tinha acompanhado o desenhar das estratégias, nem tão 
    pouco ter tempo para desenhar e implementar uma política; 
   
  
    - 
    envolvimento do Presidente da Comissão 
    Nacional de Cajú com uma empresa, sendo igualmente árbitro e jogador, 
    levando ao seu afastamento e a chamada para o seu lugar, do ex-Presidente;
    
   
  
  Sabe-se que actualmente, a Guiné-Bissau é o 
  quinto maior produtor mundial da castanha de cajú, depois da Índia, Brasil, 
  Vietname e Costa do Marfim. 
  
   
  
  Entre os grandes produtores, o nosso País é o 
  maior exportador. Praticamente 100% das cerca de 100 mil toneladas de castanha 
  de cajú produzida é exportada para a Índia, onde é transformada em amêndoa e 
  reexportada para o mercado de consumo.
  
   
  
  Os maiores consumidores mundiais da amêndoa 
  de cajú são os Estados Unidos da América, onde se consome cerca de 60% desse 
  produto, seguidos dos países europeus, que consomem cerca de 30%.
  
   
  
  Apesar da produção mundial da castanha de 
  cajú se concentrar em meia dúzia de países do chamado "terceiro mundo", o 
  preço desse produto é determinado nos mercados e nas bolsas de valor dos 
  países consumidores. 
  
   
  
  A determinação do preço é fortemente 
  condicionada pelo grau de consumo da amêndoa.
  
   
  
  Acontece que em 2005 os Estados Unidos da 
  América diminuíram drasticamente o seu consumo da amêndoa de cajú. Essa 
  situação teve as suas repercussões negativas na determinação do preço da 
  amêndoa de cajú, pois baixou o nível da procura e aumentou o da oferta. 
  
  
   
  
  Em finais de 2005 e princípios de 2006, o 
  preço da amêndoa de cajú baixou em torno dos 20%.
  
   
  
  Em consequência, as empresas transformadoras 
  da castanha de cajú na Índia tiveram que ajustar os seus custos de produção ao 
  preço do produto final que é a amêndoa, o que implica a compra da 
  matériaprima a preços mais baixos. 
  
   
  
  Os fornecedores da matéria-prima foram 
  obrigados a baixar o preço, pelo que a castanha de cajú bruta que era 
  comprada, nos últimos dois anos, a 1.200 - 1.400 US$ por tonelada, passou a 
  750 - 850 dólares americanos, em 2006.
  
   
  
  Os fornecedores da matéria-prima são, em 
  grande parte, os empresários indianos que viajam para a África à procura da 
  castanha de cajú bruta. Os países africanos que mais se destacam na produção 
  da castanha de cajú são: Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Tanzânia, Benin, etc.
  
  
   
  
  As campanhas de comercialização da castanha 
  nesses países africanos antecedem a nossa. Por exemplo, a campanha no Benin 
  encerra em Fevereiro, a da Costa do Marfim em Março e a nossa em Junho/Julho.
  
   
  
  À semelhança de outros países produtores e 
  exportadores da castanha de cajú, em que este ano o preço oscilou entre 180 e 
  250 FCFA por Quilograma, a Guiné-Bissau devia proceder a uma prospecção do 
  mercado antes de fixar o preço.
  
   
  
  Os empresários indianos que se encontram na 
  Guiné-Bissau decidiram comprar a castanha nos seus armazéns em Bissau a 210 
  FCFA/Kg. Por conseguinte, não se trata de falta de patriotismo dos 
  comerciantes e dos exportadores nacionais. Trata-se, pois, do preço a que o 
  comprador da castanha estará disposto a oferecer por cada quilograma desse 
  produto.
  
   
  
  Foi precisamente aqui que o Governo 
  claudicou, criando com a sua falta de experiência para lidar com este assunto 
  que veio a colocar sérios e graves problemas ao nosso país e cujas 
  consequências terão um peso importante ao nível das receitas previstas no 
  quadro do próximo Orçamento - Geral do Estado para 2007 e cujas consequências 
  imediatas e catastróficas vão se reflectir imediatamente num maior 
  empobrecimento dos guineenses.
  
   
  
  Voltando ao "aide-memoire" do FMI, ela é 
  taxativa quando diz que o actual stock existente deve (caso venha a) ser 
  exportado até ao final deste ano, é indubitável que a campanha deste ano se 
  encontra comprometida, porquanto a redução do preço da exportação para níveis 
  irrisórios (US$ 250/tonelada) irá obviamente ter repercussões negativas sobre 
  o nível das receitas que o Estado arrecada com a exportação da castanha de 
  cajú.
  
   
  
  Fica, pois, o alerta para os políticos sobre 
  os perversos efeitos que medidas demagógicas podem suscitar e numa atitude 
  inédita, vem o Senhor Ministro das Finanças pedir mais sacrifícios ao povo e 
  prometendo que, se tudo correr bem, no próximo ano, logo no mês de Janeiro, o 
  Governo poderá assinar com o FMI e doadores internacionais, um programa 
  Pós-conflito que permitirá ao país dispor de fundos adicionais para o 
  financiamento de acções de desenvolvimento. Na nossa terra há um ditado que 
  convém relembrar “ovo na bunda da galinha não é ainda ovo...”.
  
   
  
  Convém recordar que sendo a comercialização 
  do cajú uma das poucas actividades que tem impacto favorável na luta contra a 
  pobreza tendo sido desastrosa a campanha deste ano, era previsível o 
  agravamento do deficit orçamental (devido à quebra acentuada das receitas de 
  exportação) e consequentemente o acentuar da pobreza, principalmente nas 
  camadas mais vulneráveis (os camponeses) que representam 90% da força 
  produtiva.
  
   
  
  Quanto às receitas provenientes de outros 
  sectores, que contribuíram para reduzir as tensões de tesouraria, importa 
  realçar aquelas resultantes das multas provenientes do apresamento de navios 
  (embora o montante cobrado esteja aquém do projectado) e as decorrentes das 
  taxas das empresas de telecomunicações. Contudo, em relação às primeiras 
  parece não estar a política de fiscalização marítima a dar os resultados 
  almejados, pois o efeito indutor seria o aumento das licenças e não o 
  contrário.
  
   
  
  Apesar dos donativos recebidos, sob a forma 
  de projectos ou ajudas orçamentais recebidas da Comunidade Internacional no 
  decurso deste ano (cerca de 17 mil milhões de FCFA), e do endividamento 
  incontrolado do Tesouro Público, registaram-se dificuldades acrescidas no 
  pagamento dos salários dos servidores do Estado. 
  
   
  
  As derrapagens na rubrica das viagens e o 
  pagamento de atrasados internos de exercícios anteriores viriam a pôr em causa 
  as metas assumidas. De notar, ainda um decréscimo nas despesas com a saúde e 
  educação a favor das despesas de representação, do combustível, das viagens e 
  "perdiens".
  
   
  
  Em suma, dizer que o FMI deu nota positiva ao 
  Governo redunda numa falsa e cínica interpretação do "aide-memoire" ou em 
  desonestidade intelectual. Com efeito, se a taxa de crescimento do PIB baixou 
  significativamente em 2006 para níveis históricos (apenas superior à taxa de 
  0,6 % registada em 2003 ) isto significa que o país perdeu ritmo em termos de 
  dinâmica económica e que, per capita, cada guineense está mais pobre. Para se 
  ter uma ideia mais clara basta dizer que, para atingirmos as metas traçadas 
  nos Objectivos do Milénio no que respeita à redução da pobreza, precisamos, no 
  mínimo, de crescer 7% ao ano.
  
   
  
  Bem se pode entender que o Ministro das 
  Finanças tenha-se apressado a se auto atribuir uma nota positiva “12” valores, 
  alimentando o mito de que para se ser um bom ministro das finanças tem que se 
  ter o” satisficit”do FMI/BM.
  
   
  
  Mas se ele passou no exame, porque razão não 
  anunciou o FMI, como se esperava, a sua intenção de estabelecer um programa 
  pós-conflito sustentado pelos seus recursos?
  
   
  
  Se de facto o FMI lhe deu 
  nota positiva, como explicar as medidas draconianas por ele impostas, 
  designadamente:
  
   
  
    - 
    corte na despesa primária corrente no 
    montante 0,7 mil milhões de FCFA, nomeadamente na rubrica de viagens; 
    
   
  
    - 
    
    Anunciar publicamente uma estratégia de comercialização do cajú para a
    próxima campanha de 2007 que 
    será um retorno a condições de 
    comercialização normais e 
    transparentes, livres de intervenção do governo no 
    circuito de exportação. 
    
- 
    desmantelamento da empresa criada por 
    alguns membros do Governo para intervir no negócio do cajú, com a 
    obrigatoriedade de ser através de um anúncio público, como, aliás, o próprio 
    Ministro das Finanças fez; 
   
  
    - 
    reforço do Comité de Tesouraria (estrutura 
    independente de controlo das finanças públicas). 
   
  
  Fica igualmente por explicar, a criação de um 
  Conselho (diplomaticamente designado) Consultivo onde terão assento o BCEAO, o 
  PNUD e a UE para vigiar a gestão do Sr. Ministro das Finanças.
  
   
  
  Quer-nos antes parecer que o FMI colocou o 
  Sr. Ministro num verdadeiro colete-de-forças de que muito dificilmente 
  conseguirá libertar-se.
   
   
   
  
    
    
      
        | 
          
          
          
          MEMORANDO SOBRE POLÍTICAS ECONÓMICAS E FINANCEIRAS PARA O 
          
          RESTANTE DE 2006 
          Bissau, [ ]
          de Outubro, 2006 
            
          I. INTRODUÇÃO 
            
            
            Em um ambiente de maior 
            consolidação da paz e estabilidade política, o governo da 
            Guiné-Bissau implementou um programa económico e financeiro para
            2006, monitorado pelo 
            corpo técnico do Fundo (SMP). O SMP para o período de 
            2006 teve por objectivo a 
            estabilização da posição fiscal, a restauração da confiança 
            na administração 
            macroeconómica, a aceleração das reformas estruturais e uma 
            melhoria nas relações 
            financeiras com os credores.  
            
            
            O presente memorando descreve os desenvolvimentos económicos de 
            Abril a Outubro de 2006 e traça 
            as políticas e medidas planeadas para o restante do período 
            do SMP.  
            
          II. 
          DESENVOLVIMENTOS RECENTES E 
          DESEMPENHO SOB O SMP DE 
          ABRIL A OUTUBRO DE 2006 
            
            
            Durante o ano de 2006, as 
            autoridades atingiram significativos progressos no 
            sentido da melhoria da situação 
            fiscal e do fortalecimento da capacidade 
            administrativa e executiva do 
            governo. Porém, a situação económica e fiscal ficou 
            abaixo do esperado em 2006, 
            devido a diversos factores. Metas chave estipuladas pelo 
            SMP, a saber receitas, massa 
            salarial, saldo primário e financiamento interno do 
            orçamento (quatro de sete metas 
            quantitativas) não foram atingidas em Julho e 
            Outubro, ao mesmo tempo em que 
            o desempenho em indicadores estruturais de referência foi variado. 
            Especificamente, em Outubro de 2006, três de oito dos indicadores 
            estruturais não foram atingidos ou foram parcialmente atingidos 
            (lançamento de concurso para contratação de funcionários públicos, 
            eliminação de isenções taxas aduaneiras discricionárias e 
            ratificação do projecto de lei para o sector de energia). As 
            autoridades tomaram várias medidas importantes para melhorar o 
            desempenho pelos restantes meses de 2006 e anos subsequentes.
             
            
            
            Apesar da inflação esperada 
            permanecer baixa, cerca de 2% em 2006, espera-se que o crescimento 
            real do PIB fique um pouco abaixo de 1,8% para o ano, representando 
            uma queda em relação aos 3,5% de 2005 e menos que os 4% inicialmente 
            projectados para 2006. Em primeiro lugar, o investimento público 
            ficou bem abaixo dos 
            níveis orçados, devido a restrições orçamentais (ver abaixo), o que 
            trouxe impactos negativos no desempenho do PIB. Em segundo lugar, as 
            exportações de castanha de caju, um dos principais produtos de 
            exportação, ficaram bem abaixo dos níveis esperados e dos anos 
            anteriores, devido a uma queda nos preços mundiais 
            conjugada com uma decisão 
            governamental de estabelecer o preço de referência ao 
            produtor deste ano acima dos 
            níveis que intermediários e exportadores estavam 
            dispostos a pagar, dado os 
            preços internacionais. Apesar do preço de referência ser 
            apenas indicativo, ele é uma 
            importante orientação para os produtores que não têm acesso a outras 
            informações relativas a preços. Esse problema foi agravado pelo
            aumento no preço de 
            referência aplicado para fins fiscais na exportação do caju, 
            apesar da queda dos preços nos 
            mercados internacionais, o que reduziu ainda mais os incentivos para 
            exportadores. No início da campanha do caju deste ano, os produtores 
            inicialmente retiveram a mercadoria, aguardando melhores preços. 
            Porém, à medida que a necessidade de obter recursos aumentou, foram 
            forçados a vender a preços significativamente abaixo da média 
            histórica, uma vez que havia excesso de oferta no mercado. Nessas 
            circunstâncias, o governo criou uma agência administrada pelo estado 
            para comprar caju directamente dos produtores a preços mais próximos 
            do preço de referência, 
            usando arroz doado pelo Senegal e pela Gâmbia para cobrir parte
            do pagamento aos 
            produtores. Em finais de Outubro, estima-se que 12.000 a 15.000 
            toneladas de caju (13 a 16 porcento da produção deste ano) ainda se 
            encontrem nas zonas rurais. A precária capacidade de armazenagem do 
            país pode bem ter arruinado parte dessa produção (a campanha de caju 
            normalmente vai de Maio a Agosto).  
            
            
            A situação fiscal também 
            está abaixo do esperado em 2006. 
            Apesar dos esforços 
            empreendidos durante o ano para melhorar o desempenho das receitas, 
            conter despesas, especialmente da massa salarial, e reduzir o défice 
            fiscal, o programa fiscal para 2006 não alcançou as metas do SMP 
            para Julho e Outubro. As receitas aumentaram de 17,6% do PIB em 2005 
            para [19,5] % do PIB estimados em 2006, mas ficaram em cerca de 2% 
            abaixo da meta estabelecida pelo SMP para todo o ano. Para o final 
            de Outubro, as receitas estão estimadas em [22] bilhões de FCFA, 
            comparadas à meta de [27] 
            bilhões de FOFA. A arrecadação abaixo do esperado dos impostos
            sobre a exportação de 
            caju e de proveitos de licenças de pesca explicam em boa parte o 
            fraco desempenho das receitas. Da mesma forma, os proveitos com 
            licenças de telecomunicações ficaram abaixo do esperado até Outubro. 
            Atrasos nas negociações dum novo acordo de pesca com a UE trouxeram 
            alguma incerteza entre os armadores 
            dessa União e consequente 
            redução na taxa de utilização das potencialidades 
            pesqueiras. O declínio das 
            receitas de licenças para pesca, a maior fonte de rendimento 
            não-tributário, foi compensado em parte por um desempenho acima do
            esperado nas outras 
            fontes não-tributárias, incluindo multas por pesca ilegal e licenças
            de prospecção de 
            petróleo. No tocante a receitas fiscais, apesar do aumento de 15% do 
            preço de referência para a exportação de caju (de um preço de 650 
            USD por tonelada em 2005 para 750 USD por tonelada em 2006), a 
            receita fiscal da exportação de caju está muito abaixo do esperado, 
            como resultado da queda do volume das exportações de caju. Por outro 
            lado, houve uma melhoria na contribuição industrial em 2006.
             
            
            
            As despesas primárias 
            correntes caíram cerca de 1,4% do PIB em 2006, 
            quando comparadas a 2005 e 
            ficaram alinhadas com o que foi programado no quadro 
            do SMP para todo o ano. Porém, 
            a massa salarial (um indicador quantitativo do SMP) 
            ultrapassará a meta em quase 1 
            % do PIB para todo o ano. Não obstante os esforços 
            das autoridades para a redução 
            da massa salarial -
            de 13,4% do PIB em 2005 
            para os estimados 12,6% 
            em 2006 - estima-se que 
            a mesma excedeu a meta quantitativa do 
            SMP em 1,3 bilhão de FOFA. 
            Porém, se o governo prosseguir com os planos de 
            aposentar cerca de [500] 
            funcionários públicos que atingiram em 2006 a idade de reforma 
            obrigatória e dispensar, antes do final do ano, cerca de 
            [1000] 
            funcionários que já foram identificados (vide abaixo), uma redução 
            de aproximadamente [0,07]
            bilhão de FCFA, ou 
            (0,04) % do PIB poderá ser esperada até o final do ano. Outras
            despesas correntes 
            não-salariais (p.ex. bens e serviços e transferências) estão acima
            em quase 1 % do PIB em 
            2006 quando comparadas às de 2005 e excederam os níveis 
            programados no SMP. Por sua 
            vez, as derrapagens em salários e outras despesas correntes, 
            incluindo viagens e despesas de representação, foram compensadas por 
            uma redução do investimento público, muito mais necessário e 
            premente. O saldo 
            primário foi reduzido de (6,9) % do PIB em 2005 para os estimados 
            5,7% em 2006, mas está 
            acima da meta estabelecida pelo SMP em estimados 1,7% do PIB para 
            todo o ano. Estima-se que 
            o saldo primário exceda a meta quantitativa de Outubro do SMP 
            em [6] bilhões de FCFA. O saldo deficitário global (incluindo 
            donativos) deverá alcançar 
            [8,1 ] bilhões de FCFA para todo o ano de 2006. Este défice, 
            combinado com a necessidade de 
            se efectuar pagamentos do serviço da dívida externa, originará uma 
            necessidade de financiamento de [7,7 ]
            bilhões de FCFA ([4,7]%
            do PIB) no final de 2006.
             
            
            
            Dado o resultado fiscal abaixo 
            do esperado e a necessidade de se cobrir o défice financeiro, 
            o financiamento interno provavelmente ultrapassará a meta do SMP 
            para 2006 na sua totalidade. Tendo em vista as receitas fiscais 
            abaixo do esperado, o governo 
            contraiu nova dívida interna comercial na ordem de 4% do PIB, de 
            forma a pagar salários 
            de Maio a Julho de 2006. 
            O programa prevê este tipo de 
            endividamento, mas conta que 
            seja pago integralmente até o final de 2006 (apesar dos 
            Títulos vencerem apenas em Fevereiro de 2007), na expectativa que os 
            fundos da UE e do Banco Mundial sejam desembolsados até lá. Porém, 
            devido ao desempenho abaixo do 
            esperado em receitas, é pouco provável que os Títulos sejam pagos na
            íntegra em 2006. 
            Portanto o financiamento interno irá exceder o limite do SMP para
            final de Dezembro de 
            2006.
            Ao mesmo tempo, o restante do 
            défice financeiro será 
            provavelmente coberto com nova emissão de Títulos do Tesouro, 
            garantidos por engajamentos de apoio orçamental a obter durante a 
            próxima reunião de doadores (vide abaixo), aumentando ainda mais o 
            financiamento interno. O financiamento interno líquido foi 
            incrementado através de uma redução nos pagamentos da dívida com o 
            BCEAO. O Ministério das Finanças decidiu afectar 10% das entradas na 
            conta corrente do Tesouro para o pagamento da dívida junto a esta 
            instituição. Para 2006, isso implica em um pagamento ao BCEAO 
            inferior ao originalmente programado.    
            
            Em 2006 continuaram a 
            registar-se progressos na área de reformas estruturais, 
            no entanto, a agenda de reforma 
            ainda não foi concluída. O recenseamento militar 
            baseado na emissão de bilhetes 
            de identidade biométricos está praticamente concluído. O 
            recenseamento servirá para confirmar o número exacto de efectivos 
            militares e para identificar os que serão integrados no programa de 
            desmobilização. No 
            tocante à área de reforma da função pública, o governo aprovou as 
            leis orgânicas de todos 
            os ministérios e está actualmente em curso o processo de definição 
            das estruturas organizacionais internas de cada ministério. Com 
            vista a garantir maior transparência e melhor gestão de despesas com 
            salários, o governo iniciou em Setembro um sistema por pagamento 
            electrónico de salários aos funcionários públicos através de contas 
            abertas em bancos locais. Em Setembro, o Governo pagou 
            electronicamente um total de 1,2 bilhão de FCFA referentes aos 
            salários do mês de Agosto (75% do total de salários pagos neste 
            mês). Para além disso, a instalação de um sistema integrado de 
            identificação para os servidores públicos se encontra em estado bem 
            avançado. No fim desse processo, as despesas com a folha de 
            pagamento para servidores serão feitas com base no número nacional 
            de identificação ao invés de nomes, como ocorre actualmente. Em 
            outras áreas do funcionalismo, as autoridades identificaram mais de 
            1.000 funcionários que serão desvinculados da função pública em 
            2006. Numa primeira fase e a partir de Outubro, os funcionários 
            públicos acima referidos serão removidos de suas funções e receberão 
            uma compensação, visto que o pagamento dos seus salários será 
            eliminado da folha de pagamentos do governo para 
            serem pagos na recém criada 
            Secretaria de Estado da Reforma. Durante o ano de 
            2007, com apoio financeiro de 
            doadores, esses funcionários serão completamente desvinculados do 
            governo e reintegrados no sector privado através de formação para 
            reconversão profissional e/ou programas de micro-crédito. Outras 
            medidas estruturais tomadas pelo governo incluem a implementação de 
            selagem de bebidas alcoólicas e cigarros; a aprovação pelo Conselho 
            de Ministros do novo projecto de lei de electricidade para o sector 
            de energia; e a eliminação de isenções aduaneiras que não estejam em 
            harmonia com o quadro legal vigente. No entanto, em relação a este 
            último aspecto, sao necessárias medidas adicionais para eliminar na 
            totalidade todas as isenções arbitrárias, visto que algumas, apesar 
            de legais, permanecem arbitrárias (p.ex: isenções que não estão de 
            acordo com convenções internacionais, como evidenciadas pelas 
            concedidas aos militares). Além disso, um dos decretos que 
            regulamenta o sector energético 
            ainda precisa ser aprovado pela Assembleia. 
            electronicamente um total de 1,2 bilhão de FCFA referentes aos 
            salários do mês de Agosto (75% do total de salários pagos neste 
            mês). Para além disso, a instalação de um sistema integrado de 
            identificação para os servidores públicos se encontra em estado bem 
            avançado. No fim desse processo, as despesas com a folha de 
            pagamento para servidores serão feitas com base no número nacional 
            de identificação ao invés de nomes, como ocorre actualmente. Em 
            outras áreas do funcionalismo, as autoridades identificaram mais de 
            1.000 funcionários que serão desvinculados da função pública em 
            2006. Numa primeira fase e a partir de Outubro, os funcionários 
            públicos acima referidos serão removidos de suas funções e receberão 
            uma compensação, visto que o pagamento dos seus salários será 
            eliminado da folha de pagamentos do governo para 
            serem pagos na recém criada 
            Secretaria de Estado da Reforma. Durante o ano de 
            2007, com apoio financeiro de 
            doadores, esses funcionários serão completamente desvinculados do 
            governo e reintegrados no sector privado através de formação para 
            reconversão profissional e/ou programas de micro-crédito. Outras 
            medidas estruturais tomadas pelo governo incluem a implementação de 
            selagem de bebidas alcoólicas e cigarros; a aprovação pelo Conselho 
            de Ministros do novo projecto de lei de electricidade para o sector 
            de energia; e a eliminação de isenções aduaneiras que não estejam em 
            harmonia com o quadro legal vigente. No entanto, em relação a este 
            último aspecto, são necessárias medidas adicionais para eliminar na 
            totalidade todas as isenções arbitrárias, visto que algumas, apesar 
            de legais, permanecem arbitrárias (p.ex: isenções que não estão de 
            acordo com convenções internacionais, como evidenciadas pelas 
            concedidas aos militares). Além disso, um dos decretos que 
            regulamenta o sector energético 
            ainda precisa ser aprovado pela Assembleia.  
            
            
            Por um lado, a empresa de 
            pesca "Semapesca" foi privatizada em Março de 
            2006 (uma das três que deveriam 
            ser privatizadas de acordo com o SMP). Por outro lado, a 
            privatização do Hotel 24 de Setembro foi protelada visto que o 
            governo aguarda uma 
            melhor oferta para avançar com o processo. De outra forma, houve
            atrasos na 
            implementação de algumas reformas estruturais. Na área da reforma da
            função pública, o 
            lançamento do programa de recrutamento de técnicos superiores por
            concurso público também 
            está atrasado. O governo prevê iniciar o programa somente após a 
            conclusão do processo de organização estrutural de todos os 
            ministérios, que está programado para Janeiro de 2007. Em relação 
            aos efectivos militares, houve atrasos na sua identificação para o 
            programa de desmobilização, devido à não 
            conclusão do sistema de 
            identificação biométrico.  
            
          III.       OBJECTIVOS E 
          POLÍTICAS PARA O RESTANTE DO ANO 2006 
            
            
            Considerando a situação fiscal 
            abaixo do esperado, ao pouco tempo que falta 
            para terminar o programa 
            financeiro de 2006 e as limitadas medidas políticas 
            disponíveis, será difícil 
            cumprir as metas quantitativas do SMP para o ano. Tendo em vista o 
            grande défice financeiro estimado para o final de 2006, o governo 
            pretende tomar uma série 
            de medidas imediatas para colmatar tal défice:  
            
          i.                    
          fazer cortes na 
          despesa primária corrente no montante de 0,7 bilhão de 
          FCFA (0,4% do PIB), incluindo 
          estipular limites máximos para as 
          rubricas de viagens, despesas de 
          representação e outros bens e 
          serviços; 
            
          ii.                  
          solicitar 
          financiamento adicional dos doadores para cobrir o défice 
          remanescente de 2006; e 
            
          iii.                 
          emissão de novos 
          Títulos de Tesouro até o final do ano, que serão garantidos por 
          engajamentos de financiamentos a obter na Conferência 
          de Doadores de Novembro. 
            
            
            As autoridades também estão 
            empenhadas na resolução dos problemas críticos 
            relacionados com a 
            insuficiência de receitas e derrapagens em despesas. Medidas 
            tomadas agora nessas áreas têm 
            um impacto quantitativo limitado no resultado fiscal de 2006, porém 
            têm importantes implicações a médio prazo e indicam o engajamento 
            das autoridades em reverter a situação macroeconómica em 2007 e nos 
            próximos anos. As medidas incluem:  
              
          i.                    
          Anunciar publicamente uma estratégia de comercialização do caju 
          para a próxima campanha de 
          2007 que será um retorno a condições de 
          comercialização 
          normais e transparentes, livres 
          de intervenção do governo no 
          circuito de exportação. 
            
          ii.                  
          Anunciar publicamente a sua decisão de desmantelar a recém 
          criada agência de comercialização de caju administrada pelo Estado, 
          liquidar com efeitos imediatos o seu stock de castanha e regularizar 
          as suas responsabilidades com 
          camponeses e credores. Isso 
          também será um sinal importante para os 
          camponeses de que o governo não 
          pretende intervir nos sistemas de comercialização da castanha. 
            
          iii.                 
          Por forma a incentivar os comerciantes a drenarem todos stocks 
          de castanha ainda 
          existentes nas zonas rurais, para o restante do ano 2006, o governo 
          vai baixar o preço de referência usado para calcular os impostos de 
          exportação do caju para 
          cerca de 250 USD por tonelada, para o compatibilizar mais com os
          preços externos 
          realizados. 
            
          iv.                
          O Governo venderá 
          imediatamente cerca de 6.000 toneladas de caju 
          confiscado em 2006 como 
          pagamento por contribuição industrial atrasada de uma empresa de 
          exportação. 
            
          v.                  
          Para resolver a 
          questão de excessos de despesas, particularmente na área de 
          despesas variadas em bens e 
          serviços, as autoridades comprometem-se a 
          reforçar o funcionamento do 
          Comité de Tesouraria. Isso implica a revogação 
          dos despachos vigentes 
          relacionados com o Comité de Tesouraria. O Comité 
          Técnico do Comité de Tesouraria, 
          bem como o Comité de Tesouraria em si, 
          continuarão a reunir-se uma vez 
          por semana para acompanhar o plano semanal de fluxo de caixa e aprovar 
          despesas ex-ante, 
          com excepção de despesas 
          correntes inadiáveis. Uma vez por tnês, o Comité de Tesouraria 
          debaterá as previsões de fluxo de caixa anual, semestral e mensal e 
          preparará um relatório 
          mensal sobre as previsões revisadas dos fluxos de caixa. De forma a 
          evitar que responsáveis de alto nível tenham que se reunir e aprovar 
          despesas individuais, o 
          Ministério das Finanças abrirá uma conta especial no BCEAO, 
          para a realização de despesas 
          urgentes inadiáveis, administradas pelo 
          Ministro. A conta terá um teto 
          máximo rigoroso que não poderá ser 
          ultrapassado. Este teto está 
          estabelecido em 10 porcento dos montantes 
          mensais programados para as 
          seguintes rubricas de despesas: viagens 
          exteriores (transporte e ajuda de 
          custo), representações, transferências para a Assembleia e 
          combustível. Um novo Conselho Consultivo, mais restrito,
          composto pelo Ministro das 
          Finanças e representantes do BCEAO, da UE e do 
          PNUD reunir-se-á uma vez por mês 
          para analisar o relatório mensal do Comité de Tesouraria e as despesas 
          da conta especial. O Governo irá 
          promulgar um novo despacho, 
          criando o enquadramento legal destes novos 
          arranjos. 
            
          vi.                
          O governo compromete-se a não efectuar pagamentos de atrasados 
          de anos anteriores pelo 
          restante de 2006, a não ser que financiamento externo 
          específico para esse fim seja 
          obtido, e a evitar o acúmulo de novos atrasados. No tocante ao total 
          de atrasados para o período de 2000-2005, o Governo 
          cancelou todas as dívidas 
          pendentes que não foram contraídas de acordo com os procedimentos 
          administrativos legais. Para o total de atrasados 
          remanescente de 2000-2005, o 
          Governo pretende iniciar, com a ajuda de 
          doadores, uma ampla auditoria das 
          dívidas e buscar financiamento externo 
          para sua regularização. O 
          Governo também buscará financiamento externo 
          para liquidar atrasados 
          correspondentes ao período anterior ao ano 2000, que 
          já foi auditado. 
          Embora se espere que o sistema de controlo de caixa ajude a evitar a
          acumulação de novos 
          atrasados nas rubricas de despesas variáveis, dívidas 
          temporárias em rubricas certas 
          poderão surgir ao longo do último trimestre do 
          ano. A grande proporção de 
          despesas salariais e outros gastos certos, a 
          concentração de receitas fiscais 
          em meados do ano e a concentração do 
          financiamento do Banco Mundial no 
          fim do ano, implicam que, sem 
          financiamento adicional, novos 
          atrasados poderão surgir nessas rubricas de 
          despesas (base engajamento) no 
          fim do ano. A regularização destas dívidas 
          terá a mais alta prioridade 
          quando novos financiamentos forem obtidos. 
            
          vii.               
          O governo concorda 
          em vender o Hotel 24 de Setembro, em linha com os 
          indicadores de referência 
          estruturais do SMP. 
            
            De forma a demonstrar o seu 
            engajamento para com as reformas, as autoridades comprometem-se a 
            iniciar a implementação das medidas acima indicadas 
            antes da Conferência de 
            Doadores prevista para 7 de Novembro de 2006.  
            
          IV.      CONJUNTURA 
          MACROECONÓMICA E POLÍTICAS PARA 2007 
            
            
            Espera-se que a actividade 
            económica se recupere em 2007, 
            presumindo-se 
            que haja normalização dos 
            acordos comerciais no sector do caju, assim como um 
            aumento na produção devido à 
            maturação e à ampliação moderada das plantações. 
            Estima-se um crescimento real 
            do PIB de [5]% para 2007, acima da taxa de 
            crescimento populacional. 
            Quanto à taxa de inflação, calcula-se que permaneça 
            alinhada com o critério de 
            convergência da UEMOA em cerca de 2%. Calcula-se que 
            o défice em conta corrente 
            (excluindo-se donativos) aumente para cerca de [14,9]% 
            do PIB em 2007, reflectindo 
            maiores importações referentes ao programa de 
            investimento público (Tabela
            [ ]). Além de alcançar 
            um ganho real em renda per capita, a conjuntura macroeconómica de 
            2007 visa dar apoio à redução da pobreza ao 
            acelerar o ritmo de gastos 
            prioritários no âmbito do orçamento existente, em linha 
            com o Plano Estratégico para a 
            Redução da Pobreza (PERP) acordado pelo Governo.  
            
          Políticas Fiscais 
            
            
            O Governo está comprometido 
            com o seguimento de uma política fiscal 
            prudente. 
            A conjuntura fiscal, assim 
            como foi em 2006, tem por objectivo evitar a acumulação de dívidas 
            internas ao longo de todo o ano. A conjuntura 
            macroeconómica de 2007 
            pressupõe uma postura fiscal similar (medida pelo défice 
            primário) como em 2006. 
            Estima-se que receita percentual em relação ao PIB 
            permaneça em cerca de [19]%, 
            já que qualquer melhoria na receita tributária no sector 
            de exportação de caju será 
            neutralizada parcialmente por quedas em receitas não-presumindo-se
            que haja normalização 
            dos acordos comerciais no sector do caju, assim como um 
            aumento na produção devido à 
            maturação e à ampliação moderada das plantações. 
            Estima-se um crescimento real 
            do PIB de [5]% para 2007, acima da taxa de 
            crescimento populacional. 
            Quanto à taxa de inflação, calcula-se que permaneça 
            alinhada com o critério de 
            convergência da UEMOA em cerca de 2%. Calcula-se que 
            o défice em conta corrente 
            (excluindo-se donativos) aumente para cerca de [14,9]% 
            do PIB em 2007, reflectindo 
            maiores importações referentes ao programa de 
            investimento público (Tabela
            [ ]). Além de alcançar 
            um ganho real em renda per capita, a conjuntura macroeconómica de 
            2007 visa dar apoio à redução da pobreza ao 
            acelerar o ritmo de gastos 
            prioritários no âmbito do orçamento existente, em linha 
            com o Plano Estratégico para a 
            Redução da Pobreza (PERP) acordado pelo Governo.  
            
            
            No tocante às despesas, a 
            política do Governo continua a ter como meta o controle de despesas 
            variáveis para poder disponibilizar recursos necessários para 
            lidar com as camadas mais 
            pobres da população nos sectores de saúde e educação, 
            assim como para a manutenção e 
            melhoria de infra-estruturas básicas. 0 Governo 
            também pretende continuar a 
            diminuir a massa salarial excessiva, sendo esta uma forma importante 
            de melhorar a alocação de recursos. Por forma a obter uma redução 
            duradoira da massa salarial excessiva, o governo pretende 
            implementar reformas há muito devidas na função pública e na 
            segurança, para as quais espera angariar financiamento suficiente na 
            Conferência de Doadores em Novembro. Em 2007, o governo 
            continuará apagar o pacote de indemnizações por mais 10 meses para 
            cerca de 1000 funcionários 
            públicos das categorias salariais mais baixas que deverão ser 
            dispensados nos últimos dois meses de 2006. Em 2007, o governo 
            continuará a pagar o pacote de indemnizações por mais 10 meses para 
            cerca de 1000 funcionários públicos das categorias salariais mais 
            baixas que serão dispensados nos últimos dois meses de 2006. O 
            pagamento dessas indemnizações terminará quando se materializar o 
            programa de protecção apoiado por doadores através de micro empresas 
            e programas de formação. Para além disso, mais 110 funcionários que 
            atingiram a idade de reforma obrigatória mas que ainda estão 
            arrolados na folha de salários serão aposentados. A curto prazo, o 
            impacto fiscal da reforma será neutro uma vez que a projectada 
            redução da massa salarial referente aos funcionários dispensados e 
            que representa 195 
            milhões de FCFA (ou 0,1 % do PIB) será contrabalançada por 
            pagamento de indemnizações. No 
            caso dos aposentados, a economia de 69 milhões 
            de FCFA (ou cerca de 0,04 do 
            PIB) será compensada pelo pagamento das pensões, mesmo que a uma 
            percentagem abaixo dos salários actuais. De outra forma, o pagamento 
            de salários através de contas bancárias também ajudará a evitar 
            duplicações.  
            
            
            Assim como em 2006, o Governo 
            compromete-se a não efectuar pagamentos 
            de atrasados de anos 
            anteriores, a não ser que financiamento externo específico para
            esse fim seja obtido, e 
            a evitar o acumulo de novos atrasados. 
            Apenas o apoio orçamental da 
            UE no montante de 2,1 % do PIB (o montante 
            originalmente projectado para 
            desembolso em 2006 e adiado até 2007) foi 
            identificado. O restante terá 
            que ser coberto por compromissos na Conferência dos 
            Doadores de Novembro. Na 
            eventualidade de o financiamento por parte de doadores 
            ser insuficiente para cobrir o 
            gap, as autoridades identificaram cortes de contingência em despesas 
            não-salariais variáveis, incluindo compras de bens e serviços e
            transferências 
            governamentais.  
            
          Administração de despesas 
          públicas 
            
            
            Comité de Tesouraria: o Governo 
            compromete-se a assegurar que haverá 
            continuidade dos trabalhos 
            regulares do Comité de Tesouraria e do Conselho 
            Consultivo Especial ao longo 
            de 2007.  
            
            
            A partir de Abril de 2007, em 
            linha com a prática em outros países da 
            UEMOA, todos os Ministérios 
            fecharão suas contas individuais actualmente 
            existentes no BCEAO e abrirão 
            contas no Tesouro. O Tesouro administrará as contas 
            dos Ministérios por meio de uma 
            única conta no BCEAO.  
            
            
            Apesar 
            das receitas projectadas serem conservadoras e pressuporem apenas um 
            ligeiro aumento em relação ao PIB, as autoridades continuarão a 
            tomar medidas para melhorar o desempenho de receitas em 2007, 
            incluindo medidas para expandir a base tributária, fortalecer a 
            administração fiscal e melhorar o cumprimento e controle das 
            licenças para a pesca. 
            Com este 
            propósito, as autoridades irão 
            reforçar a recém criada a Direcção de Serviços de Grandes Empresas 
            através, entre outros, da aplicação do Sistema de Contabilidade do
            Oeste de África (SYSCOA) 
            assim como do uso dos recém adquiridos computadores e 
            da assistência técnica para 
            melhorar as habilidades em tecnologias de informação por forma a 
            automatizar a monitoria de grandes e médias empresas. As autoridades
            pretendem reduzir a actual taxa de não pagamento na Direcção 
            de Serviços de Grandes 
            Empresas através de um melhor seguimento de contribuintes faltosos, 
            e da aplicação de multas quando for o caso. Para além disso a 
            administração das alfândegas será reforçada ainda mais por meio da 
            aquisição de um software 
            informático (SYDONIA++). Esta 
            ferramenta permitirá que as alfândegas melhorem o 
            controlo e a avaliação de 
            importações mediante acesso a informação 
            online 
            da 
            Direcção Geral de 
            Contribuições e Impostos (DGCI) e dos bancos comerciais. Finalmente, 
            as autoridades deverão fazer progressos na monitoria e controlo 
            pesqueiro e cumprimento das licenças de pesca através da aquisição 
            de equipamento como 
            parte de projectos em curso com o BAD.  
            
          V.        REFORMAS ESTRTURAIS 
          EM 2007 
            
          Reforma da Função Pública 
            
            
            O governo permanece 
            comprometido com a implementação da reforma da 
            administração pública (civil e 
            militar). As reformas nesta área são essenciais para garantir a 
            sustentabilidade fiscal a médio prazo, dado que o tamanho excessivo 
            da função pública e da alta estrutura salarial militar resultar em 
            um grande ónus salarial sobre as finanças públicas (absorve cerca de 
            65% das receitas). Também deve ser enfatizada a formação e a 
            capacitação dos funcionários remanescentes, ao mesmo tempo que se 
            fortalece a estrutura da administração pública.  
            
            
            As medidas propostas para 2007 
            incluem:    
          ·       
          Reintegrar no 
          sector privado funcionários públicos dispensados, de acordo com a 
          disponibilidade dos doadores. 
            
          ·       
          Preencher todas as 
          vagas (de técnicos superiores) em pelo menos quatro 
          ministérios, usando um programa 
          de contratação por concurso. 
            
          ·       
          Instalar um sistema 
          integrado de dados para funcionários públicos e basear a folha de 
          pagamento de pessoal em seus bilhetes nacionais de identidade. 
            
          ·       
          Identificar e 
          retirar da folha de pagamento todos os funcionários e militares que 
          atingiram a idade obrigatória de reforma. 
          Essas 
          pessoas passarão a receber 
          suas devidas pensões ao invés de 
          salários. 
            
          ·       
          Completar o 
          processo de definição da estrutura organizacional interna de todos os 
          ministérios e secretarias de estado. 
            
          Outras reformas estruturais e 
          iniciativas para o desenvolvimento do sector privado 
            
            
            Para além disso, o Governo vai 
            implementar algumas outras reformas estruturais e iniciativas para o 
            desenvolvimento do sector privado:  
            
          ·       
          Privatizar ou 
          liquidar pelos menos três outras empresas estatais dos sectores de 
          produção e comércio. O Governo indicará antes do final de 2006 os 
          nomes das empresas a serem privatizadas ou liquidadas. 
            
          ·       
          Dispensar todos os 
          funcionários envolvidos em empresas estatais que serão objecto de 
          privatização ou liquidação. Essa medida irá limitar o montante do 
          pacote de indemnização que o Governo teria que pagar a esses 
          trabalhadores.   
          ·       
          Reduzir o número de leis que permitem ao Governo 
          conceder isenções de taxas 
          aduaneiras que não estejam em linha com as normas estabelecidas no 
          quadro de convenções internacionais. 
            
 
             
            
              
            
            Para estar de 
            acordo com o tecto de financiamento interno de acordo com o 
            programa, quaisquer Títulos de Tesouro lançados durante o ano devem 
            ser pagos antes do final de 2006. Um ajuste no programa permite que 
            este tecto seja aumentado por valor correspondente a qualquer 
            insuficiência de apoio orçamental externo. Uma 
            quantia de 4,1 
            bilhões de FCFA em apoio orçamental da UE foi, por enquanto, adiada 
            para o ano que vem. 
            Portanto, os 
            2,6 bilhões de FCFA remanescentes dos Títulos recém-lançados deverão 
            ser pagos antes de Dezembro de 2006 para não exceder a meta de 
            financiamento interno. | 
    
    
   
   
*Jornalista
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