UM APELO AOS BONS FILHOS DA GUINÉ-BISSAU

Djodji (o primeiro)

03.04.2009
 

Na travessia da era tecnológica, em que o comboio do desenvolvimento mundial rola a uma velocidade vertiginosa, a Guiné-Bissau e os seus governantes continuam a desperdiçar tempo e recursos do estado em lutas intestinais para a conquista do poder, com base em “matchundádis” apoiadas na força das armas!!! Infelizmente os nossos governantes já assumiram que o único meio para se manterem no poder, é terem os militares do seu lado, fazendo vista grossa aos abusos e desmandos desses.

O comunicado do EMGFA vem tentar deitar poeira para os olhos dos guineenses, alegando que há muita gente com fardas a cometer actos ilícitos e que estão a trabalhar para controlar esse fenómeno. Só não pensaram, ou pensam que os guineenses não pensariam, na tremenda coincidência que é um político ser atacado por um grupo de desconhecidos fardados a militar, justamente depois desse político proferir publicamente fortes críticas ao comportamento dos militares e à submissão do governo aos mesmos. É fácil concluir que esses desconhecidos actuaram em nome daqueles que se sentiram ofendidos, ou seja os militares e o governo. O facto de se terem apresentado fardados e armados, leva a concluir que só podem ter agido em nome dos dois, ou seja em nome dos militares que protegem o governo e em nome do governo que se encontra submisso aos militares!!! Agora ironizando, é aquilo que costumam intitular "a dupla de sucesso"!!!

Esse triste comunicado do EMGFA e o silêncio do governo sobre as vergonhosas ocorrências só vem pôr a nu, a actual e nefasta promiscuidade entre o governo e os militares criminosos.

Por tudo acima exposto, julgo que é urgente que todos os guineenses com formação académica e/ou cívica assumam as suas responsabilidades para com o país e os seus irmãos de pátria, ou calemos de uma vez. 

É urgente organizar um debate alargado e aberto a todos os guineenses (governantes e civis), dentro e fora do país, para discutirmos de forma descomplexada os conceitos de um Estado falhado e a definição do melhor caminho para a saída do estado em que o nosso país se encontra.

 É urgente informar de forma mais básica aos nossos irmãos menos informados.

 Com base nos meus parcos conhecimentos sobre a matéria, ouso definir a Guiné-Bissau como um estado falhado. Um estado que não consegue garantir o pagamento atempado dos ordenados aos funcionários públicos, que não consegue proteger as suas fronteiras da livre circulação de traficantes e outras actividades ilícitas, que não consegue proteger um Presidente da República e um CEMGFA de bárbaros assassinatos, nem tão pouco proteger os agentes políticos e da lei que reclamam pela reposição dos valores de um Estado de direito, obviamente que é um estado desestruturado e sem pernas para andar. Esse estado precisa urgentemente de ser repensado.

Deixo aqui um forte apelo a todos os intelectuais guineenses que queiram o bem da nossa pátria, principalmente aqueles com formação jurídica, para que unamos a volta de um movimento de apelo urgente à intervenção da ONU, não só com o objectivo de estabilizar o país e garantir a segurança e o bem-estar a população da Guiné-Bissau, como também pela necessidade da estabilização política de toda aquela região africana.

É urgente que a ONU perceba que a paz e a estabilidade na Guiné-Bissau já não é atingível com organização de eleições sempre consideradas livres e justas pela comunidade internacional!!! O problema não está no povo que tanto deseja a paz e a estabilidade e que tem cumprido gloriosamente o seu dever cívico. O principal problema da Guiné-Bissau assenta nos interesseiros que assaltaram o poder e fizeram dele a única forma de vida e de sustento dos vários vícios que foram adquirindo. Não tenham dúvidas que continuarão a espancarem-se e a matarem-se mutuamente e a violarem consecutivamente as regras de um estado de direito, tudo em nome da preservação do poder e tudo o que isso representa para eles…

Vamos agir agora, porque pode vir a ser tarde demais… A hora é de acção e não de palavras e comunicados.

Djarama Contributo.

 

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