Uma forma de protesto que pode significar mais cinco anos de 
miséria e instabilidade
 
Edson Incopté  
edson_incopte@hotmail.com
03.07.2009
 É 
inevitável analisar os resultados das eleições realizadas no passado dia 28 de 
Junho, sem realçar a tamanha abstenção. O povo Guineense resolveu revelar toda a 
sua fúria e dizer basta desta Governação de imundície, basta de assassinatos e 
basta de impunidade. Numa verdadeira cartada de assobiadela surgiu um partido 
chamado abstenção que acabou por ganhar as eleições com cerca de 40% dos votos. 
Contudo essa é uma cartada que poderá sair muito caro ao povo Guineense!
É 
inevitável analisar os resultados das eleições realizadas no passado dia 28 de 
Junho, sem realçar a tamanha abstenção. O povo Guineense resolveu revelar toda a 
sua fúria e dizer basta desta Governação de imundície, basta de assassinatos e 
basta de impunidade. Numa verdadeira cartada de assobiadela surgiu um partido 
chamado abstenção que acabou por ganhar as eleições com cerca de 40% dos votos. 
Contudo essa é uma cartada que poderá sair muito caro ao povo Guineense!
O 
desprezo demonstrado pelo povo Guineense nas urnas, para com todos os 
governantes/candidatos, é revelador de grande falta de credibilidade nos 
políticos Guineenses e, mais grave que isso, demonstra uma total descrença do 
povo na palavra democracia (poder do povo). Com abstenções a este nível: (mais 
de 50% em Cacheu, próximo dos 45% em Bijagós e Biombo e 40% na Capital do país, 
em Bafatá e Tombali). Os actores políticos da Guiné-Bissau têm que, 
obrigatoriamente, tirar ilações, quer aqueles que ganham, quer aqueles que 
perdem. Porque quer se goste, quer não, o povo Guineense já ditou a sua sentença 
e o recado está dado. É com muita pena que compreendo esse recado, não “aceito” 
a forma como ela é enviada, porém compreendo o porquê do povo proceder desta 
forma.
Perante 
os resultados apresentados, afigura-se perante o povo Guineense uma escolha 
melancólica, isto é, escolher entre o mau e o péssimo. O povo terá que escolher 
na segunda volta uma figura pálida, completamente sem presença, ou um verdadeiro 
palhaço de circo. Ai irmãos, que destino é este o nosso, que nos leva a fazer 
escolhas tão absurdas?! Que caminho é este irmãos que, incessantemente, nos 
conduz para o precipício?! Ai irmãos… há muito que José Carlos Schwarz cantou 
Sucuro, ainda hoje permanecemos na mesma escuridão de alma. Completamente 
incapazes de vislumbrar e de fazer uma escolha consciente, baseada no espírito 
colectivo. O que me causa mais dor, é saber que podemos permanecer mais cinco 
anos com um sistema de educação de troça, sem sistema de saúde funcional, sem 
credibilidade perante os nossos parceiros e perante o mundo. É saber que as 
nossas crianças inocentes verão, mais esse tempo, os seus sonhos roubados. Os 
nossos estudantes ficarão sem a mínima atenção de quem de direito, pois não 
creio que uma pessoa sem pulso para nada levante a voz e muito menos, um artista 
de circo. 
Por 
acreditar na palavra democracia, não julgo quem fez a sua escolha de votar neste 
ou naquele candidato, muito menos quem fez a escolha de não ir votar. Aliás, 
pelo que aconteceu nas legislativas de Novembro passado, em que o povo Guineense 
mostrou ao mundo todo o seu civismo e sentido de organização indo votar de forma 
massiva e dando vitória ao Sr. Carlos Gomes Júnior (PAIGC). Perante isso e 
perante o que se verificou depois, podemos afirmar que este era um cenário algo 
esperado. 
Ao 
analisar os resultados destas eleições podemos chegar à conclusão de que se 
verificou aquilo que podemos denominar de medo de traição/ser enganado. Isso 
porque o povo Guineense sentiu na pele a traição do Primeiro-Ministro em quem 
chegou a depositar grande confiança. Segundo as palavras do mesmo, os resultados 
das legislativas de Novembro significavam “a vontade popular. A vontade do povo 
da Guiné-Bissau para mudar o destino do país”. Agora perguntem ao 
Primeiro-Ministro que mudanças se registaram. Os assassinatos continuaram, a 
desordem progride a cada dia, a impunidade ganhou ainda mais peso na sociedade, 
a imagem do país perante o mundo está pior que o passeio da feira de Bandim. A 
imagem do próprio Primeiro-Ministro, caiu diante da opinião pública, 
principalmente por este ser cúmplice dos militares nas suas loucuras. 
Ora 
Sr. Primeiro-Ministro, o que fez de bom desde que tomou posse em Janeiro e que 
podia levar o povo a ver que valia a pena confiar o seu voto a alguém e que 
consequentemente valia a pena ir votar?
Concluo 
alertando aos meus irmãos e os políticos sem mente que vem aí mais abstenção na 
segunda volta, não tenhamos a mínima dúvida que entre escolher o mau e o péssimo 
haverá muitos mais que nem se fatigarão a pensar no caso. Então, aguardarão que 
venha o diabo e escolha.
 
Estamos 
Juntos!
 
NOTA 
DO EDITOR
			
			
					
					
 
Caro Edson Incopté, meu ilustre camarada e companheiro de luta!
Não posso deixar de te incentivar, tu que és um jovem e 
promissor valor guineense, aquele que está na linha da frente com os mais 
"velhos", aprendendo com as suas experiências, mas ensinando-lhes também com os 
teus conhecimentos, com a tua aprendizagem da vida. Afinal, é a interactividade 
entre gerações que permite uma transição geracional positiva e na Guiné-Bissau, 
é preciso promover esta interactividade, de forma a preparamos os nossos jovens 
para o futuro, já que, a eles pertence!
Tens sido um digno cidadão, livre de todos os preconceitos e 
detentor dos teus direitos fundamentais, entre eles, o de expressão, sempre de 
forma correcta, ou seja, construtiva!
Exorto todos os jovens guineenses a seguirem o teu exemplo, 
pois só assim haverá garantia de continuidade desta nossa luta, que, aliás, é 
dedicada a eles e às gerações vindouras!
Força camarada!
Vamos continuar a trabalhar!
Didinho
			
			
					didinho@sapo.pt
					
04.07.2009