Solidariedade para com o  Movimento Cultural Ubuntu

 

Filomena Embaló

fembalo@gmail.com

26.03.2009

 Filomena EmbalóA cultura é a essência de um povo. É o que o particulariza, determina a sua identidade e o preserva como um todo coeso. E um povo sem identidade perde a sua independência, aliena-se e desintegra-se. Extingue-se pura e simplesmente...

 

Esta é a mensagem lancinante que uma nota do Director do Movimento Cultural Ubuntu quer transmitir aos guineenses em geral e ao governo em particular, perante o desinteresse a que está votada a preservação do património cultural nacional.

 

Surgido da Associação Afrykana Ubuntu, criada em 1997, cuja delegação da Guiné-Bissau foi instalada em 2001, o Movimento Cultural Ubuntu, organização da sociedade civil, “pôs-se em marcha” sob esta nova identidade em 2007 com o propósito de estimular a consciência social, valorizar a diversidade do património cultural e defender a produção cultural nacional. Para alcançar esses objectivos, o Movimento preconiza a realização de projectos e de acções de âmbito cultural de modo a difundir o conjunto das manifestações culturais e estimular a produção e a difusão de bens culturais, parte integrante do produto nacional.

 

Desde então têm sido organizados diversos eventos nesse sentido, mostrando que a Cultura não é só Carnaval e folclore. Porém o alerta ora lançado pelo Movimento aponta para o seu desaparecimento, caso não sejam reunidos os meios necessários para a prossecução dos seus objectivos. Ele denuncia a marginalização da Cultura nas prioridades definidas pelo governo e pelos parceiros internacionais e a consequente falta de apoios financeiros. Mas responsabiliza também o cidadão guineense pela sua indiferença face ao esforço do Movimento pela preservação do património cultural. 

 

Associamo-nos a esta causa e, num acto de solidariedade, chamamos a atenção das autoridades competentes para a importância da defesa do património cultural neste momento crucial  da História do país, em que a preservação da tão necessária coesão nacional passa indiscutivelmente pela preservação da identidade nacional, isto é da sua Cultura no seu todo.

 

Aqui deixamos à consideração dos nossos leitores a referida nota patente no blogue http://ubuntuubuntuubuntu.blogspot.com do Movimento e que deverá ser publicada no próximo número da revista Ubuntu.

 

 

Nota do Director do Movimento Cultural Ubuntu


Ao completar 10 anos de existência o ubuntu, como única organização da sociedade civil que tem por objectivo fundamental a defesa e promoção da cultura nacional, corre sérios riscos de conhecer o seu fim.

 

Vivemos numa sociedade aterradora: entre mentiras maliciosas e palmadinhas nas costas. E abraços. Muitos abraços. Congratulações e felicitações. Reconhecimento e encorajamentos. Ubuntu agradece. Mas todos concordarão que não são suficientes para avançar na senda a que nos propomos: defesa e promoção da cultura nacional e bem comum guineense.

É preciso mais e não encontramos nada. Dúvidas ensombram nossa realidade: será desígnio dos guineenses ter de desistir de tudo o que é bom para a comunidade somente por falta de apoio financeiro? Mas todos ouvimos e lemos nos médias milhões para … outros milhões para e mais uns tantos milhões para… para o quê?! Onde se encontram todos esses milhões que nós como cidadãos guineenses e beneficiários desses apoios deveríamos usufruir? Onde se encontram milhões para a cultura? Onde se encontram filantropos na Guiné-Bissau? Benfeitores ou simplesmente guineenses orgulhosos da sua pátria que financiem a produção cultural nacional?

E quanto aos organismos internacionais que, em princípio, se instalaram em Bissau para ajudar os povos guineenses, não têm fundos para a produção cultural nem apoio simbólico mas têm para reforço de capacidades, ateliês de validação, reforço institucional de… no entanto, como cidadãos guineenses de nada usufruímos.

 

Imperativo rever programa


Em todo o caso devemos considerar o Estado como principal responsável pela condução da política de cooperação e da política cultural (!?) pois as nossas prioridades foram definidas pelo governo logo se a cultura não figura em nenhuma rubrica para mobilização de fundos internacionais foi porque o governo assim o quis. Portanto, solicitamos, mui respeitosamente ao governo que não se esqueça da cultura. Mas alerta! a cultura não é somente carnaval ou campeonatos de futebol!

 

 Partilho convosco indignação e revolta porque consideramos que estamos a desempenhar um grande papel, podíamos fazer muito mais e estamos de mão atadas por falta de recursos financeiros. Para ultrapassarmos essa situação, lançamos no início do ano uma campanha de mobilização de membros e outra para angariação de fundos. Da primeira campanha, recebemos cinco manifestações de adesão, entre os quais de um estudante guineense residente no Brasil. Saudações para este compatriota que mesmo estando longe da sua terra solicitou adesão ao movimento cultural Ubuntu. Portanto, das cinco mensagens entretanto enviadas pelo Ubuntu no decurso do mês de Janeiro maioria residente em Bissau, somente quatro responderam manifestando interesse em integrar o Ubuntu como membros de pleno direito contribuindo financeiramente para sustentar o funcionamento do Ubuntu. E os outros ditos quadros guineenses? E aqueles que, não tendo coragem para abraçar um projecto desta envergadura, por falta de capacidade ou por estabelecerem outras prioridades nas respectivas agendas, no entanto não se coíbem de criticar negativa e gratuitamente a actuação do Ubuntu e respectivos membros quando podiam se juntar a nós para todos juntos, mesmo divergentes, avançarmos para progresso

da nossa comunidade?


Com meios ou sem meios nós vamos continuar a contrariar a tendência e informar mais uma vez para aqueles mais distraídos que o Ubuntu é uma organização da sociedade civil aberta a todos os seus membros que queiram contribuir para o bem comum guineense. Sendo esse o nosso móbil, aguardamos a contribuição e colaboração da comunidade.

 

Jorge lopes queta

 

ubuntugnb@gmail.com

http://ubuntuubuntuubuntu.blogspot.com
 


Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

26.03.2009

Fernando Casimiro (Didinho)Não podíamos ficar indiferentes ao apelo do Ubuntu, não só por tudo o que tem sido o seu papel ao longo dos seus anos de actividade na Guiné-Bissau, em prol da preservação, afirmação, valorização, divulgação e evolução da cultura nacional, mas também, como parceiro natural da vivência comunitária em que estamos inseridos, nós guineenses e amigos da Guiné-Bissau espalhados por todo o mundo.

Quando acedi ao blog do Ubuntu há dias, constatei uma triste realidade, que de facto, não me estranha.

Ainda que em situações diferentes (porquanto o Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO não estar estruturado da forma como está o Ubuntu e não organizar actividades práticas como são organizadas pelo Ubuntu e, por isso, nunca lançou qualquer campanha para adesão de membros ou de angariação de fundos), há um paralelismo na indiferença ao apelo lançado pelo Ubuntu e aos apelos lançados pelo Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO, no sentido de os leitores e colaboradores darem as suas opiniões com vista à sua institucionalização.

Simplesmente não ultrapassamos a meia dúzia de opiniões recebidas!

Para um Projecto cujo site www.didinho.org  tem uma média de acessos bastante aceitável no contexto em que se situa a sua palavra chave: Guiné-Bissau, era suposto haver mais consideração de todos quantos de uma forma ou de outra dele têm beneficiado. Infelizmente, ficamos por enquanto, pelas intenções e pela continuidade da estruturação existente.

Quanto ao Ubuntu, cheguei a ver imagens de diversos eventos realizados na Guiné-Bissau, em que se via a presença de tanta gente, entre guineenses e amigos da Guiné-Bissau, que não posso deixar de perguntar: onde está  hoje toda essa gente para, ao menos com uma palavra amiga, encorajar o Ubuntu e mostrar a solidariedade tão bem-vinda nestas alturas?!

Como se pode deixar o Ubuntu à mercê de uma qualquer crise financeira, quando todos têm beneficiado com as suas iniciativas?

Da minha parte contactarei a equipa do Ubuntu no sentido de me tornar membro do Movimento e assim, ajudar, quer através do pagamento de quotas estabelecidas, quer noutras iniciativas de âmbito pessoal.

FORÇA UBUNTU!

Vamos continuar a trabalhar!

 

 


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