Que futuro para a democracia na 
    Guiné-Bissau? 
     
Por: Ricardino Jacinto Dumas Teixeira *
ricardino_teixeira@hotmail.com
19.12.2007
É 
    lamentável quando homem não domina um assunto, e muitas das vezes não tem a 
    nítida consciência das conseqüências sociais e políticas que possam advir 
    por precipitar tomar atitudes ou decisões que, de alguma maneira, afetam a 
    vida da sociedade como um todo. O mais lamentável ainda é quando um cidadão 
    ou cidadãos, confrontados com questões adversas que exigem ponderação e 
    reflexões profundas, decidem instituir (pelo menos do ponto de vista formal) 
    uma lei que não reflete, necessariamente, o espírito dos representados, ou 
    sociologicamente falando, sem nenhuma efetividade. Quando se tomam decisões 
    desse tipo, seja por interesses particulares, seja por interesses de um 
    grupo, significa que esses indivíduos não estão em condições de representar 
    nem as suas pessoas (já que não possuem opinião) e muito menos preparados 
    para assumir  cargos públicos.      
 
No Estado de Direito, pelo 
    menos nos sistemas semi-presidencialistas de governo, os três pilares de uma 
    democracia são: o Executivo, o Judiciário e o Legislativo. Porém, quando um 
    desses pilares não funciona, neste caso o poder Legislativo, como foi o caso 
    dos deputados que aprovaram a anistia para protagonistas de genocídios na 
    Guiné-Bissau demonstra que um dos pilares (se calhar todos) da democracia 
    está "Mandinte".   
 
Os recentes acontecimentos 
    militares, jurídicos e políticos no país apontam para um beco com poucas 
    saídas, um lugar escuro e perigoso como as noites de Bissau, onde a lei do 
    mais forte prevalece. Indaga-se muito se a anistia vai realmente apaziguar 
    os ânimos e reconciliar a sociedade guineense! Mas quem teme a justiça? A 
    mim parece-me que todos estariam dispostos a enfrentá-la, caso for 
    necessário, inclusive, os nossos “Velhos Comandantes”. 
     
 
Tentar tapar o sol com a 
    peneira, como as alas linha-dura do PAIGC e PRS no Parlamento tentam 
    driblar, parece ser bastante estranho para uma praça pequena como a de 
    Bissau. Vale lembrar que ontem o nosso jurista Benante estava na fileira dos 
    contras, mas com o aproximar de eleições mudou-se do Benfica para o 
    Sporting, a fileira dos prós. Não é estranho: se o Benfica não paga no final 
    do mês e nem possui plano de carreira e promoções pelos serviços prestados, 
    nada melhor e certo do que mudar para o Sporting, onde incentivos pelo 
    (des)serviço à nação garante, além de garantir subsídios e despesas extras, 
    despensa a Accountabillity.  
 
Esta deriva contra o direito 
    da sociedade conhecer os verdadeiros criminosos; contra a liberdade dos 
    cidadãos opinarem diretamente nos assuntos de interesse coletivo (por meio 
    de plebiscito, por exemplo) acertam em cheio o nosso sistema judicial e a 
    credibilidade do Parlamento, que desde sua fundação enfrenta crises de 
    liderança que privilegiam mais a arrogância em detrimento de diálogo.  
     
 
Quem será o novo anistiado?
*Mestrando em Sociologia Política - Brasil
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO