EL KADY
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Os algozes bêbados e drogados
abriram as veias puras do teu corpo
para nelas encaixarem chumbo de balas e pólvora.
A beleza suave de tuas coxas eles escancararam
para violarem as pétalas ainda inocentes de teu sexo em sangue
com socos e pontapés.
Balearam como abutres sedentos de escória tudo o que viam :
Marmitas de comida os jovens dançando e cantando as lavadeiras felizes no rio os miúdos descalços saíndo das escolas as « Mamanas » vendendo peixe seco mangos e cajús na beira da estrada os maqueiros correndo como loucos levando corpos ensanguentados para as ambulâncias e até mesmo no Padre que dando a missa pensava que o Senhor estava do seu lado!
No fim da chacina…
Os algozes cansados e tresloucados da bebedeira viraram o cano dos fuzis
contra eles mesmos e mataram-se uns aos outros!
Ai que as fontes escancaradas mas agora murchas do meu jardim
choram de tristeza perante tal carnificina imunda!
Envergonhada… a noite cai de mansinho sobre uma capital
sem luz sorrisos ou água corrente.
Na alvorada dum novo madrugar encontrei-te sozinho na beira do caminho e perguntei-te :
- « Eh, nha fidjo mas o que fazes aqui? »
- « Nada nha ermon! Cortaram-me as asas e já não posso voar. Ainda por cima um grande lacrau subiu ao meu ninho e levou-me os filhotes! »
Sentámo-nos na beira do caminho agreste e deserto
deixando a melodia teimosa de nossos prantos invadir o silêncio matinal do Fouta Djalon.
A TER SEMPRE EM CONTA: Objectivos do Milénio
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO