PAREM, POR FAVOR, ANTES QUE SEJA TARDE. NÃO HÁ UNIDADE NACIONAL QUANDO SE INSTITUEM QUOTAS ÉTNICAS! (1)

 

O Bilhete de Identidade de cidadão nacional não contempla a etnia do cidadão!

GUINÉ-BISSAU - ETNIAS 1

GUINÉ-BISSAU - ETNIAS 2

UNIDADE E LUTA - Amilcar Cabral

A BALANTIZAÇÃO OU O FOMENTAR (IN)CONSCIENTE DO TRIBALISMO NA GUINÉ-BISSAU - Didinho

 

"Nesta sociedade do mato, grande número de balantas pegou na luta e não é por acaso, não é porque os balantas são melhores que os outros. É por causa do tipo de sociedade que eles têm, sociedade horizontal (rasa) mas de homens livres, que querem ser livres, que não têm nenhuma opressão em cima, a não ser a opressão dos tugas. O balanta é ele e o tuga por cima dele, porque o chefe que lá está, o Mamadu, ele sabe que não é nada seu chefe, foi o tuga que o pôs lá.

Portanto, mais interesse ele tem em acabar com isso para ficar com a sua liberdade absoluta. E é por isso também que quando qualquer elemento do Partido comete um erro com os balantas, eles não gostam e zangam-se depressa, mais depressa do que qualquer outro grupo.

Enquanto que entre fulas e manjacos não é assim. A grande massa que sofre de facto é a de baixo, os trabalhadores da terra (camponeses). Mas entre eles e os tugas há muita gente. Já se habituou a sofrer, a sofrer com a sua própria gente, sob a opressão da sua própria gente. E que quem lavra a terra, tem que trabalhar para todos os chefes, muitos chefes, além de chefes de posto. Então verificou-se o seguinte: quando compreenderam de facto, grande parte dos camponeses pegou na luta, salvo um grupo ou outro no qual não trabalhámos bem." Amilcar Cabral (Unidade e Luta)

 

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

18.04.2009

Fernando Casimiro (Didinho)Balantas, Fulas, Mandingas, Papeis, Manjacos, Biafadas, Felupes, Nalús, Mancanhas, Bijagós, Saracolés e muitas mais etnias, somos todos guineenses!

Não se deve falar em Unidade Nacional, o garante da Identidade Nacional e, em simultâneo, seja por que motivação for, trair os fundamentos que sustentam essa pretensa Unidade Nacional de qualquer povo, em qualquer país do mundo.

Cada país tem as suas particularidades identitárias e, por conseguinte, culturais. Todos os países devem procurar um enquadramento natural das realidades concretas das suas vertentes identitárias e culturais, para preservarem as suas identidades nacionais, um todo de muitas particularidades identitárias.

"...Porque na nossa sociedade há vários grupos étnicos, quer dizer, grupos com culturas e costumes diferentes e que, segundo a sua própria convicção, vieram de grupos diferentes, de origens diferentes: fulas, mandingas, papéis, balantas, manjacos, mancanha, etc., incluindo também descendentes de cabo-verdianos, na Guiné."Amilcar Cabral (Unidade e Luta)

A Grande Obra de Amilcar Cabral não pode ser uma vez mais "ferida de morte", na sua principal sustentabilidade, a Unidade de todos os guineenses, numa perspectiva de igualdade de direitos e deveres.

Se Amilcar Cabral juntou todas as etnias da Guiné-Bissau, bem como filhos de Cabo Verde para uma luta comum e de sucesso, apesar das contradições naturais que a diversidade de qualquer unidade impõe a essa mesma unidade, porque é que insistimos em destruir o que no passado nos fez fortes e vitoriosos?!

Amilcar Cabral soube aproveitar as particularidades identitárias para projectar a luta de libertação nacional sem temer os riscos de uma qualquer etnicização, porque para ele, o sucesso da luta passava pela Unidade, por isso ter aliado a palavra Luta à sua principal preocupação, a Unidade, enquanto que a divisão de todas as particularidades identitárias, jamais conseguiria sustentar o propósito de uma qualquer luta.

Apesar de hoje vivermos num contexto diferente daquele da mobilização para a luta armada, peço-vos que leiam ou releiam "UNIDADE E LUTA" de Amilcar Cabral.

Peço-vos igualmente que leiam ou releiam o meu trabalho intitulado "A BALANTIZAÇÃO OU O FOMENTAR (IN)CONSCIENTE DO TRIBALISMO NA GUINÉ-BISSAU"

Tem-se falado muito, ultimamente, na necessidade de reformas nas Forças de Defesa e Segurança, com particular incidência nas Forças Armadas.

Muitas opiniões foram já emitidas a este propósito, todas elas merecedoras de leituras atentas e de análises de fundo.

 Tomei hoje conhecimento de que na reunião sobre a Guiné-Bissau que se inicia na próxima segunda-feira, 20 de Abril na cidade da Praia, em Cabo Verde quatro áreas essenciais vão estar no centro das atenções, com particular destaque para a desmobilização dos militares, com pensões "dignas", ao mesmo tempo que se deverá definir os moldes de novos recrutamentos para evitar a "etnicização" das Forças Armadas que, segundo José Brito, contam com 95 por cento dos seus efectivos da etnia Balanta.  

Querem estabelecer quotas étnicas nas nossas Forças Armadas? Quem e porquê?!

A etnicização de que se fala, como argumento para a definição de novos moldes de recrutamentos nas Forças Armadas, é infundada e contrária à Unidade Nacional!

Instituir qualquer quota étnica nas Forças Armadas abrirá precedentes para que noutras Instituições do Estado se venha a processar o mesmo critério e isso, certamente não é positivo para o país e criará mais divisões e mais instabilidade na Guiné-Bissau!

Quem coloca a questão da instabilidade do país tendo as Forças Armadas como razão de fundo dessa instabilidade, desconhece que as Forças Armadas têm sido manipuladas e influenciadas por políticos e governantes.

Quem conhece a realidade das nossas Forças Armadas sabe muito bem porque é que é constituída maioritariamente por militares balantas. Esses militares não entraram para as Forças Armadas por ter sido imposto numa determinada altura qualquer quota étnica ou obrigatoriedade de só os balantas poderem pertencer às Forças Armadas!

Mas o maior equívoco é o de se fazer crer que as Forças Armadas da Guiné-Bissau são o que são, por serem constituídas, maioritariamente, por militares de etnia balanta.

Será que a etnia balanta é merecedora de desconsideração a esse ponto?

 PAREM, POR FAVOR, ANTES QUE SEJA TARDE. NÃO HÁ UNIDADE NACIONAL QUANDO SE INSTITUEM QUOTAS ÉTNICAS!

A Guiné-Bissau dispensa quotas étnicas e ainda que se defenda uma reforma para as Forças Armadas, de que concordo plenamente, numa perspectiva de modernização e enquadramento contextual, jamais deve permitir que através dessa Reforma das Forças Armadas o país diferencie os seus filhos, até porque cada vez somos mais frutos de uma globalização na sua vertente humana, em que todos somos ramos do mesmo tronco!

Vai para as Forças Armadas quem tiver que ir, como cidadão guineense e não tomado como balanta, fula, mandinga, papel etc.

O Bilhete de Identidade de cidadão nacional não contempla a etnia do cidadão, apesar de, pelos nomes e apelidos se fazer uma leitura sobre a origem étnica de uns e de outros.

A Guiné-Bissau não deve fomentar a segregação, não deve primar pela descriminação dos seus cidadãos através da imposição de qualquer quota quer seja de âmbito étnico, da diferença entre sexos, religião etc.

Voltarei a este assunto brevemente.

Vamos continuar a trabalhar!


Guiné-Bissau: Delegações participam na "Reunião Técnica" sobre reforma nas FORÇAS ARMADAS

 

Cidade da Praia - A "Reunião Técnica" sobre a Reforma do Sector da Defesa e Segurança da Guiné-Bissau, juntará segunda-feira, na Cidade da Praia, 51 delegações, entre países e organizações, na presença do Primeiro-ministro guineense, disse hoje (sábado), à Agência Lusa fonte oficial. 


Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano, José Brito, a presença de tal número de delegações demonstra o interesse "inequívoco" da comunidade internacional em ver ultrapassado um dos principais obstáculos à estabilização política, económica e sobretudo militar na Guiné-Bissau. 


A reunião na capital de Cabo Verde, foi decidida a 25 de Março último, também na Cidade da Praia, durante uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), na sequência de uma proposta nesse sentido apresentada pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). 


Entre doadores, parceiros e organizações internacionais, a reunião técnica, inicialmente prevista como "Mesa Redonda de Doadores", não terá um carácter ministerial, "sendo mais um encontro entre especialistas" de vários sectores, desde o político, ao militar, passando pela segurança e serviços secretos, disse José Brito à Lusa.  


"A ideia é coordenar os projectos e programas já em curso na Guiné-Bissau, que estão dispersos e têm-se mostrado ineficazes. Vamos concentrar os nossos esforços em áreas essenciais, de forma a podermos arrancar, de vez, com a reforma nas Forças Armadas" guineenses, sublinhou o chefe da diplomacia cabo-verdiana.  

 
A Guiné-Bissau, sublinhou, estará presente com uma delegação de 18 pessoas, chefiada pelo Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, que inicia também segunda-feira, uma visita oficial de três dias a Cabo Verde, e que inclui também os ministros da Defesa, Artur Silva, e dos Negócios Estrangeiros, Adiatu Djaló Nandigna. 


Quatro áreas essenciais vão estar no centro das atenções, com particular destaque para a desmobilização dos militares, com pensões "dignas", ao mesmo tempo que se deverá definir os moldes de novos recrutamentos para evitar a "etnicização" das Forças Armadas que, segundo José Brito, contam com 95 por cento dos seus efectivos da etnia Balanta.  


"Tem de se definir um quadro claro para o papel futuro das Forças Armadas, que poderá passar por um serviço militar obrigatório, mais profissionalismo e eficácia, uma vez que estão extremamente etnicizadas, pois 95 por cento dos seus efectivos são da etnia Balanta", afirmou.  


"Há muitas comissões de reforma e não é dado o respectivo seguimento. Seria bom criar-se um organismo central de coordenação, com um secretariado permanente, tanto interno, da Guiné-Bissau, como externo", acrescentou o chefe da diplomacia cabo-verdiana, lembrando que isso envolverá já um novo quadro jurídico e novas leis orgânicas.  


A criação de uma força de protecção das altas entidades civis e militares da Guiné-Bissau, actualmente asseguradas pela FA, é outra questão premente do encontro, frisou José Brito, lembrando que, em qualquer país democrático, é a polícia que tem essa atribuição.  


Outro eixo prioritário é a reforma do sector da Justiça, que não pode ser indissociável do "bolo", uma vez que as constantes crises políticas e militares têm trazido um sentimento de impunidade "que urge acabar".  


A reforma na Justiça permitirá também "abraçar" outra das vertentes da reunião da Cidade da Praia, ligada à questão do narcotráfico, em que é sabido, disse o ministro cabo-verdiano, o envolvimento de militares.  


Entre os convidados estão representantes de Portugal, Estados Unidos, Rússia, China, CPLP, CEDEAO, ONU, as uniões Africana (UA) e Europeia (UE), bem como "alguns países de origem da droga", como Colômbia e Venezuela, a Interpol e Europol. 

Fonte: Angola Press

18-04-2009 10:38

 COMENTÁRIOS AOS TEXTOS DA SECÇÃO EDITORIAL


Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Fernando Casimiro (Didinho)

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