NÃO FAÇAMOS DO FUTEBOL UM PROBLEMA NACIONAL! Fernando Casimiro (Didinho) 02.08.2014
Numa situação de exclusividade, o Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, ultrapassando as funções e competências do Governo que dirige, abriu precedentes relativamente à sustentação da Guiné-Bissau como um Estado de Direito, ao promover, por iniciativa pessoal, mecanismos de intervenção directa sobre uma instituição de direito privado, a Federação de Futebol da Guiné-Bissau como se o Governo substituísse um outro órgão de soberania, neste caso, os Tribunais, isto, se houvesse algum indício criminal decorrente de algum processo do Ministério Público, contra os órgãos sociais da entidade de direito privado que é a Federação de Futebol da Guiné-Bissau. O Sr. Primeiro-ministro, pelos vistos, tem uma vida desafogada financeiramente, comparativamente aos nossos futebolistas... As questões que se colocam, em jeito de chamada de atenção é: E se daqui para a frente nos sectores de responsabilidade directa do Estado e do Governo, se exigir a intervenção financeira pontual do Governo e do próprio Primeiro-ministro para que as instituições funcionem como deve ser, terá o Governo capacidade financeira para satisfazer essas exigências? Terá o Sr. Primeiro-ministro condição financeira (do seu bolso) suficiente para satisfazer todas as exigências, no âmbito das funções e actividades do Governo? Já que o Primeiro-ministro acha que pode ajudar financeiramente, porque não desenvolve um plano/programa a nível nacional a ser debatido e viabilizado na Assembleia Nacional Popular e abrangente à diáspora, de angariação de fundos para situações de emergência nos vários domínios e necessidades do país? Não seria mais transparente, mais patriótico e participativo? Não seria uma forma de permitir que qualquer guineense ou amigo da Guiné-Bissau contribuísse com o seu tostão, mas com satisfação, para que o Estado usufrua de um apoio extra, ainda que tenhamos em consideração as contribuições em forma de impostos?
E é assim que se transforma o Futebol em problema nacional; é assim que políticos e governantes inviabilizam a sustentação e a fiabilidade das instituições. O Futebol federado, incluindo as selecções nacionais é um negócio. Clubes e Selecções têm orçamentos próprios; têm patrocínios de acordo com os seus interesses, bem como têm receitas e despesas próprias. Na Guiné-Bissau continua tudo na mesma, ou seja, um Primeiro-ministro é bom porque o seu governo paga salários; ou porque tem posses e paga do seu bolso contribuições a atletas, incluindo jogadores da Selecção Nacional de Futebol... Com tantos verdadeiros problemas nacionais está-se a cultivar o Futebol como fórmula hipnótica para todo um povo, a exemplo do que acontece noutros países lusófonos. Infelizmente continuamos a enganar-nos a nós próprios!
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