GUINÉ-BISSAU, UMA VISÃO POSITIVA!
De: Uma Portuguesa na Guiné-Bissau

18.02.2009
Não sou guineense. Sou portuguesa, a 
trabalhar na Guiné desde Outubro do ano passado. Tenho uma perspectiva da Guiné 
ainda muito verde e sem escapar a frequentes comparações com S. Tomé e Príncipe 
ou Angola onde já trabalhei anteriormente.
 
Sigo com interesse o site do contributo e vejo com orgulho e prazer o carácter 
nacional de associativismo e mobilização da sociedade civil, que existem na 
Guiné. É verdade que, como em tantos países (leiam as últimas notícias sobre o 
primeiro-ministro português e tirem as teimas), os políticos e governantes 
transmitem pouca confiança, mas na sociedade civil guineense tenho muita. 
 
Trabalho na área da educação e tenho o privilégio de estar inserida num projecto 
de apoio e em parceria com escolas comunitárias, públicas de iniciativa privada, 
privadas e de auto-gestão. Isto significa que, ao contrário de quem trabalha com 
escolas públicas no sentido mais restrito, as aulas começaram em Outubro e os 
professores vão sendo pagos com alguma regularidade.
 
Não sei se é dado o devido valor a esta característica guineense. Garanto-vos 
que não vi nada deste tipo e com esta dimensão em S. Tomé ou Angola.
 
Mas já me desviei do propósito desta comunicação. Escrevo sobretudo para 
acrescentar ao contributo uma perspectiva de alguém que vê a Guiné com olhos de 
recém-chegada. Pretendo mostrar-vos o que quem chega vê e apontar sobretudo os 
pontos positivos.
 
De Julho até agora, o projecto que integro conheceu já 3 Ministros da Educação. 
A característica base do governo guineense para com a cooperação tem sido: "Se 
nos derem dinheiro fazemos o que quiserem". Pois é, esta postura mudou para: 
"Querem colaborar? Vamos ver como a vossa estratégia se articula com a nossa e 
se vem contribuir para os mesmos objectivos". Não sei se conseguem imaginar a 
diferença política que isto significa.
 
Há 2 semanas um elemento da embaixada foi como de costume ao aeroporto levantar 
o correio que chega por mala diplomática. Pela primeira vez foi-lhe pedida uma 
carta de porte, um registo de que aquilo que tinha sido recebido no aeroporto, 
fora entregue à embaixada. O pagamento de impostos é agora feito de forma 
transparente, sem se sair de lá com a sensação de que o dinheiro é distribuído 
logo ali ao balcão. As associações, ONG e outras instituições estão a ser 
chamadas para justificar esta isenção. Não sei se imaginam a diferença 
organizativa, administrativa e financeira que isto significa.
 
Há 2 semanas num encontro da rede de Educação para Todos, o Ministro da Educação 
falou durante cerca de 20 minutos. Foi claro acerca do estado da Educação na GB, 
revelou dados de diagnósticos recentes; comunicou a estratégia que já está e 
continuará a ser assumida pelo governo, esclareceu qual o papel o governo e dos 
parceiros e definiu metas concretas (número de salas, de professores, % OGE, 
legislação a aprovar) a atingir.
 
Não sei como foram os anteriores MEs, mas posso dizer-vos que este sabe do que 
está a falar e se comprometeu com números concretos perante uma plateia de 
parceiros nacionais, internacionais e colegas do Ministério.
 
Penso que ninguém quer criar demasiadas expectativas, mas eu vou arriscar a ter 
algumas e desafio-vos a fazer o mesmo.
 
Estamos juntos
 
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