09.10.2010 
	
	
	 
						
	
	
	 Tudo 
	pronto, falta apenas o ok do Estado italiano. O serviço consular 
	bissau-guineense de Piacenza foi suspenso, e o Governo guineense mantém-se 
	indiferente em relação ao sofrimento e aos apelos dos emigrantes. Pode ser 
	uma forma de agradar os que irão responsabilizar-se pelos pagamentos do 
	contrato de arrendamento e dos salários dos funcionários que irão trabalhar 
	na Representação Diplomática que se pretende abrir em Roma.
Tudo 
	pronto, falta apenas o ok do Estado italiano. O serviço consular 
	bissau-guineense de Piacenza foi suspenso, e o Governo guineense mantém-se 
	indiferente em relação ao sofrimento e aos apelos dos emigrantes. Pode ser 
	uma forma de agradar os que irão responsabilizar-se pelos pagamentos do 
	contrato de arrendamento e dos salários dos funcionários que irão trabalhar 
	na Representação Diplomática que se pretende abrir em Roma.
	
	Como contrapartida os financiadores, que nada 
	têm a ver com o Estado italiano, receberão licenças para fazerem tudo quanto 
	querem em termos de negócios, no país.
	
	É o que se presume relativamente ao que se 
	passa com a comunidade guineense na  zona norte da Itália, privada há 3 
	meses dos Serviços Consulares e Administrativos. Para a renovação dos 
	documentos os conterrâneos têm agora de viajar para Roma ou França e às 
	vezes para Portugal.
	
	Se é verdade que o país não dispõe de meios 
	financeiros para pagar o arrendamento e os funcionários da Embaixada em 
	Dakar  onde o nível de vida é menos caro, tal como sempre a Primatura de 
	Bissau se justificou, como conseguirá dinheiro para manter a Embaixada na 
	capital italiana?
	
	A razão pode estar do lado dos que sempre 
	disseram que os dirigentes guineenses sabem e muito bem que a diáspora é 
	conhecedora dos seus negócios obscuros, por isso nunca se interessaram dos 
	problemas dos emigrantes, porque resolvendo-os estariam a preparar a “bomba” 
	que lhes dizimaria à qualquer hora. 
	
	Não duvido que o estreitar de relações entre a 
	Guiné-Bissau e a Itália vai ser um passo muito importante no campo da 
	diplomacia guineense, tendo em conta os benefícios daí possam advir isso se 
	soubermos "jogar bem na ofensiva". A grande Itália possui potencialidades em 
	quase todos os sectores. O que me preocupa mais é como terminará essa 
	aventura: se os "business" que decorrerem na nossa futura Embaixada, 
	obrigará uma vez mais a que a "DIGOS" ordene seu fecho. Preocupa-me 
	igualmente se de facto os guineenses beneficiarão de pelo menos, dez por 
	cento daquilo que darão os italianos.
	
	Ignoro se é uma exigência legal e obrigatória o fecho do Consulado no país 
	em que se quer  abrir uma Embaixada. Mas, mesmo sendo o caso, o fecho 
	antecipado de um dos consulados nunca justificaria o que se pretende fazer. 
	Pelo contrário, mostra nitidamente como os interesses pessoais se sobrepõem 
	aos do país. Nunca se deve privar o emigrante de Serviços Consulares sem que 
	antes se tenham instalados os Serviços da Embaixada... é um crime.
	
	O papel do Governo numa Nação não é o de 
	complicar, mas sim de ajudar e facilitar o emigrante, que é como que um dos 
	seus parceiros, senão o principal parceiro do desenvolvimento. 
	
	Não sou moralista e jamais o seria, porque não 
	tenho a capacidade para julgar os actos dos outros segundo com base em 
	critérios morais... mas é verdade que grande número de guineenses vive de 
	remessas dos familiares na diáspora, não faz sentido o silêncio do nosso 
	Governo diante da situação em que o prejudicado é seu próprio emigrante.
	
	
	Será que os nossos dirigentes ficarão tranquilos quando ouvirem notícias de 
	que os nossos emigrantes na Itália deslocam-se agora para Portugal e França 
	a fim de prorrogarem documentos, porque Roma, cidade onde tudo se concentra, 
	dista 600km do ponto com a maior concentração da comunidade guineense? Creio 
	que não! Não, porque alguém teria de ser responsabilizado moralmente pela 
	vergonha que o nosso país e a nossa comunidade residente na Itália 
	passassem.
	
	
	É urgente agirmos no sentido de desbloquear a situação, porque não faria 
	nenhum sentido ter um Governo ou Estado que permitisse que os seus 
	emigrantes que trabalham ou estudam na Itália, viajassem para Portugal ou 
	para a China para prorrogar os passaportes e outros documentos.
	
	 
	
	A Guiné-Bissau é um Estado soberano, e essa 
	soberania pertence ao povo. Todos os proveitos dos negócios que se fizerem 
	em seu nome, devem ter consequências na melhoria da vida do povo guineense. 
	O Governo é livre de fazer acordos de cooperação com quem lhe "apetece" e 
	que lhe apresente condições vantajosas. De igual modo tem a liberdade de 
	fazer acordos hoje com Guimarães, amanhã com a família Rossi, com os Kenedy, 
	com Li Peng, Ekutsu e por aí fora... Mas nunca deve permitir que o euro, ou 
	o dólar dos outros guie o nosso país a seu bel-prazer, desrespeitando um dos 
	princípios da Luta de Libertação Nacional que o fundador da nacionalidade 
	Amílcar Cabral sempre defendeu: "fizemos a luta para sermos nós próprios a 
	dirigir os nossos destinos". 
	
	 
	
	Afinal o que é que os nossos governantes estão 
	a tramar? O vosso silêncio perante uma situação dessa anuncia abertamente a 
	influência de terceiros na relação que se pretende ter com o Estado 
	italiano.
	
	O silêncio do Governo guineense face ao fecho 
	do Consulado de Piacenza, o mais próximo dos nossos emigrantes, mostra um 
	episódio de ajuste de contas de alguém que se sente vítima de certos 
	negócios no passado. 
	
	Os interesses de um indivíduo ou de um grupelho 
	nunca deve constituir motivos para o sofrimento de centenas de inocentes que 
	quotidianamente labutam seriamente sob 0° de temperatura para a melhoria de 
	suas vidas e da Guiné-Bissau. 
	
	 
	
	Basta do silêncio do nosso Governo... queremos 
	saber o verdadeiro motivo do fecho do Consulado de Piacenza! Uma carta sem o 
	carimbo nem a assinatura do ministro dos Negócios Estrangeiros nunca pode 
	constituir motivo da vergonhosa história a que assistimos... a abertura da 
	nossa Embaixada em Roma não pode custar-nos mais do que já pagámos. 
	
	
	
	Se depois de 25 anos já não querem o diplomata-industrial que vos fornecia 
	equipamentos e materiais para os Ministérios, o homem que fez entrar para a 
	Guiné-Bissau o maior donativo de sempre, o homem que sempre vos recebe e  
	vos hospeda grátis nos melhores hotéis de Itália, tenham a coragem de lhe 
	dizer “amigo já não te queremos, não existe amizades eternas"... mais nada. 
	Não inventem versículos. 
	
	Luciano Zilocchi nunca foi um cônsul pirata, 
	sempre trabalhou em colaboração e em coordenação com o Estado da 
	Guiné-Bissau. 
	
	Se há quem duvida disso que veja o seguinte: Manuel Saturnino da Costa, 
	vice-presidente do PAIGC, partido no poder, esteve em Novembro de 2009 na 
	Itália, em Piacenza onde, em colaboração com o cônsul Luciano Zilocchi, 
	pediu um encontro com a comunidade guineense residente na Itália. Dessa 
	reunião, o vice-presidente do PAIGC ouviu os conterrâneos pedir mais poderes 
	para o cônsul Zilocchi. Concordou em levar o recado às autoridades de 
	Bissau. Agora pergunto: como pode um alto dirigente do partido e do Estado 
	pactuar com representante diplomático “pirata”?
	
	 
	Se em Junho do corrente ano, o cônsul de Piacenza recebeu por 24 horas uma 
	delegação do Ministério do Interior guineense composta por 4 pessoas que 
	mantinha contactos com empresas italianas para o fornecimento de fardamentos 
	para a Polícia de Intervenção Rápida-"Ninjas", como pode ele ser um cônsul 
	ilegal?
	
	Dai... Mano Queita resolva-nos o problema e mande reabrir o Consulado por 
	enquanto esperamos a resposta de Roma.  Mande reabrir o consulado, mesmo que 
	seja outro o responsável... para nós não é o indivíduo que conta, são os 
	serviços. 
						
	Infelizmente, a abertura da 
	Embaixada não requer uma consulta aos emigrantes, senão a nossa Embaixada 
	que se pretende abrir na cidade de Roma, seria sediada em Milão. Roma fica a 
	600km da zona com maior número de guineenses, lugar onde, para além de 
	Francisco José Fadul e Manuel Saturnino Costa, nenhum dirigente do país teve 
	a iniciativa de visitar oficialmente. Além disso, em Roma reside apenas uma 
	dúzia de guineenses.
	
	Agostinho Pereira Gomes "Apego"