Entre extorsão e muita falta de 
consideração, o povo Guineense vai sofrendo!
 
Edson Incopté  
edson_incopte@hotmail.com
24.05.2009
 Não 
tenho tido tempo para dar o meu contributo sobre os acontecimentos no nosso país 
devido ao facto de estar debruçado no meu projecto final de curso. Mas ao ser 
informado pelo Didinho de que a Procuradoria-geral da República da Guiné-Bissau 
diz não ter dinheiro para prosseguir com as investigações sobre as mortes de 
Tagme e de Nino, uma indignação misturada com tristeza e vergonha tomaram conta 
de mim. Explodiu em mim uma revolta que há muito vem acumulando. Então tive 
necessidade de desabafar.
Não 
tenho tido tempo para dar o meu contributo sobre os acontecimentos no nosso país 
devido ao facto de estar debruçado no meu projecto final de curso. Mas ao ser 
informado pelo Didinho de que a Procuradoria-geral da República da Guiné-Bissau 
diz não ter dinheiro para prosseguir com as investigações sobre as mortes de 
Tagme e de Nino, uma indignação misturada com tristeza e vergonha tomaram conta 
de mim. Explodiu em mim uma revolta que há muito vem acumulando. Então tive 
necessidade de desabafar. 
Não há 
nada pior do que um filho ter vergonha da sua mãe. Não há nada pior do que um 
filho ter medo da sua mãe e, neste momento, os filhos da Guiné têm vergonha da 
sua pátria! Têm medo da sua terra! Os que lá se encontram buscam caminho todos 
os dias, sabe Deus para onde. Os que estão fora têm medo de voltar. Os filhos de 
Guineenses que nasceram em outros cantos do mundo vêem adiado, por medo, o sonho 
de conhecer a terra que fez dos pais o que hoje são. Isso tudo porquê? Porque 
existem alguns atrofiados da mente que se acham donos do poder, gente tão 
ignorante que não sabe distinguir o entre o poder e a liderança. É triste, mas é 
real!
Quanto 
ao facto da PGR vir dizer que não há dinheiro para prosseguir com as 
investigações não caio com surpresa em mim, mas suscitou outras dúvidas. Tais 
como: se não há dinheiro para continuar as investigações, já nem falo dos 
salários dos professores, então de onde sairá o dinheiro para financiar as 
campanhas da chuva de candidatos? De onde sai o dinheiro para os jipes que os 
cabeças poluídos andam a oferecer uns aos outros? Quem financia as viagens 
daquele bando de cabeça poluída? Os Guineenses querem respostas senhores…
A PGR 
diz não haver dinheiro para seguir com as investigações, então que tal cobrar a 
promessa feita na voz de Muammar Kadhafi, como presidente da UA?  
"Quero dizer-vos que a União Africana e os Estados do CEN-SAD 
(Comunidade dos Estados Sahel-Saarianos) vão investigar o assassínio do 
Presidente 
('Nino' Vieira) "
Ou será 
que o senhor Muammar Kadhafi só soube movimentar os cordelinhos na altura de 
garantir que o Malam Bacai Sanhá seria o candidato do PAIGC? 
Seja 
como for, é absolutamente triste e repugnante o que se está a verificar na nossa 
terra. Seja mais sério no exercício do seu papel senhor Cadogo, o povo confiou 
em si e atribuiu-lhe a maioria absoluta, então honre esse mesmo povo, minimize o 
sofrimento desse povo sofredor. Suma ku aguim kanta, “si aguim pidi 
ordidja e cargantado, si bim ka pudi e ta pidi só pa i riantado. I ka Borgonha!” 
É isso mesmo senhor Cadogo, se o senhor acha que o fardo é demasiado pesado, 
então dê a oportunidade a outro.
Mas devo 
confessar senhores, que o que mais me preocupa neste momento, são os meus irmãos 
estudantes que estão na Guiné-Bissau. Sim, porque enquanto se exaltava a falta 
de bom senso numa verdadeira chuva de candidatos, muitos dos meus irmãos estavam 
e estão sem poder estudar. Enquanto verdadeiros palhaços de circo desenham os 
seus números, o ano lectivo caminha a passos largos rumo à sua anulação! 
Simplesmente, ninguém tem coragem para admitir esse facto, mas todos sabem que é 
o que vai acontecer, apesar de, nem mesmo aqueles que iniciaram as campanhas 
desde 2007 falarem no assunto, por covardia ou porque não lhes beneficia. Na 
realidade, isso não constitui surpresa para ninguém.
Não 
esqueçamos que se trata de um ano lectivo que se iniciou com um grande atraso, 
isto é, deveria ter começado em Outubro e acabou por ter início apenas em 
Janeiro e só graças ao bom senso dos professores, o tal bom senso que faz falta 
a muitos políticos daquele país! Os docentes acreditaram nas palavras do senhor 
Carlos Gomes Jr. e do seu governo e resolveram dar o beneficio da dúvida aos 
mesmos. O que se veio a verificar depois foi, nada mais, nada menos, do que uma 
falha do governo em cumprir a sua palavra e os seus compromissos. Então os 
professores não viram outras vias se não embarcarem num barco de greve sem a 
linha final à vista, ao ponto do ano lectivo estar seriamente comprometido. A 
confirmar-se esse facto, os prejudicados serão os estudantes Guineenses, 
principalmente os mais carenciados, o que equivale dizer a grande maioria. Pois 
aquela minoria constituída pelos filhos dos senhores ministros, esses andam 
todos nas escolas privadas, isso quando ainda não compraram bolsas de estudo 
para Europa. Então não são afectados, logo os senhores governantes não se 
inquietam. Aliás, para quê preocupar com os filhos dos outros quando os meus 
estão muito bem servidos?! Os filhos dos outros que se lixem.
Como já 
disse em outras ocasiões, a formação é a condição primária para o 
desenvolvimento. Sendo assim como pode um Governo que tanto prometeu, vacilar 
num sector tão importante como é o da Educação?! Eu sei que me vão perguntar, 
mas afinal em que sector o Governo Guineense não falha. Mas há que criar 
prioridades e o sector da Educação é um sector prioritário em qualquer parte do 
mundo, justamente por ser o pilar que sustenta qualquer sociedade sã e 
disciplinada. 
Eu sei 
que este problema das greves não é uma novidade no panorama Guineense e nem é 
algo que acontece algumas vezes. Muito pelo contrário, todos os anos a história 
repete-se, greve sim, greve não. Sendo que o prejudicado é sempre quem quer 
aprender. Mas, não é por isso que nenhum filho da Guiné espera ver repetido 
aquela brincadeira de mau gosto que o maior palhaço da Guiné-Bissau, chamado 
Kumba Yalá, fez há anos atrás, quando o ano escolar foi marcado por sucessivas 
greves e no final, um presidente sem a mínima noção das coisas, vem dizer que os 
alunos passaram todos e os professores é que chumbaram. Não queremos e não vamos 
aceitar tamanho desrespeito! Existe material humano suficiente para se fazer um 
trabalho sério e credível a nível educacional na nossa pátria. Por isso, 
senhores Ministros, respeitem os professores e respeitem igualmente os alunos 
que são o futuro daquele país.
Aos meus 
irmãos estudantes quero enviar um grande abraço de solidariedade, pedindo que 
mantenham a motivação; que não permitam que nada, nem ninguém roube aquela 
vontade de aprender, ser e fazer. Aquela vontade de estudar e gritar pela 
mudança. Vamos manter a vontade intacta, pois o nosso grito há-de sair, ecoará 
no futuro e acordará a tão desejada transformação de mentalidade.    
 
Havemos 
de gritar vitória meus irmãos… no meio do sacrifício havemos de gritar vitória!
 
Estamos 
juntos!