COMENTÁRIO E SUGESTÃO DE DULCE BORGES A PROPÓSITO DA Análise Interlinear morfema a morfema do poema

Na kal lingu ke n na skirbi (de Odete Costa Semedo) POR INCANHA INTUMBO.

 

 

 

 

 

 

 

De: Dulce Borges
Enviada: sexta-feira, 19 de Dezembro de 2008 14:13
Para: didinho@sapo.pt
Assunto: RE: www.didinho.org

 

Uma excelente análise do poema em crioulo da Odete Semedo! Parabéns ao Incanha Intumbo!! Fico pensando se não é o momento de se introduzir no curso de formação de professores de uma disciplina ‘Introdução ao estudo do crioulo’ para pesquisa mais generalizada, compreensão e aprofundamento dessa língua de tanto significado na nossa cultura e para o sistema de ensino! O Incanha Intumbo tem qualificação para elaborar essa proposta!!

O domínio do português passa necessariamente pelo domínio do crioulo estruturado, já diziam os linguistas africanos e outros nos idos dos anos 70...

Obrigada pela oportunidade de ver este trabalho e abraços, Dulce  

 

 


 

 

 

Análise Interlinear morfema a morfema do poema

Na kal lingu ke n na skirbi[1]

(de Odete Costa Semedo)

Exemplificando a gramática do crioulo guineense

 

 

  CG Dra. Odete Costa

1.SG

 

– item gramatical analisado - Incanha Intumbo incanha@yahoo.com.br

 

 

1-CG

Na

kal

lingu

ke

n

na

skirbi…

 

 

 

 

PREP

INTER

língua

REL

1.SG

TMA

escrever

 

 

 

PORT

em

qual

língua

que

eu

 

escrever

 

 

 

Trad

Em que língua escrever?’

 

 

 

2-CG

nha

diklarason

-s

di

amor?

 

 

 

 

 

POSS

declaração

PL

de

amor

 

 

 

 

PORT

minha

declarações

de

amor

 

 

 

 

Trad

‘as declarações de amor?’

 

 

 

                              

 

 

NOTAS (resumo da gramática):

 

 

1.SG

 

O pronome pessoal sujeito clítico da primeira pessoa do singular no crioulo, é a nasal velar /ŋ/ ‘eu’. Pode ocorrer sob a mesma forma, não apenas no crioulo mas também no balanta n’ten ‘eu tenho’, bem como em algumas línguas africanas guineenses, tal como o mancanha n’di ka, o manjaco ma n’ka ‘eu tenho’, o papel ndji ka ‘eu tenho’. Em algumas dessas línguas a nasal velar não representa o pronome pessoal clítico em causa, mas sim o segmento inicial do mesmo pronome. Isso levou-me a concluir que etimologicamente as formas deste pronome nas línguas africanas da Guiné (pelo menos em algumas delas) pode relacionar-se com a forma crioula.

O nosso crioulo distingue, na série dos pronomes pessoais sujeito, as formas enfáticas (usados como reforço) das não enfáticas (de uso obrigatório). Os pronomes pessoais enfáticos nunca são argumentos do predicado (Kihm 1994:151[2]). Quer os enfáticos quer os não enfáticos, ambos podem desempenhar a função gramatical de sujeito, e apenas algumas formas dos não enfáticos podem desempenhar as funções de objecto directo, de objecto indirecto e de objecto de preposição (ibid). Os pronomes pessoais objecto de preposição são formalmente idênticos aos pronomes pessoais sujeito enfáticos sem o prefixo a- nas duas primeiras pessoas. Apenas os não enfáticos ocorrem isolados como sujeito do verbo. Os enfáticos ocorrem sempre acompanhados dos não enfáticos:

 

3-CG

 

N

tene

fidju

matcu.[3]

CG

(Ami)

N

tene

fidju

matcu.

CG*

Ami

___

tene

fidju

matcu.  [agramatical]

 

1.SG ENF

1.SG N.ENF

tene

fidju

matcu.

 

Eu

eu

ter

filho

macho

PORT:

‘Tenho um filho’

 

TMA

 

Pensa-se que as formas verbais do crioulo guineense derivam da 3ª pessoa do singular do presente do indicativo das formas portuguesas. Há quem relacione a etimologia (a origem) das formas dos verbos do nosso crioulo ao infinitivo português, com a apócope da vibrante em final absoluto (r em final de palavra). Ora em palavras como lugar embora não sendo verbo, a vibrante final não caiu e continuamos a dizer lugar em crioulo. Ou ainda, não consegui relacionar a forma i (forma do verbo sedu ‘ser’) com o infinitivo do português ser com a apócope da vibrante. Mas é mais consensual a sua relação etimológica com a forma é.

As gramáticas tradicionais das línguas românicas, a do português no caso, ensinam-nos que a estrutura dos verbos é constituída por um radical (invariável nos verbos regulares), uma vogal temática (indica a conjugação a que o verbo pertence) e uma série de desinências, onde estão amalgamadas as informações do aspecto, tempo, modo, pessoa e número gramaticais. Assim por exemplo a forma verbal do português cantávamos pode ser decomposta em:

cant

-a

-va

-mos

RAD

V. TEM

IMP IND

1.PL

 

 

 

 

Isto é, na forma verbal dada temos elementos que nos permitem deduzir que cantávamos é uma forma do verbo cantar da 1ª conjugação, na primeira pessoa do plural do imperfeito do indicativo.

 

Ora no nosso crioulo  as informações de tempo, de modo e de aspecto (TMA) são nos fornecidas por elementos pré ou pós postos aos verbos, também chamados no campo da linguística de contacto de marcadores de TMA. São eles: os marcadores pré verbais {na e ta} enquanto que os pós verbais são {ba, dja  e ba dja}.

-             O marcador pré verbal na indica que a acção enunciada pelo verbo que lhe segue está em curso ou há-de ocorrer num momento posterior. Por isso é chamado de marcador do progressivo ou do tempo futuro;

-             O marcador ta indica que a acção ou o estado do verbo é recorrente, habitual. Também é usado para formular pedidos ou ordens que devam ser cumpridos, conforme a disposição do destinatário. É o marcador do habitual e pode servir como marcador do modo conjuntivo;

-             Na posição pós verbal, o marcador ba indica que a acção ou o estado do verbo decorreu num momento anterior (marcador do anterior) e se combinado com o na pré verbal, indica que a acção estava  em curso quando uma outra acção, também ela pretérita, decorreu;

-             O marcador dja quando posposto a um verbo estativo (vulgo verbo de estado), indica que a acção teve um início e um fim num momento anterior. Embora os verbos não estativos (vulgo verbo de acção) quando não marcados com nenhum dos morfemas pós verbais possam indicar o anterior, frequentemente são marcados de forma redundante com esses morfemas (pós verbais);

-             e a combinação ba dja indica que a acção ou estado do verbo ocorreu num momento anterior a outro momento, também anterior:

 

Progressivo/Futuro

N

na

bay

bias.

 

 

Estou a viajar/viajarei.

Vou viajar.

 

Habitual/Conjuntivo

N

 

Bu

ta

 

ta

bay

 

bin

bias.

 

buskan.

 

Costumo viajar.

Viajo sempre.

Vem buscar-me (quando puderes).

 

Anterior

N

bay

ba

bias.

 

Viajava / Viajei.

 

Completivo

N

Kume

dja.

 

 

(Já) Comi.

 

+Anterior

N

bay

ba dja

bias.

 

Tinha viajado

 

 

Note-se que a natureza do dja é ambígua, porquanto em determinadas estruturas funciona como um advérbio, noutras como um marcador de TMA (cf. Peck 1988, Kihm 1994). 

Das combinações de marcadores pré e pós verbais e do uso dos auxiliares bin ‘vir’, bay ‘ir’ podem resultar outros tempos, aspectos e modos verbais complexos.

CONDICIONAL

N

na

bin

ba

Guiné…

 

eu

PROG

vir

ANT

Guiné

 

‘Viria à Guiné…’

 

IMPERFEITO CONJUNTIVO

si

N

tene

ba

dinheru

N

bay

Guiné

 

se

eu

ter

ANT

dinheiro

eu

ir

Guiné

 

‘… se tivesse dinheiro.’

                     

PL

A.

 Kihm (1994:129) nota que no nosso crioulo o marcador ba (ou ban, em Cacheu na Guiné Bissau e em Ziguinchor, no Casamance) pode ser prefixado aos nomes próprios de pessoas para indicar a sua família, amigos etc. Kihm relaciona-o ao “prefixo da classe 2 /ba-/, marcador do plural dos nomes humanos, presente em várias línguas da região, principalmente no manjaku (MANJ), balanta (BAL) e diola (DI)”.

Note-se que o ba (2.PL,  Maristella 1985) do BAL (o lecto balanta que conheço) é a forma enfática de bi, pronome pessoal sujeito 3.PL, não enfático.

 

4a-CG

Ba

Ntoni

 

3.PL

António

‘António e a sua família e os seus amigos’

 

4b-BAL

Bi-

Ntoni

 

3.PL

António

‘António, a sua família e os seus amigos’

 

No mesolecto e no acrolecto o plural pode ser inferido a partir do contexto ou indicado morfologicamente através da sufixação do morfema de plural {–s}  aos  nomes,  especialmente  os  [+  humanos].  Por outras palavras, as variedades mesolectais e acrolectais marcam o plural através do mesmo processo morfológico usado no português.

Contudo, nas variedades basilectais apenas os núcleos nominais [+humanos] não   precedidos   de   um   quantificador (dus, tris… manga del… ‘dois, três… muitos’)   recebem a3wa marcação morfológica do plural. Apesar destas diferenças entre si, todas as variedades do crioulo partilham o facto de os determinantes e os modificadores serem invariáveis e não receberem, por isso, qualquer marcação de número.

5-CG

mininu

djiru __

 

menino SG

inteligente SG

            ‘um menino inteligente’

 

6-CG   mininu-s       djiru __

            menino -P inteligente:SG

            ‘uns meninos inteligentes’

 

7-CG

Na

kal

lingu

ke

n

na

kanta…

 

 

 

PREP

INTER

língua

REL

1.SG

TMA

cantar

 

 

PORT

em

qual

língua

que

eu

 

cantar

 

 

Trad

Em que língua cantar?’

 

 

 

                      

8-CG

storias

ke

n

kont

- a

-du?

 

 

 

 

histórias

REL

1.SG

RAD

V.TEM

PASSIVA

 

 

 

PORT

histórias

que

me

conta

-do

 

 

 

Trad

‘As histórias que ouvi contar?’

 

   

 

 

 

PASSIVA

Os verbos transitivos do crioulo guineense aceitam o sufixo passivo –du, certamente derivado da flexão do particípio passado do português -do. A estrutura da voz passiva varia, desde a típica do português à estrutura passiva típica deste crioulo: o objecto directo da frase activa passa a ser o sujeito da frase passiva, o verbo da frase activa é conjugado com o auxiliar ser e é-lhe sufixado o afixo –do e o sujeito da frase activa passa  a  ser  o  complemento  agente  da  frase  passiva . No crioulo também o objecto directo da frase activa passa a sujeito da passiva, o verbo da activa recebe o sufixo -du (sem o auxiliar sedu ‘ser’) e o complemento agente da passiva normalmente não é expresso.

 

A estrutura típica do crioulo é a mais frequente, porque a sintaxe da voz passiva acrolectal gera confusões, sendo o sintagma preposicional frequentemente interpretado como objecto indirecto, devido a homofonia das preposições pa ‘por’ e pa ‘para’. Quando simplesmente se transfere a sintaxe da voz passiva do português para crioulo e quando se lhe quer atribuir os mesmos grupos sintácticos pode induzir a erros, não só pela confusão entre pa ‘por’ e pa ‘para’ (Semedo 2008, informação pessoal). Para uma melhor clarificação do sentido da frase, o crioulo guineense adiciona opcionalmente uma oração a forma passiva.

 

9-CG

Dan

kume

panket.

ACTIVA

 

SUJ

V

OD

 

 

Dan

comer

panqueca

 

 

‘A Dan comeu as panquecas.’

 

 

10-CG

Panket

kume

-du.

PASSIVA

 

SUJ

V

PAS

 

 

Panqueca

comer

-do

 

 

‘A panqueca foi comida.’

 



 

11-CG

… i

Dan

ku

kume

-l

 

ser

Dan

que

comeu

-a

 

‘…foi Dan quem a comeu.’

 

12-CG

Na

kal

lingu

ke

n

na

skirbi…

 

 

 

 

PREP

INTER

língua

REL

1.SG

TMA

escrever

 

 

 

PORT

em

qual

língua

que

eu

 

escrever

 

 

 

Trad

 

Em que língua escrever?’

 

 

                                                                     

13-CG

pa

n

konta

fasaña

-s

di

mindjer

-is

 

 

PREP

1.SG

contar

façanhas

-PL

PREP

mulher

-PL

 

PORT

para

eu

contar

façanhas

de

mulheres

 

Trad

contando os feitos das mulheres’

 

 

 

14-CG

ku

omi

-s

di

ña

tchon?

 

 

CONJ

homem

-PL

de

POSS

chão

 

PORT

com

homens

de

minha

terra

 

Trad

‘E dos homens do meu chão?’

 

 

 

15-CG

Kuma

ke

n

na

papia

di

no

omi

-s

garandi,

 

INTER

INTER

1.SG

TMA

falar

PREP

POSS

homem

-PL

grande

PORT

como

que

eu

FUT falar

de

nosso

homens

grande

Trad

‘Como falar dos velhos,’

 

16-CG

di

no

pasada

-s

ku

no

kantiga

-s?

 

 

 

 

PREP

POSS

passado

-PL

CONJ

POSS

cantiga

-PL

 

 

 

PORT

de

nosso

passado

com

nosso

cantigas

 

 

Trad

‘das passadas e cantigas’

 

 

                               

 

 

RELATIVO

 

Ku/ki, pronome relativo, conjunção ou preposição?

               A primeira constatação é que o ku divide-se em dois  o ku, eum dos seus alomorfes ki, ou o mais raro k, ‘que’.  Introduz as orações relativas são introduzidas e o seu uso é obrigatório. Podem funcionar como sujeito ou objecto directo da oração relativa.

 

 C17-CG

Omi

[ku

mora

na

e

kasa]

i

pursor.

 

homem

REL

morar

em

esta

casa

é

professor

                   ‘O homem que vive nesta casa é professor.’

 

 18-CG

Omi

[ku

bu

odja]

(i)

kumpridu.

 

homem

REL

2.SG

ver

3.SG

alto

                    ‘O homem que viste é alto.’

              

A sua forma clítica ki pode ter resultado da assimilação do ponto de articulação da vogal i do pronome pessoal sujeito 3.SG . O emprego indiferenciado do ku ou ki ao que parece é livre. Porém dados empíricos mostram que o ku é mais basilectal (kryol fundu) e o ki é mais acrolectal (kryol lebi).

               Note-se ainda que o ku pode ser uma conjunção coordenada copulativa, ami ku Djon ‘eu e o João’, bem como pode ser um pronome relativo (cf. os exemplos anteriores) e ainda uma preposição n diyanta ku nha amigu ‘estou com o meu amigo’. Não se confunda porém o ku com o ke (pronome interrogativo).

 

19-CG

Pa

n

konta

-l

na

kriol?

 

 

 

 

 

PREP

1.SG

contar

-3.SG

PREP

crioulo

 

 

 

 

PORT

para

eu

contar

as

em

crioulo

 

 

Trad

‘falarei em crioulo?’

 

 

                       

 

 

-3.SG

Pronome pessoal clítico 3.SG, objecto directo. Segundo a convenção de Scamtamburlo 2007, deverá ser sufixado ao verbo.

 

20-CG

Na

kriol

ke

n

na

konta

-l!

 

 

PREP

crioulo

REL

1.SG

TMA

contar

-a

 

PORT

em

crioulo

que

eu

FUT  contar

 

 

Trad

‘Falarei em crioulo!’

 

 

                   

 

 

 

21-CG

Ma

kal

sinal

ke

n

na

disa

 

 

CONJ

INTER

sinal

REL

1.SG

TMA

deixar

 

PORT

mas

qual

sinal

que

eu

FUT deixar

 

Trad

‘Mas que sinais deixar.’

 

 

 

 

CONJ

Conjunção adversativa.

 

22-CG

Netu

-s

di

no

djorson?

 

 

 

 

neto

-PL

PREP

POSS 1.PL

geração

 

 

 

PORT

netos

de

nossa

geração

 

 

Trad

‘Aos netos deste século?’

 

 

 

 

neto

O objecto indirecto do nosso crioulo não é precedido de preposição ou de contracção de preposição. Os verbos ditransitivos requerem dois complementos, o objecto directo e o indirecto, sendo que a sua sintaxe dentro do sintagma verbal obedece a uma hierarquia: o verbo é seguido do objecto indirecto e só depois o objecto directo.

 

23-CG

N

da

Djon

karu.

 

 

1.SG

dar

João

carro

 

 

 

 

OInd

OD

 

 

‘Dei um carro ao João.’

 

 

24-CG

Ña 

rekadu

n

na

disa

-l

tambi

na

(u)n

fodja.

 

POSS

recado

1.SG

TMA

deixar

o

também

PREP

IND

folha

PORT

meu

recado

eu

FUT deixar

-o

CONJ

em

uma

folha

Trad

‘Deixarei o recado num pergaminho’

 

 

 

NOTA SOBRE O SINTAGMA NOMINAL

O sintagma nominal do crioulo guineense pode ser constituído:

(a)  exclusivamente  pelo  cleo,  seja  este  ocupado  por  um nome ou por um pronome;

(b) pelo núcleo nominal e seus determinantes, quantificadores e/ou modificadores.

Os determinantes especificadores do nome podem ser homónimos dos pronomes demonstrativos: e, es  e ki (e parecem estar etimologicamente relacionados com esse e aquele do português), e são invariáveis quanto ao número e quanto ao género. A função desses constituintes é a de especificar os nomes que acompanham. O seu emprego dá um carácter específico ao nome (por oposição ao indefinido) e a sua ausência pode dar uma leitura genérica ao nome.

Como já se disse, no nosso crioulo não há concordância de número e de género entre o núcleo nominal (normalmente marcado em número em todos os lectos, e em género apenas no mesolecto [ocasionalmente] e no acrolecto):

 

25-CG

Omi

-s

garandi

___

 

Homem

-PL

grande

PL

 

‘ os velhos’

 

 

 

 

 

O paralelismo desta estrutura do sintagma nominal com a das línguas africanas vizinhas do crioulo guineense indica uma relação de influência estrutural das línguas africanas no crioulo.

 

NOTA SOBRE O SINTAGMA VERBAL

Os verbos adjectivais

No crioulo guineense, tal como nas línguas africanas da Guiné, existe a categoria dos verbos adjectivais, i.e., alguns dos elementos conhecidos na gramática tradicional como adjectivos funcionam nestas línguas como verbos, podendo ser marcados com os morfemas de TMA para indicar o tempo o modo e o aspecto gramaticais.

 

26-CG

N

 

famozu

ba.

 

Eu

Ø

famoso

TMA

 

‘Eu era famoso’

 

Os adjectivos do português não têm estas propriedades.

Esta exploração gramatical (análise) foi feita com base na convenção para a análise interlinear morfema a morfema de Leipzig (Leipzig Glossing Rules), edição revista de 2003.

 

 

 

 

 

 

 

ABREVIATURAS

 

(i)                          item de uso opcional

ANT                      anterior

+ANT                    mais anterior

AUX                      auxiliar

BAL                       balanta

CG                        crioulo guineense

ENF                      enfático

-ENF                     Não enfático

HAB                      marcador do habitual

IND                       indicativo

INTER                   interrogativo

IMP                      imperfeito

NUM                    numeral

OD                        objecto directo

OInd                     objecto indirecto

PASS                    passiva

PL                         plural / pluralizador

PORT                    português

POS                      possessivo

PP                         particípio passado

PREP                    preposição

PROG                   marcador do progressivo

RAD                      radical

REL                       relativizador s   singular

SN                        sintagma nominal

TMA                     marcador de tempo, modo ou aspecto

V.ADJ                    verbos adjectivos

V.TEM                  vogal temática


 

[1] SEMEDO, Maria Odete da Costa. Entre o ser e o amar. Bissau: INEP, Colecção Kebur, Nº 3, 1996. p.10-13.

[2] KIHM, Alain (1994). Kriyol Syntax: the portuguese-based creole language of Guinea-Bissau. Amsterdam,         Philadelphia: John Benjamins.

 

 

[3] No basilecto (kryol fundu) o género é marcado (normalmente nos nomes [+humanos] e por via lexical, i.e., pospondo aos nomes as palavras macho ou femia (‘macho’ ou’ femea’) para o masculino ou feminino. No mesolecto e no acrolecto porém, pode usar-se (de forma redundante) a marcação do basilecto e a marcação por sufixação, seguindo as regras do português.

 

 


DEIXE O SEU COMENTÁRIO

A TER SEMPRE EM CONTA: Objectivos do Milénio

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

www.didinho.org