A PROPÓSITO DE HIGIENE DAS POPULAÇÕES

 

 

 

 

Prof. Joaquim Tavares

J.TAVARES, MD, FCCP, FAASM

joaquim.tavares15@gmail.com

04.10.2008

 

Uma senhora de 34 anos de idade, oriunda do México, foi trazida aos serviços de urgência pelo marido, porque teve um episódio de convulsão; na sala de urgência, a senhora teve um outro ataque de epilepsia e como não recuperou a consciência, teve que ser entubada.

O tratamento protocolar da epilepsia foi iniciado e um TAC revelou um nódulo calcificado no lobo frontal direito (ver imagem). O residente pediu uma MRI (Imagem de Ressonância Magnética) que vai ser obtida amanhã.

 

 

 

 

 

Muitos dos colaboradores do CONTRIBUTO abordaram temas relacionados com a higiene da população, doenças causadas pela falta de higiene etc.

Como alguns já terão diagnosticado, este é um caso de neurocisticercosis; ainda me lembro quando era pequeno, e sempre com as neblinas de mistério, de crenças tradicionais a ditarem as nossas acções/pensamentos, lembro-me de pessoas que tinham epilepsia (cabeça ta durbal), e a única explicação era: muro, iran etc.

 

Sabendo agora que a neurocisticercosis é a primeira causa da epilepsia na América Latina, Índia, África e China, talvez esses indivíduos tivessem na neurocisticercosis a causa das suas doenças.

 

A neurocisticercosis é adquirida através da ingestão de comida (carne de porco, legumes etc.), contaminada com fezes de um hóspede com Taenia Solium (pessoas a defecarem nos riachos, pessoas que não lavam as mãos antes de comer, hábito de comer com as mãos no mesmo cabaz etc.) quando ingerimos os ovos da Taenia, estes são expostos ao ácido do estômago que destrói a cápsula dos ovos que assim se transformam em quistos larvares (oncosferas); as oncosferas atravessam as paredes gastrointestinais e invadem os vasos sanguíneos, chegando aos músculos, cérebro, olhos etc.

Nestes órgãos, os quistos larvares provocam uma resposta imune e podem permanecer neles por muitos anos.

 

Geralmente, a neurocisticercosis pode apresentar-se como ataques epilépticos (70% a 90% da apresentação aguda) ou como dores de cabeça.

 

O tratamento pode ser feito com albendazol ou praziquantel (ainda há muita controvérsia sobre o tratamento, mas um estudo feito por Vasquez e Sotelo - New England Journal of Medicine-1992, volume 327, paginas 696-670, mostrou uma redução de ataques de epilepsia (93%).

 

 

Para este artigo, revi o processo clínico da doente; a revista da Sociedade Americana de Epilepsia e o New England Journal of Medicine.

 

Claro que o melhor tratamento é prevenir: e prevenção exige um esforço comum dos responsáveis da saúde, das populações e muita educação.

 

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