ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
SOBRE O DIDINHO, O CONTRIBUTO E A GUINÉ-BISSAU
Matteo Candido 
*
08.02.2010 

Prezada Filomena 
Tenho presente a breve menção feita  na secção Nô Djunta Mon na sua 
intervenção a favor do Didinho. 
Eu também escrevi directamente para ele. 
Reitero o meu compromisso sem reservas sobre o que você escreveu no seu texto em 
defesa do Didinho e, sabendo o tipo de divergências que você teve com ele sobre 
o desenrolar da batalha pela democracia na Guiné, ofereço algumas de minhas 
impressões. 
Ai, se o 
Didinho abandonar o seu posto de luta! 
O site que construiu, a rede que criou; sua capacidade de recolher e partilhar 
documentos importantes da complicada situação do pós-independência da Guiné; a 
profundidade das suas análises, tudo isso lhe deu um prestígio considerável, 
porque 
procura a verdade e persegue a justiça. 
Por outro 
lado, tem despertado ódio e ataques daqueles que não se importam com a verdade e 
a justiça e tudo fazem para que a situação guineense não mude e assim 
continuarem a gerir confortavelmente os seus interesses obtidos à custa do 
sacrifício das populações, hipotecando cada vez mais o 
seu futuro. 
Mas a situação real da Guiné não é, na minha opinião, favorável a grandes e 
rápidos progressos no sentido de uma mudança imediata, efectiva e estável.
As pessoas são fracas e 
sem recursos, para além da poesia, danças e canções, que são muito bonitas.
A proposta de criação do Núcleo de Cidadania e depois a da criação da  
Associação Guiné-Bissau - CONTRIBUTO feitas pelo Didinho, tiveram pouca adesão.
Há muito medo de se expor publicamente através de uma assinatura, pois pode 
originar ações de represália que a justiça guineense, desprovida de recursos e 
estruturas, mesmo querendo proteger as pessoas, não pode fazê-lo.
Grande e grave é a responsabilidade do Ocidente perante o impasse que existe no 
país. 
Se as pessoas realmente não contribuírem para mudar o mundo, e não apenas 
através de palavras como se tem feito até agora, a Guiné não se livrará dos seus 
problemas. O 
CONTRIBUTO refere-se bastante a este direito internacional. 
Mas há também um trabalho que deve ser feito pelos guineenses em primeira mão.
Especialmente aqueles que estão no estrangeiro - por estarem mais seguros e, por 
isso, melhor posicionados, devem dar a cara e participar em termos mais 
práticos, principalmente agora que está disponível para todos a Associação 
proposta pelo Didinho, que dará força às 
idéias e implementará a boa vontade. 
 Esta 
Associação deve estruturar-se sobretudo e expandir, para se tornar numa voz com 
autoridade e numa força decisiva para a liberdade e a honestidade que se exigem 
para a Guiné. 
E sobre a luta que trava o Didinho, sua coragem e lealdade na sua batalha contra 
a injustiça e a opressão, são admiráveis, especialmente porque também chama a 
atenção das autoridades  para o cumprimento do dever. 
Mas, será que ao fazê-lo directamente, identificando as pessoas, indicando 
nomes, é útil, ou contraproducente para a Guiné? 
A questão não desvaloriza as acusações, mas os acusados sabem que estão rodeados 
de muitos corruptos como eles, de que é urgente precaver-se. 
A primeira preocupação é não cometer imprudências ou dar passos em falso:  
se Nino não saísse de cena,  provavelmente, o próprio Cadogo seria obrigado 
a isso após a morte de Waie. Estamos 
ainda numa situação do tipo Far - West. 
E o grupo que agora tem em mãos a gestão da Guiné, sabendo não ter a consciência 
tranquila, tenta sobreviver, e eles vêem que cumprir formalidades, regras e leis 
daria vantagens aos adversários sem escrúpulos, e que constituiria um perigo 
mortal.
Sobre os atuais líderes da nação, políticos e militares, não tenho o 
conhecimento que vocês têm. 
Lamentei que H. Rosa não tenha sido eleito presidente, e fiquei impressionado 
com a forma brutal como as duas mais altas figuras do estado foram eliminadas. 
Contudo, em relação
aos atuais líderes, com todas as suas fraquezas e falhas, não acho que nos dias 
de hoje possam ser substituídos por outros altos executivos. 
Também 
acho que alguma coisa mudou no país e a nomeação de um novo Procurador-Geral da 
República, Amine Saad, afigura-se crucial para inverter a situação real do país.
É também do ponto de vista jurídico que deve ser feita a ordem. Acho que há mais 
do que uma Constituição da República em vigor, uma vez que não foi abolida a 
velha aquando da substituição pela mais recente - pelo menos foi o que pude ler, 
em Bissau, numa tese publicada por um guineense - E 
Isto dá sempre larga margem de manobra aos desonestos para bloquearem  
tudo. 
O trabalho de crítica e condenação dos abusos deve prosseguir, mas também se 
deve evitar ataques de forma directa e pessoal contra aqueles que actualmente 
dirigem, embora nem sempre com clareza, os destinos da Guiné-Bissau. 
 
* 
Pedagogo italiano, amigo da Guiné-Bissau.
 
 OPINIÃO
										- Filomena Embaló - 
  		
										
										29.01.2010
OPINIÃO
										- Filomena Embaló - 
  		
										
										29.01.2010
  
  
						
VAMOS CONTINUAR A 
TRABALHAR!
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