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A JUVENTUDE, UMA GERAÇÃO SEM IDENTIDADE! 
Bacar Queta 
* 
quetaqueta2@yahoo.com.br 04.01.2010 
 A 
identidade cultural de um povo é a marca única que caracteriza os seus valores, 
ela é como corpo duma alma. A cultura é o único mecanismo com que um povo 
consegue manifestar o seu charme e a sua personalidade. Então um povo sem 
identidade cultural é como um povo sem personalidade, beleza, pensamento, e 
corre o risco de ser dependente e alienado. 
O pensamento que antecedia a nossa geração, sem duvida, era o de 
grande virtude e conseguia elevar o país num estagio Record, mostrando ao mundo 
quão linda é a nossa cultura. Pois, havia uma preocupação em personalizar o País 
a conquistar grandes  desafios internacionais.  
A Guiné-Bissau, à luz deste pensamento nacionalista, conquistou 
orgulhosamente grandes prêmios internacionais, e uma das conquistas foi o 
Festival 78 em Cuba. A nível da sub-região era um paraíso de cultura 
reconhecido. O mais importante nessa historia é que gumbe e outros estilos 
tradicionais eram bem conservados e todos refletiam neles as suas obras 
musicais, primando enaltecer ou  internacionalizar esses estilos. E até agora os 
puristas da musica guineense – os músicos da velha geração, continuam a ter 
grandes revelações a nível mundial com esse mesmo estilo cultural guineense, que 
a nossa geração vê ou considera  como desatualizado ou antiquado. 
Mas porque ainda não acordamos para ver e ouvir que com os nossos 
estilos musicais o conceituado músico, Zé Manel Fortes está a conquistar grandes 
prêmios internacionais, sem falar de Caba Mane, Ramiro Naka, Eneida Marta e 
demais músicos conservadores que estão a trilhar, nesta conjuntura caracterizada 
de complexos desafios, para preservar e aprimorar a cultura guineense, numa 
perspectiva moderna, tal como exige a própria globalização - concorrência. 
Isso me incomoda bastante, porque me é claro que maioria dos 
músicos da nova geração não se preocupa minimamente com a situação desagradável 
 em que a nossa cultura se encontra, mas levam todas as suas energias a imitar 
por completo os estilos ocidentais e americanos, esquecendo que a libertação 
completa do povo Africano, por uma parte, depende  de como aceitamos a nossa 
identidade, sobretudo cultural. É obvio que só quando acordarmos, aceitarmos e 
valorizarmos com orgulho o que é nosso cooperativamente, isto é, sem discriminar 
ou menosprezar as  identidades culturais doutros povos, é que teremos 
felicidade.  
Falta de comprometimento e gestão desastrosa dos nossos 
governantes também constituem umas das fortes razões que estão a encaminhar para 
o desaparecimento da nossa cultura e da perda de identidade da nova geração. Já 
há anos que não se fala da cultura, aliás não há uma política pública eficiente 
para o desenvolvimento da nossa cultura, os músicos são conhecidos ou 
reconhecidos  só nos momentos das campanhas eleitorais, isso traz, sem dúvida, 
uma vergonha nacional, um auto-desprezo que pode levar a todos a uma treva 
humilhante e cegueira sem cura. É triste ver como é comemorado o 30º aniversário 
do Ballet Nacional e saber que ainda não houve nenhum gesto a nível nacional 
para homenagear  Ze Manel Fortes  pelos seus fantásticos sucessos e conquistas 
que tem tido nos Estados Unidos da América, em nome da Guiné-Bissau, e tanto 
quanto outros músicos de revelação internacional. 
Entretanto, seria importante se o governo começasse a pensar na 
política de preservação e elevação da nossa cultura, educando os músicos da nova 
geração sobre a riqueza da nossa cultura e os desafios de promovê-la 
internacionalmente, isso requer o seguinte: 
·      
Aprimoramento da escola de música; 
·      
Investir na reorganização do Ballet Nacional; 
·      
Incentivar, através de prêmios e títulos, as melhores obras culturais; 
·      
Homenagear, sempre que for necessário, os nossos músicos. 
Espero, com toda minha limitação, que este artigo possa despertar 
atenção dos nossos respeitosos escritores a levar à tona esta preocupação 
nacional.   
* 
  
Guineense, Presidente do FACOLSIDA,  Intercâmbista do Programa de 
Direitos Humanos da Conectas em São Paulo, Brasil 
  
 
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