A GUINÉ ESTÁ ACIMA DE QUAISQUER INTERESSES!
Por: Mamadu Lamarana Bari
03.03.2009
  
       Didinho,
Didinho,
Após ter lido com muita atenção as tuas reflexões acerca dos acontecimentos na 
Guiné só pude ter a certeza de que ainda restam esperanças na Guiné para um 
amanhã melhor. Excelentes ponderações tuas acerca da unidade dos guineenses e da 
coragem de encarar a verdade. Apesar de duras críticas que tecias a respeito das 
duas figuras assassinadas da Guiné, críticas essas que considero pertinentes e 
responsáveis, neste momento, posicionastes como um cidadão mostrando o seu lado 
sentimental e de reconhecida contribuição no passado, da figura de Nino Vieira e 
de Tagme na Waie, dando ao César o que é de César. Eles esqueceram que o país 
estava pedindo socorro.
Cabe, portanto, meus netos, filhos, sobrinhos, irmãos, pais, avôs e amigos da 
Guiné-Bissau refletirem sobre as ponderações do nosso irmão Didinho e 
trabalharem para a Paz duradoura na nossa querida Guiné. Trabalhemos para fazer 
a nossa Guiné sair das estatísticas dos superlativos “O mais pobre país do 
mundo..., o mais instável país da África etc., etc.”. Minha gente, a Guiné tem 
quadros fora e dentro do país que podem muito bem contribuir com ideias e 
trabalhos para superarmos esse impasse que o país atravessa. Estamos que nem 
aquela figura de um pobre sentado em cima de saco de ouro sem saber o que fazer 
para sair da pobreza. Tudo isso por força do desequilíbrio institucional que se 
vive no país. Os Poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo) precisam ser 
interdependentes e harmônicos para que todos os setores da Nação funcionem de 
modo equilibrado e sustentável. A ti Didinho, o meu reconhecimento pela grande e 
inestimável contribuição que estás dando à nação guineense. Parabéns pelas 
inovações que a cada dia estás imprimindo ao Site GUINÉ CONTRIBUTO, lugar de 
“Djumbai” – a interatividade - dos guineenses, amigos da Guiné e amantes da PAZ. 
Quanto à ilustração de suas palavras, considerado o apelo à conciliação dos 
guineenses neste momento de gravidade da Nação, juro que fiquei muito emocionado 
com a música “mindjeris di pano preto” do saudoso e sempre atual José Carlos 
Schwarz. Que essa música seja na verdade um apelo à conscientização e a união 
dos guineenses em todos os cantos do mundo. 
Quando falo da Guiné eu sinto-me guineense, quando os guineenses se encontram em 
qualquer parte do mundo nota-se a satisfação e irmandade que espelham no 
semblante de cada um. Criol torna-se o centro da fala e da união dos sentimentos 
pátrios. Por mais visível que se torne a marca étnica no sotaque ou nos sinais 
característicos, os guineenses só têm uma visão no momento de encontro que é a 
de sentimento de guinendadi. Aliás, somos um mosaico de etnias na Guiné, ou 
seja, somos “djagasidus”. Não existe a raça pura na Guiné, sobretudo no contexto 
social em que vivemos. Casamento entre grupos étnicos na Guiné já vem desde a 
sua formação nos primórdios dos séculos passados. Portanto meus irmãos 
exploremos o que mais nos une e façamos dele a bandeira do nosso existir como 
povo guineense. O que importa é quando encontro Ndami me sinta guineense junto 
com ele, quando encontro os meus tios Ncomet, de Prabis, Ndafá de Jaal ou os 
meus tios Manjacos de Pecixe, sinta que ajudaram na formação de famílias Djalós, 
Baris e Jamancas de Bissau. O que importa é quando me encontro com os meus tios 
Balantas de Enxudé, Fóia e Iussim me lembre de Ndami, Blete e Quinta que muito 
significaram na minha infância naquelas bandas quando o meu pai “mascate” 
(Djila) por ali andava comerciando e convivendo com o povo local. O que importa 
para mim é quando me lembro de Bolama sinta saudades dos meus tios Mancanhas de 
Luanda, Boca de Lubu e Cachucai. O que importa para mim é lembrar que tenho 
parentes Bijagós, os Djalós de Sindjã em Bolama. Ai que saudades que tenho dos 
meus parentes Mandingas e Biafadas de Bolama a Bissau, passando pelos bairros de 
Sindjã, Pilum de Cima e de Baixo, respectivamente. E os meus tios Saraculés 
“ntora suntam”. 
O que importa para nós meus irmãos da Guiné-Bissau é que todos nós nativos, 
guineenses, cabo-verdianos e brancos portugueses nos unamos em torno de uma 
Guiné que de braços abertos receba todos os seus filhos e amigos dos seus 
filhos.
Didinho, como sempre quando terminas com as tuas intervenções, repito Vamos 
Continuar a Trabalhar para a Guiné. A Guiné está acima de quaisquer interesses. 
Nós como guineenses só temos deveres e obrigações para com a pátria.
Viva a Guiné e o Povo Guineense.
 
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO