A GUINÉ-BISSAU REFÉM DOS NARCOTRAFICANTES E UMA POLÍTICA DE 
	ZIG-ZAG
	 
	 
	
	Eduardo Monteiro
	
eemonteiro@hotmail.com
	
	31.10.2010
	
	  A 
	Guiné-Bissau, parece confirmar ao mundo a tese de ser um Estado falhado, 
	estigmatizado pelos políticos, arrastando os militares ao serviço e tutela 
	dos narcotraficantes.
A 
	Guiné-Bissau, parece confirmar ao mundo a tese de ser um Estado falhado, 
	estigmatizado pelos políticos, arrastando os militares ao serviço e tutela 
	dos narcotraficantes.
	
	Quando olhamos para o país e seu povo, parece que estamos num jogo, 
	displicente e refém do narcotráfico, a passos largos para controlar 
	totalmente o poder no país, através dos seus aliados, desafiando deste modo, 
	os nossos parceiros de desenvolvimento.
	
	Somos um povo martirizado pelo passado colonial, sacrificado para conquistar 
	a liberdade, orgulhoso pelo heroísmo de pouca dura. 
	
	Ora, depois de tantos sacrifícios consentidos, hoje somos vítimas dos falsos 
	nacionalistas, corruptos e, quiçá, reféns dos poderosos narcotraficantes, 
	colombianos, guineenses e outros, que, catapultaram para o país a forma 
	ilícita e fácil do enriquecimento.
	À 
	luz de todos na Guiné – Bissau, o mundo observa os propósitos e a 
	persistência para subverter o governo e o poder legítimo. É preciso que se 
	diga, com total beneplácito do Sr. Presidente da República.
	
	Hoje, conhecendo os novos e os assíduos conselheiros, para quem acompanhou o 
	percurso do país, é tão simplesmente, deplorável, que, o comandante que 
	depois de 1980, foi o cérebro dos grandes desvios económicos, introdutor de 
	uma liberalização no nosso mercado, feita anarquicamente, sem respeitar as 
	regras mais elementares do mercado, sem olvidar, que, custou a vida a um dos 
	mais proeminentes economistas e nacionalistas guineenses, o Dr. Bartolomeu 
	Simões Pereira, pela sua posição de confronto, à forma bárbara como estava 
	sendo levada a cabo uma liberalização selvagem que tinha como pressuposto, 
	apenas servir o clique à volta da Presidência e uma minoria detentora do 
	poder de então, aliados e cúmplices de diversos crimes e extermínios de 
	opositores do regime.
	O 
	grande arquitecto da venda ilícita e desmontagem de um dos maiores 
	empreendimentos da Primeira República. Refiro-me ao Complexo Industrial de 
	Cumeré, desmontadas as suas máquinas e unidades industriais, vendidas e 
	carregadas à noite pelos camiões Tires senegaleses.
	
	Foi necessário fazer funcionar a Jangada de São Vicente, na calada da noite, 
	assim como, as fronteiras de São Domingos, abertas para tais movimentos de 
	camiões carregados para o Senegal, pois, negócio de poucos e entre poucos.
	
	Promotor nato do regresso do Nino Vieira, em conluio com todos os 
	saudosistas que nas penúltimas eleições contra Malam, fizeram eleger o 
	malogrado Presidente. Torna-se hoje o homem de confiança e conselheiro 
	Ad-hoc da Presidência da República.
	
	Perguntamos até quando o povo da Guiné, estará refém das lutas para e pelo 
	poder?
	
	Sempre os mesmos, até quando deixaremos de assistir diariamente os mesmos 
	homens do poder a digladiarem-se nos quartéis, na sociedade, nos Partidos e 
	entre os Órgãos de Soberania, apenas pelo poder pessoal?
	A 
	nomeação do chefe do Estado-Maior da Marinha, Bubo e o escândalo da 
	Presidência, o Presidente foi ignóbil e infeliz ao declarar que os suspeitos 
	ou indiciados devem fazer prova da presunção de inocência. Muito 
	sinceramente, foi simplesmente infeliz.
	
	Factos que qualquer cidadão atento deve perguntar ao Sr. Presidente, onde 
	acha que saiu toda a exuberância dos indiciados e donde provem toda a 
	ostentação de sinais de riqueza, são os míseros salários que auferem no 
	exército e na marinha?
	NARCOTRAFICANTES E SEUS 
	ALIADOS POLÍTICOS
	É 
	relevante perceber as investidas dos aliados dos narcotraficantes ou seja 
	uma ala política do PAIGC e analisar os seus passos:
	
	1º Completaram a retoma do poder pelos 
	narcotraficantes e aliados, uma vez que, hoje a recuperação do poder militar 
	é uma evidência.
	
	2º Demonstrar aos parceiros internacionais que 
	somos soberanos e desafiar o mundo, reafirmando que as nossas decisões são 
	de facto soberanas.
	
	3º Derrubar o governo legítimo e colocar um 
	governo cujo Primeiro-ministro é um pró activo narcotraficante.
	
	Efectivamente tudo isto leva-nos ainda a perceber mais; o objectivo é mexer 
	com a essência do Estado, alterá-la na sua forma e no seu conteúdo. Com 
	efeito, esvaziá-lo literalmente, usando todas as formas para inverter o seu 
	normal funcionamento.
	O 
	país, há três décadas que paulatinamente passou a ser brindado com pessoas 
	sem escrúpulos, redes de intrigas, mentiras, de inventonas, utilizando 
	sempre que necessário, métodos de extermínio, sem piedade, para afastar o 
	outro do seu caminho. Pois, ainda que, consciente das suas insuficiências e 
	incompetências o objectivo é servir-se, chegar e estar no poder. 
	
	As investidas que vimos na Sede do PAIGC, foram uma demonstração de força, 
	dando passos concretos para depor o poder legítimo e democraticamente 
	eleito.
	
	Este grupo ou ala dentro do PAIGC conotados com narcotráfico ou eternos 
	Ministros, decidiram movimentar-se com o objectivo de alterar a liderança no 
	PAIGC e consequentemente a queda do Governo.
	
	Sabemos que este governo é corrupto, mas é a Justiça que deve assumir o seu 
	papel na sociedade e na democracia, não um assalto ao poder. Cabe à Justiça 
	combater a governação corrupta, uma responsabilidade da Procuradoria-Geral 
	da República.
	A 
	operação Bagre (corrupção) já morreu? Ou foi apenas um show off do Sr. 
	Procurador?
	
	Enquanto cidadão e como muitos guineenses, questiono até quando a 
	continuidade destas atitudes abomináveis, colocando o país e seu povo, 
	reféns destas lutas pessoais, adiando sem data prevista, a resolução dos 
	problemas mais prementes, do povo da Guiné? 
	
	Para quando colocar o país na senda do desenvolvimento, como todos os países 
	trabalham, combatendo a pobreza, promovendo o desenvolvimento e a unidade 
	nacional? 
	A 
	Guiné precisa dos seus filhos dignos e nobres, que aprimoram a justiça para 
	todos.
	
	Pois, é fundamental que sejamos congruentes e coerentes, que reclamemos a 
	justiça, para todos os que foram barbaramente abatidos ao longo das três 
	décadas. Vamos reclamar apenas estes últimos e branquear os outros?
	
	Exemplo marcante, depois do regresso do General padrinho, é o Comodoro 
	Lamine Sanhá, abatido à queima-roupa, na presença dos familiares. 
	
	
	Todavia, são filhos da Guiné, deixaram familiares que sentiram e sentem a 
	dor do desaparecimento dos seus estimados entes. 
	
	Apoiamos e louvamos a atitude nobre do Sr. Roberto Cacheu, mas que, seja um 
	movimento extensivo para todos os malogrados guineenses. Renderia ao país, 
	direito a justiça, a todas as famílias vítimas dos hediondos crimes.
	
	PRESIDENCIALISMO OU SEMIPRESIDENCIALISMO 
	
	É 
	um imperativo mexer na Constituição e clarificar o nosso regime político, 
	para acabar com nuances constitucionais. A questão ou a trapalhada: somos de 
	regime Presidencialista ou Semipresidencialista? Porque, parece que, é mal 
	interpretada quando convém por alguns.
	
	Estas nuances fazem com que a Guiné, se torne numa caixinha de surpresas, 
	sempre pela negativa, tal como no deplorável caso do Ministério de Interior, 
	em que a Ministra desafia o chefe do governo sob a clemência de uma chamada 
	ao Presidente da República, que com o seu respaldo leva-a a desacatar as 
	ordens do Primeiro-ministro ou seja, o chefe do governo.
	
	Aliás, para quem conhece bem o Presidente da República, sempre foi 
	contestatário do Nino Vieira e Manecas dos Santos, mas, nunca os enfrentou, 
	sempre fez a oposição interna de forma surda e na calada, usando as 
	estruturas, o aparelho do Partido, nomeadamente as bases no interior do 
	país. Sem esquecer que aquando dessas investidas ganhou a Presidência do 
	Partido ao Nino Vieira, num dos congressos e tal foi negociado também na 
	calada e o Nino, assumiu como se fosse o vencedor. No entanto, nunca 
	publicamente manifestou contra.
	O 
	Presidente da República, sistematicamente e de forma sub-reptícia, vai 
	fomentando um pleito surdo, contínuo, destabilizador e contraproducente para 
	o país, com a sua atitude nunca transparente. (o que diz não é o que faz)
	O 
	Exercício da sua Magistratura, leva-nos às seguintes constatações:
	
	1º Assistimos paulatinamente à etnização da 
	Presidência da República. 
	
	2º A guerra surda de dividir guineenses, sob 
	acolhimento de intrigas e sob a capa de uma falsa unidade nacional.
	
	3º Incompreensibilidade à tentativa de assumir 
	o poder de forma Presidencialista, esquecendo que estamos num regime 
	semipresidencialista. 
	
	4º Promovendo uma diplomacia que hoje o 
	descredibilizou completamente, ninguém o leva a sério, aliás, conforme já o 
	caracterizam chamando a sua diplomacia de Zig-Zag.
	A 
	nível internacional está a passos largos de se igualar ao seu predecessor 
	Kumba Yala, que a uma dada altura ninguém ouvia e muito menos se acreditava 
	nele.
	
	Para concluir:
	
	Peço permissão para dizer o que vai na alma de muitos guineenses e o que 
	mais almejam ver concretizado no país. 
	É 
	a promessa eleitoral do Presidente Malam, pedir que seja uma evidência 
	quotidiana. Pois, são as suas promessas que sensibilizaram os guineenses 
	dentro e fora da Guiné.
	
	Sr. Presidente da República, prometeu unir e não dividir os guineenses, 
	prometeu uma profunda reconciliação nacional, entre todos os guineenses, 
	independentemente da sua origem, raça, cor da pele, estrato social, 
	religião, convicções filosóficas e ideológicas.
	
	Pois tudo faria para unir irmãos desavindos, em prol de uma pequena e grande 
	Nação guineense.
	
	Continuamos a acreditar que não será mais uma Panaceia do Sr. Presidente.
	Eduardo Monteiro