A Guiné-Bissau precisa de uma 
Descentralização Administrativa!
 
 
24 De Setembro, a data da nossa independência
política. Existem muitas outras 
independências que ainda estão por vir! 
 
 
 
Edson Incopté  
edson_incopte@hotmail.com
24.09.2009
 Por 
esta ser a data mais importante da história do nosso pequeno e amado chão, 
Guiné-Bissau, ela exigiu da minha parte uma reflexão sobre como sugerir para 
ajudar! E nessa reflexão acabei por optar por uma questão que há muito vinha 
discutindo de maneira informal. Isto é, por diversas vezes, em conversas com 
colegas e amigos, abordei o assunto da necessidade que a Guiné-Bissau tem em 
descentralizar a sua administração e consequentemente os seus serviços.
Por 
esta ser a data mais importante da história do nosso pequeno e amado chão, 
Guiné-Bissau, ela exigiu da minha parte uma reflexão sobre como sugerir para 
ajudar! E nessa reflexão acabei por optar por uma questão que há muito vinha 
discutindo de maneira informal. Isto é, por diversas vezes, em conversas com 
colegas e amigos, abordei o assunto da necessidade que a Guiné-Bissau tem em 
descentralizar a sua administração e consequentemente os seus serviços. 
Depois 
de ter assistido o programa da RTP ÁFRICA no dia 22 de Setembro, no caso o 
Repórter África, fiquei de certa forma atónito com as imagens que vi da cidade 
de Canchungo (muito pior que esta imagem). Vi então reforçada essa necessária 
descentralização. Estou a citar a cidade de Canchungo, porque foi aquela que 
espicaçou em mim a vontade de escrever este artigo. Contudo poderia ter optado 
por escolher qualquer outra cidade, isso porque em todas elas o poder 
administrativo está centralizado nas mãos dos Governadores regionais e dos 
Administradores de sector. 
Coisa 
que acontece porque até aos dias de hoje o nosso país insiste em manter a 
organização administrativa herdada dos colonialistas. Este género de organização 
tem se mostrado incapaz de resolver os problemas do país, e tem, cada vez mais, 
afastado o povo do exercício de cidadania e de participar de forma activa na 
busca de melhores dias para o país. Por outro lado, esta organização 
administrativa tem se mostrado ineficaz por que a divisão do território em 
regiões e sectores, tem constituído uma lacuna entre o povo e os Governantes, 
como também tem demonstrado a existência da necessidade de subdividir os 
territórios, pois a actual divisão tem provado que os mesmos são demasiado 
extensos, o que equivale dizer que os serviços prestados pelas administrações 
locais não chegam a todo o lado. Ora, para que os serviços cheguem a um maior 
número de pessoas existe a necessidade de se adoptar uma organização mais eficaz 
no sentido de aproximar os serviços das populações, conhecer as suas 
necessidades e naturalmente exercer um melhor serviço que satisfaça as 
necessidades colectivas.
Esta 
forma de organização que funciona como meio de privar o povo do seu direito de 
escolha, na medida em que é o Governo Central quem nomeia os Governadores 
Regionais e os Administradores de sector, não pode continuar a imperar na 
Guiné-Bissau quando paradoxalmente os nossos Governantes têm afirmado a enorme 
vontade de servir o povo, há que demonstrar essa mesma vontade. Uma forma útil 
de servir o povo passa essencialmente pela aproximação dos serviços essenciais 
ao mesmo e para haver essa aproximação existe a necessidade de subdividir ainda 
mais as regiões. Os 37 (Trinta e sete) sectores, equivalente ao município no 
caso de Portugal, que dividem a Guiné-Bissau têm que ser subdivididos para 
poderem ser administrados com maior eficiência. Podemos tomar como exemplo o 
caso de Cabo Verde, nomeadamente a Ilha de Santiago que se trata da maior ilha 
do arquipélago com cerca de 991Km2, essa mesma ilha encontra-se no momento 
dividido em 9 concelhos, dos quais um, Concelho de Santa Catarina possui mais de 
uma freguesia. Enquanto que, por exemplo, a Região de Bafatá na Guiné-Bissau com 
cerca 5.981 Km2 encontra-se dividido em apenas 6 sectores. Sectores esses que 
contam com um administração muito afastada do povo, que ao fim e ao cabo não os 
designou para aquele lugar. Chega a ser caso para perguntar se muitos habitantes 
desses sectores conhecem o administrador local?!
Com esta 
organização territorial, além de existir um afastamento dos serviços das 
populações e de se verificar uma grande centralização administrativa, quando a 
modernidade reclama pelo contrario, leva também com que haja uma completa falta 
de dinâmica no que diz respeito à vontade dos administradores locais, 
impossibilitando-lhes de criarem projectos de interesse local visando assim 
desenvolver o seu sector em beneficio do povo que representam. 
Impossibilita-lhes também de qualquer tentativa de criarem programas de 
desenvolvimento local a médio longo prazo tendo em conta o Orçamento de Estado 
apresentado pelo Governo. Uma outra organização permitiria formar estratégias de 
desenvolvimento económico e social para cada área, garantindo assim, como já 
havia dito, o princípio de subsidiariedade. Incentivaria uma concorrência 
saudável entre as áreas demarcadas. Por outro lado, subdividir ainda mais as 
Regiões traria maior união a todo o território nacional. Pois havendo 
desenvolvimento local, haveria sem dúvida um maior aceso a todos os cantos da 
nação. Facto bastante benéfico capaz de evitar o enorme êxodo rural verificado 
nos últimos anos, promovendo assim ramos importantes da vivência do país, tais 
como a agricultura e a pecuária. 
Não 
compreendo o porquê de se continuar a negar a necessidade de uma maior 
subdivisão e consequente realização de eleições autárquicas livres e 
transparentes, coisa que se tem falado há anos e até agora nada. Será pelo facto 
disso significar uma repartição justa e equilibrada de competências entre o 
Estado e as administrações locais (autarquias)? Vá se lá saber, já não me atrevo 
a medir o grau de ambição existente nos governantes Guineenses. 
 O que 
se sabe é que por causa desta forma organizacional, temos verificado na nossa 
capital, com estatuto de Região, uma falha em todos os serviços básicos 
prestados à população, um exemplo flagrante é a Câmara de Bissau que não 
consegue de forma nenhuma prestar um serviço eficaz à população de Bissau. O 
lixo aglomera-se por toda a parte, na época da chuva a população é 
constantemente afectada por inundações que lhes estragam as casas e os postos de 
comércio, entre outras coisas, fruto do lixo aglomerado que impossibilita um 
eficaz escoamento das águas da chuva. Entre as razões que dificultam essa 
prestação de serviço, encontra-se seguramente a falta de meios humanos e 
materiais, mas também podemos considerar que com uma subdivisão desse território 
existe a possibilidade de se verificar as necessidades específicas de cada área 
e assim tentar satisfazê-las através da repartição dos serviços a prestar à 
cidade. Isso se o que move os nossos políticos for mesmo a vontade de servir o 
povo. Essa subdivisão possibilitaria também a criação de mais emprego para a 
população dessas áreas.
Em forma 
de conclusão quero salientar que de facto a data de 24 de Setembro de 2009 é a 
data mais importante da história do nosso país, portanto nunca devemos deixar de 
comemorá-la, mas sempre com a contenção necessária. Pois continua a ser chocante 
ver que 36 anos depois a nossa desejada e celebrada independência continua a ser 
meramente política.
PARA O 
DIA DE HOJE VAI DAQUI UM GRANDE ABRAÇO A TODOS OS FILHOS DA GUINÉ-BISSAU.
VIVA A 
Guiné-Bissau!
VIVA 
AMILCAR CABRAL!
VIVA O 
POVO GUINEENSE!
Estamos 
juntos!
Edson 
Incopté