O Direito à impugnação dos resultados provisórios

O Direito à impugnação dos resultados provisórios

No dia 30 de Dezembro escrevi com suficiente argumentação e desenvolvimento o seguinte trecho agora resumido:

“(…) Salvaguarde-se o respeito aos resultados sem negar, obviamente, o Direito à reclamação, nos moldes estabelecidos na Lei Eleitoral da Guiné-Bissau.”

Pude ver e ouvir há instantes um vídeo no qual o candidato presidencial Domingos Simões Pereira afirma que a sua candidatura vai impugnar os resultados eleitorais, oficiais e provisórios anunciados hoje pela Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau.

É claro que está no direito de impugnar os resultados anunciados, e isso, já eu tinha dito que é um direito que assiste a qualquer dos candidatos.

O que me surpreende no anúncio da iniciativa de impugnação dos resultados eleitorais pelo candidato Domingos Simões Pereira, é a facilidade com que tanto aceitou reconhecer a derrota, como de repente, decide contestar os resultados eleitorais oficiais, ainda que, provisórios.

É que, não estamos a falar de uma diferença numérica insignificante de votos entre os 2 candidatos, susceptível de reconsideração, por serem diferenças que suscitam dúvidas, e consequente recontagem de votos ou correcção dos votos brancos e, ou nulos.

Segundo a Comissão Nacional de Eleições, o candidato Domingos Simões Pereira obteve 254.468 votos, equivalentes a 46,45% do total dos votos apurados, enquanto que o candidato Umaro Sissoco Embaló, anunciado como vencedor da segunda volta da eleição presidencial, obteve 293.359 votos do total dos votos igualmente apurados, de um universo de 553.521 votantes.

Entre o candidato designado como vencedor e o seu concorrente há uma diferença de 38.891 votos (trinta e oito mil, oitocentos e noventa e um votos)!

Há 2228 votos nulos, equivalentes a 0,40%; 3466 votos em branco, equivalentes a 0,62% de um total de 547.827 votos válidos, que correspondem a 98,97% de um total de 553.521 votantes, que equivalem a 71,92% de um universo de 761.676 (100%) inscritos, que a abstenção “roubou” 208.155 votos, equivalentes a 27,33%.

Posto isto, mesmo que os votos nulos (2228) e os votos em branco (3466) fossem reconsiderados e reconvertidos em votos a favor do candidato Domingos Simões Pereira, já que é a única “abertura” com probabilidades de reconsideração, essa reconversão acrescentaria apenas mais 5694 votos ao candidato que pretende impugnar os resultados provisórios, que de nada serviria para contrariar o actual fosso que o distancia negativamente, do candidato anunciado como vencedor da eleição presidencial pela Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau.

A abstenção não conta e nem se vai retirar votos à outra candidatura.

Quais os argumentos para a impugnação, mesmo sendo um direito, mas considerando que não houve impugnação do acto eleitoral em si, (votação) por parte de nenhuma das candidaturas, restando por isso, espaço para reclamações do processo eleitoral que, não se esgotando com o anúncio oficial provisório dos resultados eleitorais, terá no entanto, o seu término com a publicação dos resultados finais/definitivos e oficiais da segunda volta da eleição presidencial e a confirmação do seu vencedor?

38.891 (trinta e oito mil, oitocentos e noventa e um) votos de diferença entre os 2 candidatos, mesmo para quem como eu não acredita no impossível, tornam-se quase que numa missão impossível de impugnação sustentada, com inversão dos resultados…!

Seja como for, há que respeitar o Direito à impugnação, e que esse processo seja célere e conclusivo/definitivo!

Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!

Didinho 01.01.2020

Sobre o Desenvolvimento do País

O primeiro passo para a projecção de um Programa visando o Desenvolvimento de um País, tem que ser, necessariamente, o da preparação das Pessoas, das Populações, do Povo em geral, para o conceito do Estado, sua Essência Estrutural, Orgânica e Funcional, abrangentes; suas competências e responsabilidades, nas quais, as Pessoas, as Populações, o Povo, deverão estar sempre em primeiro lugar.

Focar a visão estratégica das campanhas eleitorais apenas nas alegadas preparações ou impreparações dos candidatos, ignorando a preparação ou impreparação das Pessoas, das Populações e do Povo que vota, quiçá, que decide, é também sinónimo de um atestado de impreparação dos estrategas das candidaturas eleitorais na Guiné-Bissau!

Positiva e construtivamente.

Didinho 01.01.2020

Ao novo Presidente da República

Do novo Presidente da República da Guiné-Bissau espera-se a humildade em reconhecer as limitações que o definem e caracterizam como ser humano, africano e guineense (pois não há nenhuma formação académica para o exercício do cargo de Presidente da República) e aceitar, positivamente, todas as mais valias, entre o conhecimento e a sabedoria que lhe forem disponibilizadas, sobretudo, numa vertente crítica, por Guineenses e Amigos da Guiné-Bissau.

Como escrevi recentemente, um Presidente da República FAZ-SE!

Faz-se, aprendendo e evoluindo com as realidades concretas do País e do Mundo, tendo sempre em primeiro lugar o respeito pelas Pessoas, pelo Povo, pelo Estado, em suma, pelas Normas Constitucionais pelas quais se submete e se rege o Estado, ressalvando acima de tudo, o respeito pelos Direitos Fundamentais do Cidadão.

Ao Presidente da República eleito, ainda que com resultados oficiais provisórios, aconselho desde já que deixe de partilhar as comunicações telefónicas privadas trocadas com o outro candidato presidencial. É um gesto político e social incorrecto!

É imperioso a demonstração da nobreza de espírito e de carácter que definem a personalidade de um Chefe de Estado!

Positiva e construtivamente.

Didinho 01.01.2020

Impreparados

Impreparados, quanto ao sentido de Estado e, face ao estabelecido na Constituição e nas Leis da República da Guiné-Bissau!

Apesar de se ter mantido em funções como Primeiro-ministro até ao dia de hoje (Aristides Gomes), e depois do decreto-presidencial que o exonerou, e outro que nomeou um novo Primeiro-ministro (Faustino Fudut Imbali), mesmo com a renúncia do cargo do novo indigitado Primeiro-ministro, por pressões internacionais, dias depois, e por não ter sido revogado, por aquele que, até à tomada de posse do novo Presidente da República eleito, continua a ser, oficialmente, o Presidente da República da Guiné-Bissau, Aristides Gomes demonstrou até aqui, ele que já exerceu o cargo de Primeiro-ministro da Guiné-Bissau por 2 vezes, não ter responsabilidade e sentido de Estado.

O posicionamento arrogante de que se demitiria imediatamente, das suas funções de Primeiro-ministro, caso o seu candidato não ganhasse a eleição presidencial, é demonstrativo da forma como os políticos e governantes guineenses brincam com a responsabilidade que deveriam ter, ao serviço do Estado e dos Cidadãos.

Um Primeiro-ministro que desrespeitou a legitimidade do ainda Presidente da República da Guiné-Bissau, por saber que nesta fase não pode demiti-lo nem aceitar o seu pedido de demissão, por via do estabelecido na Constituição e nas Leis da República, fazendo afirmações levianas, está agora sujeito a criar uma nova crise política e institucional na Guiné-Bissau, caso mantenha o seu posicionamento público em se demitir, e depois da tomada de posse do novo Presidente da República, se este aceitar o seu pedido de demissão, o que acarretaria imediatamente, a queda do actual governo, legitimado pelas eleições legislativas de 10 de Março de 2019, criando uma situação desfavorável ao PAIGC, enquanto partido vencedor dessas eleições, sem maioria absoluta, que lhe impôs arranjos com outros partidos, a fim de construir uma maioria que lhe permitisse governar.

E quem garantirá doravante ao PAIGC, face a um suposto pedido de demissão do ainda Primeiro-ministro, que o Acordo de Incidência Parlamentar rubricado com a APU-PDGB, servirá como garantia a apresentar ao novo Presidente da República eleito, para manter/delegar a governação ao PAIGC?

Tem sido ultimamente sempre assim, infelizmente, a triste sina do PAIGC. Ganhar e não saber gerir as suas vitórias eleitorais.

Tudo isto para sensibilizar e informar desde já aos meus irmãos guineenses, o que poderá acontecer, face aos posicionamentos públicos de Aristides Gomes, por um lado, e, por outro, face à existência de um decreto-presidencial que o exonerou, e outro que nomeou um novo Primeiro-ministro, sem que o decreto-presidencial da nomeação de Faustino Fudut Imbali como Primeiro-ministro tenha sido revogado, oficialmente e publicamente, até hoje, por quem o nomeou e que continua a ser o Presidente da República da Guiné-Bissau até à tomada de posse do novo Presidente da República eleito, mas ainda não legitimado como tal, à data de hoje.

Infelizmente, a extensão, o prolongamento da crise, não será nenhuma novidade para os Guineenses e mesmo, para a Comunidade Internacional…

Positiva e construtivamente.

Didinho 01.01.2020

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Constituição da República da Guiné-Bissau

ARTIGO 104°

1 – Acarreta a demissão do Governo:

a) O início de nova legislatura;

b) A não aprovação pela segunda vez consecutiva do Programa do Governo;

c) A aceitação pelo Presidente da República do pedido de demissão apresentado pelo Primeiro-Ministro;

d) A aprovação de uma moção, de censura ou não aprovação de uma moção de confiança por maioria absoluta dos deputados em efectividade de funções;

e) A morte ou impossibilidade física prolongada do Primeiro-Ministro.

2 – O Presidente da República pode demitir o Governo em caso de grave crise política que ponha em causa o normal funcionamento das instituições da República, ouvidos o Conselho de Estado e os partidos políticos com assento parlamentar.

Não se deve subestimar o Povo!

Não se deve subestimar o Povo, dividindo-o em “classes/categorias”, quando o que está em causa é o Dirigismo Máximo do Poder do Estado, cuja Decisão/Validação Soberana, pertence a um todo (a maioria) que constitui esse mesmo Povo!

As elites, sobretudo, no tocante à intelectualidade, serão sempre minorias sociais, independentemente dos seus conhecimentos e poderes de influência, que devem ser realistas na avaliação dos casos em presença, face às realidades concretas e multidisciplinares, da Guiné-Bissau, por um lado e, por outro, do Povo Eleitor Guineense, que tem o Poder de Decidir nas urnas.

A democracia é um processo de aprendizagem existencial, quiçá, permanente, que deve nortear o percurso dos partidos políticos, dos políticos, e dos cidadãos em geral, visando a evolução de todos, para um melhor serviço ao País, ao Povo, ao Estado de Direito e às Instituições da República.

Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!

Didinho 01.01.2020

Reflexões: de 27 a 31 de Dezembro de 2019

 

Num País coberto de escuridão, mas não de mentes escuras…

Aquele que quer ser, ou julga ser, a única estrela num país coberto de escuridão (mas não de mentes escuras) e, por isso, o foco de toda a claridade, ignora, maliciosamente, que, quantas mais estrelas, mais iluminação, mais claridade, para o País, quiçá, mais e melhor visão para todos…

Ajudemos todos, com a clarividência das nossas mentes, a iluminar a Guiné-Bissau, retirando-lhe a manta da escuridão com que tem sido abafada e amordaçada desde há 46 anos…

Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!

Didinho 31.12.2019


Entre o Acto, e o Processo, eleitorais

Salvaguarde-se o respeito aos resultados sem negar, obviamente, o Direito à reclamação, nos moldes estabelecidos na Lei Eleitoral da Guiné-Bissau.

O acto eleitoral em si, foi concretizado ontem 29.12.2019 com o início e o término da votação, porém, o processo eleitoral ainda não terminou.

A constatação da transparência do acto eleitoral não suporta a sua extensão ao término do processo eleitoral, que tem ainda 2 fases de observação:

1 – A contagem dos votos e a publicação dos resultados provisórios, criando o espaço legal para eventuais reclamações;

2 – A divulgação final dos resultados, com as reclamações ou não, devidamente resolvidas.

Posto isto a questão da transparência eleitoral deve ser vista sob 2 perspectivas:

a) O acto eleitoral em si;

b) A conclusão do processo eleitoral no seu todo.

Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!

Didinho 30.12.2019


O conhecimento e a sabedoria

O conhecimento e a sabedoria, estão em cada um de nós e não precisam de ser exibidos, para lá da consulta e do questionamento que a vertente do conhecimento científico e mesmo empírico, impõem…

Os diplomas/certificados, estão no papel, ou, no computador, e precisam sempre de ser consultados, para avaliação e validação, documental, apenas, em função dos requisitos profissionais solicitados para uma admissão a uma actividade profissional remunerada ou, voluntária, de acordo com os interesses e as conveniências em jogo…

Didinho 29.12.2019


O dia de votar

Chegou o dia tão aguardado da segunda volta da eleição presidencial, quiçá, de o cidadão eleitor guineense recenseado e habilitado a votar, cumprir com o seu Direito e Dever, Cívicos.

Votar para escolher um novo Presidente da República!

Votar para que os votos contabilizados sejam, de facto, a ESCOLHA do Povo eleitor, e não, de uma qualquer engenharia processadora/transformadora, de inserção, projecção, e publicação de números, entre a matemática, a estatística e a informática, num qualquer “software” devidamente concebido e programado para “decisões” informatizadas previamente encomendadas, que de há uns tempos a esta parte, de eleições em eleições, um pouco por todo o mundo, têm surpreendido e assustado países tão desenvolvidos, que ainda assim, não conseguem controlar na perfeição os sistemas informáticos que garantem o processamento dos dados informáticos eleitorais.

Não votarei em nenhum dos candidatos, é a minha decisão desde sempre, porque ainda que respeite suas perspectivas para a Guiné-Bissau, não me identifico com essas perspectivas.

Ademais, alguém que decidiu lançar uma candidatura presidencial, como foi o meu caso, visando a Mudança radical com o Sistema e com os “mesmos de sempre”, mesmo tendo posteriormente desistido dessa pretensão, por razões devidamente explicadas, não seria de forma alguma coerente, apoiando um ou outro candidato; votando num ou noutro candidato, tendo uma visão completamente distinta (de ambos os candidatos a esta segunda volta de hoje), sobre o exercício do cargo de Presidente da República, por via das suas competências constitucionais, por um lado e, por outro, tendo em conta os valores éticos e morais que suportam e definem a personalidade íntegra de cada um de nós.

Que vença quem merecer mais votos do Povo Eleitor Guineense, e não, quem tiver que vencer por força dos Interesses Instalados que usurparam a soberania do Estado, quiçá, o poder de decisão do Povo Eleitor Guineense!

Da minha parte, não haverá benefício da dúvida a seja quem for, que vier a ser empossado Presidente da República. A Guiné-Bissau já leva 46 anos como Estado Independente (apesar de a abertura democrática se ter iniciado apenas em 1991), mas continua Dependente de tudo e de todos…

Continuarei, como sempre, a ser Livre no Pensamento e na Acção, visando a Defesa do que penso ser o Melhor para a Guiné-Bissau e para os meus Irmãos Guineenses, sobretudo, os mais desfavorecidos, entre crianças, jovens, mulheres e idosos, sem ignorar os deficientes de todas estas categorias.

Não tenho que agradar aos 2 candidatos, nem aos partidos que apoiam as suas candidaturas e suas claques.

Não me importa o que familiares e amigos pensam sobre o que penso, pois nunca pedi emprestado o pensamento de alguém, para me posicionar sobre o que apenas a minha existencialidade, como pessoa racional pode decidir.

Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!

Didinho 29.12.2019


A fome de alguns académicos e intelectuais guineenses…

Há académicos e alegados intelectuais guineenses que passam anos a endeusar e a idolatrar um ou outro académico e intelectual guineense, (que continuam a ter complexos de assumir a sua Guinendadi, limitando a repetir o facto de terem nascido na Guiné-Bissau), que só sabem deles quando se cruzam num evento de promoção de interesses em Bissau…

Passam anos a fio a falar de um ou outro deus maior, que nunca lhes passam cartão, por não se identificarem com eles, mas não aprendem a lição.

Quando surge uma oportunidade de estarem ao lado de um alegado académico-mor, que apenas reconhece ter nascido na Guiné-Bissau…a alegria é tanta, que nem dá para esconder o complexo de inferioridade de complexados alegados académicos e intelectuais di saklata

Kuma faimadessa i ka dokumentu di koitadi, i bilgueti “bilhete” di barrigas di meia, ucos, nhongolidus ku mofinus sabi boca di quintal di nhu Rufino barriga…

Ampus, tristi bida di nturudus fitu camalions…!

Didinho 28.12.2019


Não ao branqueamento do Sistema!

As eleições na Guiné-Bissau, sejam legislativas ou presidenciais, não devem servir de plataformas para o branqueamento de um Sistema bárbaro, retrógrado e obsoleto, bem como de seus protagonistas directos e seus “herdeiros”.

É verdade SIM, que existe uma estratégia promotora da cultura de desconsideração, inferiorização, humilhação e exclusão tendo em conta a pertença social, étnica e religiosa na Guiné-Bissau!

Com tantos quadros superiores guineenses de grande valor e prestígio internacional, pelo facto de não terem nomes ditos de “gente civilizada”, já ninguém dá valor/mérito, às suas faculdades, competências: pessoais, académicas e profissionais…

Pessoalmente, já ouvi muitos cidadãos guineenses com complexos de superioridade e de inferioridade, afirmar que, passo a citar: “Nin um balanta ka na manda na mi” ou, “nin um raça fundinho ka na manda na mi”. Traduzido para o português: “Nenhum balanta, e, ou, nenhum muçulmano, mandarão em mim…”

Afinal, o que é isto…?!

Porquê e para quê tudo isto, meus irmãos guineenses?!

Quem para referenciar altos quadros superiores guineenses que não tendo nome ou apelido “civilizado”, mesmo com reconhecimento internacional, são desconsiderados, humilhados e excluídos na nossa Guiné-Bissau?

Entre a vergonha de dar a conhecer as diversas realidades do meu País, numa estratégia de branqueamento do Sistema, e a Hombridade que me define e caracteriza, continuarei a seguir o percurso da Verdade, mesmo sendo a minha verdade e não, da Mentira e da Farsa que continuam a afundar a Guiné-Bissau!

Detesto a mentira e o cinismo, pois são os principais alicerces da destruição social na Guiné-Bissau.

Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!

Didinho 27.12.2019


Entre a oratória e a retórica

Recentemente escrevi que, uma eleição presidencial, não é nenhum exame académico.

Entre o essencial que deve definir e caracterizar a personalidade de um candidato à Presidência da República e os acessórios que são considerados como estando acima do essencial dessa definição e caracterização, continuamos, infelizmente, enquanto Guineenses, fiéis aos nossos complexos, quer de superioridade, quer de inferioridade.

Entre a oratória e a retórica, de 2 candidatos à segunda volta da eleição presidencial de 29 de Dezembro, importa a Comunicação, a transmissão dos ideais que sustentam suas candidaturas e não propriamente em que língua, em que formato, a oratória e a retórica são usadas para chegar ao Povo Eleitor, sobretudo.

Qualquer que seja a língua utilizada, enquadrada/contextualizada, entre o estatuto oficial, e, ou nacional, a iniciativa não deve ser vista como sinal de impreparação, ou melhor preparação, tendo em conta a opção de cada um dos candidatos.

Temos e continuaremos a ter, por razões várias, a língua portuguesa como língua oficial da Guiné-Bissau e o kriol como língua nacional, que ainda que carecendo do estatuto de língua oficial, é a Língua que suporta a Soberania (Identitária) Nacional.

Houvesse interesse dos sucessivos políticos e governos, há muito que o kriol deveria fazer o seu percurso de evolução e sustentação linguística, numa perspectiva científica, obviamente, para se afirmar, a par da língua portuguesa, como nossa língua oficial!

Amilcar Cabral reconheceu sempre o valor da língua portuguesa, contudo, nunca desmereceu o kriol.

O kriol é o principal instrumento de comunicação entre os Guineenses e foi o instrumento que uniu os Guineenses para a conquista da independência nacional.

Amilcar Cabral soube sempre valorizar quer a língua portuguesa, quer o kriol, usando ambas em função dos contextos que suportavam as suas comunicações.

Foquemo-nos no essencial e não no acessório, enquanto Irmãos Guineenses!

Essencial que se traduz no Resgate da Unidade e da Soberania, Nacionais; da Liberdade e Dignidade do nosso Povo e na Projecção e Promoção do Desenvolvimento Sustentável para a Guiné-Bissau, capaz de garantir melhores condições de vida aos Guineenses!

Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!

Didinho 27.12.2019


Guiné-Bissau Positiva

A Guiné-Bissau POSITIVA é um slogan que tem Direitos de Autor. Agradeço o facto de ter sido bem aceite pelos meus irmãos Guineenses, tendo em conta a sua utilização e consequente partilha, mas peço, sobretudo aos políticos, aos académicos e, ou, intelectuais, que o têm utilizado, e em nome da ética e das normas académicas, que passem a citar o nome do autor do slogan, já que, creio eu, todos sabem quem é!

De igual modo, solicito o mesmo pedido para todas as utilizações de reflexões da minha criatividade e autoria, pois a honestidade intelectual a isso “obriga”.

Podem continuar a usar e a abusar das minhas obras criativas, facto que agradeço, mas não se esqueçam de citar/referenciar o Autor. É tudo quanto peço em troca.

Obrigado.

Didinho 27.12.2019

Ainda a propósito dos equívocos sobre as Competências Constitucionais do Presidente da República

Ainda a propósito dos equívocos sobre as Competências Constitucionais do Presidente da República
É preciso continuar a insistir na abordagem sobre as competências e as atribuições constitucionais do Presidente da República da Guiné-Bissau, tendo em conta a segunda volta da eleição presidencial marcada para 29 de Dezembro, e as sucessivas constatações dos equívocos dos 2 candidatos sobre as competências/atribuições, constitucionais do Presidente da República.
Escrevi ontem sobre o princípio estruturante da separação e da interdependência de poderes entre os órgãos de soberania.
Hoje e, por via dos mesmos equívocos das competências/atribuições, constitucionais do Presidente da República, cada vez mais notórios e, preocupantes, faço questão de focar a minha abordagem no Artigo 62º. da Constituição da República da Guiné-Bissau, pois é notório que os 2 candidatos ignoram, consciente ou inconscientemente, a importância deste Artigo constitucional abrangente da representatividade presidencial, o que é de facto, incompreensível.
ARTIGO 62°
1 – O Presidente da República é o Chefe do Estado, símbolo da unidade, garante da independência nacional e da Constituição e Comandante Supremo das Forças Armadas.
2 – O Presidente da República representa a República da Guiné-Bissau.
Ao invés de se preocuparem com a usurpação das competências de um outro órgão de soberania, que é o Governo, os 2 candidatos presidenciais deveriam focar suas mensagens ao Povo Guineense, naquilo que é da competência constitucional do Presidente da República e da sua Magistratura de Influência.
Uma das principais tarefas do Presidente da República é Defender e Promover a Unidade Nacional, garantir a Soberania Nacional e a vinculação do Estado e suas Instituições, à Constituição da República.
O que é que os dois candidatos presidenciais têm a dizer ao Povo Guineense sobre estas matérias?
Num País necessitado de um digno Promotor da Reconciliação Nacional, visando o resgate e a Afirmação da Unidade Nacional, da Paz interior/espiritual, dos Guineenses, quais são os subsídios nesta matéria, lançados à consideração do Povo Guineense, pelos dois candidatos?
É mais fácil vender ilusões ao Povo?
É mais fácil continuar a prometer um alegado desenvolvimento do País, por via de projectos escondidos na manga, em forma de “programas paralelos” ao Programa do Governo, quiçá, projectos de ocasião e irrealistas, face às necessidades e prioridades da Guiné-Bissau e dos Guineenses, que a cada dia são dados a conhecer ao eleitorado guineense, pelos dois candidatos, como estratégia de marketing político de suas campanhas eleitorais, do que partilhar o pensar e o sentir, perspectivando o agir, em caso de vitória eleitoral, de um candidato presidencial, com sentido de Estado, ciente da divisão da família Guineense e das consequências da agudização da crise de relacionamento social entre os Guineenses?
A quem serve a construção de linhas férreas na Guiné-Bissau nos próximos 50 anos, para serviço de transporte de pessoas?
Quem avança com essa ideia, tem, de facto, noção do que está a afirmar, já que ultrapassa a fase de uma proposta, que para além de não ter que ser da iniciativa do Presidente da República, teria que estar incluída no Programa e no Orçamento do Governo, a ser discutido e aprovado ou inviabilizado na Assembleia Nacional Popular, o nosso Parlamento?
Quem seriam os investidores/financiadores de tal ideia, com garantias de qual retorno, quando nenhum estudo de mercado, e de impacto ambiental foi feito, ou dado a conhecer sobre tamanha ambição desmedida?
A Guiné-Bissau tem condições geográficas para ter um circuito ferroviário capaz de ligar todo o País, mesmo falando apenas da parte continental?
A Guiné-Bissau, na óptica dos dois candidatos presidenciais, que ignoram as competências constitucionais do Presidente da República, deve ter como prioridade, a construção de cidades inteligentes, com aranha-céus, viadutos, estradas, caminhos de ferro e pontes, físicas, ignorando que, volvidos 46 anos de independência, o País não tem hospitais, nem escolas, dignas do termo;
Não tem centros de saúde, bibliotecas, farmácias, universidades, parques de lazer para crianças, centros de formação profissional e tecnológica, e, muito menos, empresas públicas e privadas promotoras de emprego e consequentemente, geradoras da melhoria das condições de vida das populações?
Volvidos 46 anos de independência, um pretendente ao desempenho do cargo de Chefe do Estado, perante o voltar de costas entre os Guineenses, não sabe que o debate sobre a Reconciliação Nacional, visando resgatar a Unidade Nacional, ao invés da promoção de mais divisões e ódios entre os Guineenses, é a PRIORIDADE NACIONAL, para a HARMONIZAÇÃO e PACIFICAÇÃO da SOCIEDADE?
O que temos constatado é que, ambos os candidatos à segunda volta da eleição presidencial de 29 de Dezembro, ignoram em absoluto, a importância da RECONCILIAÇÃO NACIONAL, como factor de resgate da Unidade Nacional, da Confiança, do Respeito e do Entendimento entre os Guineenses, o que é de lamentar, infelizmente.
Continuam a incentivar as suas claques a promover cada vez mais divisão, mais ódio, mais irresponsabilidade cívica e social, quando deveriam ser os promotores de mensagens de Unidade, de Amor, de Tolerância, de Harmonia, de Paz, de Respeito e Entendimento entre os Guineenses…
Como pensam que vai acabar tudo isso, ou se é que vai acabar, com tantas sementes do mal a serem lançadas, a cada minuto, no chão fértil da nossa Guiné-Bissau?
As pontes, as vias, os caminhos, que um Presidente da República da Guiné-Bissau deve trilhar, e recomendar ao Povo e às Instituições do Estado, são as pontes, as vias e os caminhos que devem nortear as relações humanas, assentes na pureza do sentir e do ser  Guineense, entre Irmãos Guineenses!
São essas as pontes, as vias e os caminhos que a Guiné-Bissau e os Guineenses precisam e que o Presidente da República deve arquitectar, enquanto Símbolo da Unidade Nacional e Figura Representativa da República da Guiné-Bissau, usando a sua Magistratura de Influência, com base na interdependência entre todos os órgãos de soberania!
Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!
Didinho 24.12.2019

Sobre os equívocos das Competências constitucionais do Presidente da República

No nosso Sistema de Poder, que é do conhecimento público, existem 4 órgãos de soberania, cada um com as suas competências devidamente elencadas na Constituição da República, salvaguardando a sua raiz semi-presidencialista, através do princípio estruturante da separação e da interdependência de poderes entre todos eles.

Não me parece sensato, numa altura em que o cidadão eleitor guineense se prepara para votar na segunda volta da eleição presidencial, agendada para 29 de Dezembro, que os 2 candidatos ao cargo de Presidente da República, cada um à sua maneira, continuem equivocados sobre as competências e as atribuições do Presidente da República, equivocando igualmente, o cidadão eleitor, por um lado e, todo um Povo, por outro.

O Presidente da República, no nosso Sistema Político, não manda em nenhum outro órgão de soberania, quer político, quer administrativo, quer judicial!

O Presidente da República, pode e deve, sim, exercer uma Magistratura de Influência, sempre que necessário, numa perspectiva colaborante, de interdependência, com os demais órgãos de soberania, visando a Promoção e a Defesa dos Interesses Nacionais, com vista à Afirmação do Estado, à Garantia dos Direitos Fundamentais do Cidadão, incluindo a Satisfação das Necessidades Colectivas!

Não cabe ao Presidente da República a elaboração ou a decisão sobre qualquer Programa de Governação do País.

O Presidente da República, no nosso Sistema de Poder, não decide sobre empréstimos ao País, nem sobre a construção de escolas, hospitais, estradas, etc., etc., numa perspectiva de Políticas Públicas.

Isso é tarefa do Governo, que fique bem claro, para que a manipulação/instrumentalização que continua a alimentar os discursos dos 2 candidatos à segunda volta da eleição presidencial, deixem de equivocar o cidadão eleitor e todo um Povo.

Há que repudiar esses discursos, pois são incentivos aos conflitos institucionais entre os órgãos de soberania e, sobretudo, entre o Presidente da República e o Governo, o que tem sido cíclico na Guiné-Bissau, por via das violações constitucionais, tendo em conta as competências exclusivas de cada órgão de soberania.

Não são os diplomas que definem a preparação para o exercício do cargo de Presidente da República, mas acima de tudo, o Amor à Pátria, assente no Compromisso para com o País e para com o Povo, bem como o conhecimento e o Respeito da Constituição e das Leis da República.

Nenhum País do Mundo eleva a figura de quem quer que seja, como figura/ símbolo, máximo, da inteligência, incluindo, obviamente, o Presidente da República. Na Guiné-Bissau, se alguém pensa que por exercer ou pretender exercer o cargo de Presidente da República, é sinal de ser o mais inteligente e capacitado cidadão nacional, então que se desengane!

A eleição presidencial não é nenhum exame académico e o órgão de soberania que é o Presidente da República, não é nenhum Catedrático no exercício de um cargo, que não se cursa em nenhuma Universidade do Mundo!

Um Presidente da República precisa de ser ajudado, apoiado, por todos, por ser o Símbolo da Unidade Nacional, na sua definição e representação multidisciplinar, e é nessa base que, tendo, ou não, Diploma, em qualquer área de formação superior, deve ter na estrutura de trabalho que o acompanha, os melhores conselheiros e assessores, esses sim, especialistas nas várias áreas para que são convidados e nomeados para aconselhar e assessorar o Presidente da República.

Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!

Didinho 23.12.2019


Quem, para resgatar a Unidade Nacional?

A Sensibilização e a Promoção da Unidade Nacional, visando o seu Resgate, face a tudo e a todos quantos nos têm dividido, por via de interesses que não os da Guiné-Bissau e do Povo Guineense, deveria ser a abordagem primeira dos Manifestos Eleitorais dos candidatos presidenciais, e na ausência dessa abordagem, o foco principal nos debates por parte dos cidadãos.

Infelizmente, falam, falam, e não dizem nada do que realmente importa ao País e ao nosso Povo… mas a malta até gosta… ou sou eu que estou equivocado…

Inteligências e contra-inteligências, entre personagens e seus estatutos, que ao País e ao nosso Povo, nunca acrescentaram nenhuma mais valia, antes, pelo contrário, uma triste visão de uma Sociedade doente, temente e retrógrada, incapaz de se soltar das amarras dos compromissos político-partidários, por via dos egoísmos enraizados visando a satisfação de interesses pessoais, familiares e de grupos.

Como é que se pode dar o benefício da dúvida, ou um “cheque em branco” a candidatos presidenciais promotores da divisão social, quando nas suas campanhas eleitorais, continuam a promover a divisão, o ódio e, consequentemente, a violência entre os Guineenses?

É tão difícil perceber o impacto negativo das disputas de “galos” pelo poder de um “poleiro”, onde se for preciso, morrem todos, para que nenhum cante mais alto que os outros…?!

Quem, entre eles (os principais candidatos), para resgatar a Unidade Nacional, estando todos de costas voltadas uns para os outros, semeando o ódio e incentivando explícita ou implicitamente a divisão social e o ajuste de contas entre os guineenses…?!

Infelizmente, e citando Joseph-Marie de Maistre: “Toda nação tem o governo que merece”…

Já era tempo de os Guineenses se unirem para deixarem de eleger “os mesmos de sempre” e não foi por falta de opções e incentivos nesse sentido, mas…

O Povo é quem sabe, o Povo é quem Manda…

Somos um Estado de Direito, dizem…

Vivemos em democracia, insistem…

E todos temos que respeitar as decisões do Povo, do qual somos parte!

Positiva e construtivamente.

Didinho 27.10.2019

Eng.º Augusto Ulique

A esperteza de Lebre do Baciro Djá

A esperteza de Lebre do Baciro Djá

Augusto Ulique

Muitos falam das incongruências do Baciro Djá, eu diria a esperteza de Lebre do Baciro Djá.

O DSP ao aceitar o apoio de Djá, abriu-lhe a porta de regresso à família do PAIGC. Consciente ou não, permitindo ou não, o Baciro mais uma vez confirmou a esperteza da Lebre que sempre usou na senda política para chegar onde se encontra hoje na sociedade guineense.

Quem soube analisar atentamente os vídeos dos comícios durante a 1ª. volta das presidenciais na Guiné-Bissau poderá reparar um fenómeno que decorreu durante esta campanha. Dos 12 candidatos à presidência, 3 entre eles (Domingos Simões Pereira, José Mário Vaz e Carlos Gomes Júnior) são todos militantes ativos do PAIGC. Outros 2 (Baciro Djá e Umaro Sissoco Embaló) são os ditos “ex-militantes” dos libertadores. Portanto aqui houve, a meu ver duas campanhas simultâneas.

Uma campanha, que era para as presidenciais, e outra, da luta para a liderança do PAIGC, que aqui fica demonstrado naquilo que eu considero de esperteza de Lebre do Baciro Djá!

O senhor Baciro Djá atacou, e com acusações graves, na 1ª. volta das presidenciais quer o DSP, quer o JOMAV, com simples, mas claras e objetivas intenções. Se conseguir regressar à família do PAIGC fazer lembrar aos militantes o que havia denunciado durante a campanha para as presidenciais, para lhe legitimar a candidatar-se à liderança dos libertadores.

Ao CADOGO Júnior, Djá só fez lembrar a este que já é tempo de se ocupar dos netos e deixar a política ativa. Para Baciro Djá, o Umaro Sissoco não constituirá nenhum perigo uma vez que este se encontra na estrutura de liderança de um movimento (MADEM-G15) que hoje lidera a oposição, constituindo-se atualmente como o segundo maior partido na Guiné-Bissau. Portanto está fora de questão que o Sissoco tenha intenções de regressar ao PAIGC.

Com este cenário o grande perdedor na luta política no seio dos libertadores será o DSP. Se o Domingos Simões Pereira ganhar as presidenciais, será obrigado a deixar a liderança do partido. Para este fim haverá candidatos à liderança do partido e um deles poderá ser o Baciro Djá que depois da segunda volta das presidenciais abandonaria a FREPASNA para regressar à família dos libertadores.

Uma vez que Djá decidiu apoiar o DSP, ganhou a estima e a legitimidade dos militantes do PAIGC neste momento decisivo entre quem será o próximo Presidente da República entre Simões Pereira e Sissoco Embaló.

Se o DSP perder as eleições presidenciais, será o fim da sua liderança no partido. Porque os críticos e os opositores da sua liderança vão reclamar a sua incapacidade em ganhar eleições. As suas estratégias de liderança fizeram com que o PAIGC perdesse a maioria absoluta conquistada nas eleições legislativas de 2014, e consequentemente, não tenha conseguido vencer as legislativas de março deste ano com uma maioria que lhe permitisse governar sozinho. É a partir daqui que afirmo que o grande perdedor na política guineense nesta altura é o DSP que não soube tomar decisões certas, realistas, coerentes, nos momentos oportunos.

Houve alturas em que o DSP poderia aproveitar para unir a família do PAIGC ao invés de manter os princípios, as promessas e alianças que depois não soube ou não pôde honrar.

Se alguém se lembrar num dos comícios do JOMAV em Buba sul da Guiné se não me engano, disse em kriol, cito: “I na pirdi es eleiçon i dipus nô na robal partido”. Para mim tornou-se claro que a eleição presidencial não é só uma mera eleição para a presidência da República, sendo igualmente uma oportunidade de disputa para a liderança do PAIGC.

Por isso, chamo a atenção aos compatriotas que veem o Domingos Simões Pereira como solução para a Guiné-Bissau.

Sem uma renovação e reformulação radical do PAIGC (que até aos nossos dias ainda se considera partido-Estado), nada mudará na Guiné-Bissau, sobretudo, enquanto este partido continuar a ser o detentor dos símbolos da nação e com slogans da última campanha para as legislativas, cito: “É terra ten si dunu”. E cada vez que existir conflitos no seio dos libertadores, que sempre reclamam serem donos da Guiné-Bissau, o país continuará na habitual instabilidade política.

Suponhamos que assim fosse, que o PAIGC sozinho é que libertou a Guiné do jugo colonial português, o que não é o caso. Isto não lhe dá a legitimidade de manter uma nação refém durante décadas. Reclamando o direito de ser o único que libertou o país por isso, ser o dono da nação guineense.

Disse e repito que o PAIGC, nos tempos idos não foi a única força que libertou a Guiné-Bissau. Porque o próprio Amilcar Lopes Cabral que muitos denominam de pai da nação, dizia: “(…) O PAIGC é um movimento que congrega forças e ideologias de interesses diferentes unidos para um objetivo único/comum, o de expulsar o colonialismo português do nosso território. E que depois da independência os camaradas que continuassem a apoiar e a seguir os ideais do partido, teriam que se inscrever para a militância no partido. A partir daí os dossiês de cada camarada seriam estudados pela direção superior do partido remetendo-os para aprovação. A quem não conseguisse reunir as condições para ser admitido como militante no partido, seria atribuído o estatuto de Combatente da Liberdade da Pátria.”

Por isso convido-vos a ler a obra de Cabral quando dizia que nem toda gente é do partido. Hoje há pessoas que reclamam o estatuto de serem militantes só por pegarem em armas e lutarem ao lado do partido contra o colonialismo e nenhuma vez preencheram a ficha de inscrição como militantes do PAIGC. Assim como também há pessoas, que só por militarem no PAIGC depois da independência, por convicções ideológicas, chegam a reclamar o estatuto de Combatente da Liberdade da Pátria; ou que julgam que, por um familiar ter lutado pela independência nacional, esse facto dá-lhes, igualmente, por via “sucessória” de familiaridade/parentesco, o direito de herdar o estatuto de Combatente da Liberdade da Pátria.

Aconselho o PAIGC que conheço desde a infância (mas ao qual nunca aderi), nas matas de Gã-Pará, Gã-Gurgol e Ponta-Nobo, na região hoje chamada Quinara, de seguir os ideais de Amilcar Lopes Cabral, e de se libertar das garras de oportunistas e pessoas que aderiram à luta de libertação para se salvar dos crimes cometidos nas zonas então ocupadas pelo colonialismo português, ou os que pensaram tomar depois o partido para usarem para os seus interesses pessoais (Muitos ainda se lembram da música do grupo musical Super Mama Djombo nos anos 70: Tugas n´barka ê bai, tugas di terra fika, ê na soronda, imperialismo na regua..!). Porque estes de facto estão ainda dentro do PAIGC até aos dias de hoje. O próprio Amilcar Cabral havia dito que depois da independência todos eles iriam ser apresentados à justiça para responderem pelos atos que os obrigou a abandonar a então zona ocupada pelo inimigo.

Na sua obra, Cabral mencionou alguns nomes a título de exemplo para ilustrar que nenhum dirigente ou militante do partido deve sentir-se confortado com aquilo que conseguiu fazer para chegar hoje lá onde está e ocupar o lugar que ocupa esquecendo do passado. Ele foi ainda mais longe, dizendo que: “vamos considerar os registos criminais que a administração colonial vai deixar na nossa terra”.

Se, na verdade, o PAIGC hoje pensar seguir os ideais de Amilcar Cabral, que ponha ao público as obras dele para serem estudadas, analisadas na sociedade guineense. Porque este partido é detentor de segredos de uma nação por construir. Perguntem ao povo da dita “antiga-zona libertada” o que lhes foi prometido durante a luta de libertação.

Qual foi o papel que desempenharam durante a luta de libertação. Alguém sabe dizer como é que os guerrilheiros eram abastecidos com géneros alimentícios?

Como funcionava a logística para abastecimento dos guerrilheiros com materiais bélicos?

Para os que não sabem, já existia de facto um aparelho administrativo na então “zona libertada”, ou seja, os lugares ocupados pelos guerrilheiros. É aqui que nasce o dilema do PAIGC querer reclamar um passado que pertence a quase ⅔ dos guineenses que durante a luta de libertação fazia o grosso da “antiga-zona libertada.”

Por questões de estratégia política a nível internacional, Cabral foi obrigado a criar um aparelho de estado rudimentar para convencer a opinião internacional, o que conseguiu de facto.

O paradoxal em tudo isso é que depois da morte de Amilcar Cabral ninguém foi capaz de fazer as correções ou a reestruturação de uma ideia ou estratégia que foi criada de forma provisória para alcançar uma etapa da vitória numa guerra de libertação contra um país (Portugal fascista) fraco em termos da existência de uma burguesia influente a nível mundial.

Portugal desprezou a Guiné tanto tempo, que nem sequer se apercebeu que a inteligência de Amilcar Cabral implantada numa colónia que os tugas sempre consideravam de só mais um pedaço de território no continente africano, poderia afetar o bolo gordo como Angola e Moçambique, onde o imperialismo havia sido instalado com colossais lucros que tiravam para a metrópole e a Europa capitalista.

É bom que os guineenses comecem a pensar num Estado e numa Nação por construir e porem de lado os partidos políticos. A luta de libertação demonstrou aquilo que Cabral de facto percebeu e chamou de unidade, luta e progresso. Unimo-nos e lutamos contra um mal que afetava a sociedade guineense: o colonialismo, e vencemos, tornando-nos independentes sem questionarmos a etnia, raça, religião ou cor da pele. Agora o que nos falta é ter o mesmo espírito, desta vez o patriotismo e o nacionalismo para podermos erguer uma nação progressista que orgulhe a todos os Bissau-Guineenses, e não a um partido!

A Guiné-Bissau e os interesses dos guineenses estão acima de TUDO e de TODOS!

Deus abençoe os GUINEENSES!

Augusto Ulique/ 15 d. Dez. 2019/Flensburg, Alemanha

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Eng.º Augusto Ulique, guineense, casado e pai de 5 filhos

Formação e carreira:

1986 -1991:

Estudos de Geologia e Minas com título de Engenheiro Geólogo com pós-graduação desde 1991 na Universidade Técnica e Academia de Minas em Freiberg/Saxónia na então Alemanha Democrática.

1992 – 1995:

Assistente na Faculdade de mineralogia da Universidade Técnica de Freiberg/Saxónia no Estado Federal Sachsen.

2000 – 2014:

Docente na Escola Superior de Bernburg no Estado Federal de Sachsen-Anhalt, com a cadeira docente de Ecotrofologia.

2013 – 2015:

Diretor de projeto de investimento na área de agricultura na Guiné-Bissau.

Desde 2015 após o regresso da Guiné-Bissau, até à presente data, é funcionário do Estado Federal de Schleswig-Holstein.

 

Que o Povo vote, que o Povo decida!

 

Esta minha reflexão de hoje, dia de Reflexão na Guiné-Bissau e fora dela, pela sua Diáspora, por via da realização, amanhã, 24 de Novembro, da eleição para Presidente da República, assenta apenas e só, nos meus  Direitos e nos meus Deveres de Cidadania, não estando, por isso, vinculada a nenhum compromisso político-partidário, ou de Grupos de interesses, porquanto, ser um Cidadão Livre e Independente, no Pensar e no Agir, e eternamente Comprometido com a Guiné-Bissau, Meu Partido!

Sendo dia de Reflexão o dia de hoje, com a abrangência do seu simbolismo, deveria espelhar todos os dias de todos os anos, igualmente, como dias de Reflexão, de Questionamento, de Auto-avaliação, de Paz de Espírito, da Mente; de Compreensão/Contenção/Moderação/Tolerância/visando o Respeito e o Entendimento entre irmãos há muito desavindos; cada vez mais divididos e instigados ao ódio e à violência, pelos políticos que deveriam ser os promotores da Concórdia Nacional, da Reconciliação Nacional, em suma, da Unidade Nacional e do consequente resgate da nossa Soberania Nacional e da Concepção e Projecção de Programas sustentáveis de Desenvolvimento visando o Bem-Estar Colectivo e a Afirmação da Guiné-Bissau no concerto das Nações, enquanto Estado de Direito Democrático.

Vamos votar para escolher um novo Presidente da República, ou reconduzir o ainda Presidente em exercício, que também se afigura na lista dos 12 candidatos presidenciais.

De eleições em eleições, continuamos até hoje, a confundir entre eleições presidenciais e eleições legislativas; o que são os órgãos de soberania e quais as competências, as atribuições e funções do Presidente da República, sobretudo, a sua relação com o Governo.

Nos 21 dias de campanha eleitoral, os candidatos presidenciais contribuíram uma vez mais para a desinformação e confusão do eleitorado, tendo em conta, o princípio da separação e da interdependência de poderes entre os órgãos de soberania, concretamente, numa relação mais propícia a conflitos institucionais, com base nas relações institucionais entre o Presidente da República e o Governo.

A maioria dos candidatos presidenciais continua a pensar que o Presidente da República é quem governa, e manda nos outros órgãos de soberania. Continuaremos a ter graves crises políticas nos próximos tempos, por via da pretensão de um absolutismo do poder, do tipo presidencialista, quando o nosso sistema de poder assenta num regime semi-presidencialista.

Aceitamos a data de 24 de Novembro e vamos votar. Será que o nosso Povo Eleitor, que vota, que decide nas urnas, sabe quais são as competências e as atribuições constitucionais do Presidente da República?

Como pode um eleitorado eleger conscientemente o Presidente da República, quando esse mesmo eleitorado não é capaz de questionar as exorbitâncias da logística utilizada pelos candidatos, sobretudo aqueles propostos pelos seus partidos políticos, que, através disso, demonstram o seu Poder de manipulação e instrumentalização do eleitorado?

O Povo ainda continua a preferir o néctar eleitoral ao respeito pelos seus Direitos, ao permitir que nas eleições presidenciais ou legislativas se gastem milhões de milhões de dinheiros, não importa qual a moeda, e durante os 4 anos de governação, as necessidades básicas das populações serem ignoradas pelos sucessivos governos, com argumentos de falta de verbas, orçamento, crises de instabilidade…

Constatamos ao longo desta e doutras campanhas eleitorais, a violação permanente de alguns Artigos da Lei-Eleitoral para Presidente da República e Assembleia Nacional Popular, a Lei Nº 10/2013.

Vou citar apenas 2 desses Artigos, por serem os que mais contribuem para a transformação das eleições num jogo de vida ou de morte, do vale tudo:

Artigo 5º.

Liberdade, Igualdade e Imparcialidade
O processo eleitoral implica liberdade de propaganda, a igualdade de candidaturas e a imparcialidade das entidades públicas e privadas.

Artigo 34º.

Normas Éticas da Campanha

Durante o período de campanha eleitoral é proibido usar expressões que constituam um crime de difamação, calúnia ou injúria, apelo a desordem insurreição ou incitamento ao ódio, à violência ou à guerra.

– Fim de citação

No Artigo 5º. a imparcialidade das entidades públicas, sobretudo, nunca existiu, pois os sucessivos Governos não consideram a igualdade das candidaturas e assumem claramente apoios directos, entre financeiros, logísticos, incluindo propaganda de realização de obras e acções generosas junto das populações, no intuito de favorecerem os seus candidatos, quiçá, o Partido que detém a governação do País, mesmo que, descapitalizando o Estado e promovendo a corrupção, para tal fim.

No Artigo 34º. a lei é bem clara, visando protelar a promoção da desordem, do incitamento ao ódio, à violência e à guerra, mas que importa isso para os candidatos e para o Povo que desconhece a Lei?

Sim, vamos reflectir nos 12 candidatos e nas mensagens que partilharam ao longo dos 21 dias de campanha eleitoral, sem ignorar que uns e outros têm responsabilidades no estado em que se encontra o Estado da Guiné-Bissau e, por isso, o juízo reflexivo de suas intervenções e acções, pelo cidadão eleitor, não se limita aos 21 dias de campanha eleitoral.

Sim, vamos reflectir se vamos votar em candidatos que dividem o Povo, quando o Presidente da República, segundo o Artigo 62º. da Constituição da República é o Chefe do Estado, símbolo da unidade, garante da independência nacional e da Constituição e Comandante Supremo das Forças Armadas.

Quem, para resignar à arrogância, ao absolutismo e na humildade do seu ser e pelo amor à Pátria e aos seus irmãos, vai promover a Concórdia, a Reconciliação, em suma, a Unidade Nacional, se a semente do ódio, do ajuste de contas e do espírito de guerra (visando a conquista do cargo de Presidente da República a qualquer preço, foi lançada em todo o território nacional, ramificando-se aos espaços fora de portas, onde reside a nossa Diáspora?

Sim, vamos reflectir, se vamos votar, hipnotizados, manipulados, instrumentalizados, porque gostamos de estar com os “profetas da nossa desgraça” em cada processo eleitoral e, depois, no pós-eleições, soltar a revolta das nossas frustrações ao sermos humilhados, desconsiderados, rejeitados, porque fomos apenas números, no processo de ascensão de mais um, de tantos, dos mesmos de sempre, que continuam a adiar o futuro da Guiné-Bissau, negando a felicidade e o bem-estar ao nosso Povo!

Votemos pois, para que da nossa decisão, soberana ou não; consciente ou não, tenhamos a coragem de assumir um dia, as nossas responsabilidades no futuro que se inicia amanhã, com o voto de cada cidadão eleitor.

Viva a Guiné-Bissau!

Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!

Didinho 23.11.2019

Um olhar sobre as eleições presidenciais na Guiné-Bissau

Prof. Doutor Mamadu Lamarana Bari

Correm boatos de que preparam-se fraudes nessa eleição. Sacos de dinheiro para serem distribuídos para as zonas eleitorais, manipulação dos ficheiros de votos, etc, etc. Se isso for verdade, não importa de qual lado ou tendência política que essas atitudes provirem, o que se deve fazer, se for verdade a notícia e for constatada a fraude depois da apuração dos resultados, a oposição ou quem se sentir prejudicado se mobilizarem com seus eleitores para fazerem um veemente protesto no país, do gênero Bolívia , Chile e agora Colômbia, para que se tome a decisão, se for constatada a fraude, de fazer a recontagem dos votos ou instaurar um governo provisório independente, com a participação da sociedade civil no país e na diáspora, a fim de prepararem o país para uma nova República, nova era democrática. Nova Constituição, nova Bandeira e novo Hino Nacional se necessário for. Sem isso é só lenga lenga de sempre. Na Guiné-Bissau não se distingue o Estado da Nação. Não existe a institucionalização do Poder, não se conhece e não se sabe sobre a cultura politico-institucional. Precisa -se estudar nos colégios, universidades algo sobre a Organização Política e Administrativa da Nação. Não há soberania e não se têm idéia do que isso representa para a morte institucional de um país que se formou a custa de sangue e suor de seus valorosos filhos.

22.11.2019