Um Milagre Possível

 

Muhammad Yunus

 Muhammad Yunus

 

Por: Flaviano Mindela

26. 10. 2006

 

 

Este ano de 2006, do calendário de Juliano, a Academia Sueca deliberou atribuir o Nobel da Paz, ao conhecido banqueiro Muhammad Yunus e o seu Banco. Que julgo também ser, mais para nos lembrar, o quanto a promoção do bem-estar económico, social e cultural aos demais, pode contribuir largamente para um Mundo que se quer pacificado.

O Sr. Yunus vai conseguindo muitos milagres. Tantos quanto o número de pessoas que ajuda através da concessão do micro crédito, só na base da confiança e da capacidade do ser humano como tal, de querer e de melhorar a sua condição.

 

Fazendo uso adequado da sua formação académica, mudará a sorte de milhões. Porque simplesmente optou por pôr o seu conhecimento ao serviço da sua Comunidade. Estamos assim, perante um grandioso exemplo a seguir, para com isso, tentarmos pelo menos, mudar para melhor, o rumo da sociedade Guineense.

 

Temos mantido o péssimo hábito de, após a nossa formação académica, procurarmos unicamente encontrar uma ocupação. Antes, de preferência, na máquina pública. Ultimamente, nos bem intencionados organismos internacionais sedeados no País, que nos garantam um rendimento, para nós, aceitável. E a partir daí, tratarmos então de encarcerar as nossas almas numas moradias com muros altos e gradeamentos em ferro, que mais fazem lembrar uma prisão. Privando assim os nossos filhos, de uma convivência saudável com outras crianças vizinhas. E daí sairmos só para os nossos serviços ou para de vez enquanto pavonearmos, humilhando até, os outros. Como se com isso, estarmos salvaguardados da miséria, que supostamente diz respeito aos infortunados, quando pela realidade dos factos, não podíamos estar mais equivocados.

 

Num País de miséria extrema como o nosso, duma maneira ou de outra, todos nós partilhámos da mesma atmosfera.

Se normalmente durante a nossa caminhada académica  beneficiámos inevitavelmente de infra-estruturas, muito embora fracas que, de uma forma ou de outra, custaram aos outros implantar e manter, mesmo que em nome do Estado, então para tal, deveríamos depois retribuir, na medida das nossas capacidades, investigando e publicando estudos; desenvolvendo e divulgando técnicas, para as respectivas aplicações, contribuindo assim para a evolução, através dos imprescindíveis avanços na ciência e na técnica, no nosso País. E com isso, diminuir as importações de fórmulas, que depois acabam por revelar ineficazes, às nossas realidades. Isto é, capitalizar a nossa formação académica, em prol da colectividade.

 

É por estas e por outras que faço e, sempre farei parte, dos que defendem por agora, uma política educativa mais centrada na formação técnico profissional e menos na formação superior.

Todos nós sabemos que o nosso Estado foi ficando com a exclusividade de empregar os ditos quadros superiores, na minha opinião já demasiados, que ao longo dos tempos, saíram das Universidades dos Países nossos amigos, porque o sector privado, infelizmente vítima duma política económica, que pecava por excesso de uma tendência centralista e, que experimentámos nos anos primeiros da nossa independência, para não deixar alguém decepcionado, não conseguiu preparar-se para o papel que hoje se lhe pede.

 

 Para mais, a forma inadequada como se processou a passagem para a economia de mercado, só veio agravar ainda mais o cenário já de si, feio.

Pois é bastante claro que isso provoca, e vai provocando uma situação de competição, diga-se de passagem, indesejável, entre os vários pretendentes aos poucos lugares. Ou seja, uma autêntica luta pela sobrevivência que, muitas das vezes, facilmente se degenera em perseguições e calúnias, pela parte justamente, dos menos capazes. E em casos significativos, até já se verificaram eliminações físicas dos que para eles, não passam de inimigos. Sempre em prejuízo de todos.

 

Formando quadros técnico profissionais: como monitores escolares, como auxiliares de enfermagem, como carpinteiros, como pedreiros, como mecânicos, como electricistas, como pintores, etc. só para mencionar alguns, atenuaríamos esta grande doença e, mais outras, que teimam em castigar a nossa Comunidade.

 

O mercado para esses quadros técnico profissionais, está aí à espera e nunca mais acaba. Basta olharmos à nossa volta, e constatarmos a quantidade, em vez da qualidade, dos pseudo profissionais de género, nacionais e dos Países vizinhos nossos, que operam por aí.

Executando os seus serviços, os quadros técnico profissionais que venho aqui propor, com toda humildade formarem-se; obterão as suas remunerações devidas e isso proporcionará o fenómeno da democratização e maximização dos rendimentos, que por sua vez, permitirá ao Estado, com o rigor na elaboração e aplicação das leis fiscais, poder ir buscar os impostos para a realização dos seus variados fins; terão capacidade para formarem e sustentarem uma família, que como todos devem saber, é a mais importante estrutura de qualquer sociedade; poderão suportar as despesas alimentares e escolares dos seus filhos, sobrinhos, etc. Tendo assim a moral em alta, para impor regras de uma educação cívica em casa, fazendo com que tenhamos mais crianças e jovens com base, ainda que mínima, a estudarem em melhores condições no primeiro e no segundo ciclo.

 

E desses sim, saírem os mais dotados para o ensino superior. Depois, de certeza que virá, o tão pretendido dinamismo no sector privado, assim como, a tão ansiada paz social, para o progressivo descanso do Estado e do País em geral.

São as pequenas e médias empresas que fazem arrancar e desenvolver as grandes economias. São os técnicos profissionalizados que sustentam e galvanizam as pequenas e médias empresas. São as pequenas coisas que fazem grandes, os Países.

Senhoras, e Senhores, é meio-dia em ponto. Acordemos!

Tenhamos a vontade de lançar iniciativas, a paciência de deixar amadurecer ideias, a coragem de implementar fórmulas e a enorme satisfação de colher os bons resultados que, naturalmente chegarão.

 

 

 

Obs: Também como vocês, vi a revoltante reportagem, de um nome muito sugestivo: “Nô Pintcha” que foi emitida pela estação de TV Portuguesa SIC, na noite do dia 15 de Outubro de 2006.

 

 

Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.

 

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VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

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