UM DESAFIO AOS GUINEENSES

 

 

Por: M´BOTÉ N´GUILIM

16.03.2009

 

Desafio os guineenses a organizarem um debate nacional igual ao que aconteceu na África do Sul pós apartheid para que muitos dos culpados do regime ainda vivos viessem a público e em segurança confessar e comprometer-se em pedir perdão às vítimas do regime, no fundo, promover uma justiça pública em segurança, em nome da reconciliação nacional dos guineenses particularmente, para apaziguar as almas de familiares e de defuntos, dizimadas desde a Independência até ao presente.

Que procuremos financiamentos com o empenho de todos, sendo a Sociedade Civil (ONGs nacionais ou não, Comunidade internacional em geral, CPLP, CEDEAO, UA em particular) designada promotora principal da iniciativa envolvendo obviamente o governo, partidos políticos e militares.

 Uma operação desta envergadura implica custos, e tem que ser feita em absoluta segurança dos intervenientes, para ter êxito; é claro que é preciso ter uma estratégia bem coordenada e delineada em amplos consensos seja a nível nacional como no estrangeiro, de modo a garantir aos intervenientes uma participação voluntária em massa e em segurança.

Infelizmente este período negro, fará sempre parte da nossa história do pós-independência.  

Ficará inegavelmente escrito numa página da história da Guiné-Bissau por ser um anseio claro de todos nós, pudermos descalçar este capítulo negro. Eu acredito que tal seja possível, é uma pedra no sapato de todos Guineenses, e a única maneira de solucionar o problema é parar, descalçar o sapato e retirar a pedra, analisá-la sem complexos perante o Mundo, depois seguir a caminhada tranquilamente rumo ao desenvolvimento que todos almejamos. A Guiné já venceu batalhas mais duras; vencerá esta também, mas para isso temos que lutar afincadamente, coesos num substrato homogéneo, respeitando obviamente as nossas diferenças (que é a nossa essência e a nossa maior riqueza) em prol do essencial que é a unidade da nossa pátria Guiné-Bissau, UNA e INDIVISÍVEL.

Sabemos que de facto perante tantas mortes violentas cometidas durante o regime anterior, a justiça nunca funcionou como devia, houve flagrantes impunidades, as instituições do governo e do Estado (se é que existiu o Estado?) nunca funcionaram. Houve uma omissão completa destas entidades que só serviam os interesses de Elites. Toda esta situação criou um mau estar social generalizado que culminou em sucessivos conflitos vividos até hoje. Não acredito que com a Morte de Nino e do Tagme haja condições suficientes para nos reconciliarmos profundamente como muitos pensam, antes pelo contrário estes deixaram novos órfãos lamentáveis que a nossa sociedade terá que explicar.

Dito isto, deixo um desafio aos Guineenses sobretudo à SOCIEDADE CIVIL que faça o resto:

Uma Conferência de reconciliação, em que os supostos culpados ainda vivos do regime, tenham a coragem de vir testemunhar os supostos crimes cometidos e pedir perdão publicamente e em segurança para que muitos dos familiares que ainda não sabem dos restos mortais dos seus entes queridos, possam ter oportunidade de saber algo de concreto sobre as mortes, pois claro, só assim eles também conseguirão perdoar.

Obrigado meus irmãos juntos podemos vencer.

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