O REI DA...

 

 

Por: Isabel Maria da Costa (Nety) 

09.12.2008

 

         Tudo o que se cria ou conquista com base em sacrifício e suor do próprio rosto tem um merecido e inigualável valor.

Falar de conquistas, induz-nos inconscientemente a uma viagem de regresso ao passado, o ponto de partida onde tudo começou, para assim avaliarmos o presente, a realidade actual e projectarmos o futuro.

Desta pequena síntese coloca-se a questão:

 Será um povo, alguma vez desmerecedor de suas conquistas?

De modo algum, para mais, quando essas conquistas são frutos de exacerbados sacrifícios; do efervescer e jorrar de sangue das veias, daqueles que um dia acreditaram morrer por uma causa justa: a liberdade, a auto-afirmação e a preservação do chão que os viu nascer para os que ficariam e posteriormente para os que haveriam de vir. Eis, o “preço” incalculável da tão almejada liberdade! Por um ideal se lutou, com coragem e determinação nasceu a tão merecida independência, da qual nos orgulharemos para sempre, constituindo o maior troféu de todas as conquistas até então exibidas, e por isso, jamais esquecida!

Se por um lado a independência justifica a luta, por outro, a paz e o progresso deveriam justificar a independência sacrificada.

Será tudo tão desproporcional e incompreensível que não chega a encaixar-se no actual conceito de liberdade-independência do povo guineense, em especial, do Nino vieira? 

Caros camaradas, o reflexo da nossa independência não pode ser e nem deve resumir-se exclusivamente às tragédias, tramóias, discórdias, oportunismos, opressão, cumplicidades fatídicas e mortes injustificáveis...Ele deve, inequivocamente, patentear o reverso da medalha, onde conste a harmonia, a cooperação, a partilha ... para que o povo compreenda o verdadeiro sentido da tão falada independência.

General Nino vieira, mera curiosidade, em que baseou ou baseia os ideais da sua luta para a conquista da sua felicidade enquanto jovem e no “ homem ” em que se transformou hoje em dia?

A razão deve-se essencialmente a uma postura pouco convencional que evoca ausência de ideais, fundamentos sólidos, senso de justiça, generosidade, sentido de lealdade... valores que contraditoriamente subscreveu como palavras de honra e promessa no juramento à nação e ao mundo!    

Pelos seus quase setenta anos de vida, cinco dos quais passados no exílio, conclui-se que, de pouco serviram para uma profunda introspecção no sentido positivo da vida, servindo apenas, para despertar a sombra negra que há em si, o carácter insensível e teatral que evidencia de forma sarcástica e intrigante a esse povo sofredor que tanto anseia a paz e a estabilidade que há muito desconhece, e que naturalmente tem contribuído para esgotar a sua capacidade de sacrifício face aos imprevistos e ao caos.

A idade convida-nos para a sabedoria, maturidade, serenidade e a convicção do dever cumprido como seres humanos e não como personagens das trevas! Não obstante, conservar a vergonha como o escudo humano afim de salvaguardar a própria dignidade como fortaleza intransponível.

“O verdadeiro tesouro do homem é o tesouro dos seus erros...”  Será que enquadra? Ora, vejamos:

O senhor não ouve e não respeita ninguém (o povo ), ignorando experiências que tantas angústias e sofrimentos  causaram ao longo dos tempos, aliás, sem se preocupar com o grito da sua própria consciência, obcecado em se manter na escalada ao cúmulo do poder. Donde infelizmente já desperdiçou toda a vergonha a troco da aquisição de “competências ” para proveito próprio. Mas que se saiba, competências, só com trabalho duro e honestidade, por conseguinte, preste a dar como garantias a dignidade e a própria alma!  

 As suas artimanhas já não causam pasmos de solidariedade a esse povo que você tanto humilha a cada dia que passa, e muito menos, servirão de argumentos para reconquistar o respeito e o carinho que outrora lhe reconfortara o seu gigantesco ego. Possivelmente, na esperança de que a imunidade de que goza, sirva de refúgio até à infinidade?!!! 

Verdade, fie nisso, com tantos prejuízos que o Estado acarreta em seu nome, ainda dá-se ao luxo de sair por aí exibindo incompetências (em nome do povo guineense) ao lado dos oportunistas-usurpadores pelo mundo fora, convicto de que, como você não há ninguém!  Logicamente que não, pelo seu cadastro ilibado e imaculado, claro que não!

         É de salientar que a sua prepotência em conjunto com a proeminência do cargo que ocupa, há muito deixaram de constituir exemplos, motivos de inspiração para os jovens e referências dignas de imitação, conquanto que, contribuindo e de que maneira, para um clima de desorientação, onde muitos vão-se desprezando gradualmente e sem sequer se notar, menosprezam valores como o respeito, o compromisso, a confiança, a honra, a palavra dada... originando uma competitividade agressiva de violações dos direitos dos outros, o que nos faz pensar na “selva do asfalto” onde o próprio rei-presidente é indiscutivelmente, na hierarquia da nação, o maior infractor de todas as regras impostas, tão oposta à sociedade com que todos sonhamos, em que todos têm um lugar e todos, de acordo com as suas possibilidades e vontade de as desenvolver ao máximo, encontram as suas oportunidades.

 Para que este sonho de uma sociedade melhor não seja uma utopia, mas sim uma realidade e que constitua um objectivo comum.

Nestas alturas, convém perguntarmo-nos: até que ponto o senhor Nino Vieira, fiando na impunidade pela posição que ocupa e tipo de relações que tem cultivado, tem consciência, ele próprio, do pouco bem e do muito mal que faz à sociedade em que vive?

Obviamente que, muitas questões serão levantadas e haverá respostas, certamente, de acordo com os diversos pontos de vista! Todavia, reconsiderem estas duas observações que se seguem:

A educação é a arma mais eficaz de que dispomos para lutar contra o ambiente de corrupção, que produz uma sensação de mal-estar tão grande e contra a qual protestam as vozes de uma sociedade sã, que rejeita atitudes e comportamentos de pessoas que deveriam ser dignas nas suas condutas, respeitadoras das instituições e do povo que representam e que as pôs onde estão para administrar, gerir e servir os seus interesses, os cidadãos, e não para se servirem a si próprios e procurar interesses particulares fazendo-se valer do egoísmo e subterfúgios para se apoderarem daquilo que não lhes pertence, inclusive, enganando-se a si próprios.  

É imprescindível considerarmos a educação como suporte fundamental para os bons princípios, embora a vida exerça o seu papel, mas não devemos esquecer que a educação deve ser eminentemente formadora e que exige um processo contínuo de reavaliação e um rigoroso controlo sobre nós próprios. Por isso, as nossas acções sejam quais forem, devem estruturar-se dentro dos parâmetros da educação, onde a  coerência seja o ponto de equilíbrio.

Posto isto, ressalta-se a seguinte frase do Montaigne :

“ Não se educa nem o corpo nem a mente; educa-se o homem.”  

Por outro lado, admitamos a saúde como um factor possível e válido. Tal que, dentro dos limites que lhes cabe, alguns psicanalistas teriam vozes na matéria e seriam de mais-valia, a considerar que as más experiências vivenciadas pouco têm contribuído... Contudo, adianta-se por hipótese, um possível trauma pós guerra ou pós conflito, que certamente poderia estar na origem de tão estranhos comportamentos frustrados do senhor General. Por assim dizer, de forma sistemática continua a defraudar a confiança e a abusar da vontade do povo.  

A Guiné-Bissau assistiu tantas situações caricatas, enfadonhas e adversas que faz-nos questionar sobre alguns temas, e sobretudo, da ausência de resultados publicados, pergunta-se: que tal os resultados da terapia do Prof. Ialá segundo a teoria da conversão islâmica?!!

         Quem sabe, o General não beneficiaria e muito com essa teoria e nos pouparia a todos de mais um sacrifício e dissabores que por aí se avizinham!!!  

 

Será Nino Vieira, um homem acima das leis que regem a constituição da nação guineense?    

         Ousemos dizer, basta!

 

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