Reflectir para votar em consciência (1)

Bandeira e mapa da Guiné-Bissau

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

18.06.2005

Irmãos,

Este é o dia que antecede a ida às urnas para a escolha do novo presidente da Guiné-Bissau.

É considerado o dia de Reflexão, porquanto se situar entre o fim da campanha eleitoral e o dia do exercício de voto, o que o torna necessariamente no dia de todos os balanços, de todas as análises e fundamentalmente no dia da concentração para uma meditação digna do termo.

Como Cabral dizia, "Devemos pensar pelas nossas próprias cabeças". 

Com base neste brilhante raciocínio, todos nós devemos procurar neste dia, o ponto de concentração para uma meditação com sentido. Qual é então esse ponto de concentração..?!

A Guiné-Bissau, o país, será sempre o ponto de partida para:  a referência, a causa, o objectivo, o ontem, o hoje e o amanhã de todos nós.

É a Guiné-Bissau, o nosso ponto de concentração!

Neste dia de reflexão, devemos refrear os ânimos da campanha eleitoral, devemos viver o momento de reflexão segundo o objectivo da sua designação e atribuição.

Concentremo-nos. Olhemos para o país e façamos a nós mesmos a seguinte pergunta:

O voto útil deve ser para o candidato ou para o país, a Guiné-Bissau?

Esta pergunta e a sua consequente resposta é a mais importante no contexto da reflexão a que hoje nos entregamos.

Votar é um dever cívico, todos os que estiverem recenseados devem exercer o seu direito de voto.

Os candidatos são a essência das eleições, mas, é o país, a razão das eleições!

É o país que está em primeiro lugar, porquanto ser a mãe, o "movimento aglutinador" de todos os guineenses.

No contexto geral do assumir de compromissos para com o país, devemos todos VOTAR NO PAÍS.

Mas como é que se vota no país, se temos uma lista de candidatos em quem votar?

A resposta está na avaliação do que cada candidato já fez, ou pode fazer para o país.

É preciso recuarmos no tempo, é preciso posicionarmo-nos bem no momento presente, para no dia de voto decidirmos com convicção. 

Hoje, devemo-nos lembrar também que o arrependimento pode nos acompanhar eternamente. Arrependamo-nos um dia de algo que desconhecíamos e ao qual não tivemos sensibilização suficiente que nos pudesse fazer pensar e decidir de forma coerente.

Evitemos o arrependimento por tomadas de decisão irreflectidas que possam prejudicar o país e manchar as nossas consciências. Evitemos o remorso.

Vota-se no país votando num candidato que seja sinónimo de ESTABILIDADE!

Vota-se no país votando num candidato que vá representar a República da Guiné-Bissau, como define a Constituição da República e não num candidato que vai estar acima da República e vai se representar a ele próprio.

Devemos votar num candidato que não COMPLIQUE !

Devemos votar num candidato que não tenha contas a saldar com o país e com os guineenses.

Devemos votar num candidato que vá respeitar a separação de poderes atribuídas pela Constituição da República, deixando que os demais órgãos de soberania façam uso das atribuições e competências que a Constituição da República lhes confiou.

Devemos votar num candidato que seja capaz de ter a visão necessária para ajudar na captação de apoios para a Guiné-Bissau e não num candidato que seja causador de conflitos e provocações que possam condicionar a obtenção de apoios e investimentos para a Guiné-Bissau.

Meus irmãos,

No geral, devemos votar no candidato que  reúne os melhores requisitos dentre os pontos de análise acima referidos.

Pessoalmente, dou o benefício da dúvida a 11 dos 13 candidatos.

Nino Vieira e Kumba Yalá, por tudo o que de negativo fizeram ao país e ao povo da Guiné-Bissau nem mereciam estar na lista de candidatos!

Para que Nino Vieira e Kumba Yalá voltassem a ser presidentes da Guiné-Bissau, seria preciso que do total de mais de um milhão e trezentos mil guineenses, todos tivessem também a sua oportunidade de mostrar os seus dotes de Presidente. A vez deles passou, há mais pessoas a quem dar a oportunidade.

É preciso no entanto reconhecer que tanto Nino Vieira, como Kumba Yalá têm o dom manipulador e podem dividir o eleitorado nacional nas suas pretensões à cadeira presidencial.

É importante também que, a escolha do presidente da República não seja um meio para o derrube do governo legítimo, em funções e que tem sabido gerir rigorosamente os programas de boa governação, possibilitando a esperança na reafirmação da Guiné-Bissau como Estado de Direito.

O meu candidato é a razão destas eleições. O meu candidato é a Guiné-Bissau.

Votemos pois na Guiné-Bissau!

Boa Reflexão.

Decidam em consciência.

Fernando Casimiro (Didinho)

 

www.didinho.org