RAMIRO NAKA

 

TCHON TCHOMA

 

Filomena Embaló

fembalo@gmail.com

01.06.2008

 Filomena EmbalóSimplesmente cativantes são as actuações de Ramiro Naka, esse grande embaixador da cultura bissau-guineense, nas manifestações culturais parisienses, sejam elas dedicadas à Guiné-Bissau, à Lusofonia ou apenas pelo prazer de partilhar e de dar a conhecer os sons que embalam as suas melodias e exprimem as suas raízes.

Definindo-se como um “afro-latino”, Ramiro Naka soube explorar a riqueza cultural do mundo musical. Casando sem complexos os ritmos africanos (que constituem o âmago das suas músicas) com o fado, o samba, a salsa e a rumba, Ramiro deu ao Gumbé nacional um lugar de destaque na cena internacional. O seu à vontade, o seu humor e a cumplicidade que consegue de imediato estabelecer com o público dão um sabor de magia à sua actuação. Cada canção que interpreta tem uma história prazenteira que ele relata num estilo muito próprio, como foi o caso do seu « fado lusófono ». Conta ele  que, um dia em Paris, alguém procurava um português para fazer um fado. Qual não foi o espanto do interessado quando lhe apareceu Ramiro Naka, ‘mais bronzeado  do que nunca  depois de uma estada em Bissau’, tal como disse, a propor-lhe um fado ! O seu argumento convenceu o outro, quando lhe disse que o deixasse mostrar ‘o que o africano pode fazer de um fado com o qual conviveu 500 anos…’

Radicado há mais de duas dezenas de anos na França, depois de uma passagem por Portugal, Ramiro Naka tem já uma longa e rica carreira de autor, compositor e intérprete, condensada numa interessante discografia. No seu activo destacam-se vários CD :

Le meilleur de Naka II, editado em 2008 ;

Renascimento do Gumbé , realizado em 2003 depois de um regresso à Guiné-Bissau ‘para um retorno às fontes’ ;

Pó di sangui, editado em 1998 com a música do filme do mesmo nome, realizado por Flora Gomes em 1996;

Les tam-tams noirs, música do filme Une qui promet da realizadora francesa Mariane Lamour ;

Salvador Mango, editado em 1992 ;

Tchon Tchoma, música do filme Ashakara, de Gérard Louvin, realizado em 1990.

E ainda: Le meilleur de Naka, Rey Naka Murry, Bikelia, Je viens d’Ailleurs e Naka.

Participou também nas músicas do filme Passionnément  do realizador francês Bruno Nuyten e da série  Paradis d’enfer do canal da televisão francesa TF1.

Em preparação está o álbum Gumbé blues créole .

Para além dos CD individuais, Ramiro participou em algumas compilações musicais :  Afrique Pop de Koka Média, Planéte Afrique e The world touche.  

Porém a carreira artística de Ramiro Naka não se tem resumido unicamente à música. A sua incursão pelo cinema nacional e francês confirmam os seus talentos de actor anteriormente já revelados nas suas subidas ao palco como cantor.

Na cinemografia nacional, para além de ter participado musicalmente, como já foi dito, Ramiro desempenhou o papel principal no filme Pó di sangui  que participou na competição oficial do Festival de Cannes em 1996, bem como no Festival de Cartago onde recebeu o Tanit de Prata.  O filme foi igualmente galardoado com: a Medalha de Mérito Paulino Vieira, M-Net Awards da África do Sul; o Grande Prémio do  Festival de Filmes da Família de Créteil na França e o Prémio da Melhor Ficção no Festival Francês do Filme do Ambiente.

Na França, Naka actuou em vários filmes, dos quais nalguns contribuiu também para a música como já foi referido. Assim participou no filme Passionnément, de Bruno Nuyten, ao lado de Gerard Lanvin e Charlotte Gainsbourg. Teve o terceiro papel no filme Une qui promet, de Marianne Lamour, em que participou o actor Lambert Wilson. O filme Franck Spadone, do realizador R. Bean, com a actriz Monica Belluci, também contou com a participação de Ramiro Naka. Participou ainda no filme Hors jeu de Karim Drili e na curta metragem L’œil d’Aquila.

Em 2007, voltando ao « seu primeiro amor », a pintura, Ramiro Naka publicou Kali et la calebasse[i], um livro de conto de sua autoria e com belíssimas  ilustrações suas. Editado pela Nouiga Éditions de Marrocos, em versão francesa, este livro revela mais uma faceta deste grande artista.  A criação literária numa perfeita harmonia com a criação do pintor trazem-nos a magia dos contos da nossa infância e das cores exuberantes do nosso continente.

Ramiro Naka é ele mesmo um livro recheado de surpresas e talentos a quem desejamos os maiores sucessos nessa sua múltipla carreira, fruto de uma longa luta em terras estrangeiras, em que cada aquisição é o resultado de um combate persistente e decidido.


 

 [i]  Kali e a cabaça (ou calabaça)

 www.myspace.com/nakaramiro

 


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