PRESENTE DA NATAL
23.12.2008
Em vésperas de um novo ano e num clima mundial particularmente perturbado, as esperanças são muitas: paz, estabilidade, desenvolvimento, escola e saúde para todos num mundo sem fome!
E no turbilhão das tormentas que nos assolam, o meu pensamento vai antes de mais para as crianças. Todas as crianças, mas muito em especial para aquelas que sofrem, vítimas das guerras e da perfídia humana, dos maus tratos, das doenças e catástrofes naturais, não esquecendo as prisioneiras das tradições ancestrais que atentam aos direitos humanos. Penso também naquelas que se deitam de ventre vazio sobre esteiras cujas estrias se confundem com o ondulado dos seus peitos descarnados pela fome. As crianças, o futuro da Humanidade, feitas crianças soldados, carne para canhão, meninos de criação e para todo o serviço...
É por elas que faço uma prece para que o mundo se apazigúe com homens e mulheres de boa vontade, conscientes da sua responsabilidade, assumindo como seus os interesses da Humanidade.
Aqui vos deixo a minha mensagem de Natal e o profundo desejo que cada criança receba na vida um presente de Natal: uma dádiva de amor, de carinho e de compreensão, um gesto de ternura, um afago e o conforto de uma família.
PRESENTE DE NATAL
No olhar perdido
Do menino
Espelha a tristeza
Vida de luta
Que o destino lhe deu
Menino de criação
Menino de recado
Menino de lavoura
Menino pastor
Partiu para longe
Em busca da vida
De sol a sol
E pela noite fora
Quando o breu é mais breu
E o gargalhar das hienas
Ecoa ao longe
Menino triste
De tenra idade
Não sabe ao certo
Há quantas chuvas
Entristeceu!
Apenas sabe
O que a vida ensinou
O temor do chicote
O frio da noite
E a fome constante...
É Natal
E o menino está triste
Não vê as luzes
Nem as guirlandas
Prefere a magia
Do esplendor das estrelas
Fieis companheiras
Das noites sem breu
Amedrontam-lhe os risos
Dos outros passantes
Lembram-lhe hienas
Em noites de breu!
Dá-me um sorriso
Menino tristonho!
É festa
É Natal
Dá cá tua mão
Em troca recebo
Um olhar lacrimoso
Menino tristonho
Deixou de sorrir...
Ofereço-lhe uma bola
E ele diz-me que não!
Dou-lhe um carrinho
E ele diz-me
Não quero!
E um pedaço de pão?
Também me diz não!
Menino triste
Não sabe brincar?
Não joga à bola?
Não quer comer pão?
E ele diz-me que não!
Não quer um presente?
Ai! Ué! Quero sim!
Mas que presente
Menino tristonho?
Quero um presente
Que ninguém pode dar
Quero um afago
De mil abraços
Quero a ternura
De mil venturas
Quero perder-me
No doce regaço
Da minha mãe!
Filomena Embaló
Dezembro de 2008
A TER SEMPRE EM CONTA: Objectivos do Milénio
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Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO