Povo Adormecido!

Ibraima Baio*  

brooksbaio@hotmail.com

30.03.2011

Um Povo adormecido é como um leão que dorme e não se mexe.

Desta vez os ventos das regiões de MACHREK e MAHGREB mudaram de direção com velocidade astronômica, formada por corrente cibernética com força de um tsunami, derrubando tudo que encontrou pela frente, até mesmo as antigas mitologias paradoxais das monarquias tirânicas formadas de imperadores, reis, sultões, príncipes, sheik e califas, que ainda resistem os desafios do tempo moderno. Aliás, estamos em pleno século XXI.

A Machrek, que significa nascente do sol, é designada como oriente árabe devido sua posição, estendendo-se desde o Egito até Iraque e Península Arábica; enquanto que a Maghreb, que significa por do sol, estende - se por Marrocos, Sahara Ocidental, Argélia e Tunísia, sendo também designada de Pequeno Maghreb ou Maghreb Central, passando pela Mauritaria, alcançando a Líbia, vulgarmente conhecida como a Grande Maghreb.

Se nestes opostos geográficos o sol costuma nascer em MACHREK e fazer seu percurso em direção a MAGHREB (poente), o mesmo não se pode dizer dos ventos fortes que estão soprando em tais regiões, porquanto tenham optado por  sentido inverso numa autentica demonstração cívica de que o poder pertence ao povo e não aos governantes, diferente de como muitos  pensam.

O homem não aprendeu com sua própria história e parece que jamais irá aprender, em que pese tenha sido criado por Deus, à sua imagem e semelhança, sendo dotado de mais elevada sabedoria dentre todos os seres naturais. Ainda assim, continua sendo dominado pelo seu ego mais frágil que o leva a distorção da realidade.

O ser humano deixou de viver o propósito para o qual foi criado, ou seja, para ser quem de fato deveria ser. No entanto, vive em busca de quem não pode ser - um DEUS, para ser referenciado e idolatrado, o que não mais nos impressiona, pois nunca será.

Esta ganância e perdição fazem do homem vítima dos seus próprios interesses, pois a partir do momento em que perde a essência da natureza de sua criação por arrogância, ambição, egoísmo e soberba, e certo que terá um destino desastroso.

A sabedoria divina ensina que para construir alicerce da eternidade, é preciso fazer o bem e  preocupar-se o com próximo, e, assim, viver o propósito da essência da criação humana. Tal consciência tem faltado aos governantes africanos.

O que se tem visto nas regiões de MACHREK e MAHGREB (em conflito), é a dominação da riqueza do povo por um grupo de clãs da “dinastia monarca”, formada por seus regimes autoritários e radicais, como forma de intimidar e alienar a voz do povo nas reivindicações dos seus direitos, em nome de Deus (ALA) e da religião (islão), criando leis controversas.

A propriedade pública não deve ser confundida e nem transformada em propriedade privada para enriquecer uma determinada família ou grupos de pessoas, pois, se isso acontece, a tendência é de que, os súditos ao acordarem-se um dia, rebelar-se-ão contra suas majestades, retirando – lhes a coroa do trono, a exemplo do que podemos assistir neste momento.

Tudo começou na Tunísia, por desespero de um cidadão (Mohamed Bouazizi) que resolveu sacrificar sua vida, ateando o fogo no próprio corpo para protestar contra a crueldade do regime de seu país, que não é diferente dos outros regimes instalados nestas regiões, ou seja, na maioria dos países do continente africano.

Este ato de coragem rapidamente correu o mundo e chamou atenção de todos, até mesmo dos vizinhos adormecidos, que, em seguida, levantaram-se para reivindicar seus direitos e justiça social, exigindo a separação da propriedade coletiva da privada, bem como a política da religiosidade.

Se o Egito, no passado, foi o berço das civilizações, é certo que hoje perdeu este lugar para a Tunísia como epicentro de todas revoltas ou manifestações populares que se transformaram no tsunami devastador de toda a região.

Mesmo com a dura repressão empreendida com mão de ferro por seus ditadores, o povo não se intimidou e nem excedeu as suas exigências pela liberdade, reformas políticas e sociais que, há anos, pleiteiam.

A bíblia diz que DEUS valeu-se de Moisés para libertar a nação judaica da escravidão no Egito. Desta vez ELE usou o povo Tunisiano para libertar os egípcios do seu ditador.

Se os Judeus clamavam por esta libertação há quatrocentos anos, quando Moisés precisava ser enviado ao deserto por quarenta anos para ser revelada esta missão, o povo Egípcio precisou de dezoito dias para se livrar do sofrimento de trinta e dois anos, mas que parecia bem mais doloroso do que os quatro séculos que os judeus tiveram que esperar.

Quando tudo parecia que terminava ali, os ventos fortes do magreb fizeram uma nova vítima, desta vez surpreendendo o regime do ditador khadafi, de personalidade irreverente e revolucionária, que se baseia nas doutrinas do livro verde, criado por ele; e que outrora fora apresentado como alternativa nacional ao socialismo e ao capitalismo, resultado da combinação de certo aspecto islâmico e de práticas tribais que propunha ao povo líbio uma forma única de “democracia direta”.

Hoje, decorrido mais de um mês desde os conflitos, o líder khadafi continua resistindo a todas as pressões internas e externas que tentam derrubar seu regime, ignorando as críticas internacionais com violenta repressão ao movimento rebelde que se opõe as suas ordens.

Esta situação levou o conselho de segurança de segurança da ONU a convocar reunião de caráter emergencial no dia 17/03/2011 para analisar e adotar medidas necessárias para proteger a vida dos civis contra os ataques aéreos de kadafhi, dentre as quais, a criação da zona de exclusão aérea, comandadas por forças da coalizão (formadas por EUA e paises do Ocidente que fazem parte da OTAN ou Aliança Atlântica) que brevemente devem assumir a liderança de todas as operações.

Para alguns analistas, a medida, foi precipitada e baseada nos interesses políticos e econômicos, não atende aos princípios de direitos humanos, alem do que suas conseqüências são imprevisíveis a curto, médio e longo prazo, considerando-se a possibilidade de a Líbia ser transformada num novo Iraque.

Em meio a turbulência que assolou aquelas regiões, os governos de tais países procuram desesperadamente encontrar os “bodes expiatórios” como forma de desvendar e justificar as origens das motivações que inspiraram as revoltas populares. Com isso, acusam as potencias estrangeiras nomeadamente (Ocidente e os EUA), a AL Qaeda e os opositores locais, como sendo os grandes responsáveis pelas ondas de protestos.

Sejam fatos ou contra – fatos, estes argumentos carecem de fundamentos e levantam muitas duvidas quanto à convergência de interesses entre Ocidente e EUA com a Al Qaeda, conhecidos como eternos inimigos.

É lógico que o Ocidente e EUA - somente entra num conflito no qual tenha interesse, sobretudo quando o país em conflito é considerado grande produtor mundial de petróleo, o que se vê da Líbia.

Tais potências tinham nestas regiões alguns países como grandes aliados, dentre os quais, o Egito e o Barhein. Contudo, adotaram o discurso defensivo dos direitos humanos, demarcando da política de repressão de seus ex – aliados, se assim podemos considerá – los.

Portanto, sejam quais forem as razões, as aspirações e desejos de um povo, em nome da liberdade e democracia, estas devem ser respeitadas e preservadas; não sucumbida com violência e massacre para fins atender ambição pessoal ou de um grupo de pessoas, ávidas por poder.

*  Pós – graduado em Contabilidade e Finanças

             *  Graduado em Administração


VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

associacaocontributo@gmail.com

www.didinho.org

   CIDADANIA  -  DIREITOS HUMANOS  -  DESENVOLVIMENTO SOCIAL