PERMITAM-ME DISCORDAR...

 

Quero para mim a Guiné-Bissau que desejo para todos os meus irmãos guineenses...Didinho

 

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinhocasimiro@gmail.com

06.10.2012

Fernando Casimiro (Didinho)Permitam-me discordar e dar a conhecer o meu ponto de vista a todos quantos afirmam que a ONU impediu a Guiné-Bissau de ter voz na 67ª Assembleia Geral recentemente realizada, de que, há uma clara tendência, em função de interesses e interesseiros, no sentido de desvalorizar o que realmente aconteceu, ou seja, a confirmação de que a Organização das Nações Unidas não reconhece governos, ou, autoridades, se assim entendermos. O recurso da CEDEAO apresentado à última hora, mas ainda assim, em tempo oportuníssimo, por ser (a CEDEAO) o interlocutor mandatado pela ONU, relativamente à crise na Guiné-Bissau e, na consequente mediação dessa crise, foi demonstrativo (e é aqui que interesseiros em defesa dos seus interesses, não querem valorizar/reconhecer a importância da CEDEAO) da "autoridade" da CEDEAO, enquanto interlocutor mandatado pela ONU. Se assim não fosse, a ONU não teria levado em consideração o conteúdo da carta, em jeito de recomendação/aconselhamento, enviada pela CEDEAO e que inviabilizou o discurso da delegação das autoridades depostas pelo golpe de Estado de 12 de Abril, que, contrariamente às autoridades de transição, já tinham sido credenciadas, já estavam a participar da plenária da Assembleia Geral, já tinham agenda marcada (dia e hora) para discursar, já tinham porta-voz a garantir o discurso (o secretário-executivo da CPLP)  e, à última hora, perante a reacção da CEDEAO que fez ver à ONU (que lhe deu poderes para mediar a crise na Guiné-Bissau), o realismo sobre o que se pretende, de facto, com essa mediação, acautelando os riscos de um hipotético discurso por parte das autoridades depostas, o que fez com que a ONU, perante o cenário de duas delegações recorresse ao princípio de não reconhecer governos ou autoridades, por não constar dos seus princípios. Porém, não se pôs em causa o Estado, a República da Guiné-Bissau e a sua bandeira continuou, continua e continuará hasteada nas Nações Unidas como membro de pleno direito!

Há que reconhecer, a meu ver, o papel que a CEDEAO representa, enquanto Comunidade de Integração Regional a que a Guiné-Bissau pertence, distinto do papel que a CPLP, uma Comunidade linguística a que a Guiné-Bissau igualmente representa.

Há que reconhecer a derrota da CPLP perante a CEDEAO no protagonismo em relação à Guiné-Bissau, ainda que essa "guerra" não servindo os interesses da Guiné-Bissau e dos guineenses, seja desnecessária e desaconselhável...

De uma certeza podemos afiançar-nos, daqui em diante, a CPLP não mais terá "investidas" relativamente à Guiné-Bissau, nos moldes a que, infelizmente, nos habituou!

Já começamos a ler e a ouvir declarações em separado, de países pertencentes à CPLP, completamente distantes das posições iniciais, inflexíveis e em uníssono, no âmbito de uma Comunidade, simplesmente, linguística...

Aos que tentam humilhar as autoridades de transição pelo facto de não terem sido credenciadas, bem assim, "aceites" na plenária da Assembleia Geral, julgo que os esclarecimentos das autoridades de transição, quer na pessoa do Presidente Manuel Serifo Nhamadjo, quer do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Faustino Fudut Imbali, são suficientemente convincentes relativamente ao bloqueio diplomático por parte do Embaixador João Soares da Gama, ainda que, não se possa responsabilizar apenas João Soares da Gama, pois, as Nações Unidas têm uma Missão e um representante especial do Secretário Geral, na Guiné-Bissau, que deveria ser um facilitador da creditação das autoridades de transição e não foi!

Por que razão se tenta humilhar as autoridades de transição e desconsidera-se a maior das humilhações aos que, credenciados, supostamente considerados poder legítimo da Guiné-Bissau, participativos, enquanto assistentes da plenária da Assembleia Geral da ONU, com agenda marcada para discursar em nome da Guiné-Bissau, discurso esse que teria honras de retransmissão na Guiné-Bissau, através de um ecrã gigante e altifalantes estrategicamente colocados, foram, à última hora, simplesmente ignorados?!

Não seria, a meu ver, a esses ditos "legítimos", por até terem merecido a credencial que lhes permitiu estar presentes na plenária da 67ª Assembleia Geral da ONU, que se deveria questionar, afinal onde está a legitimidade que reclamam, pois ao governo de transição, todos sabem que não é um governo constitucional, mas sim, de recurso, face à conjuntura despoletada pelo golpe de Estado de 12 de Abril...?!

Afinal, confirmou-se, de facto, nesta 67ª Assembleia Geral da ONU, que face aos princípios da ONU, não há lugar para reconhecimento de governos, mas sim, de Estados, o que quer dizer que, os governantes depostos, não têm mais reivindicações a fazer sobre legitimidades, em nenhum palco, já que, na ONU não foram capazes de sustentar nenhuma legitimidade recorrente do facto de terem sido depostos por um golpe de Estado.

A pretensa legitimação das autoridades depostas, confirmou a sentença, da tese de "rei morto, rei posto"!

Não estando credenciada, formalmente, para participar na plenária da 67ª Assembleia Geral da ONU, obviamente, nenhuma representação das autoridades de transição, mesmo ao mais alto nível, teria possibilidades de reivindicar o estatuto de autoridade com direito a participação, discurso etc., etc.

A ONU não retirou à CEDEAO o papel de interlocutor na mediação de esforços para a salvaguarda da paz, tendo em conta a promoção/viabilização de consensos  relativamente à crise e ao processo de transição na Guiné-Bissau, o que, deveria servir, uma vez mais, para esclarecer a CPLP sobre o papel de cada uma das organizações, em função da afinidade e filiação de um Estado-membro, em situação de crise decorrente do golpe de Estado de 12 de Abril, neste caso, a Guiné-Bissau.

Quanto às autoridades de transição, a meu ver, não foram directamente sancionadas (ainda que, para os interesseiros a imagem que ficou, tenha sido de desconsideração e, até, de desprezo). Que exerçam autoridade (podem fazê-lo de várias formas) sobre as representações diplomáticas da Guiné-Bissau, onde as houver e não terão, mais, constrangimentos do tipo provocado pelo embaixador João Soares da Gama!

Em tempos alertei para o risco que se apresenta para as autoridades de transição, o facto de a Embaixada da República da Guiné-Bissau em Portugal "estar nas mãos" do ex-Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior... A 67ª Assembleia Geral da ONU confirmou as minhas preocupações, não em Lisboa, mas em Nova Iorque...

Que tenham presente que, uma autoridade, é aquela que é de facto, e isso, passa pela sua observância, ou seja, pela sua afirmação, não necessariamente em moldes ditatoriais, mas nos pressupostos dos limites da afirmação do poder, enquanto simbolismo de representação máxima em nome de um território, de um povo e de um Estado, independentemente da sua legitimação constitucional ou, de "recurso", numa lógica de sustentação, por aproximação, à lógica de uma via constitucional, e que seja o garante e o promotor da reposição da ordem constitucional desfeita!

A Guiné-Bissau é a soma dos interesses de todos os guineenses E NÃO DOS INTERESSES DE UM GRUPO OU DE GRUPOS DE GUINEENSES! Didinho


VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Didinho

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