Guiné-Bissau: CONTRIBUTO             

 

10.05.2003      -    10.05.2005

PARABÉNS

 

Faz hoje 2 anos que decidi envolver-me neste projecto. Convém recordar a data como registo de um trabalho que tem sido desenvolvido de forma metódica, procurando sempre, repito sempre, ser um CONTRIBUTO para a Guiné-Bissau.

2 anos em que a aprendizagem foi uma constante na forma de escrever, de analisar, de interpretar e de acompanhar as vivências na Guiné-Bissau, minha terra, meu umbigo...

O mês de Maio tem outra data de registo neste projecto, o dia 26.05.2004, data do lançamento do site http://didinho.no.sapo.pt  que veio dinamizar todo o projecto e que terá uma atenção especial aquando da sua passagem. Atenção especial, porquanto o projecto passou a ser uma vanguarda onde cada vez mais pessoas participam, cada um à sua maneira, mas todos juntos no sentido do  CONTRIBUTO para a Guiné-Bissau ser cada vez maior e melhor!

Parabéns ao projecto, Parabéns a todos.

Fernando Casimiro (Didinho)

10.05.2005


Este artigo foi o meu primeiro trabalho. Está como foi editado na altura. Hoje, voltando a consultá-lo, vejo que 2 anos depois, ainda serve para chamar a atenção sobre os problemas com  que a Guiné-Bissau continua a deparar-se.

Vejo também que, se fosse escrever este artigo hoje, não iria colocar tantas vírgulas e iria melhorar alguns posicionamentos por forma a tornar mais simplificada a compreensão do texto.

A aprendizagem no entanto, é uma constante nas nossas vidas, vamos continuar a trabalhar .

Guiné-Bissau: Um desafio à Comunidade Internacional

O respeito pela não ingerência nos assuntos internos de cada país é um factor determinante no relacionamento entre Estados. Estando na moda falar-se de democracia, sem no entanto se reflectir sobre um conjunto de factores importantíssimos na sua definição, tem originado usos e abusos de interpretação desta palavra chave no dia-a-dia dos políticos de todo o mundo em geral e dos guineenses em particular. Quando o presidente de um país com problemas económicos e sociais de fundo, resolve dissolver a Assembleia Nacional Popular e convocar eleições antecipadas para um período de 90 dias a contar da promulgação do decreto presidencial, sem ter em conta que: O país está falido tecnicamente há muito tempo e por isso não ter verbas no tesouro para avançar com nenhuma iniciativa na prática que possa concretizar essa pretensão. Quando os partidos na oposição aparecem a louvar a iniciativa (salvo algumas reservas a nível de verbas para as suas campanhas) e, quando uma vez mais vejo a Comunidade Internacional, com as Nações Unidas à cabeça, comprometerem-se a apoiar a realização dessas referidas eleições sem fazerem reparos ou aconselhamentos, mas sim preocupados com a data da realização das mesmas, como se isso fosse resolver todos os problemas da Guiné-Bissau e dos guineenses, revejo toda a situação pós conflito militar 98/99 onde a Guiné-Bissau foi empurrada para a realização de eleições sem se dar tempo para que a situação se normalizasse e se saísse da euforia e dos  traumas do conflito. A Comunidade Internacional (países e instituições) prestaram-se logo a apoiar a realização das mesmas e ninguém se lembrou, que o país estava mergulhado numa crise profunda e que, era preciso uma terapia  mais cuidada, que fosse recuperar tanto as pessoas como o próprio país numa primeira fase, encorajando uma série de reformas e apoios com acompanhamento e assim, lançar bases sólidas para a realização de eleições gerais. Realizaram-se as eleições, viveram-se as emoções e os guineenses foram entregues aos seus "legítimos representantes". Os que  tinham sido eleitos para dirigirem os destinos do país ...Desde essa altura, até então, o país foi decrescendo a olhos vistos, com irregularidades de toda a ordem, atingindo os patamares mais baixos nas estatísticas a nível mundial...Sem se conseguir cumprir o calendário eleitoral, as eleições de 20 de Abril de 2003 foram adiadas para 06 de Julho do mesmo ano, com o aval das Nações Unidas, expressando o seu apoio, dos partidos da oposição, da CPLP, entre outros, tendo-se feito exigências mínimas de legalidade para questões pendentes como: A promulgação da Constituição, o acto eleitoral para o Supremo Tribunal de Justiça, a actualização dos cadernos eleitorais, a liberdade de imprensa entre outras...Ficaram as promessas porque,  desde essa altura, nada foi feito, nem da parte de quem está no poder e criou toda esta situação, nem da parte da Comunidade Internacional que, jogando pelo seguro, não está disposta a financiar as eleições, quando o clima político, económico e social se vai degradando dia para dia. Os governantes guineenses acham que sendo a Guiné-Bissau, um Estado soberano, não pode tolerar ingerência externa nos seus assuntos internos mas, quase que atribui a não definição ou realização das eleições à Comunidade Internacional, por alegada falta de apoios financeiros. Como é que os governantes guineenses querem pedir apoios de toda a ordem, não aceitando conselhos de quem se ofereceu para ajudar? Só o dinheiro faz falta?! À data de hoje, 10.05.03, é quase uma certeza que não haverá eleições a 06 de Julho 2003. Isto, em função do incumprimento até este momento, de situações como por ex.: A actualização dos cadernos eleitorais, que já ultrapassou o seu período de calendário...  

Vendo o tempo a esgotar-se e sem entrada de financiamentos que fossem resolver outros problemas, que não os do povo, começa-se a engendrar o golpe final, que de  forma habilidosa já se está a executar, também a olhos de todos, sem no entanto, uma vez mais, a Comunidade Internacional se pronunciar em defesa do povo guineense, deixando simplesmente que se chegue ao extremo da humilhação e o clima de tensão que paira no ar acelere o ajuste de contas entre quem tem o poder e quer fazer dele um bem pessoal e vitalício, apesar de, também pronunciar a palavra democracia algumas vezes...e quem por outro lado, aceita o poder como instrumento dirigente da sociedade e por isso precisa dele para se afirmar na sociedade...À Comunidade Internacional se deve perguntar em que é que ficámos quanto às eleições legislativas marcadas para 06 de Julho na Guiné-Bissau. É urgente esclarecer esta situação antes que se forjem insinuações que originem mais prisões, conflitos e, pior que isso, anuncie o cancelamento das eleições, alegando situações como: tentativa de golpe de Estado. O povo guineense espera e desespera por aquilo a que tem direito, chega de tanta humilhação.

"A vida só tem sentido se, para além de nós, outros também puderem viver..."

  Ler, Reflectir, Transmitir...Esta é a mensagem.

 

Fernando Casimiro ( didinho )

     

   11-05-2003 00:40


Contributo : O projecto

 

O projecto CONTRIBUTO nasceu a 10 de Maio de 2003, motivado pela ameaça do “desaparecimento” da Guiné-Bissau como Estado, durante a presidência de Kumba Yalá. Foram muitos os momentos de reflexão e ponderação, de forma a encontrar uma via para dar o meu contributo como guineense, na tentativa de se inverter a situação. Optei por exteriorizar as minhas reflexões, escrevendo artigos sobre a Guiné-Bissau, tentando assim, passar mensagens de sensibilização pela causa guineense, não só para os guineenses, mas também para o Mundo. CONTRIBUTO é um projecto de orientação pessoal, de carácter reflexivo, não necessariamente noticioso, ainda que informativo, apartidário e sem fins lucrativos. É um projecto que visa incutir e desenvolver o espírito de reflexão e debate de ideias na Guiné-Bissau e nos guineenses.

   

“ A vida só tem sentido se, para além de nós, outros também puderem viver...”

Ler, Reflectir, Transmitir... Esta é a mensagem!

Fernando casimiro (Didinho)

 

15.05.2004

 

www.didinho.org