O PODER E AS FORÇAS DE SEGURANÇA NA GUINÉ-BISSAU

 

 

 

 

 

Por: Wana Blus

 

 

26. 11. 2006

 

Propus-me abordar este tema bastante delicado, precisamente devido à promiscuidade existente entre as duas Instituições acima referidas. O uso inadequado e político que se faz das Forças de segurança implica uma reflexão sobre esta temática sem medos.

 

Em boa hora chega o artigo “Donos da Terra” de Fernando Casimiro, um grito de indignação e vergonha, o que retrata de forma clara a pouca vergonha existente entre esses ditos senhores da terra  que mostram que não têm escrúpulos de usar a seu bel prazer a vontade de um povo. Não pude deixar de ficar indignado e para que a “indiferença não faça diferença” exclamo aos ventos, e agora Supremo tribunal de Justiça ???? O governo legitimo saído das urnas não tinha legitimidade democrática ?? Este governo que nasceu antes da 2ª volta das eleições é legitimo ?? Vergonha meus senhores, vergonha e dizem-se juízes, talvez de cifras ilusórias à custa da vontade popular.

 

Pergunto, desde quando os senhores Kumba e Nino são legítimos ao ponto de se preparar um governo mesmo antes da vitória de um candidato que anteriormente tinha ficado em 2º?  Não será este um motivo mais do que suficiente para questionar estas eleições ?? Pede-se inclusive Amnistia para se escamotear a morte ou melhor dizendo os assassinatos do Brigadeiro Ansumané Mane e do general Veríssimo Seabra, chega-se ao ponto de assinar um ponto 2.9 “Obstar as represálias de responsáveis da Função Pública pelo seu enquadramento político partidário.” Ou seja quim ku cume tacu pa i fica suma mon di sal na iagu (quem mamou dinheiro pode ficar descansado) é vergonhoso.

 

Cultura pura de impunidade que nós habituou estes energúmenos, asnos ditos “donos da terra “

Dizia eu que este artigo vem a propósito porque nota-se que no referido acordo os lugares que são designados antecipadamente é o do Ministro do Interior e o cargo de Director Geral da Segurança (a nossa secreta), é grave não só pelo facto de se atribuir estes pelouros  antecipadamente assim como a pessoa obscura que a ocupa, enquanto estudante foi baleado em São Paulo em circunstâncias obscuras. Foi cônsul da Guiné na Mauritânia, lembro bem quando numa rádio choveram todos os tipos de acusação sobre a sua pessoa, mas enfim foi quem ajudou o Kumba a se instalar em Marrocos sabe-se mais o quê ???

 

Somos reféns infelizmente de uma geração rasca que teima em ver o poder como o seu foco de enriquecimento ilícito à custa da coisa publica, gente que vê a terra como sua, Reglus k nunca sedu em plena democracia ou terá sido a armadilha em que fizeram cair o povo Guineense. O saudoso visionário  Zé Carlos cantou “SI BU DJUNTA CABÁS, SI BU DJUNTA KALMA KU INIMIGU DI NÔ POVO, MUFUNEÇA KALA “ ou na linguagem de Dona Maria “quem semeia ventos, colhe tempestades”.

 

Almejamos ser uma nação mas não passamos de projecto, será que este dito senhor que se auto-intitulou  nosso presidente não terá usurpado esse cargo ??

Deixemos a nossa pouca vergonha nacional e passemos à outra pouca vergonha não menor que são as nossas forças de segurança. A questão que se põe é que até hoje não sabemos o que pretendemos das tais, mudam-se os governos, apregoam-se revoluções no sector mas no final só se mudam as siglas e clientelas e não mais se toca no assunto.

 

Somos culpados em aceitar com a maior naturalidade a continuidade do andar das coisas, pois o grosso das forças estão mais interessadas a serem meninos bonitos de algum regime em troco de migalhas.

Este é o maior perigo que nos surge embora existam tantos outros que convém enumerar :

 

  1. Não existência de limites de competência na esfera da Segurança (secreta), fazendo papel da Ordem Pública (POP), Policia Judiciária (PJ) assim como de promotoria pública.
  2. Não existe Lei orgânica, regulamento disciplinar, regulamento de fardamento, regulamento de armas tanto na POP como na Segurança.
  3. Abandono da escola de policia, a ultima formação da POP foi em 1991, a segurança faz formações supersónicas de 1 mês não na verdadeira ciência de serviços secretos mas de PIDE de tabernas e ministérios .
  4. A morte das unidades operativas que hoje servem para vigilância de comadres e escutar conversas de bares e discotecas, sem se falar de tentativas de inventar tramóias.
  5. Não existência de um laboratório de análise e síntese, órgão fundamental aos serviços de segurança.
  6. Indisciplina reinante nas duas esferas do Ministério do Interior, as patentes caiem do céu, desconhecimento da ordem unida e ordem de comando.
  7. Falta de quadros adequados, vão-se adaptando elementos das forças armadas ou simplesmente enquadramento de familiares para servirem determinados lideres.

 

Seria exaustivo enumerar as falhas, pois é, Nhu Cote, este é o nosso estado de alma, o profissionalismo foi substituído pelo nepotismo e clientelismo, não temos segurança mas um projecto de tal que vai caindo em descrédito cada dia mais, usando cada vez mais tácticas absurdas de reinar pelo medo que as pessoas perderam. Um exemplo meu caro, o senhor Baciro Dabó  se não me engano antes da guerra de 98 era sargento ou alferes, no fim da guerra, como o super poderoso João Monteiro fora promovido a chefe de estado maior da guerra, a que ponto chegamos, o Baciro subiu para DG e major.

 

São muitos os absurdos que contaminam os serviços de segurança, assim como da POP, promoções supersónicas, falta de efectivos, abandono dos mesmos, falta de material, rádios, viaturas ou seja falta tudo, apenas a coragem de prestar serviço é que vai sobrando em alguns.

 

Sim meu mais velho Nhu Cote, as lágrimas que tens não se compara com as que terias se visses o verdadeiro estado do MINT, esse é apenas um apanhado, pois o agravante é que se vai criando grupos para servir determinados chefes, diga-se de governo, profissionalismo não existe porque os que temos não sabem o significado de tal, este é o resultado dos anos de chefia de um individuo como o João Monteiro e que conseguiu piorar com o advento da Guerra civil, não me alongo mais, pois muito falta dizer e a indignação encheu a minha alma por tamanho desrespeito e falta de consideração em relação ao povo da Guiné, o nosso palhaço de costume de barrete, os nossos generais de meia tigela.

 

 Nino coitado, perde cada vez mais o respeito, se é que sobra, que o povo guineense ainda tinha por si e vemos cair a máscara e vemos assim a sua verdadeira faceta.

 

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