NA GUINÉ-BISSAU CHEGOU A HORA DOS COMPROMISSOS PROMÍSCUOS

 

Alin Li

 

 

15.11.2005

 

Nino Vieira

 

 

O Governo do Presidente Nino Vieira acabado de anunciar não surpreende nem pelo número dos seus membros nem pela sua composição. Afinal, ele foi coerente com a composição do seu núcleo de apoio na segunda volta das eleições presidenciais realizadas em Julho de 2005.

 

Até esta data o Presidente da República já nomeou vinte e seis (26) Ministros, três (3) Primeiro-Ministros e nove (09) Secretários de Estado. É muito !!! O impacto orçamental é demasiado para quem depende da ajuda externa para fazer face às suas despesas de funcionamento em que a massa salarial é mais de 150% das receitas do Estado. Mas veremos como esta super-estrutura poderá ser alimentada no futuro imediato sem pôr em causa os engajamentos do Estado guineense, nomeadamente o pagamento dos salários aos funcionários públicos.

 

Quanto à composição do Governo a sua analise leva a diversas leituras, senão vejamos:

 

Do ponto de vista do (controlo do) poder, o Presidente Nino Vieira sai nitidamente reforçado. Tem nos postos-chave os seus homens-de-mão: Baciro Dabo, Helder Proença, Aristides Gomes, Conduto de Pina, Braima Embalo, José “Bifas” Djo, Abdu Mané, Aristides Ocante, Isufo Sanha, Victor Mandinga, Isaac Monteiro, Rui Diã de Sousa.  Os restantes parceiros do FCD, nomeadamente o PRS e o PUSD - por sinal os únicos com representação parlamentar – estão, graças a Deus, implacavelmente arredados da máquina do poder nesta equipe.

 

Em relação ao comportamento dos políticos guineenses fica-nos mais uma vez evidente que o que interessa a esta gente é apenas como resolver os seus problemas que alguém chamou de « problemas de cacerola (tacho) ». Todos querem, com a capa dos respectivos partidos políticos, viver à custa do Tesouro Público. A composição deste Governo é a expressão máxima da atitude de « sirva-se do poder » que tem caracterizado invariavelmente os políticos guineenses da última geração. Os políticos do FCD que não foram contemplados saltarão imediatamente para a oposição ao Governo mesmo aqueles que estiveram, deliberadamente, mudos e calados durante as duas semanas que o país e a administração pública estiveram encerrados, causando incalculáveis prejuízos ao Estado guineense.

 

Porém, queremos chamar à atenção de que, a Guiné-Bissau tem de mudar. A única forma de fazer mudar a Guiné-Bissau é denunciar esta escória de malandros perante os guineenses. Denunciar com factos verídicos. Não inventar mentiras sobre gente séria deste Governo (que existe) só por serem adversários políticos. Mas denunciar energicamente os que são bandidos, mesmo que sejam companheiros do Partido. A luta para a Guiné-Bissau depois das presidenciais de 2005 resume-se a dois Partidos: TODOS (os guineenses trabalhadores honestos) contra a minoria de malfeitores que, em grande número, se agrupou no FCD (Fórum dos Caloteiros Detractores), como alguém um dia os apelidou e bem.

 

Este grupo de oportunistas e predadores do erário público vai perder e tem de perder esta guerra para que os guineenses se libertem definitivamente desta tirania de malfeitores encapotados de políticos que o Presidente Nino hoje ajudou a melhor identificar claramente graças a composição (intencional ?) do seu primeiro Governo «inconstitucional».

 

Estamos convencidos que o próprio Presidente Vieira sabe, em consciência, que este seu Governo de compromissos promíscuos não tem pernas para andar. Não tem nem competência intelectual nem moral social para governar. Pior. Agrupa no seu seio os elementos mais nocivos à Guiné desde 1980 a esta parte. Portanto, o Presidente Nino Vieira daria com este gesto uma oportunidade única aos guineenses de se ajustarem com a história, livrando-se desta corja de oportunistas e ele, poderia minimamente redimir-se dos seus pecados e males que causou ao Povo Guineense.

 

Nisso, embora com certa hipocrisia, felicitamos o Presidente Vieira pela sua sábia estratégia na formação deste Governo e pedimos-lhe que, pelo menos uma vez na vida, encare com patriotismo as nossas denuncias se quiser caminhar no sentido da verdade e da reconciliação nacional, pois elas só têm um fim : reabilitar a imagem das instituições da República perante o cidadão e o mundo.

 

E, essa reabilitação passa em primeira-mão pela sua figura que carece de séria reabilitação, senão redenção perante o Povo da Guiné-Bissau.

 

Para dar a nossa modestíssima contribuição no combate sem tréguas aos malfeitores, investigaremos com ciência e responsabilidade todos os membros do Governo recentemente nomeados e, mas só divulgaremos o cadastro de alguns governantes que, toda a gente (nacionais e estrangeiros) sabe são caloteiros profissionais na Guiné e no estrangeiro.

 

o ouro estÁ entregue ao bandido !

 

Quem é o MINISTRO DAS FINANçAS Dr. Victor F. MANDINGA ?

 

Licenciado pelo Instituto Superior de Economia de Lisboa, ingressou no Banco Nacional da Guiné nos anos 80 donde viria a ser demitido e preso por corrupção pelo regime de Nino Vieira. Num golpe de magia, sabe-se agora, com o produto do furto cria a maior empresa industrial de descasque de caju que nunca chegou a abrir as suas portas. Mantendo a sua linha de actuação e principal especialidade, dedica-se, a golpadas sucessivas e a coberto do todo poderoso Ministro Manuel dos Santos (Manecas), a actividade de campanha de caju e sobretudo foi (e continua a ser) testa de ferro do grupo Manecas-conexion em todas as actividades ilicitas, principalmente junto da banca local e no estrangeiro. Com aval do Estado e/ou da banca pública, a coberto do grupo Manecas-conexion, endividou-se (e fez falir) todos os bancos públicos e privados guineenses e as empresas públicas Armazens do Povo e Socomin.

 

Quando começa a soprar os ventos da abertura politica nos anos 90, este testa de ferro é transformado em « cavalo de Tróia » nas fileiras dos partidos politicos da oposição ao PAIGC. Por inspiração do grupo Manecas-conexion e sob mando do Eng João Cardoso (actual director de Gabinete do Presidente Nino Vieira) é catapultado para o PCD (Partido da Convergência Democratica), arrastando mafiosamente consigo, toda uma camada de jovens quadros críticos ao regime. A golpada não podia ser mais certeira. De favorito ao primeiro lugar das eleiçoes de 94, o PCD obtém ZERO lugar no Parlamento. Hoje a explicação é evidente se verificarmos quem eram os dirigentes deste partido satélite:

·         Dr Victor Mandinga (actual Ministro das Finanças), Presidente

·         Edmundo Evora (actual Chefe da Casa Civil do Nino), Vice-Presidente

·        Alima Ferrage (incondicional do Nino) na organização das mulheres PCD;

·        Rui Landim, hoje conhecido pelas suas patéticas verborices domingueiras numa radio local ;  etc.,etc..

 

A entrada na cena politica rende a este falso empresário de origem santomense não só um estatuto de intocável na praça  como também um useiro e vezeiro de mamanços do dinheiro do Tesouro Público (importando grandes quantidades de arroz sem pagar direitos alfandegários, contraindo, com aval do Estado, empréstimos junto de fornecedores estrangeiros); de corruptor de juízes e ameaçador de empresários concorrentes nacionais e estrangeiros, etc.

 

Quando eclode a guerra de 1998, na promiscuidade com alguns militares corruptos da ex-Junta Militar, não só exporta toda a sua mercadoria via Senegal (onde vai receber e guardar o seu dinheiro que utiliza posteriormente na compra de carros de alta gama e cilindrada que utiliza em Portugal para aplicar golpadas a alguns empresários portugueses incautos) como ficciona perdas incalculáveis de stocks de produtos, falsifica facturas de fornecimentos à tropa que lhe viriam a render exorbitantes direitos de indeminização de guerra sobre o Estado guineense. Num salto mortal, passa de devedor insolvável a credor implacável do Estado, onde com o conluio de um Juiz corrupto negoceia uma sentença contra o Estado, tentando sacar dos cofres do Estado mais de 500.000.000 Fcfa’s. Ao não conseguir os seus intentos de cobrança fraudulenta, torna-se no mais acérrimo adversário do ex-Primeiro-Ministro.

 

É nesta qualidade que integra a campanha do General e, com a vitoria deste, é introduzido, estrategicamente, pelo grupo Manecas-conexion na pasta de Ministro das Finanças. Cuidado. O grupo Manecas-conexion não dispõe apenas deste elemento que está muito vulnerável perante a opinião pública nacional e internacional. Há elementos deste grupo em outras áreas geradoras de receitas.

 

Qual poderá ser a verdadeira jogada dum membro de Governo com este passado ? Há o velho ditado guineense, « buli ku kustimá bulbuli, bento tem ou ika tem…»

 

A seu tempo veremos. De resto mais casos sobre este governante serão colocados à disposição do público para avaliar da sua moralidade social. É caso para dizermos que o ouro está entregue ao bandido !

 

Alin Li, irmão gémeo do Galo Garandi, Professor e amigo de Nino Vieira.

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