O NOSSO POVO NÃO DEVE ACEITAR A DITADURA!

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

08.09.2006

Campune - Foto de Nuno Gomes

Onze anos de luta armada, milhares de vítimas mortais como consequência directa ou indirecta de uma guerra que se impunha à condição do direito à autodeterminação e independência (sempre recusada pelo regime colonial).

Onze anos de grandes sacrifícios, de vitórias mas também de derrotas.

Onze anos de aprendizagem, de transmissão de um novo conceito de patriotismo baseado na afirmação Nacional e Continental tendo a nossa identidade histórico-cultural como suporte para essa afirmação.

Onze anos que apesar da guerra valeram pelos objectivos alcançados.

Hoje, à beira dos 33 anos da proclamação da independência nacional, a memória dos ensinamentos desses onze anos está quase apagada, quase destruída, visto a maioria dos camaradas terem optado por "desertar" da Escola de Amilcar Cabral, traindo os princípios e ideais que motivaram e justificaram a luta armada de libertação nacional.

Hoje e pela realidade presente, Cabral, se fosse vivo, mobilizaria de novo o nosso povo para lutar pelos seus direitos, pela sua afirmação!

Quem decidiu dar a sua juventude, a sua vida, para lutar contra o colonialismo português e libertar o nosso povo da dominação, da repressão, da exploração etc. não deve assumir o lugar do colonialista e praticar os mesmos actos bárbaros contra o nosso povo!

O nosso povo é o dono da nossa terra! Ao nosso povo assiste-se o direito de  manifestar em conformidade com o que a Lei permite.

Não batam mais em nossos irmãos!

O nosso povo não deve aceitar a ditadura! O nosso povo deve lutar pelos seus direitos e pela sua afirmação!

 

Bissau, Guiné-Bissau (PANA) - O presidente da Comissão Nacional dos
Quadros Técnicos da Saúde (CNQTS) da Guiné-Bissau, Domingos Sami,
refugiou-se quarta-feira na sede das Nações Unidas em Bissau após a
dispersão de uma manifestação pela Polícia de Ordem Pública (POP).

Domingos Sami, que foi no dia seguinte transferido para a missão
católica em Bissau, instou o governo do primeiro-ministro Aristides
Gomes a "privilegiar o diálogo" com as centrais sindicais e a pagar
tudo quanto deve aos trabalhadores da saúde desde o ano passado.

"Refugiei-me ontem (quarta-feira) na sede da ONU e esta transferiu-me
hoje (quinta-feira) para aqui onde me encontro neste momento",
lamentou Domingos Sami.

Por seu turno, o porta-voz da CNQTS, Garcia Baticã, prometeu que a
sua Comissão enquanto organizadora da manifestação reprimida vai
encontrar "uma alternativa de luta" até ganhar a causa prosseguida.

A Polícia dispersou violentamente a manifestação de dezenas de
enfermeiros e técnicos de Saúde Pública saídos à rua quarta-feira em
Bissau para exigirem aumentos salariais e o pagamento de um conjunto
de subsídios, uma marcha considerada pelo governo como "ilegal".

Os manifestantes que consideram os seus salários actuais como
extremamente irrisórios disseram não entenderem as razões por que a
Polícia de Ordem Pública (POP) reagiu de forma tão violenta.

Sami explicou que os enfermeiros auferem actualmente um salário médio
de 28 mil francos CFA (42 euros) o que "é demasiado pouco apesar de
em média se situarem ligeiramente acima do salário mínimo".

"Os manifestantes desconhecem os motivos por que a Polícia tentou
levar para a Esquadra os dirigentes do comité desta iniciativa
pacífica", insistiu.

Segundo testemunhas oculares, efectivos das Brigadas de Intervenção
Rápida da Polícia que reprimiram a marcha exigiram que os seus
organizadores fossem responder ao Comando da corporação.

Para o Executivo de Aristides Gomes, o Sindicato Nacional dos
Enfermeiros e Técnicos da Saúde (SINETA) é mais representativo e apto para organizar este género de manifestações.


Bissau - 07/09/2006

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