NO KUDJI HERMUDURAS NA ARRUS, PA FASSI BIANDA SABI!

 

 

 

Samuel Vieira  *

vieirasamuel@hotmail.com

26.04.2009

Samuel Vieira

 

À primeira vista, a frase parece demasiado estranha, porém, no desenrolar do contexto, você entenderá melhor o porquê ou os porquês das palavras Kudji, Hermuduras, Arrus, Bianda sabi e Si N sibibá.

 

 

Kudji =Escolha

 

Essa palavra descobrimos quando da formação da nossa personalidade, por aí: aos 5 ou  6 anos de idade.  Nessa idade questionamos aos nossos pais sobre nossa preferência por esse ou aquele brinquedo. Por essa ou aquela boneca, referindo-se, nesse caso, as meninas. Começamos através desse gesto a demonstrar que queremos ser livres no pensamento e na ação.

            Anos mais tarde, portanto, já mais maduros, escolhemos o que realmente queremos ser no futuro. Isso passa pela nossa preocupação em escolher uma profissão. Dado a carência no país de universidades, muitas vezes temos que optar por fazer um curso no exterior. Mais uma vez vem a escolha: Qual o curso que devo fazer? Qual o país, qual universidade? Em função da qualidade da universidade e da qualidade de vida do país, minha escolha é concretizada. Pode, no entanto, acontecer que eu não possa escolher a universidade e nem o país que gostaria de estudar, daí vou ao taco, simplesmente porque quero conquistar o sonho de ter o curso superior. Uma vez concretizada o sonho de conseguir o diploma de curso superior, a escolha por onde trabalhar em função das condições de trabalho e remuneração é mais uma tentativa que pode lograr êxito ou frustração. Como pode ver meu irmão, Kudji é uma decisão séria e requer um equilíbrio no pensamento para fazer uma boa escolha entre tantos candidatos que aí se apresentam.

 

Hermuduras = “grãos indesejáveis no arroz”

 

Quem ainda se lembra da última dentada que deu na hermudura esquecida no arroz catado e que após ser cozinhado, quando saboreou “bianda” veio aquele humm desesperador – “nha dinti”! Para você não ter dor de dente no futuro, mais uma vez, o elemento número um do nosso texto, portanto kudji está em jogo. Hermudura, ou seja, aquele elemento dentro do contexto arroz, pode não fazer sua “bianda” ser saborosa amanhã. Hermudura significa um mau elemento dentro um produto acabado, no nosso caso concreto, o produto é o arroz. Separar hermudura do arroz, essa ação pode ter um retorno significativo para você! Porque ao separar você adota critérios que possibilita você conhecer o melhor candidato a ser escolhido. O critério passa necessariamente pela avaliação do candidato em função dos cargos já exercidos e benefícios gerados. Não se deixa iludir, analise a proposta de cada um e sustente sua avaliação exatamente na capacidade do candidato introduzir reformas que tanto precisamos. Não acredite naquele que faz promessa no largo e dá pouco no estreito! Esses existem e aproveitam muita de sua distração para serem eleitos. Fique atento e não vacile, sua decisão se for bem avaliada e se sua escolha for bem feita, você terá um sono profundo de paz, por pelo menos, no decorrer dos próximos 5 anos. Separar “hermudura” do arroz não gera interpretação dúbia, essa frase denota em você a reflexão que deve fazer em função dos agravantes políticos que já vivemos e em função da má escolha. Ela chama sua atenção exatamente não é apontando que o fulano de tal é ruim e sicrano é bom! Hermudura reflete exatamente as ações desenvolvidas por um mau político que gerou na nossa consciência esse pesado fardo ao qual queremos desfazer hoje e, se possível, para sempre.      

Arrus =Arroz

 

            “Arrus” é um produto de consumo dos guineenses. É a matéria-prima que não pode faltar. “Guineense ka pudi vivi sim arrus!” – Guineense não pode viver sem arroz!

 

Bianda sabi =Comida gostosa

 

Guineense, todo ele pensa no amanhecer do dia ao pôr-do-sol, na “bianda”! Bianda é sensação de liberdade e de alegria! Bianda une os guineenses em todos os encontros e os separa quando faz falta. Bianda sabi é o pressuposto de que tudo vai bem dentro de uma família guineense. O guineense se orgulha de fazer boa bianda para chamar os amigos à sua casa, para os momentos de descontração e de alegria.  Para ele (o candidato!) não tirar bianda de sua cabaça, pense e repense! Bianda entra na sua casa em função do serviço que você presta à nação ou às empresas na Guiné. Bianda entra na sua casa através do trabalho que você faz em benefício da sociedade guineense. Mas lembre-se, você só consegue desenvolver sua atividade e ter bianda em casa, se você tiver paz por todo o país! A paz começa com um bom governo, um bom desempenho do presidente, um equilíbrio econômico, um desenvolvimento sustentável, um emprego para os cidadãos, educação para os nossos filhos, saúde para o nosso povo. Se tudo isso estiver bem encaminhado, sua bianda nunca faltará! Bianda provém do emprego e emprego só existe se, você escolher o candidato certo, desprovido de barganha, de insensatez, de corrupção, calúnia, etc. Pense na sua bianda e a dor que ela provocará à sua cabaça, quando ela faltar!...Bianda sabi nós queremos todos os dias e ela só é feita em nossas casas se, eventualmente, tivermos paz no espírito. Essa paz é gerada em função da estabilidade política que o país precisa nesse momento. Com a paz tudo refloresce, novos horizontes são detectados, investimentos chegam, empregos são gerados, alegria renasce, o bem-estar reacende, enfim, a paz é tudo que precisamos para tirar a Guiné da lama.

 

Si N sibibá =Se eu soubesse

 

Essa é certamente a expressão mais usada pelos guineenses nos últimos tempos! Para não voltar a essa página (... que não traz nada de novo!) prescrita pelo livro armazenado em nossas memórias, você tem que ser cauteloso. Si N sibibá não se refaz, uma vez que acontece não tem como voltar atrás. Para que isso não aconteça nessa eleição trabalhe a sua mente, medite, pesquise, confronte os dados, para efetivamente, tomar uma decisão sábia que não só o ajudará como também mudará significativamente a vida do nosso povo. Ah si N sibibá!...Não deve entrar no vocabulário de pessoas que têm memória! Está na cara o papel desempenhado por este ou aquele político que passou neste ou naquele governo, mas que agora vestindo a carapuça para conquistar mais uma eleição, nos seduz com novas propostas que você sem dúvida sabe que não vai dar em nada. São mais de trinta anos que você vem repetindo “si N sibibá!”. Enquanto isso, muitas pessoas de nações mais equilibradas assistem você e seu país nesse dilema. Há mais de trinta anos que a Guiné vira em torno de si mesma, sem dar um passo significativo em prol do desenvolvimento. Pense nisso e veja como sua decisão é importante na escolha do próximo presidente!

 

Um forte abraço a todos!

 

Vamos trabalhar!

   

Samuel Vieira

              

 * Analista de Sistemas

 

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