NINO VIEIRA E CARLOS GOMES: NEGOCIAR O QUÊ?

Nino VieiraCadogo

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

24.01.2007

Hoje vou abordar um assunto de que há muito se tem falado nas entrelinhas, assunto que o povo guineense conhece porque na Guiné-Bissau, quase nada é segredo, pois o segredo que o Djon Bernal partilha com alguém a quem pede sigilo, é passado a outra pessoa da mesma forma e assim, de boca em boca lá chega o segredo a todos os ouvidos.

O país está ansioso com o desfecho do caso que envolve Nino Vieira e Carlos Gomes Jr. uma disputa pessoal que se iniciou em Outubro de 2005, 27 dias após a tomada de posse de Nino Vieira como presidente dos que o elegeram, que, abusando dos poderes constitucionais demitiu Carlos Gomes Jr. do cargo de primeiro-ministro, ele também legitimado nas urnas.

Amigos e sócios no passado, dizia-se que Carlos Gomes era o "testa-de-ferro" de Nino Vieira e, por assim dizer, falava-se à boca cheia das estratégias de negócios de Nino Vieira que, comprava sobretudo imóveis  e colocava tudo em nome de Carlos Gomes Jr. pois não era aconselhável ele Nino Vieira, como presidente na altura, ter bens em seu nome.

O Nino para ter tudo o que se diz ser dele, onde arranjou tanto dinheiro? Do ordenado? De alguma herança? Claro que não foi nada disso. Pura e simplesmente usou o dinheiro da República da Guiné-Bissau, o dinheiro dos guineenses. Desviou, roubou!

Foi o próprio Nino quem impulsionou a ascensão de Carlos Gomes no PAIGC por conveniência à época.

Com a guerra de 98/99, as relações entre ambos complicou-se e com a derrota de Nino Vieira e a sua partida forçada para o exílio em Portugal, os alegados bens pertencentes a Nino Vieira ficaram como estavam, ou seja: em nome de Carlos Gomes Jr.

Isto é o que todos os guineenses sabem e  que não deixa dúvidas em ser considerada a primeira motivação para o braço de ferro entre estas duas figuras da nossa praça.

Caberá no entanto aos implicados nestes negócios que sem dúvida foram lesivos ao erário público guineense, os senhores Nino Vieira e Carlos Gomes Jr. tirarem a limpo os detalhes dos negócios realizados na altura.

Se o Nino resolveu colocar tudo em nome de Carlos Gomes, legalmente o que está em nome do Carlos Gomes é pertença do Carlos Gomes e daí não há nada que possa  forçar a devolução do que quer que seja quando existem registos de propriedade/património em nome de Carlos Gomes Jr.

No entanto, ao Sr.. Carlos Gomes Jr. se deve questionar a honestidade e o patriotismo no sentido de esclarecer a origem dos seus bens, tendo como argumento os segredos que passam de boca em boca, por forma a defender-se das suspeições que se lhe recaem sobre este caso.

Cabe ao Sr. Carlos Gomes denunciar os negócios ilícitos de Nino Vieira e que são do seu conhecimento e tiveram a sua participação, sob pena de ficar eternamente marcado pela sua ligação no passado, a Nino Vieira.

O país está ansioso em saber como será resolvida a situação de refugiado temporário que passou a ser Carlos Gomes Jr. junto da missão das Nações Unidas em Bissau sendo que, contrariamente ao aproveitamento que se fez das suas declarações ao acusar publicamente Nino Vieira como responsável pela morte de Lamine Sanhá e de outros ex-membros da antiga Junta militar, a cartada de Nino Vieira, no momento, passa por reaver tudo o que acha que era dele e está em nome de Carlos Gomes Jr. custe o que custar, incluindo a própria vida de Carlos Gomes. É que o património em causa valem milhões, seja em que moeda for!

Para Nino, este é o segundo passo no ajuste de contas com Carlos Gomes Jr.

Os guineenses sabem deste caso há muitos anos, alguns estrangeiros também, no entanto, aqui fica o registo.

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