Jogo (s) de interesses...

 

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

29.08.2005

Decididamente, querem-nos impor regras!

Maliciosamente, julgam-nos cegos, surdos e mudos! (Ofensa à parte aos portadores destas deficiências)

A Guiné-Bissau, como tenho vindo a referir, necessita do apoio da Comunidade Internacional.

A Guiné-Bissau, como também se sabe, sempre reconheceu o apoio que lhe tem sido prestado pela Comunidade Internacional.

Entretanto, uma coisa é certa: A Guiné-Bissau não pode estar condicionada aos apoios internacionais para se afirmar no Mundo como país soberano.

O apoio internacional não pode servir de moeda de troca, ou de exercício de pressão, ao que se julga, para a resolução de disputas internas, tais como o impasse eleitoral, por exemplo.

Os apoios, ainda que na prática sirvam à Guiné-Bissau (?) pontualmente, na avaliação geral são duvidosos porquanto ocultarem os verdadeiros motivos que estão por detrás dos mesmos.

A Guiné-Bissau não está à venda e os guineenses têm o direito de escolherem e decidirem eles próprios o melhor para eles.

Vem isto a propósito de frequentes ingerências, cada vez mais acentuadas e diversificadas, que julgo, deveriam ser condenadas pelas autoridades da República da Guiné-Bissau e tomadas em consideração por todos os guineenses.

Vou citar 2 exemplos concretos em que é notório o jogo de interesses.

O primeiro, por parte de uma Organização Continental, neste caso, a União Africana, através do seu presidente em exercício e, igualmente presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, que está a ser o porta voz dos interesses da França na Guiné-Bissau.

Na recente visita que Nino Vieira efectuou à Nigéria, Obasanjo prometeu continuar a ajudar a Guiné-Bissau mas, aconselhou Nino Vieira a formar um governo de unidade nacional para permitir a participação de todos. (www.panapress.com)

Será que Obasanjo, ou qualquer outro estadista tem o direito de aconselhar a formação de um Governo de Unidade Nacional na Guiné-Bissau, quando há um Governo em funções desde 2004...?!

Será este aconselhamento o mais correcto, quando se faz menções à Democracia?!

Obasanjo estaria a falar na qualidade de Presidente da Nigéria ou na qualidade de Presidente da União Africana?!

É que na qualidade de Presidente da Nigéria, deve-se pedir explicações à Nigéria, mas se Obasanjo se expressou na qualidade de Presidente da União Africana é mais grave ainda, porquanto falar em nome de todos os países que constituem a União Africana, o que é deveras lamentável e aí, deve-se pedir explicações aos demais países africanos através da Organização Continental que é a União Africana!

O segundo exemplo:

Hoje, 29 de Agosto, fazendo as minhas pesquisas habituais, deparei-me com mais um assunto constrangedor.

Ao visitar o site da francofonia (www.francophonie.org) e na secção relativa aos Estados Membros /Governos, Guiné-Bissau, os dados estatísticos em relação à secção: Política e Administração dão conta de Nino Vieira como Presidente da República, com actualização do ano de 2005, mas na área referente ao Chefe de Governo, nada consta a não ser igualmente a referência ao ano de 2005...

A Guiné-Bissau não tem Governo...?!

As eleições presidenciais foram realizadas antes das eleições legislativas de 2004?!

A França que patrocina este organismo em que estão representados 49 países como Estados membros, 4 países como associados e 10 países com o estatuto de observadores, não sabe que existe um Governo na Guiné-Bissau?!

Claro que sabe, pois ainda recentemente concedeu apoios para a luta contra a cólera e esse apoio foi entregue às autoridades guineenses, através do Governo que está em funções.

Mas porque será que este organismo não menciona a existência do Chefe de Governo da Guiné-Bissau no seu site e, por conseguinte no espaço comum a todos os seus membros?

Dir-me-ão alguns, talvez tenha sido uma falha...

Se assim for, então espero que essa falha seja reparada o mais rapidamente possível a fim de se evitar análises como a minha.

Análises de uma leitura em que o oportunismo francês está a sobressair cada vez mais em relação à Guiné-Bissau por vários motivos e resumidos num único objectivo: beneficiar a França e os países francófonos da África Ocidental, particularmente o Senegal, em detrimento da Guiné-Bissau, para que não possa de maneira nenhuma beneficiar das suas potencialidades e fazer concorrência ao Senegal, afilhado da França e suporte principal da Francofonia na África Ocidental!

Nino Vieira é o parceiro guineense escolhido pela França para a implementação e concretização dos seus interesses na Guiné-Bissau.

A França. está a mostrar que "não reconhece" o Governo de Carlos Gomes Jr, mas, faz questão de divulgar Nino Vieira como presidente da Guiné-Bissau!

Não podemos aceitar estas ingerências!

Caros irmãos,

Quero recordar-vos hoje que, Amilcar Cabral, aquando da luta de libertação nacional não hipotecou o país que seria forjado nessa luta.

Cabral pediu e obteve apoios de todo o Mundo, mas não negociou nem condicionou esses apoios à ideologia ou à estratégia da luta de libertação nacional.

Cabral ganhou o apoio e a consideração do Mundo para a sua causa com os seus princípios, com as suas estratégias, com a sua forma de falar: olhos nos olhos!

Não podemos hipotecar o nosso país!

Não podemos aceitar ajudas interesseiras!

É urgente e necessário que as autoridades em funções façam a defesa da soberania da Guiné-Bissau denunciando e pedindo explicações a quem de direito no respeitante às ingerências evidentes nos assuntos internos da Guiné-Bissau!

Não permitiremos jamais que a Guiné-Bissau volte a ser uma colónia!

Todos pela Guiné-Bissau, com ORGULHO!!!

Cabral, estarás sempre presente...!

Amilcar Cabral

Obrigado...!

 


Presidente nigeriano promete ajuda à Guiné-Bissau

         Abuja, Nigéria (PANA) -  O Presidente da Nigéria e da União Africana,
Olusegun Obasanjo, declarou quarta-feira em Abuja que o seu país
continuará a ajudar a Guiné-Bissau para garantir a democracia e o
desenvolvimento sustantável neste Estado lusófono da África
Ocidental.

"Faremos tudo o que estiver ao alcance dos nossos recursos para vos
ajudar porque queremos que a democracia prospere no país", disse
Obasanjo por ocasião da visita do Presidente guineense, João Bernado
"Nino" Vieira, à Nigéria.

Obasanjo aproveitou a ocasião para felicitar Nino Vieira pela sua
eleição e agradeceu ao Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi
Annan, ao presidente da Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO), o chefe de Estado nigerino Mamadou Tandja, bem
aos Presidentes do Senegal, Abdoulaye Wade, e da Guiné Conakry,
Lansana Conté, e ao secretário executivo da CEDEAO, Mohamed Chambas,
pelos seus esforços para restabelecer a democracia na Guiné-Bissau.

O Presidente nigeriano saudou igualmente a moderação demonstrada
pelos responsáveis militares do país, acrescentando que "todo o mundo
deve colocar a sua pedra na reconstrução da nação".

Obasanjo aconselhou Nino Vieira a formar um governo de unidade
nacional para permitir a participação de todos.

O chefe de Estado guineense efectua esta visita para exprimir "a
gratidão do seu povo pelos esforços intermináveis do Presidente
Obasanjo para o regresso da governação democrática no país".

Nino Vieira é proveniente do Benin, onde se encontrou terça-feira
com o Presidente Mathieu Kérékou.


        
Abuja - 25/08/2005

Politique et administration

Politique

Statut République de type présidentiel et multipartiste. 1999
Constitution Promulguée en mai 1999, elle instaure un régime présidentiel fort et dote le Parlement de larges prérogatives législatives. 1999
Pouvoir législatif Assemblée populaire nationale (100 sièges). 1999
Chef de l'État (Président de la République) Joao Bernardo Vieira 2005
Chef du gouvernement - 2005


 


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