DONOS DA TERRA: POBREZA, FOME E CORRUPÇÃO

 

Por: Nhaleru

29.04.2007

Como a burrice é uma escolha fácil por não ser preciso ter o cérebro apurado,  os nossos representantes fizeram questão de ser os B´s do século, e é comum ver atitudes vergonhosas como exibicionismo, a arrogância, o tradicionalismo, populismo e o tribalismo na cara dos membros do governo, informantes e dos empresários que vivem em função do regime como se fossem o símbolo da boa governação, enquanto que os dados mais recentes divulgados pelo Inquérito Ligeiro da Avaliação da Pobreza (ILAP/2002), mais de metade da população da Guiné-Bissau vive na pobreza, ou seja, dois guineenses em cada três vivem com menos de USD $ 2 por dia, diante disso os nossos B´s possuem carros de luxo, negócios ilícitos, exploram recursos naturais de qualquer jeito como se fossem heranças deixadas pela família. Isso se deve à falta de consideração, postura, seriedade, credibilidade e falta de transparência na gestão pública por parte dos nossos governantes e um bando de militares que mal sabem falar a sua língua materna, esses estão exclusivamente para aumentar a instabilidade criada pelo actual presidente dos B´s e os seus eternos empregadinhos que sabem que a Guiné-Bissau é dos guineenses e não apenas dos balantas, fulas, mandingas, papeis etc. 

O país vive hoje uma situação de pós-conflito com repercussões negativas a nível socioeconómico (diminuição da ajuda externa, destruição das infra-estruturas, fuga de quadros, forte degradação dos indicadores sociais, etc.), merecendo da comunidade internacional uma atenção particular. Segundo o Relatório Mundial do Desenvolvimento Humano Sustentável de 2002, situando o país em 167° lugar, entre os 173 países recenseados, onde a população no geral não tem escolhas e oportunidades básicas para desenvolvimento humano, reflectida em vida curta, falta de educação elementar, falta de meios materiais, exclusão e falta de liberdade. Perante esse cenário que provavelmente orgulha os governantes e militares que enriquecem à custa do povo, é notório nas conversas de Bissau pessoas usarem o termo “ninistas” e “kumbistas” como se fosse a Guine “ninistas” e Bissau “kumbistas” para descrever a vergonha que os dois fazem passar os guineenses, em casa ou no exterior, além da pouca vergonha dos políticos que ainda não sabem exactamente se são eles ou os militares que ditam ordens ou se os militares são apenas sócios de carteira do antigo clã no qual eram oprimidos e hoje sabem que tudo podem fazer porque nada vai acontecer graças à existência de uma triste cultura de impunidade onde é permitido aos mesmos utilizar os meios do Estado para reprimir, intimidar  e silenciar vozes da verdade.

Num país onde o analfabetismo é generalizado e a corrupção extrema,  onde a ignorância e o medo fazem parte do cardápio dos guineenses, facilmente um grupinho de pessoas se sente dono da força e do país, uma vez que, no país,  nada funciona dentro da normalidade e o povo vive sorrindo dizendo que tudo está bem e não há solução, mesmo faltando arroz à mesa do pobre funcionário público que tanto trabalho para ter uma vida digna. Recuando um pouco no tempo, recordando o período que vai até os anos 60 em que a Guiné-Bissau era um país auto-suficiente no que se refere à produção de arroz, como base de alimentação da maioria dos guineenses, passamos para uma situação de país altamente deficitário gerando fome e a extrema pobreza.

Hoje, o país precisa importar arroz que é vendido no mercado a preço elevado para atender a demanda do pobre consumidor que vive com uma renda extremamente miserável. Segundo os dados (DENARP 2004), Bissau, a capital, que abriga 20,6% da população da Guiné-Bissau, conta com 51,6% da população que vive com menos de USD $ 2 dólares por dia. Relativamente à extrema pobreza, ela afecta 9,3% de pessoas em Bissau contra 24,8% no resto do país.

Temos três grandes problemas: pobreza, fome e a corrupção (instabilidade) onde os três se sentem donos da força e do país que provavelmente é um paraíso para os três, onde se constata que o desemprego agravou principalmente pela destruição de infra-estruturas económicas durante o conflito político-militar de 1998-99 e que antes do conflito era uma vergonha, sendo que se tornou  num aspecto importante da pobreza e da fome. Já a corrupção é uma das manifestações mais perniciosas da pobreza. Segundo as percepções evidenciadas pelo processo participativo, a corrupção intervém significativamente no aprofundamento da pobreza, ela intervém à montante do fenómeno de empobrecimento, na medida em que falseia a locação dos recursos (desvios, esbanjamento de fundos públicos), e reduz a eficácia e a eficiência da aplicação do erário público. Este processo de incapacitação do Estado contribui para o aprofundamento da pobreza e por sua vez, os servidores públicos empobrecidos recorrem à corrupção como expediente, sustentando assim um círculo vicioso.

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

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