CANDIDATO DA DERROTA

 

Por: Flaviano Mindela dos Santos

 

 

13.04.2008

 

Se tudo correr conforme o previsto, terá lugar, finalmente, o tão adiado congresso do PAIGC.

A história registou para a eternidade a gloriosa façanha dum partido que mobilizou, organizou uma luta e libertou um povo, no cumprimento do lema Unidade, Luta e Progresso.

Chegados aos dias de hoje, fruto da nossa relativa falta de vontade, vivemos desgostados de quase tudo o que se passa no nosso país.

Malam Bacai Sanhá, pela sua falta de vontade em deixar o papel de liderança aos que de facto são potenciais líderes, voltou a anunciar uma candidatura à liderança do PAIGC.

Falo do mesmo Malam Bacai Sanhá que foi derrotado por Nino Vieira, apesar de todas as vantagens políticas que tinha, e ainda para mais, a poderosa máquina de campanha montada ao seu dispor, a que patrioticamente fiz parte.

Não quero aqui omitir o que também foi minha convicção: a existência de fraude, cujo indício reflectiu de forma escandalosa nos resultados da região de Biombo. Ou seja, aquele ateado rastilho aos conflitos tribais, e que felizmente apagou logo.

A questão para mim está na capacidade de mobilização das massas à volta de algo, mesmo de maneira inexplicável.

Malam Bacai Sanhá tinha que ter a capacidade suficiente de capitalizar a enorme vantagem política de que dispunha. E não foi isso que se viu durante a campanha.  

Falo do mesmo Malam Bacai Sanhá que já foi derrotado por Kumba Yalá, mesmo quando esse, num execrável debate televisivo, demonstrou não ser digno do cargo então em disputa.

Mais uma vez, por uma questão de coerência, quero salientar o facto de, no momento da referida contenda com Kumba Yalá, a sociedade guineense, de tanto desagrado para com o partido libertador, só pretendia uma mudança, sem dar o trabalho de pensar nas consequências ao médio e longo prazo. Portanto era evidente que qualquer figura no lugar dele, nesse período, não teria tarefa facilitada. Mas é também uma pura verdade que o povo, por duas vezes deixou bem claro para os dados dos nossos anais políticos que, não quer o cidadão Malam Bacai Sanhá para os altos cargos da Nação.

Numa democracia, quando o povo dita a sua sentença, os visados devem procurar afastar-se por uns tempos, e corrigirem as suas fraquezas, para depois voltarem glorificáveis.

Como é sabido, o PAIGC enquanto pessoa colectiva de tipo associativo, constitui um autêntico património político nacional. Tendo conseguido impor no passado entre outras forças políticas (não importa aqui, e agora como o conseguiu) para ser ele a liderar a heróica odisseia de libertação nacional, tem o dever, se não mesmo a obrigação de também ser ele a liderar o rumo para o tão desejado progresso, não sendo necessário que tenha de estar sempre no poder. Mesmo na oposição, com lideranças consensuais, logo fortes.

A liderança no PAIGC, para além de ser capaz de moldar vontades dentro do próprio partido, também deve ser capaz de liderar o país. Porque por razões óbvias, um líder do PAIGC é sempre um potencial Primeiro-Ministro em qualquer momento eleitoral.

Malam Bacai Sanhá atira constantemente para a mesa o trunfo que beneficia de um significativo suporte nas bases do partido. Só que o partido é diferente do país, e foi o país que expressamente, por duas ocasiões o confirmou nas urnas, para informação dos menos atentos.

Abril, que até é mês do meu aniversário, já impulsionou no passado o grau da nossa liberdade. Quem sabe mais uma vez o fará.

 

 

Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.

     

ESPAÇO PARA COMENTÁRIOS AOS DIVERSOS ARTIGOS DO NÔ DJUNTA MON -- PARTICIPE!

 


A TER SEMPRE EM CONTA: Objectivos do Milénio

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

www.didinho.org