CAMARADA HENRIQUE ROSA, NA DESPEDIDA

 


 

Filomeno Pina  *

filompina@hotmail.com

15.05.2013

Guardamos a sua contribuição cultural, politica e social, no fundo do baú das melhores recordações deixadas aqui entre nós, com amor à Pátria será lembrado, tanto no tempo, como no espaço que lhe serviu de berço, no lugar que ocupou em vida, no chão que pisou nos momentos difíceis da Guiné-Bissau (mais um golpe de Estado), sendo capaz de erguer a imagem de Estado. Comportamento que mereceu destaque e condecoração internacional por parte de França, assim como de outros Países Africanos, que viram neste mandato de transição uma mudança positiva da imagem do País, com sinal de tranquilidade deixada, que permitiu o bom funcionamento das instituições até novas eleições. Tudo isto, como prova de competência e maturidade politica de Henrique Rosa, que, chamado nesta missão, abandonou a sua vida privada sem hesitar, arregaçando as mangas para servir o Povo, como bom filho da Terra.

Com autêntica postura de Magistrado da Nação, guardamos a imagem de firmeza, serenidade, simplicidade, espírito solidário, capacidade e experiência humana com que soube levar o País a bom porto. Terminou o mandato, sublinhando o País com a dignidade que ele merece, saindo pela porta grande e aplaudido pelo Povo.

Com a Guiné-Bissau abraçada junto ao peito sem "largar", até aos últimos segundos da sua vida,   estas forças sucumbiram, mas o contributo de GUINENDADE ficou como prova de amor eterno deste Camarada, pelo Povo.
Ficará entre nós o seu contributo em vida, será lembrado como um objecto espiritual vivo, nas recordações do empenho pela causa do País, dando tudo sem limites físicos e intelectuais, sabendo agir com humildade, tranquilidade e, com carácter, que pautou sempre pela verdade dos factos, pela Justiça, pela defesa de valores humanos, pela protecção da vida em primeiro lugar, pela coragem demonstrada na acção politica, sempre que chamado para servir o País, fê-lo com dignidade reconhecida.

Vestiu e usou a "farda" de Presidente do País, usou-a e despiu-a, com muita dignidade, contida positivamente neste exercício do seu mandato. Como um Guineense humilde e de grande paixão pela Terra-Mãe, como um simples cidadão, foi um dos mais respeitados Presidentes durante o exercício de sua Magistratura como Chefe de Estado, neste curto período de transição na Guiné-Bissau.

Ainda hoje recordamos a sua postura de um verdadeiro Chefe de Estado, esta sua finura e perfil de Estadista, tendo sido simplesmente, o primeiro Presidente da República na Guiné-Bissau, que “arrolou” os seus bens pessoais e materiais, entregando, de seguida uma cópia ao Ministério das Finanças, antes mesmo do início do seu mandato de transição, para que, na sua retirada merecesse uma eventual análise comparativa em relação a seus bens pessoais.

Uma prova inequívoca de sua transparência, confiança democrática depositada nas Instituições de Estado e honestidade pessoal.

Esta vontade política notória de introduzir outro padrão de comportamento mais justo, para servir de exemplo no País (acção contra a corrupção), até aqui nunca dantes observada em nenhum outro Presidente e até então no País, ninguém.

Nenhum chefe de estado ou ministro do aparelho de Estado o tinha feito ainda, o que demonstra que este HOMEM fez emergir uma nova imagem, na praça política de Bissau, como aquela a ser seguida.

Uma postura com ideias novas na política Guineense, pautadas pela frontalidade e determinação com que ficou demonstrada a sua convicção e transparência na acção, com perfil de justiça igual para todos. Perdemos hoje, novamente, uma voz importante, Ele sucumbiu, deixando um só nome e recordação, o Camarada Henrique Rosa, o "pioneiro" que quis honrar e servir o seu Povo, com dignidade, amor e transparência em tudo que fez, até ao último dia da sua vida.

Demonstrou lucidez, espírito crítico, capacidade de análise politica e social até aos últimos momentos de vida. Vi um Homem doente longe da nossa Terra, mas com uma mente sã e muito culta, com sensibilidade nas análises que fazia, trazendo sempre à luz destas matérias, os prós e contras de cada uma das situações por Ele avaliadas, vi de perto um grande cidadão do mundo, que o Pai do Céu chamou para junto Dele, só.

Um grande filho do Povo, terminou hoje a sua missão, aqui já não está, só mesmo as suas ideias, atitudes e postura, lembradas para sempre entre nós, como um bom filho da Guiné-Bissau.

Que DEUS lhe dê eterno descanso e Glória, paz à sua alma e sentidos pêsames à família enlutada.

Djarama. Filomeno Pina.
 

Filomeno Pina 

* Psicólogo clínico U.C.

 

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