AS PRESEPADAS DOS NOSSOS GOVERNANTES

 

 

Ibraima Baio*  

 

brooksbaio@hotmail.com

conteluc@onda.com.br

20.12.2009

 

 Acreditem se quiserem! Foi isso o que aconteceu.

  Particularmente não tenho nada contra a pessoa de “A” ou “B”, mas penso que devemos tratar com respeito e humildade qualquer que seja a pessoa com quem lidarmos, independentemente da condição social, econômica ou política em que nos encontramos. No exercício de função pública, tal conduta precisa ser igualmente preservada, porquanto sermos, sem diferenças, todos mortais.

Ao revés, no entanto, de tal pensamento deu-se um lamentável episódio em Belém do Pará. Tudo começou quando nós, estudantes Guineenses residentes na capital paraense (Brasil), soubemos da visita que o ministro da Educação Nacional, Cultura, Ciência, Juventude e Desporto da Guiné-Bissau – Sr. Artur da Silva - faria à referida cidade para participar da Sexta Conferencia Internacional de Educação de Adultos – VI CONFINTEA realizada pela UNESCO, em cooperação com o governo brasileiro e o Estado do Pará, que ocorreu entre os dias 01 a 04 de Dezembro de 2009, no Hangar – Centro de Convenções desse Estado.

Porquanto ministro representasse alto dignitário daquele ministério, nos dirigimos, em média seis pessoas entre graduandos, especialista e mestre ao aeroporto da respectiva cidade, como forma de prestigiá-lo e dar-lhe boas vindas.

Para nossa surpresa e decepção, fomos todos vergonhosamente ignorados pela pessoa de quem se esperava conduta condizente ao cargo de Ministro da EDUCAÇÃO. Somente um dos nossos colegas foi cumprimentado pela secretária deste titular, pois já se conheciam desde Bissau, enquanto o ministro preferiu seguir sem nos reconhecer.

Então, naquele instante, nos veio imperiosa indagação: o que seríamos para Guiné – Bissau?

Meus irmãos, é claro que o ministro não estava obrigado a nos cumprimentar. No entanto, era esperado de sua parte, o mínimo de diplomacia e civismo como expressão de agradecer o esforço que fizemos para ir até o aeroporto recebê-lo e prestigiá-lo. Sua atitude demonstrou que para ele, enquanto governante, não somos nada para o país.

Esqueceu-se, aquele homem, que é bom sempre sopesar que a ocupação de cargos ou funções públicas não é eterna. Ao contrário, é transitória. Se hoje ele é ministro, amanhã algum de nós pode também ser e estamos estudando para servir aquele país. E se, antes, para ser ministro era preciso aprovar em concurso, talvez, muitos não teriam ocupado respectivo cargo pelo nível de educação que têm. Ademais, importa lembrar que o Sr. Artur da Silva, antes de ser Ministro da Educação Nacional, Cultura, Ciência, Juventude e Desporto da Guiné-Bissau, empreendia seus estudos aqui, no Brasil, portanto não devia ter preconceito com a gente.

Não obstante, de uma coisa, nós - os “Zés ninguém” humilhados publicamente -, nos orgulhamos muito: dos esforços que nossos pais e familiares despendem para nos manter aqui, sem qualquer tipo de apoio por parte do governo guineense. Fazem-no para que possamos servir a pátria que tanto amamos e de que temos orgulho de pertencer, embora toda a miséria a que estamos condenados a suportar por conta de governantes arrogantes, corruptos, estúpidos e prepotentes.

Outro fato que não menos nos alegra é que não temos “rabo di padja”, ao que ninguém pode nos apontar dedo como ladrão.

O episódio no aeroporto de Belém foi mais uma presepada dos nossos governantes que carece, no entanto, de ser veementemente reprimida pelo próprio governo da Guiné-Bissau. Tal país, é cediço, precisa de todos os seus filhos, entre os quais deve se ver praticado o respeito mútuo. E praticar respeito, todos sabem, independentemente de onde se vive ou do que se tem.

É pertinente promover o diálogo com a diáspora a fim de se oportunizar troca de idéias que possam nos levar a profunda reflexão. É assim que encontraremos os mecanismos necessários para o desenvolvimento do país.

Sem mais, espero que o Sr. ministro não tente explicar o inexplicável, pois que no aeroporto paraense encontrava-se notadamente convicto da tamanha grosseira com que tratou seus conterrâneos. Foi inadequada sua atitude, sobretudo considerando o cargo que desempenha. E o fato, por sua vez, em sua generalidade foi, não menos, vergonhoso e desanimador.

 

*  Pós – graduado em Contabilidade e Finanças

             *  Graduado em Administração

 
 

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