AO EMBAIXADOR FRANCISCO SEIXAS DA COSTA

 

GUINÉ-BISSAU - POR FRANCISCO SEIXAS DA COSTA

  • Francisco Seixas da Costa
  • Francisco Manuel Seixas da Costa é um diplomata português. Desde 1 de fevereiro de 2013, dirige o Centro Norte-Sul do Conselho da Europa. É licenciado em Ciências Políticas e Sociais, pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Seixas_da_Costa
  • Fernando Casimiro (Didinho)

    didinhocasimiro@gmail.com

    29.12.2013

    Fernando Casimiro (Didinho)Ao Embaixador Francisco Seixas da Costa sugerimos que sugira às autoridades portuguesas a irem mais longe nas acusações que fazem às autoridades de transição da Guiné-Bissau, a bem da verdade e da segurança global.

    Porém, parece que o Embaixador omite propositadamente o facto de que, a ir mais longe nesta questão, as autoridades portuguesas teriam que explicar e muito bem, não ao povo português ou guineense, mas sim ao mundo, dentre povos e países civilizados/evoluídos, que não caem na tentação de julgar e condenar, sem saberem de facto, o que têm "em mãos" para analisar e chegar a uma conclusão. É fácil no âmbito da lusofonia, reavivar o preconceito de "estamos acima deles" e o que dissermos, é ordem, é lei, é julgamento e condenação...e por isso, quem irá contra os nossos argumentos?

    Só que o Mundo, onde também se inclui a Europa civilizada e evoluída, não é apenas o tal de  Portugal e da "lusofonia"...!

    É fácil acusar, sem investigar, quando se tem uma Imprensa de jornalistas de conveniência e afectos a um regime de subserviência e que declaradamente desrespeitam o direito ao contraditório.

    Algum jornalista português fez questão de entrevistar o Comandante de bordo e membros da tripulação do avião que transportou os 74 sírios de Bissau a Lisboa?

    Algum jornalista português fez questão de entrevistar o Director de Escalas da TAP para a África, referenciado pela Comissão de Inquérito criada pelas autoridades de Transição da Guiné-Bissau?

    Falar da Guiné-Bissau, não é para qualquer um, ainda que, investigadores, jornalistas, diplomatas e outros, portugueses, usurpando trabalhos (ideias/opiniões/investigações, recolhas e análises científicas) de cidadãos guineenses, publicados online ou em livros, jornais e revistas científicas, queiram, nos últimos tempos, ser protagonistas de algo que, deveriam envergonhar-se de assumir como autores, visto omitirem citações às fontes de pesquisa que lhes tem proporcionado informações úteis para posicionamentos equilibrados/razoáveis, mas que acabam por ser deturpados, tal o complexo de: nós é que sabemos e o que sabemos e dizemos é Lei...!

    Estudem mais, pesquisem mais, leiam mais e aceitem o princípio do contraditório, quando quiserem pronunciar-se sobre a Guiné-Bissau!

    Obrigado!

    DOMINGO, 29 DE DEZEMBRO DE 2013

    Guiné-Bissau

     
    O embarque forçado de dezenas de cidadãos sírios num avião da TAP, sob pressão das autoridades guineenses, constituiu um ato da maior gravidade e representou um gesto de clara hostilidade para com Portugal. A questão, contudo, tendo uma indiscutível dimensão bilateral, não pode deixar de ser tratada, em prioridade, no quadro internacional, perante o qual deve ficar bem claro que a administração de facto que domina Bissau age à margem das normas mínimas que um qualquer Estado deve respeitar na ordem externa. A acrescer às acusações de cumplicidade no narcotráfico, o governo saído do golpe militar anti-constitucional projeta agora esta nova imagem delinquente e isto não pode passar impune perante a comunidade internacional. Nenhum argumento de realpolitik deve sobrepor-se à necessidade de Portugal dever estar, neste caso, na primeira linha de mobilização de vontades para promover a condenação de um Estado pária que é como a Guiné-Bissau de hoje se apresenta ao mundo.

     
    Portugal pode e deve também retirar todas as consequências, no plano bilateral, das inaceitáveis, por desrespeitosas, declarações de responsáveis guineenses face à legítima expressão de indignação formulada pelas suas autoridades (e era importante que se soubesse que decisões o nosso governo tomou já nesta matéria), mas só se fragilizará se se continuar a deixar envolver numa "guerra" de argumentos através da qual a parte guineense procurará criar fórmulas sucessivas de diversão, iniciadas com o caricato "relatório" sobre o incidente e prolongadas agora com "questão" as dívidas da TAP. 

     
    A condenação essencial que é importante garantir para este ato de pirataria - e é como ato de pirataria que o assunto deveria ter sido tratado por Lisboa desde o primeiro momento - é, naturalmente, no campo multilateral. Com firmeza e sem tibiezas, nomeadamente sem se deixar impressionar pelos apelos apaziguadores da comunidade dos interesses, que não podem nunca sobrepor-se aos princípios que sempre compete a Portugal defender na ordem externa, o nosso país deveria ter ido muito mais longe do que até agora se sabe ter ido no processo de denúncia e isolamento das autoridades guineenses, quer no plano multilateral europeu (mas não só), quer no âmbito da mobilização da solidariedade por parte da CPLP, que curiosamente não se viu nem ouviu. Mas, de facto, não tendo hoje Portugal, na prática, um representante diplomático junto da organização - inacreditável situação a que a nossa comunicação social não presta a menor atenção - como poderia o nosso país utilizar o quadro lusófono como uma das frentes para tratar devidamente este assunto?

     
    Com pena, temo que nos deixemos enredar num processo que, com o passar dos dias, e com a prestimosa ajuda das agências portuguesas de comunicação - que, nos últimos dias, ajudam Bissau a "plantar" entrevistas, declarações e até "notícias" na nossa imprensa - , acabará por "beneficiar o infrator" ou, pelo menos, deixar passar impune esta falta. Espero bem estar enganado...
     

    6 comentários:

     
    patricio branco disse...

    bom editorial este...
    portugal retirou-se totalmente da cena internacional, reduziu-se à sua menior e infima expressão, desde as negociações e relações com as entidades da troika, a alemanha angola e guiné bissau.
    todos fazem de nós o que querem e este ultimo episódio da guiné bissau é expressivo do nosso medo, extrema fraqueza, talvez cobardia, o que quer que seja, para nos afirmarmos, protestarmos, retaliar, etc
    bem toca no ponto o texto da entrada.
    agaxamo-nos, voltamos a cara para o lado, desculpamo-nos que não queremos levantar ondas, que há portugueses por lá, interesses a defender, etc.
    portugal portanto no seu melhor de assumir a posição de país medroso, caladinho, pequenino, de país que deixa afinal fazer-lhe tudo...
    e a tap a somar grandes prejuizos inventando linhas induirectas que se pagam bem e beneficiam outras companhias, etc...

     
    Anónimo disse...

    A sua observação é mais que oportuna. Oxalá os nossos governantes a leiam (...) e o mesmo para a nossa comunicação social, que não tem estado à altura neste assunto (...).
    MT

     
    Defreitas disse...

    Cada vez que um nome das antigas colónias portuguesas aparece "à la une" dos jornais, é para relatar algo de trágico, de acto de corrupção, de brutalidade, e de instabilidade.
    O mesmo acontece nas antigas colónias francesas. Tudo se passa como se os quinhentos anos de colonização e de história comum não tivessem gerado outra coisa que os calvários nos quais é mergulhada a maioria dos africanos. Isto significa muito simplesmente que a África que idealizámos e transferimos às elites africanas fracassou. O caso da Guiné-Bissau é talvez ainda mais desesperado, porque se trata dum pais que está na cauda dos mais pobres do mundo, mas talvez campeão dos "putchs" militares .

    Os responsáveis do fracasso deste continente são os intelectuais ou a elite ocidentalizada que fabricaram as fossas nas quais os africanos foram enterrados. Estas elites diplomadas das grandes universidades ocidentais não fizeram nada mais que conduzir a África a guerras que não acabam e a desequilíbrios agravados.

    Além do" desvio" das riquezas produzidas , da corrupção, do desperdício, do sectarismo, da incompetência, as elites africanas trabalham mais e melhor para o ocidente que para os povos africanos. 
    Quando são sempre as forças armadas que fornecem os dirigentes do Estado , é difícil de esperar a estabilidade .

     
    Anónimo disse...

    Belo ponto de situação, senhor Embaixador. Os media não procuram informação séria junto de quem pode «explicar» o que são relações entre países... Preferem dar tempo de antena a "ministro"
    de um "governo" não normal, que, em Lisboa, se permite classificar de «infantis» as declarações do PR português sobre o assunto. Goste-se ou não, pessoalmente, do PR ele foi eleito e vivemos num país onde as regras da República funcionam. Gostava de ver algum desses comentadores de tv, de esquerda ou de direita, denunciarem o desplante...
    BOM ANO para si e para os seus!

     
    margarida disse...

    " (...) e com a prestimosa ajuda das agências portuguesas de comunicação - que, nos últimos dias, ajudam Bissau a "plantar" entrevistas, declarações e até "notícias" na nossa imprensa - (...)" PORQUÊ? Quem e o que ganham com isso?
    Além de tudo o que está cristalinamente escrito a propósito deste acto vil, é facto que se assiste a esse 'embalar' dos indivíduos que, com arrogância e pesporrência, além de contornarem o que foi feito pelos seus conterrâneos, atacam as autoridades portuguesas e agridem a nossa inteligência colectiva. ´
    Assisti a uma solícita 'entrevistadora' a colocar na boca do hesitante sujeito que altivamente criticava Portugal e os seus governantes, a inevitável palavrinha: "colonialista", o que parece ter efeito constrangedor no espírito crítico de um povo ou na acção determinada de um governo. E ele aproveitou, claro! Ó gente inchada de toleima, com vergonha espúria da sua História! E desses novos 'independentes', esperar-se-ia mais e melhor, não a ignomínia do seu próprio povo, que enlameiam com negociatas vergonhosas e actos criminosos.
    Um desaforo, é o que é. Uma desfaçatez inqualificável, e quase todos 'assobiam para o lado', mas preocupam-se imenso com a espionagem internacional e outras 'importantíssimas'questões que nem nos beliscam, porque, a este ritmo de desaparecimento da cena internacional (a ausência da CPLP chega a ser risível), contamos para nada. Duvido, até, que o 'caso' Timor tivesse sucesso hoje, com a tibieza que para aí vai. 
    Por este andar é premente, além de certos pontos da Constituição, que se venha a alterar o hino nacional. Tornámo-nos a vergonha dos "nossos egrégios avós"...

     
    Anónimo disse...

    Se tivesse de comentar diria apenas: "isto é tudo uma canalhada!"...
    Mas prefiro não o fazer.
    José Barros
     

     

     

    VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

    A Guiné-Bissau é a soma dos interesses de todos os guineenses E NÃO DOS INTERESSES DE UM GRUPO OU DE GRUPOS DE GUINEENSES! Didinho

    VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

    Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Didinho

    O MEU PARTIDO É A GUINÉ-BISSAU!

     

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    VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

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