Filomena Embaló

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13.03.2005

 Filomena EmbalóAlgaraviada é o termo que me ocorre ao ler as notícias destes últimos dias sobre a Guiné-Bissau! Até parece brincadeira, de muito mau gosto, dir-se-ia de passagem. Mas é assim que se vive e se faz a democracia no nosso país. A tal que, por não ter ainda encontrado o tropeça onde se possa sentar, continua acocorada...

  O fundamental é criar a maior confusão possível, para baralhar o povo, deve-se pensar. Só que o povo já não se deve deixar baralhar, por simplesmente ter deixado de acreditar no que dizem os senhores da praça. Por vezes penso que estou a ver um filme de ficção cómico, pois o que se anuncia como notícia é digno de um anedotário no Guiness...

Citarei apenas dois exemplos que mostram a irresponsabilidade e a falta de sentido de Estado com que são tratados os assuntos da Nação. O debate nacional tem sido delirante, agora com o Presidente da República e o Primeiro Ministro acusados por um deputado do maior partido da oposição de conspiração contra as chefias militares. Seja verdade ou mentira, qualquer uma das eventualidades tem efeitos desestabilizadores para o país e negativos para a sua imagem. Por outro lado, o PAIGC é acusado pelo porta voz desse mesmo partido de todos os males de que padece o país, por ter sido ele a “subverter a Constituição da República em 1980, a dizimar quase todo o staff do Estado-Maior das Forças Amadas em 17 de Outubro de 1985 e a devastar toda a capital de 1998 a 1999”...

  É verdade que o PAIGC tem uma enorme responsabilidade na situação actual do país, não só pelos factos citados e outros mais, mas sobretudo por ter criado uma “cultura política nacional”, fruto da sua própria prática dos anos de partido único, que infelizmente se conseguiu impor aos partidos criados depois de 1992... Mas o que mais surpreende nesta acusação ao PAIGC é que o mesmo porta voz apressa-se também a acusá-lo de comprometer a “votação da lei de amnistia geral aos subversores do Estado de direito desde 1974 a 2004”... Afinal de contas, condena-se ou não os erros do PAIGC?

  Estamos em vésperas de eleição do Presidente da República que vai fechar o período de transição. O país está de rastos. Recorre-se à comunidade internacional para que ela apoie com os meios financeiros necessários à realização desse escrutínio. O futuro das ajudas externas ao país está dependente da realização dessa eleição. Ela é, pois, não só um imperativo interno, fixado pela Carta Política de Transição, mas também externo por condicionar as parcerias futuras.

  É com esta imagem que queremos captar os apoios de que o país necessita a curto e médio prazos? Que confiança pode inspirar a Guiné-Bissau na cena internacional? Quando  começarão os políticos guineenses a pensar nos interesses do país, como homens de Estado que devem ser, sem subordiná-los aos seus interesses pessoais? Ou será que o país está definitivamente condenado a ser um mendigo da comunidade internacional?  

 


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