A Guiné-Bissau, caso se continue a ignorar a pertinência da realização de um trabalho multidisciplinar e sério, de sensibilização, visando a elucidação para a prevenção de conflitos, particularmente, de conflitos étnicos, corre sérios riscos de ver eclodir, proximamente, no seu território, conflitos étnicos de proporções incalculáveis e de consequências imprevisíveis.

Composto por um variadíssimo mosaico étnico que alicerça a sua estrutura identitária e que deveria, consequentemente,  potenciar o aproveitamento da diversidade cultural desse mesmo mosaico étnico de forma a sustentar a maior e a mais importante  de todas as riquezas de um país - o capital humano, a Guiné-Bissau, infelizmente, tem transmitido sinais, de estar a gerar um potencial conflito étnico motivado por disputas de poder que tem nalguns protagonistas da cíclica representatividade do poder do Estado, a razão de ser de uma estratégia de manipulação de consciências e de incitação à exclusão, de todas as formas, no intuito de, como sempre, e segundo a velha máxima "dividir para melhor reinar".

Tenho acompanhando com preocupação, diversas manifestações, independentemente da forma, partilhando conteúdos perigosos e vergonhosos, porquanto desumanos, visando fomentar uma aversão a uma das etnias que compõem a estrutura identitária nacional, concretamente, a etnia Balanta.

O golpe de Estado de 12 de Abril, veio confirmar, uma vez mais, a existência de profundos recalcamentos na sociedade guineense, sendo que, incompreensivelmente, há quem continue a julgar e a condenar ao desaparecimento, ou à extinção se quisermos, toda uma etnia, concretamente, a mais numerosa, que constitui parte da estrutura identitária guineense, como todas as demais. Porquê?!

As Forças Armadas da Guiné-Bissau são constituídas  por cidadãos guineenses e se a maioria dos seus efectivos são, para além de cidadãos guineenses, oriundos da etnia balanta, qual é, onde está o problema?

Ao longo da luta armada de libertação nacional, a maioria dos combatentes ou militantes em armas, não eram cidadãos guineenses e oriundos da etnia balanta?

Se por ventura a Guiné-Bissau entrar numa guerra, não serão esses mesmos efectivos a participar directamente nessa guerra, com as consequências que se conhecem?

Falou-se, tem-se falado na necessidade de estabelecer quota étnica nas Forças Armadas, esquecendo-se de que isso seria abrir um precedente que iria exigir a mesma lógica em todas as instituições da República, com consequências negativas para a promoção da coesão nacional e para a participação incondicional e dinâmica de todos no processo de desenvolvimento do país, consoante a vocação, a formação, a disponibilidade e a oportunidade de cada um, independentemente da etnia.

Será que, caso haja mais médicos guineenses, oriundos da etnia balanta, a servirem nos hospitais nacionais, alguém vai sugerir que se estabeleça quota étnica relativamente aos médicos, porque se a maioria deles for oriunda da etnia balanta o país não pode nem deve aceitar essa superioridade numérica num contexto meramente étnico e não numa abrangência identitária nacional?

Afinal o que está em causa na Guiné-Bissau?

Haja responsabilidade, haja visão suficiente que permita solidificar e não fragmentar a nossa estrutura identitária!

Por que se relaciona de forma maldosa, com intenções maldosas, toda uma etnia com um grupo de indivíduos ainda que oriundos dessa etnia, que não a representam como entidade ou autoridade?

Quais foram, ou são, os benefícios concedidos a toda a etnia balanta pelos grupos com a qual é relacionada?

Que obras sociais, que infra-estruturas, foram realizadas/construídas nas regiões maioritariamente habitadas por cidadãos guineenses oriundos da etnia balanta, demonstrativas de serem beneficiadas em detrimento de outras etnias que compõem o mosaico étnico da identidade guineense?

É crime ser cidadão guineense , oriundo da etnia balanta ou outra?

Aos políticos, aos governantes, ex-governantes, aos militares, à sociedade civil, ao povo guineense em geral peço a todos que evitem campanhas tendentes a fomentar conflitos étnicos no país. É perigoso. A bem da unidade nacional, aqui fica o meu alerta!

A BALANTIZAÇÃO OU O FOMENTAR INCONSCIENTE DO TRIBALISMO 11.12.2004

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VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Didinho