ÁFRICA: ORIGEM HISTÓRICA DO NOME


 

África

 

Por: José Carlos Cocamaro

José Carlos Cócamaro

São Paulo, 15 de Maio de 2005


A África é uma Península triangular ligada à Ásia pelo istmo de Suez cortado
pelo canal do mesmo nome. Limitada ao Norte pelo Mar Mediterrâneo, ao Sul
pelos Oceanos, Atlântico e Índico, ao Leste pelo Mar Vermelho e Oceano
Índico e ao Oeste pelo Oceano Atlântico. É o segundo maior continente do
mundo. É 3 vezes maior que a Europa, 4 vezes maior que o Brasil e 412 vezes
maior que Portugal continental. Tem uma área de 30.27 milhões km2, perdendo
apenas para o continente Asiático que tem de superfície 44.30 milhões km2.

A divisão política do continente africano compreende 53 países
independentes, com uma população total estimada hoje em mais de 681 milhões
de seres humanos. Mas, a curiosidade que caracteriza este pequeno artigo,
não se prende tão somente aos dados da situação geográfica do continente nem
aos dados demográficos acima descritos, pois a maioria de nós já tem/temos
conhecimento dos mesmos nos bancos escolares, pelo menos os que tiveram a
oportunidade de ter uma instrução um pouco mais extensa.

África! O que vem a significar esta palavrinha de 6 letras que na
classificação da língua portuguesa é uma palavra tónica por possuir um
acento que se pronuncia com mais intensidade; trissilábica, por possuir três
sílabas e proparoxítona, por ter o acento tónico na antepenúltima sílaba?
Eis a questão!

É de extrema importância ressaltar antes de tudo que, o nome do nosso
continente não foge à regra, pois a maioria dos nomes de países que hoje
constituem o continente negro, embora oriundos de palavras genuinamente
locais, surgiu/surgiram dos primeiros contactos dos colonizadores com as
populações autóctones. Podemos dizer, de um mal-entendido linguístico. O
nativo, indagado alguma coisa assim : Como se chama? Como se chama este
lugar?  Ele, sem entender absolutamente nada, responde algo que lhe pareceu
ter sido perguntado, associando o som ouvido à palavra que conhece. E, o
inquiridor, que também desconhece totalmente a língua  do aborígene e, ávido
de ter uma resposta, capta o som, balbucia a palavra e escreve de sua forma
o som ouvido sem mais nem menos. O que importa é algo registado!

A palavra África deriva de AVRINGA ou AFRI, nome da tribo Berbere que na
antiguidade habitava o Norte do continente.
Os berberes são descendentes dos antigos Númidas que habitavam a região
chamada Numídia, entre o país de Cartago e actual Mauritânia, conquistada
pelos romanos ao rei Jugurta, cuja capital era a cidade de Cirta, hoje
Constantina, na Argélia.

O nome África começou a ser usado pelos romanos a partir da conquista da
cidade de Cartago para designar províncias a Noroeste do Mar Mediterrâneo
africano, onde hoje  situam-se a Tunísia e a Argélia. Recorda-se que Cartago
foi uma das famosas cidades de antiguidade da África. Foi fundada no séc.
VII a. C. pelos Fenícios, sob a direcção da Princesa Tiriana Dido ou Elisa,
filha de Muto, rei de Tiro, (actual cidade de Sur no Líbano) que após a
morte do seu marido Siqueu, fugiu para a África e fundou a cidade de Cartago
numa península, perto da qual se encontra hoje a cidade de Túnis, capital da
Tunísia. Em pouco tempo, Cartago tornou-se capital de uma poderosa república
marítima, substituindo-se a  cidade de Tiro no Ocidente. Criou colônias na
Sicília e na actual Espanha. Enviou navegadores ao Atlântico Norte.
Entretanto, as colônias cartagineses na Sicília suscitaram vistas ambiciosas
dos romanos que cultivaram uma ferrenha rivalidade que culminou com as 3
guerras chamadas Púnicas.

No final da 2ª guerra púnica, os romanos conseguiram apoderar-se da bela e
sumptuosa cidade de Cartago, sob o comando de Cipião - o Africano, apesar
dos esforços empreendidos por Aníbal para impedir que os romanos apoderassem
dela. Cartago restabeleceu-se dessa derrota, mas foi definitivamente
destruída na 3ª guerra púnica, por Cipião Emiliano. Reconstruída pouco
depois, floresceu novamente do séc. I a VI da nossa era e foi uma verdadeira
capital da África romana. Mas, no ano 698 caiu nas mãos dos árabes e começou
a decadência.

Portanto, no século XVI, com a necessidade dos Europeus de avançarem para o
interior e para o sul do continente negro, o nome África generalizou-se para
todo o continente que passou a  chamar-se de "África".

A palavra África significa também: façanha, proeza, valentia, algo difícil
de se realizar. Este segundo e pseudo significado, embora recheado de um
certo preconceito de um lado, de outro dignifica-nos como africanos, pois
mostra a nítida resistência à penetração estrangeira no interior do nosso
continente e  traduz a realidade verdadeira da época. Foi dado pelos
Europeus expedicionários, principalmente os portugueses, como consequência
das enormes dificuldades que  tiveram em penetrar no interior do continente.

A resistência dos nativos causava aos estranhos e indesejáveis visitantes,
baixas humanas e muitas vezes retrocediam à face das  dificuldades e perigo
de serem dizimados pelo inimigo que  eles mal conheciam e o pior de tudo,
conheciam mal o seu terreno.
Por isso, todos aqueles que se dispusessem a fazer parte das chamadas
expedições em África eram considerados destemidos e valorosos militares,
dispostos "a  fazer uma África" isto é, a mostrar sua coragem, a 
guerrearem, enfrentando o incerto ou inimigo desconhecido. Portanto, estavam
dispostos a "meter uma lança em África", que significa dizer, levar a cabo
uma empresa difícil.


 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ALMANAQUE ABRIL /97 - EDITORA ABRIL .
    EDIÇÃO 23. PÁG. 82 / ANO DE 1997- SÃO PAULO- BRASIL.

ÁFRICA:

2. DICIONÁRIO PRÁTICO ILUSTRADO ( NOVO DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO LUSO -
BRASILEIRO ). EDIÇÃO ACTUALIZADA E AUMENTADA POR JOSÉ LELLO E EDGAR. Págs.
30 e 1323 - 1324
LELLO & IRMÃOS - EDITORES.
RUA DAS CAMELITAS Nº 144 - PORTO - 1986.

CARTAGO:

3.  DICIONÁRIO PRÁTICO ILUSTRADO ( NOVO DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO LUSO -
BRASILEIRO ). EDIÇÃO ACTUALIZADA E AUMENTADA POR JOSÉ LELLO E EDGAR. Pág.
1480
LELLO & IRMÃOS - EDITORES.
    RUA DAS CAMELITAS Nº 144 - PORTO - 1986.

BERBERES

4. DICIONÁRIO PRÁTICO ILUSTRADO ( NOVO DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO LUSO -
BRASILEIRO ). EDIÇÃO ACTUALIZADA E AUMENTADA POR JOSÉ LELLO E EDGAR. Pág.
1415
LELLO & IRMÃOS - EDITORES.
    RUA DAS CAMELITAS Nº 144 - PORTO - 1986

AMÍLCAR CABRAL

5. ANÁLISE DE ALGUNS TIPOS DE RESISTÊNCIA

5.1. RESISTÊNCIA ARMADA



GLOSSÁRIO

 Autóctone - Originário da região em que vive, aborígene, nativo.
 Cartagineses - De Cartago, natural da cidade de Cartago.
 Cartago - Uma das famosas e ricas cidades de antiguidade da África.
Localizava - se na península perto da cidade de Túnis, capital da Tunísia.
 Criou colónias - Estabeleceu - se através da ocupação de pessoas
vindas de cartago.
 Culminar - Chegar ao ponto mais alto, ao ponto culminante.
 Dignificar - Honrar, tornar - se digno, merecedor.
 Dizimar - Destruir quase tudo.
 Expedicionário - Aquele que faz parte de uma expedição, que faz
parte de uma empresa militar ou empreitada, realizada fora do país.
 Ferrenha - Dura, intransigente, inflexível.
 Guerras Púnicas - Longa rivalidade de Roma e Cartago, que culminou
com a destruição de Cartago ao longo da 3ª e grande guerra púnica.
 Península - é uma porção de terra de extensão variada, que se
projecta da linha da costa ou da margem de um lago, cercada de água e ligada
ao continente por apenas um dos lados.
 Sumptuosa - Magnífica, esplêndida, luxuosa,
 Suscitaram - Causaram, excitaram, provocaram, originaram,


 OBSERVAÇÃO : O texto acima é a minha 3ª participação no bem sucedido
projecto - GUINÉ - BISSAU: CONTRIBUTO (Secção - Nó Djunta Mon). Muito em
breve estará à disposição dos estimados leitores um artigo cujo título é:
"Pátria mãe"=> uma homenagem ao país e aos seus heróis que tombaram durante
a Luta Politico - Armada para a Independência do nosso país.
 

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

www.didinho.org